Sala do 6º ano F. Alunos fazendo um trabalho sobre o Código de Hammurábi. Fico indo de carteira em carteira tirando dúvidas. Quando João Carlos me chama:
- Porfessor, Thiago tem algo pra falar com o senhor. Ele vai falar no intervalo.
- Thiago?
- Sim. Do 7º ano B.
- Sim, sei.
- Mas só no intervalo, professor.
- Tá certo. Agora volte a fazer seu trabalho.
Sala dos professores. Estou ocupado passando a limpo um texto. Professores sentados na mesa de reuniões conversam. A diretora avisa de um curso sobre sexualidade. Eu me inscrevo no curso. O intervalo prossegue e eu nem lembrava mais sobre o que havia ouvido na sala do 6º ano.
- Professor, o senhor pode vir até aqui?
- Oi, João Carlos?
- É que Thiago quer falar com o senhor…
- Pois fale, Thiago.
- Fala tu aí, João Carlos!
- Nam, você que queria falar com ele.
- Fale rapaz.
Várias meninas passam por nós. Ele desconversa. Noto vergonha.
- Não... é sobre o trabalho.
- Que trabalho? Sim… sobre Galileu? Você tem que entregar próxima aula.
- Humm… tá… professor, me dá teu telefone?
- Como é?!?
- É, professor, escreve aqui no meu caderno teu telefone.
- Não.
Retiro-me. Volto à sala dos professores. João Carlos me chama.
- Professor, vem aqui. Professor… da aí vai?
- Pra quê?
Responde Thiago: - Professor, o senhor sabe?
- Sei?
- É professor – interrompe João Carlos – pra depois a gente marcar?
- Marcar o que?
Novamente Thiago, com um olhar safado: - O senhor sabe.
- Não, meninos!
- Por que não?
- Porque não estou interessado.
Retorno à sala dos professores. João Carlos me chama, implorando.
- Omi, deixe essa estória pra lá.