Google+ Estórias Do Mundo: outubro 2014

domingo, 26 de outubro de 2014

Chistes Jocosos

, em Natal - RN, Brasil
Sabe o que é mais difícil de combater em relação a homofobia? As piadas! Os ataques físicos e morais, o preconceito segregacionista, o discurso de ódio disfarçado de liberdade de expressão, todos eles são fáceis de serem combatidos porque são quase palpáveis, mas o humor, ah, o humor, este por ser baseado em ironia e sarcasmo, figuras de linguagem que dizem aquilo que expressamente não quiseram dizer, este é difícil de combater porque seu autor sempre argumenta: "eu não disse isso!", e realmente não disse. Vejamos exemplos:
Danilo Gentili já tem sido um artista dos comentários preconceituosos, ele já agrediu negros, judeus, gordos, nordestinos, cubanos e homossexuais. O mesmo acontece há anos no Zorra Total, no humor do falecido Chico Anísio, e não era diferente dos Trapalhões ou da Praça É Nossa. Preconceito contra nordestinos não era o mote de inúmeros quadros destes programas? Negros e pobres não são ridicularizados constantemente? Ser gay não é desculpa para ser humilhado (lembrem-se de Vera Verão)? E lembrando o texto da lei: Lei Federal nº 7.716/1989, Artigo 20: "Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional".  
Estes programas tem sido criticados constantemente por causa de seus personagens caricatos e não é de agora, Mas nunca por homens de nossa elite (heterossexual, branca e morando no Sul-Sudeste), estes riem das piadas, mas negros, nordestinos, gays tem a percepção de o quanto aquilo é ofensivo porque aquilo ofende. Outras pessoas alcançam, no entanto, o sentido negativo das piadas sobre negros e nordestinos, elas conseguem se colocar no lugar do outro, mas o público gay não despertar a mesma empatia, e por quê?
Primeiro, a inexistência no texto da lei da expressão "orientação sexual ou de gênero"e não torna crime incitar homofobia (e, por acaso, também não é crime discriminar mulheres), e é exatamente por causa disso que ninguém percebe sua existência. Pessoas fazem piadas de cunho homofóbico e não a reconhecem como tal porque INCITAR e INDUZIR não são crimes, para as pessoas apenas a discriminação clara ou a agressão física direta podem ser considerados homofobia. Olha o que aconteceu esta semana:
Eu acompanho o site Omelete há alguns anos. É um site sobre quadrinhos, cinema e mundo geek (que por sinal é um dos ambientes mais homofóbicos que eu conheço, os geeks, não o Omelete), eles tem um canal e um programa no Youtube, OmeleteTV. E, num dos últimos programas, eles encerram o programa dizendo que "se você gosta de peitinho, ou se você tem peitinho, assine o canal", critiquei-os via Twitter, e eles tentaram argumentar que já fizeram programas sobre a presença gay nos quadrinhos, que eles são contra a homofobia, etc., mas a prática são piadas como esta (O mesmo apresentador também criticou Espartacus por causa da presença do nu masculino na série tanto quanto existe nu feminino, enquanto elogia Gotham por causa do affair lésbico no passado das personagens Montoya e Barbara, isto é, homem nu não pode, mas mulheres se pegando sim). 
Não duvido que o pessoal do site realmente não enxergue isto como homofobia, mas o que eles não entendem é que ele estava claramente convidando somente homens heterossexuais e mulheres para assinar o canal, como isso não é a exclusão de um público dado sua orientação sexual?  Eles não enxergam, e acredito que nenhum homem heterossexual veria nesta frase discriminação afinal ele foi incluído, somente quem ficou de fora percebe o que aconteceu, mas não devo acusar os membros do Omelete de homofobia, no máximo de falta de empatia, como homens brancos, heterossexuais que vivem em São Paulo é difícil se colocar no lugar do outro.

domingo, 19 de outubro de 2014

Creta: O Ombro de Marfim

, em Natal - RN, Brasil



Zeus e Apolo não são os únicos deuses creto-micênicos que tem relacionamentos homoeróticos. Possêidon era um deus cretense, como atesta seu papel no mito do Minotauro, era deus dos mares, dos cavalos, dos terremotos, mas em Creta também era deus das tempestades e dos raios, atributo que mais tarde foram dados a Zeus quando a religião se expandiu por toda a Hélade. Na Ilíada, de Homero, ele é o grande deus dos mares já, mas ele também controla as tempestades marinhas e provoca desmoronamentos com seu tridente construído pelos Ciclopes. Os navegantes oravam a ele por ventos favoráveis e viagens seguras, sacrificavam a ele cavalos, mas seu humor imprevisível tornava a água e os terremotos suas armas para expor sua irritação com os humanos, mas também apoiou os gregos grandemente durante o poema sobre a Guerra de Tróia, porém sua vingança contra Odisseu, porque este não prestou-lhe os devidos agradecimentos ao fim dos anos de batalha, levou o rei de Ítaca a ficar perdido no mar por vinte anos, tema da Odisseia. 
Segundo seu mito, ele é filho de Cronos, o tempo, e Reia, a vida. E como seus irmãos, fora engolido pelo pai ao nascer, até que Zeus que por causa de um subterfúgio da própria mãe, pode fazê-lo vomitar as crianças. Segundo Pseudo-Apolodoro, a ordem dos filhos é Héstia, o fogo; Deméter, a terra cultivada; Hera, as mulheres e o casamento; Hades, o senhor dos mortos; e, por último, o rei dos mares. Após seu pai tê-lo vomitado e ser deposto pelo irmão mais novo, Possêidon foi criado entre os Telquines, demônios marinhos, com rostos de cachorro, pele negra e nadadeiras nos pés e sua primeira esposa foi uma deles, Hália. Com esta esposa, ele teve inúmeros filhos de temperamento violento e explosivo, de tal forma que teve que enterra-los para proteger o mundo, foi assim que as ilhas gregas nasceram, cada uma delas é um filho do deus do mar que está aprisionado, mas também teve com ela a linda Rodes, que casa-se com o sol, Hélios. Teve também outros filhos monstruosos, o ciclope Polifemo com Teosa que tentou devorar Odisseu; o gigante Crisaor, que é derrotado por Herácles, com a Medusa; os gigantes Oto e Efialtes nascem de seu caso com Ifimedia.
Uma história interessante sobre Possêidon é que ele seduziu a própria irmã, Deméter, quando esta procurava desesperada a filha, Perséfone, que havia sido sequestrada por Hades. A deusa concedeu seus favores ao irmão em nome de informações sobre o paradeiro da filha, porém, após terem tido sexo, o deus marinho não tinha nada para contar-lhe. Fruto desta união, Deméter teve filhos gêmeos, Despina e Árion, que abandonou logo ao nascer porque não estava interessada em crianças pois ainda vasculhava o mundo buscando sua filha querida. Despina cresceu revoltada com o abandono, tanto da mãe como do pai. E adulta, deusa do frio e do inverno, congela as terras que a mãe cultiva e o mar que o pai ama. 
Casou-se, por fim, com Anfitrite, nereida, filha do Oceano e Tétis, com quem teve um filho, Tritão, o deus dos abismos oceânicos e o grande pastor dos animais marinhos. Mas não sem antes conhecer o amor de um homem. Quem nos conta é uma ode de Píndaro, do século V a.C.:

 Ode Olimpíca, 1 40 ff 
"Ele [Poseidon] apoderou-se-lhe [Pelops], o seu coração louco de desejo, e vos trouxe montado em sua gloriosa carruagem ao alto salão de Zeus quem todos os homens honra, onde mais tarde veio Ganimedes, também, por um amor como, para Zeus."

Pélops era filho do rei da Lídia, na Ásia, Tântalo e Dione. O rei, para testar a onisciência dos deuses, das quais ele zombava, ele matou o próprio filho e cortou-lhe em pedaços e ofereceu-os aos olímpicos como um ensopado. Ele queria com isso provar que eles não eram capazes de saber tudo. No entanto, nenhum deus serviu-se do ensopado, somente Deméter, que estava deprimida por causa da rapto da sua filha, que comeu um pedaço do ombro do jovem, mas ao reconhecer o gosto a deusa, irritada, lançou Tântalo ao Tártaro, condenando-o a viver eternamente em um belo jardim no qual toda vez que ele tentasse aplacar sua sede a água fugiria dele, e quando ele tentasse aplacar sua fome, os ramos das árvores fugiriam ao seu alcance. Os deuses então reviveram o príncipe e recolocaram no pedaço mordido por Deméter, um pedaço de marfim. Belíssimo como ele era, Pelops atraiu o amor de Posseidon que o levou para viver consigo, em seu palácio embaixo do mar.
O mito de Pelops, como o de Ganimedes, evocam a mesma tradição creto-micênica: o rapto dos jovens por seus amantes mais velhos. Contudo o mito de Pelops avisa que ele retorna a vida entre os homens e se enamora de Hipodâmia, filha do rei de Olímpia, Enomau, que tinha matado todos os pretendentes anteriores da filha porque um oráculo havia predito que ele seria morto pelo genro. Enomau fazia todos os pretendentes disputarem com ele uma corrida de biga, cujo perdedor era sempre executado. Sabendo que os cavalos de Enomau famosos por sua velocidade, foi ao deus dos cavalos, seu antigo amante, que o príncipe pediu ajuda. O mito diz que em memória dos regalos de Afrodite que vivera com o rapaz, Possêidon concedeu-lhe cavalos alados que permitiram que ele derrotasse o sogro. Casado com Hipodâmia, Pélops tem dois filhos, Atreu e Crisipo, cujos quais participam da fundação das duas principais histórias gregas que nos chegaram hoje: Atreu é pai de Agamêmnom e Menelau, os grandes reis da Ilíada; e Crisipo é sequestrado por Laio, dando início ao ciclo de Édipo.
O interessante deste mito é perceber que os dons concedidos pelo amante divino tornam Pelops mais indicado para tornar-se um marido aceitável para Hipodâmia, cujo nome significa a senhora dos cavalos. Esta era uma regra comum no mundo cretense, as armaduras, armas, cavalos, galos, taças etc, que eram dados aos jovens por seus amantes, tais presentes (que eram obrigatórios) eram responsabilidade daqueles mais velhos e importantes na vida adulta que os jovens teriam após retornarem a casa de sua família. O sentido iniciático da relação homoerótica ainda se torna mais poderosa quando é somente após deitar-se com um homem mais velho que o jovem se torna adulto de fato e pode então contrair núpcias sendo agora, autorizado, a ter relações também com jovens assumindo as mesmas responsabilidades que seu anterior amante teve com ele.







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domingo, 12 de outubro de 2014

Dois

A Rua das Virgens, na Ribeira, estava lotada naquela noite de sexta-feira, apesar das nuvens cinzas cobrirem o céu escuro. Mas não parecia que choveria, era somente uma noite nublada. Essas de outono bem comuns. Após a igreja, eu fui para assistir o show de Du Souto com seu samba-jazz-xote-hip hop no Buraco da Catita e seu publico habitual rondava o local. O Centro Cultural Buraco da Catita congrega os natalenses que se consideram a elite pensante da cidade, discutem política e falam sobre arte sentados em suas mesas de madeira bebendo cerveja. Sim, apesar do nome pomposo, não passa de um bar que ocupa uma das ruelas do bairro. Gosto do lugar, do ambiente, e das pessoas que o frequentam: são em sua maioria pessoas inteligentes, artistas, produtores de cinema, músicos, atores, uma parte das pessoas que frequentam a região do porto, a tribo mais madura eu diria. Destoam deles somente aquelas meninas adeptas do hippie chic e estudantes de publicidade heterossexuais musculosos e tatuados. Ah, e alguns caras usando polos com números imensos nas costas, pagando bebida para três garotinhas (falsamente) loiras das quais ele tem esperança de comer pelo menos uma, mas ela só vai dar quando tiver um anel do seu dedo. Eu estava com amigos dançarinos e atores que me definem como artista plástico quando me apresentam a alguém (os quais sempre me envolvem em seus projetos e eu sempre aceito).
Sentamos numa mesa afastada, quando o show acabou, em frente a um albergue e um ateliê de pintura, éramos um grupo grande (que não parava de aumentar) que conversava sobre sexo e relacionamentos, sobre Dilma e Aécio, sobre Almodóvar e revistas em quadrinhos. Uma destas pessoas novas era um rapaz de barba. Ele era másculo, mais alto que eu, com uma barriguinha, nada de corpo saradinho de academia, mas não era gordo. Ele sentou-se ao meu lado e ninguém se deu ao trabalho de nos apresentar, mas isso não nos impedia de conversar normalmente, mas ele me olhava de uma forma diferente. Havia interesse no olhar dele. Era óbvio! Foi quando alguém sugeriu irmos a outro bar. "Lá é mais barato", comentaram. E todos levantaram, o rapaz de barba também, e antes de nos afastarmos da mesa, ele me parou. "Eu queria um beijo seu". Eu sorri. E apesar de lembrar que nem sabia o nome dele, dei-lhe o beijo. Ele me olhava quase implorando, parecia que eu era um cara que ele sempre quis beijar. Foi um único beijo, rápido, e depois nos juntamos aos outros. Ele no entanto se afastou de mim. Eu esperava que ele iniciasse uma conversa, que pretendesse ficar comigo durante o resto da noit e, mas, apesar do olhar ser o mesmo, ele se comportou de forma completamente estranha. Caminhando ele parecia envergonhado, ao chegar no bar sentou-se do outro lado, eu nem vi em que momento ele foi embora, mas dei de ombros. Era apenas madrugada.
Continuamos sentados no bar que da para a praça do teatro, cercados por prédios antigos que devem ser assombrados principalmente por antigas prostitutas do cais, eu sempre paro para admirá-los, são todos lindos, apesar da falta de conservação por parte da prefeitura. O bairro, todo tombado pelo patrimônio histórico do Estado, nunca teve nenhum projeto de restauração dos prédios, é terrível ver como eles correm risco, se eu pudesse, compraria todos e cuidaria deles. Foi perdido em meio a estes pensamentos que percebi que havia chegado ao bar um garoto que havia me adicionado no Facebook mais cedo naquele dia. Ele conhecia um dos meus amigos, o Diretor-de-Teatro, e sentou na mesa dizendo: "Eu te adicionei no Facebook hoje", eu disse que sabia. Ele era lindo, ruivo, com um sorriso fácil e safado, sempre erguendo a sobrancelha esquerda. E foi com este sorriso no rosto que ele se aproximou e me beijou. Bem alto, com pernas grossas e uma bunda linda sob o jeans escuro, ele com certeza não tinha mais que 25 anos. Ao contrário do outro, sentou ao meu lado, e entre piadas e conversas passamos o resto da madrugada ali, entre cervejas e cigarros, com meus amigos. Era, pelo menos, 4h da manhã quando nos recolhemos para nossas casas. Cada um para sua, infelizmente.



PS: Estarei mudando o número de postagens agora para somente uma, semanalmente. Não tenho assunto para postar mais frequentemente, afinal sei que ninguém aqui está interessado em me ver falando sobre meus dias solitários, tentarei manter esta quantidade de posts, se nem isso eu conseguir, talvez seja hora de encerrar o blog.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Creta: A Masculinidade da Amendoeira

Agdístis é um deus antigo, de origem anatólia, da Frígia para ser mais exato, que foi introduzido cedo na Grécia. Ele era hermafrodita, o que comprova sua origem oriental, pois a existência de deuses com dois sexos não é comum dentro do pensamento religioso nem creto-micênico nem grego. No entanto, seu mito, aquele que chegou a nós, é uma versão tardia. É Pausânias, do século I d.C.; e Ésiquios de Alexandria, do século V d.C., que nos permitiram ter acesso ao conto que fala sobre o amor do deus hermafrodita pelo jovem e belo pastor Atis, inclusive competindo com a grande deusa Cibele.
Conta Pausânias em seu Descrição da Grécia (VII, 17, § 5):

Mas a visão atual sobre Átis é diferente, a lenda local sobre ele ser eunuco. Zeus, diz-se, deixou cair em seu sono  sua semente sobre a terra, (Ésíquios de Alexandria conta outra versão que Zeus teria se apaixonado por Gaia, a terra, e apesar dela não ceder aos seus avanços, ele masturbou-se e lançou sua semente ao chão, engravidando a deusa) que no decorrer do tempo transformou-se em um demônio, (daimon, espírito divino) com dois órgãos sexuais, masculino e feminino. Eles chamam o daimon Agdistis. Mas os deuses, temendo Agdistis, cortaram-lhe o órgão masculino. Do seu órgrão cresceu uma árvore de amêndoa com sua fruta madura, a filha do rio Sangarius, dizem eles, tomou do fruto e o deitou no seu seio, que ao mesmo tempo desapareceu, e ela estava com a criança . Um menino nasceu, e exposto, mas foi cuidado por um bode. Como ele cresceu sua beleza era mais do que humano, e Agdistis se apaixonou por ele. Quando ele cresceu, Átis foi enviado por seus parentes para Pessinos, para que pudesse casar com a filha do rei. Quando o hino a Himeneu era cantado, Agdistis apareceu, e Átis enlouqueceu e cortou os próprios órgãos genitais, assim como ele também quem estava dando a ele sua filha em casamento. Mas Agdistis se arrependeu do que havia feito a Átis, e convenceu Zeus a conceder que o corpo de Átis não deveriam apodrecer e nem desaparecer. Estas são as formas mais populares da lenda de Átis. "

Strabo acrescenta, no entanto, em seu Geografia (3.12-13) que em alguns lugares da Frígia, Agdístis era considerado uma deusa, idêntica a Reia e a Cibele e não um homem que havia sido emasculado. Vejam abaixo:

12 Mas quanto aos Berecintos / uma tribo de Frígios e os Frígios em geral, e os dos Troianos que vivem em torno do Ida, eles também mantêm honras à Reia e adoram-na com orgias, chamando-a de mãe dos deuses e Agdistis, a grande deusa frígia, e também, a partir da lugares onde ela é adorada, Idaea e Dindymene e Sipylene e Pessinuntis e Cybele e Cybebe. 2 Os gregos usam o mesmo nome "Curetes" para os ministros da deusa, não tomando o nome, no entanto, a partir da mesma mítica história, mas considerá-los como um conjunto diferente os "Curetes," ajudantes por assim dizer, análoga à sátiros; e mesmo eles também chamam Coribantes. 
13 Os poetas são testemunhas como eu tenho sugerido. Por exemplo, quando Píndaro, no ditirambo que começa com estas palavras: "Em mais cedo vezes lá marcharam", menciona os hinos cantados em honra de Dionísio, ambos os antigos e os mais recentes, e em seguida, passando a partir destes, diz: "Para executar o prelúdio em honra de Reia, grande mãe, o giro".

A mesma informação é dada em outro trecho (12.5.3) do mesmo livro: 

3. Pessinus é o maior dos empórios naquela parte do mundo, contendo um templo da Mãe dos deuses, que é um objeto de grande veneração. Chamam-lhe Agdistis. Os sacerdotes estavam em tempos antigos com grande poder ali, e colhiam os frutos de um grande sacerdócio, mas atualmente, suas prerrogativas foram muito reduzido, embora o empório ainda perdure na cidade. O recinto sagrado foi construído pelo rei Attalic de uma maneira digna de um lugar sagrado, com um santuário e também com pórticos de branco mármore. Os romanos fizeram o famoso templo quando, de acordo com os oráculos da Sibila, que enviado para a estátua da deusa lá, da mesma forma que fez no caso do de Asclépio em Epidauro, Existe também uma montanha situado acima da cidade, Dindymum, depois que o país foi Dindymene nomeado, assim como Cybele foi nomeado após Cybela. 

Os Curetes ou Coribantes, os sacerdotes tanto de Cibele quanto de Agdístis eram eunucos e o mito de Atis explica isto. Quando Pausânias narra que na presença do deus os homens foram tomados pela loucura e se castraram (Átis e seu sogro), demonstra os ritos em que homens dedicavam sua masculinidade as deusas Cibele, Reia e também ao deus-deusa Agdístis. Ritos comuns na Ásia Menor, mas também Fenícia e Mesopotâmia. Os ritos dos Curetes e Coribantes envolviam música, aos sons de címbalos castanholas e flautas e tambores, eles se apresentavam sempre completamente armados então a dança envolvia lanças que se entrechocavam com escudos de bronze, dançavam em círculos até entrarem em transe, era neste momento que os que iam se iniciar para a deusa ou o deus-deusa castravam-se sentados em uma cadeira no centro do círculo.  Adivinhos, a dança destes sacerdotes (e Zeus é cognominado o "maior dos Curetes") é um rito de fertilidade bem atestado por inúmeros autores antigos, acreditava-se que o sangue que escorre dos homens emasculados, que era recolhido embaixo da cadeira, era capaz de fazer com que terras inférteis possam voltar a produzir. Era também parte dos ritos de Agdístis os rituais orgiásticos em que os fieis faziam sexo com os sacerdotes e sacerdotisas do deus para que através desta hierogamia (casamento com o sagrado) os desejos pudessem ser realizados.