Google+ Estórias Do Mundo: outubro 2006

terça-feira, 31 de outubro de 2006

EXTRA, EXTRA, EXTRA: Enquanto isso, no trabalho

Sala do 6º ano F. Alunos fazendo um trabalho sobre o Código de Hammurábi. Fico indo de carteira em carteira tirando dúvidas. Quando João Carlos me chama:

- Porfessor, Thiago tem algo pra falar com o senhor. Ele vai falar no intervalo.

- Thiago?

- Sim. Do 7º ano B.

- Sim, sei.

- Mas só no intervalo, professor.

- Tá certo. Agora volte a fazer seu trabalho.

Sala dos professores. Estou ocupado passando a limpo um texto. Professores sentados na mesa de reuniões conversam. A diretora avisa de um curso sobre sexualidade. Eu me inscrevo no curso. O intervalo prossegue e eu nem lembrava mais sobre o que havia ouvido na sala do 6º ano.

- Professor, o senhor pode vir até aqui?

- Oi, João Carlos?

- É que Thiago quer falar com o senhor…

- Pois fale, Thiago.

- Fala tu aí, João Carlos!

- Nam, você que queria falar com ele.

- Fale rapaz.

Várias meninas passam por nós. Ele desconversa. Noto vergonha.

- Não... é sobre o trabalho.

- Que trabalho? Sim… sobre Galileu? Você tem que entregar próxima aula.

- Humm… tá… professor, me dá teu telefone?

- Como é?!?

- É, professor, escreve aqui no meu caderno teu telefone.

- Não.

Retiro-me. Volto à sala dos professores. João Carlos me chama.

- Professor, vem aqui. Professor… da aí vai?

- Pra quê?

Responde Thiago: - Professor, o senhor sabe?

- Sei?

- É professor – interrompe João Carlos – pra depois a gente marcar?

- Marcar o que?

Novamente Thiago, com um olhar safado: - O senhor sabe.

- Não, meninos!

- Por que não?

- Porque não estou interessado.

Retorno à sala dos professores. João Carlos me chama, implorando.

- Omi, deixe essa estória pra lá.

sábado, 28 de outubro de 2006

PRESENTE: Quem nunca traiu, que atire a primeira pedra

É muito dificil ser fiel nesse planeta. Ah, meu Deus, como eu tento! Deus está de prova. Eu tento. Mas quanto mais forte eu pareço. Mais intensa parece ser a tentação. Mas vamos por partes. Estou namorando a 1 mês e 10 dias, com a criatura mais fofa que já conheci, e sem dúvida alguma estou realmente apaixonado, como nunca estive por ninguém na minha vida. Isso, sem dúvida alguma, facilita muito o trabalho pra se manter fiel. Simplemente, não saio atrás de ninguém. Não tenho a menor necessidade de sair pela noite caçando gatas extraordinárias, como diz Caetano.
Contudo, quem disse que essas gatas me deixam em paz? Acabei de receber uma corrente do Marcelo Ribeiro (a qual tive que repassar... eu não quis arriscar, vai q meu pinto cai mesmo) que dizia que quanto mais sexo você faz, mais pessoas você atraí. Acho que com namoro também. Não sei se por um motivo químico, de seu corpo produzir mais feromônios que atraem mais as outras pessoas, ou se por um motivo irônico, de que você está agora tão desinteressado em outras pessoas que agora elas se interessam por você. Ainda acrescento um agravante. Comecei a namorar pouco tempo depois de ter iniciado na academia. Então agora estou mais bonito e comprometido.
E muitas tem se interessado por mim. Muitas mesmo. Tenho tido que aceitar ou recusar todo dia dois ou três convites no Orkut. Alguns mais aldaciosos lançam-se logo no meu MSN. Tenho que me livrar destes tiros que vem de todos os lados. Contudo, quando encontro as pessoas pessoalmente é que a coisa fica dificil. Tenho evitado sair. Assumo. Não quero trair meu namorado. Nem dá chance para que ele pense que eu o traí. Em outras palavras, não quero que alguém chegue no ouvido dele e diga que eu fui a tal lugar e daí uma simples balada com os amigos se torne uma noite de orgias selvagens em um motel. É, eu tenho sorte pra esse tipo de coisa. Do jeito que só mole, num instante eu ganho a fama, sem nem aproveitar a cama. Mas sabe porque pessoalmente a coisa fica dificil? Meu namorado não mora na mesma cidade que eu. Eu o amo, mas a distância tá me deixando carente. E ninguém pode negar que a melhor coisa pra uma carência é alguém tentando te seduzir.
Claro! Imagine o que é para um carente abraços cheios de segundas intenções. Elogios intermitentes. Carinhos suaves e outros mais picantes, feitos como quem não quer nada. É dificil. Enfim... estou muito tentado. Eu poderia terminar o texto por aqui, mas falta algo a dizer. Estou tentado, mas amo meu bbzinhu. Amo muito. E não quero fazê-lo sofrer e acho q isso é o que faz um relacionamento. Sei que Confúcio disse que não fazer o mal não é tão importante, mais importante é não desejar fazer o mal. Mas sou humano. Minha iluminação não chegou ainda a esse ponto de me distanciar do Desejo.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

PASSADO: E aí meu irmão me perguntou se eu era gay

Aqui em casa todos tem a certeza absoluta que sou gay. Não importa. Não importa eu desmentir. Nem preciso admitir. Eles decidiram. Fui criado pra ser o menininho gay. Tenho esta teoria, baseada em meus estudos históricos e sociológicos (claro, deixa eu me exibir ora), que todos os comportamentos sociais são aprendidos. Bem, eu fui ensinado a ser gay. Ninguém aqui em casa me deixou ter experiências que os meninos heterossexuais tem. Eu fui protegido das meninas. Eu fui levado a gostar de coisas femininas. Eu fui obrigado a assumir o papel da filha que minha mãe nunca teve. Aprendi a cozinhar. A costurar. A limpar uma casa. Sou extremamente prendado. Mas este "conhecimento" teve o seu preço. Minha masculinidade.
Aí um dia eu tomei conta da minha vida. Na sexta série, eu descobri q ao contrario do que todas as pessoas diziam. Eu sentia atraçao também por meninas. E sabe... comigo aconteceu exatamente o processo inverso. Comecei a me sentir culpado por não ser gay. Afinal, todos esperavam isso de mim. Repreendi esse sentimento. Me envergonhava o fato de agora me excitar por meninas. Evitei-as. Me isolei. Mas, como graças a Deus, não existe nada melhor que o tempo. E com o tempo, vem a maturidade. Eu me entendi. Entendi o que sentia. E isso causou muitos estragos na minha família.
Aos 18 anos, foi a primeira vez q meus pais souberam q eu fiquei com uma menina. O choque era perceptível. Eles já tinham me dado como perdido, já haviam reservado pra meu nome um lugar de pouco destaque na nossa genealogia. Eu ria muito com a surpresa deles. E percebi como é bom chocar as pessoas. E com isso entendi qual a minha função aqui. Mas... continuando a história. Algum tempo depois, um dos meus irmãos, o 2º filho do meu pai (sou o 3º), foi na faculdade me pegar. Tava rolando uma festinha lá. E eu quando ele chegou lá, eu estava ficando com uma menina. S. Uma linda morena de cabelos curtos e uma inteligencia ferina (gosto de mulheres inteligentes... homens até suporto burros, mando calar a boca e fodo; mas mulher não... não agüento). Ele ficou abalado. Porque a primeira menina, eles apenas ouviram falar. Aquela era a primeira menina que alguém da minha família tinha visto comigo.
Eu entrei no carro. E ele ficou se remoendo. Notava-se que ele queria perguntar algo. Mas de forma alguma que eu esperava o que se passava pela cabeça dele. Até que ele fez a pergunta que todos nós sabemos o que precede. "Posso te perguntar uma coisa?". Eu já sabia o que ele queria. E concordei. "Você é gay ou o quê?". Mas quando o ultimo folego da palavra saiu dos seus lábios, ele se arrependeu piamente do que fizera. "Não precisa responder, não importa. Não muda o que sinto por você". Foi bonito. E eu acabei contando. "O quê!". Ele não entendeu. "Não sou gay, não. Gosto de meninas. Mas se você perguntar se já fiquei com meninos, aí é outra estória". Ele quis dizer então que sou bi. E sinceramente não me considero bi. Tenho fases. Já fiquei muito com meninas. Hoje estou numa fase apenas de meninos. Amanhã? Não sei.
Um amigo meu tentou me definir. MP. Segundo ele, sou 1/3 hetero, e 2/3 gay. Acho que faz sentido. Ou talvez, isso só seja o resultado da educação que eu tive. Fui preparado pra este papel. Agora, eu tenho q aprender um outro que surgiu naturalmente. Enquanto vocês passaram isso ao aprender a ficar com meninos, eu tive que aprender a ficar com meninas. Mundo estranho esse nosso nao é?

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

PRESENTE: Sedutor Acidental


Minhas maiores conquistas não foram propositais. Na verdade, parece que quanto mais me interesso pelas pessoas, menos elas se interessam por mim. Contudo, ironicamente, fico comumente com homens que para todos, até aquele momento, era heterossexual. Desperto neles um interesse estranho. Uma vontade nova. Como faço isso? Fácil. Extremamente fácil. Vocês não sabem como é fácil.
Normalmente o que acontece é eu conhecer um cara através de uma das minhas amigas. Ele fica com F, ou com M, ou com D, ou ficou algum tempo atrás. Bem, sendo assim, eu não costumo nem prestar atenção nele. Ele é hetero. Não tem porque fantasiar qualquer coisa. Mas, de repente, não mais do que de repente, algo acontece. Um olhar. Um toque. Um sorriso. E noto a diferença.
Uma vez perguntei a um deles, B, o porquê disso. Ele explicou que sou fascinante (palavras dele). Que meu bom humor e inteligência (palavras dele) envolvem a pessoa e dali a pouco o cara só pensa em comer a minha bunda gostosa (é, também palavras dele).
Acho que minha inteligencia já envolveu muitos. Estou me especializando em "heteros". Alguns chegaram até o fim, de outros eu fui apenas o primeiro homem que eles beijaram. Não esqueço de V, indo comigo até o bar numa rave, me dizendo que se um dia fosse ficar com um homem, seria comigo. Eu corei na hora. E ele não deixou de notar. "Fique vermelho não, senão eu não me controlo". É, eu ainda fico vermelho.
Mesmo com os namorados de amigas soltando indiretas sempre que elas saem de perto. H: mostrava os músculos pra mim. Ou eles me paquerando pelo retrovisor do carro. J: um amigo meu que estava no carro ainda chegou a perceber. Namorados de amigas tentando tocar em mim como quem não quer nada. F: chegava a ser chato de tanto q tentava passar a mão em mim.
Sim, terminei o texto me achando o máximo. Quando eu tiver com baixa auto-estima vou vir aqui. Ler esse texto de novo.

domingo, 15 de outubro de 2006

PASSADO: Experiências lícitas e ilícitas

Fui criado por um pai com sérios problemas na fase oral do seu desenvolvimento. Fui criado pra acreditar que caráter e honra eram as coisas mais preciosas que hum homem podia ter (nunca reparei como isso soa medieval até por no papel agora), e que três coisas podiam abalar tudo isso: a mais importante, ser gay; depois beber e, finalmente, agir contra a lei. Bem como eu já estava fudido mesmo (em todos os sentidos da expressão), então resolvi experimentar as outras coisas.

EXPERIÊNCIA Nº 1: "Nunca fiz amigos bebendo leite".
Esta frase é uma das mas sábias que já ouvi. Homem só tem amigo que possa levar ao bar. O que você espera? Dois homens indo ao cinema? Sentados na cama trocando confidências? Não né? Sabemos muito bem o que isso significa. Então... minha vida alcoólica se iniciou cerdado de homens (D, por que eu era louco, tudo sempre acontecia na sua casa; C, que nunca me deu nenhuma brecha, exatamente o contrário de M, mas que o destino conspirou contra) e um pirata. Rum. Rum com coca. Cuba Livre. Abaixo Fidel Castro! Logo eu, o filho de um comunista. Amamentado por Marx (depois conto esta estória).
Tomei gosto, aos 18 anos, pelo rum. Mas fiz um trato comigo mesmo. Nunca beber mais do que a primeira tontura. Que aos poucos começou a demorar mais a chegar. Meu primeiro porre só aconteceu aos 22 anos, na minha formatura.
Com um delicioso vinho branco. Completamente consciente do que estava fazendo. Ainda lembro de W dizendo: "Bebe mais se você ainda está sentindo as pernas". A primeira amnésia apenas com um litro de vodca que eu levava abraçado. Natasha. Aquela mulher odeia bicha. Daí não lembro de nada. Cheguei no Carnatal e depois lembro de não ter dinheiro pra voltar pra casa e acabar indo a pé. Uns 3 km. Cheguei em casa bonzinho.

EXPERIÊNCIA Nº 2: "Fumar dá status".
Ao contrário de beber, não senti pressão social para fumar. Mas na faculdade o cigarro estava cercado por uma aura intelectual. Ao mesmo tempo que nas baladas, ele sempre me pareceu tão cool, que foi procurando essas imagens que acendi meu primeiro cigarro. Intelectual porque as grandes pessoas que eu admirava fumavam. E nas baladas, bem... ser baladeiro sempre foi uma das minhas metas de vida. E cigarro me traz essa imagem. Festa! Balada! Fumaça de cigarro e bebida tocando em tudo. Acho que no fundo eu queria crescer. E não esqueço a cara de L quando me viu tentando fumar um de seus cigarros. "Que é isso?!?" E depois ela me ensinando a fumar com estilo. Por isso fumando sou uma dama. Uma dama francesa. Alguns diriam, uma puta francesa de um bordel oitocentista.


EXPERIÊNCIA Nº3: "Todo primata é curioso".
Aprendendo a fumar, a curiosidade pela maconha surgiu. A galera da faculdade curtia. Eu queria saber "qual era a lombra". Primeira vez, no setor de aulas, atrás do predio do centro acadêmico, com S e A (colegas de faculdade), não senti absolutamente nada. "Normal! Primeira vez é assim mesmo". Segunda vez, com um amigo travesti e o traficante da favela que ela vivia. Nunca vi tanta maconha na minha vida. Tudo de graça. "Hoje tu sabe o que é, boy" Soube mesmo! E não gostei. Me senti estúpido. Simplesmente não consegui formular uma simples frase. Engraçado né? Eu fico burro. Mas repeti. Em festas. Em raves. Às vezes é bom desligar meus neurônios.


EXPERIÊNCIA Nº 4: "Não conte para ninguém".
Loló. Lança-perfume. Vamos cheirar. Minha vida de raves e boates. A vida de baladeiro que sempre quis ter. Me levou aos alucinógenos leves. A irmã caçula de um amigo me deu pela primeira vez, se eu jurasse não contar nada ao meu amigo. Provei. Fiquei louco. Fritei. Depois Carnatal, onde o loló e o lança existem mais que peixes no mar. Todo mundo tem. Todo mundo quer. E na ultima vez foi na VG, onde o tesão acumulado por estar namorando um menino virgem subiu a cabeça e eu quase ferrei com tudo. Estou fera no auto-controle.


Terminado tudo isto, não me sinto menos homem, como meu pai me ensinou que aconteceria. Nem mesmo me sinto uma pessoa pior. Não estou viciado, apenas experimentei. Desculpe, papai, mas provavelmente seus ensinamentos não servem para a (minha) vida real.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

PRESENTE: Natal precisa sair do armário

Eu, sem dúvida alguma, vivo na cidade mais gay do Brasil. É com certeza o paraíso. Mas também o inferno. Em Natal, 99,9% da população masculina já teve alguma experiência homossexual. Este é um numero hipotético, é claro. Nenhuma pesquisa séria foi feita sobre o assunto, e dificilmente será. Afinal, quem vai revelar detalhes tão íntimos a um pesquisador do IBGE? Mas bem, eu paguei Estatística na faculdade. Aprendi um pouco. Deixa ver o que posso fazer...
Trabalhemos por amostragem. Amostragem funciona assim: vc pega um pequeno grupo, que vai representar todo o grupo. Então, observemos o universo amostral de minha rua. Eramos 21 meninos na minha rua. Nestes, apenas 4 (que eu saiba) nunca experimentaram o amor grego. E aí, basta calcular. Sendo científicos. Minha calculadora respondeu que a porcentagem correta é 80, 96% dos homens de Natal.
Isso explica porque toda vez que você sai em Natal percebe uma cantada ou pelo menos olhares mais insinuadores. Sabe? Aqueles olhares que significam mais. Em que lugares alguém já me abordou? Deixa ver se me lembro. No ônibus, no shopping, no banheiro do shopping, no banheiro da faculdade, na sala de aula, na padaria, na rua enquanto eu corria, na porta de casa bem na frente do meu pai, no trabalho, em todo canto e todo lugar.
Por isso que toda vez que meu namorado diz que eu posso sair sozinho se não for para boates glbt. Eu sempre contenho um riso. O fato de ser um lugar hetero não impede nada em Natal. O fato do cara estar com uma namorada do lado não impede que ele te dê uma cantada assim que a pobre da menina se distrair. Natal é uma cidade muito estranha!

domingo, 1 de outubro de 2006

PASSADO: Primeira Vez ou As coxas do Gato.

Entre brincadeiras infantis, um vizinho me mostrou algo novo. Fábio. Um toque em partes nunca antes tocadas. Uma sensação nunca antes sentida. Entre brincadeiras. No escuro. No quintal de uma casa abandonada. Dois meninos se descobriram. Inebriados. Envolvidos. Perdidos. E hoje adulto, foi numa aula de Prática de Ensino, que numa frase da professora, entendi que naquela época eu não era mais do que um dos meninos do trapiche de Capitães da Areia, de Jorge Amado. Já leram?
Capitães da Areia conta a história de um grupo de meninos de rua, que vivem entre o porto e a praia de Salvador, na Bahia. Meninos sem lar. Sem pais. Sem carinho. Sem amor. Estes meninos se amavam. E mesmo quando o padre ou os homens adultos disseram ou q era pecado ou que diminuía a honra de um homem, os meninos não conseguiram parar de se amar. Porque aquele amor supria uma carência. Supria. Alimentava. Ocupava um espaço vazio que as familias deveriam ocupar. Aqueles meninos estavam tão sós que precisavam do calor um dos outros. E este calor estava nas coxas um dos outros.
Fui criado, então, numa familia que não se toca. Fui criado entre irmãos que não se abraçam. Por Freud! Eu me entreguei sim ao primeiro que me ensinou o que era carinho. As mãos infantis dele que cuidavam de mim. O desejo infantil dele que precisava de mim. O amor infantil dele que só tinha a mim. Entreguei-me a ele de corpo e alma. Aprendi com ele, durante anos, como o carinho era bom. E fui castigado por isso, brutalmente.
Mas como afastar um menino viciado em carinho de seu vício, brutalmente? Efeito oposto, claro! Mas agora o segredo, sabia-se, era necessário. Não poderia mais ser ali. Não poderia mais acontecer sem uma desculpa. Então resolvemos brincar. Éramos crianças não? Somos crianças. Meninos. Meninos bricam. Tantas brincadeiras. Tantas aventuras. Não há melhor desculpa!