Os Narada Smriti, textos escritos por volta de 400 a.C., listam vinte tipos de panda, isto é, homens que são impotentes com as mulheres. A impotência masculina poderia, diz o texto, ser física, psicológica ou porque o homem não deseja as mulheres, e em qualquer um destes casos, estes homens deveriam ser preteridos pelas mulheres que procuravam um casamento. O teste para reconhecer se um homem era impotente devia ser realizado por uma mulher que devia tocar-lhe o pênis, se o órgão sexual não respondesse aos estímulos provocados por ela, este homem não deveria ser apto a casamento. Lista-se nos textos vinte tipos de panda, destes dezesseis se relacionam ao homoerotismo.
O primeiro tipo, e o mais comum tipo que aparecer nos textos védicos são os Napumsaka ou Napums, esta palavra se refere aqueles que não são "completamente homens" e descreve tipicamente homens que são efeminados ou dos quais se questiona a masculinidade. Os comentários modernos dos Vedas inclusive têm identificado os homossexuais diretamente com os Napumsaka. O segundo tipo que podemos comentar é o Mukhebhaga. Este é descrito como aquele que usa sua boca (mukhe) para receber o pênis, exatamente como a mulher utiliza sua vagina (bhaga). Isto refere-se diretamente ao homem que participar de atos sexuais com outros homens e que dedica-se ao sexo oral. Alguns comentadores modernos do texto têm proposto recentemente que esta palavra na verdade se refere aos homens que se dedicam unicamente ao sexo oral, de qualquer forma, isto é, com homens e mulheres, o Narada Smriti (12.15) declara que estes homens são incuráveis e que nunca abandonarão suas práticas.
O terceiro e o quarto também são citados pelo Sushruta Samhita, um conjunto de textos médicos escritos em 600 a.C., o primeiro citado é o Asekya (3.2.38). Este é descrito como o homem que engole o sêmem de outro homem. O Smriti Ratnavali ainda usa a palavra "devotar-se" para descrever o intenso desejo que estes homens mantém por esta prática, e segundo os textos médicos do Sushruta Samhita isto seria causado pela deficiência do potência masculina durante a gestação do feto. O quarto tipo também mencionado nos textos médicos do Sushruta é o Kumbhika. Esta palavra refere-se aqueles que usam suas nádegas (kumbha) para receber o pênis, ou seja, refere-se diretamente aos homens que têm comportamento passivo durante as relações sexuais homoeróticas, mas os comentadores modernos têm reconhecido esta palavra como se referindo aqueles que se relacionam apenas através de sexo anal, tanto com homens como com mulheres, ou seja, também aqueles que são ativos na relação sexual, porém preferem o sexo anal.
Além destes panda, podemos também citar os Anyapati, os quais os comentadores modernos interpretam como algum homem que podia estar intensamente apaixonado por um outro homem ou por uma mulher, e ao estar apaixonado sua potência amorosa era então direcionada apenas para o objeto do seu amor. Neste caso, os Anyapati não são considerados incuráveis e ainda são indicados como "bons para casar" pelo Narada Smriti (12.18). Da mesma forma, os Paksa são homens que são considerados "meio potentes" (às vezes potente e às vezes não), a palavra pode se referir aqueles que são potentes às vezes com homens e às vezes com mulheres, e mais raramente ela pode ser entendida como alguém que às vezes tem sua potência sexual intacta, e às vezes não. No caso destes, o Narada Smriti (12.14) indica que este homem seja colocado por um mês em teste, se ele neste período demonstrar-se impotente alguma vez, ele não deve ser desposado por mulher nenhuma. Também podemos falar dos Sevyaka, os quais teriam se tornado impotentes por causa do excesso de sexo com mulheres, mas também referia-se aos homens que haviam cansado das mulheres e se dedicavam agora ao sexo com homens, e muitos tradutores modernos inclusive tem traduzido a palavra como algo muito próximo do que chamamos de homossexual. O Sushrata Samhita chama estes de Saugandhika. O caso dos Sevyaka era considerado pelo Narada Smriti (12.15) como incurável também.
Outro tipo é o Moghabiha que se torna impotente quando ele tenta se unir a uma mulher. Os textos védicos afirma que isto pode acontecer por fatores psicológicos, como uma excessiva timidez (e neste caso o chamam de Salina), mas que normalmente acontece porque este homem secretamente deseja outros homens. No caso de sua impotência ser causada por fatores psicológicos, às mulheres é indicado pelo Narada Smriti que deem-lhe uma chance por um ano (12.16), se ela não conseguir unir-se a ele após um ano deve abandona-lo (12.17).
O décimo-primeiro tipo de panda seria o Sandha. Na literatura védica este termo designa um terceiro gênero. Homens que são "meio homens, meio mulheres". No Sushruta Samhita (3.2.42) e no texto do século XIV, Vacaspati, diz que estes falam, andam, riem e tem outros comportamentos como as mulheres. Este texto do século XIV ainda afirma que eles eram castrados e eram considerados "mulheres sem vagina". O mesmo significado tem a palavra Kliba ou Klibaka, mas esta palavra também servia para designar homens fracos, covardes, não masculinos, efeminados, de masculinidade questionável, ou seja, basicamente um xingamento. Por fim, também temos os Baddha e Vadhri, dois tipos de terceiro gênero, estes são homens sem testículos ou cujos testículos foram retirados, segundo o Narada Smriti (12.14), mas que mantinham o pênis com suas funções ainda.
Para encerrar, os Nastriya referem-se a mulheres que não são completamente femininas. Com frequência descrevem aquelas mulheres que são inférteis, porém é mas comum referir-se a lésbicas que são muito masculinas ou mulheres transgêneros que se tornaram homens, isto é, "homens sem pênis". Quatro tipos básicos são mencionados nos textos védicos: 1) Mulheres que não mestruam; 2) Homens sem pênis; 3) Mulheres com orgãos sexuais tanto masculinos quanto femininos; e 4) Mulheres que se comportam como homens. Também é interessante notar que entre os panda também se incluí as Svairini. Esta palavra é um termo comum, no Kama Shastra para referir-se a mulheres homossexuais, mas também pode referir-se a mulheres consideradas independentes demais. O Narada Smriti (12.49-52) menciona quatro tipos: 1) A esposa que deixa o marido; 2) A viúva que abandona sua família; 3) A estrangeira ou escrava, e 4) a mulher que foi estuprada. A pergunta final é: então as mulheres indianas podiam escolher casar com uma mulher também, já que os conselhos para um bom casamento incluem evitar estas mulheres ou o texto está apenas dando um conselho para que elas não sejam uma svairini também? Como meu conhecimento de sânscrito é negativo, eu convido alguém ai a pesquisar isso.