Uma das grandes mentiras que se conta por aí é que cada um tem o seu próprio gosto, que temos um gosto "pessoal" o qual é único e que não é compartilhado por outras pessoas, este gosto é uma das características inclusive que nos torna seres individualizados. Tais gostos inclusive separam as pessoas em categorias irreconciliáveis como pagodeiros e roqueiros, ou heterossexuais e homossexuais, em barbies e ursos. Fantasias do ego. Mas eu quero falar aqui de um tipo em especial de gosto: aquilo que cada um acha bonito. E já parto do príncipio dizendo que beleza não é um gosto pessoal, somos influenciados. Ver beleza em alguém ou em algo não é pessoal, gosto é uma questão de tempo. E não que você, com o tempo, com a convivência vai passar a achar alguém bonito. Não! Beleza é uma questão respondida por toda a sociedade e não por um só indivíduo.
Em outras palavras, sabe quando alguém diz que gosto é algo único. Isso é uma mentira, ilusão, enganação! Grupos sociais, tribos, classes sociais têm o mesmo gosto. Pessoas que frequentam os mesmo ambientes, que têm a mesma bagagem cultural, que participam das mesmas atividades possuem o mesmo gosto. Porque pessoas influenciam pessoas. Não somos ilhas. Não somos criaturas isoladas. Esse tal gosto pessoal é construído através de outros seres humanos com os quais temos contato e absorvemos deles seus padrões, seus preconceitos, suas formas de entender, pensar e interpretar o mundo.
Em outras palavras, sabe quando alguém diz que gosto é algo único. Isso é uma mentira, ilusão, enganação! Grupos sociais, tribos, classes sociais têm o mesmo gosto. Pessoas que frequentam os mesmo ambientes, que têm a mesma bagagem cultural, que participam das mesmas atividades possuem o mesmo gosto. Porque pessoas influenciam pessoas. Não somos ilhas. Não somos criaturas isoladas. Esse tal gosto pessoal é construído através de outros seres humanos com os quais temos contato e absorvemos deles seus padrões, seus preconceitos, suas formas de entender, pensar e interpretar o mundo.
Como o processo funciona? São muitos exemplos que eu posso dar. Pensemos na pintura para começar: até princípios do século XX, para um quadro ser considerado bonito ele deveria ser pintado retratando a realidade fielmente, até que os impressionistas resolveram transmitir através de suas pinceladas como eles se sentiam, transformaram tinta em poesia e logo Dali e Picasso tornaram-se possíveis e seus quadros que seriam horríveis em padrões antigos de beleza, tornaram-se obras de arte. Obras primas do talento humano. Porque todo o mundo foi influenciado pelos impressionistas franceses (Monet, para citar um), o conceito de beleza foi alterado para sempre.
Outro exemplo são nossas atuais deusas da beleza, as modelos. Na década de 1950, quando a profissão surgiu, elas eram mulheres com curvas, gordinhas até, pin ups. Marylin Monroe com 1,67, pesava 63 quilos e tinha as medidas de 93 centímetros de busto, 51 centímetros de cintura e 91 de quadril, o IMC de Norma Jean seria 22, isto é, normal; hoje, o padrão de beleza elegeu Gisele Bundchen como musa em seus 1,79 e 54 quilos, com 86 de busto, 59 centímetros de cintura e 87 de quadris e impressionantes 16 pontos de IMC, o que corresponde na tabela do Índice de Massa Corporal à desnutrição. Mas o mais diferente no corpo de Marylin e no de Gisele é que as medidas da atriz americana que se suicidou por ser bonita demais lhe garantiam curvas, as medidas da modelo gaúcha lhe dão, no máximo, uma ondulação. Em determinado momento da década de 1990, a indústria da moda saiu das mulheres curvilíneas, passando pelas atléticas modelos da década de 1980 (Xuxa é um exemplo) e terminamos com garotas de 14 anos, altas demais para a idade e com graves problemas nutricionais. Elegemos refugiadas somalis como as mulheres mais bonitas do mundo. E até essa eleição nenhuma mulher medicamente desnutrida seria considerada bonita por quem quer que fosse, mas as coisas mudam. Jennifer Lawrence, a Mística de X-Men, deu uma entrevista recentemente dizendo que é, em Hollywood, considerada uma atriz gordinha. Ela disse que não precisa se alimentar mal, pular refeições para se sentir bonita, mas que sente a pressão para que isso aconteça em todos os lugares que frequenta.
Da mesma forma, no mundo gay, padrões de beleza são construídos, remodelados, reforçados e implodidos todos os dias, mas todo mundo age como se sempre tivesse sido cool, por exemplo, usar barba. Essa modinha não tem cinco anos e nós vemos meninos repetindo por aí que homem que é homem tem que usar barba (também esses meninos descobriram o mundo há no máximo cinco anos também). Mas já falei disso aqui. E isso não é diferente, também, dos homens musculosos que superpovoaram a década de 1990 e foram substituídos gradualmente por jovens modeletes de corpos definidos da cintura para cima e pernas magras (e não ache que isto é preguiça de malhar, mas um padrão estético que se perpetua). Enquanto a magreza andrógina da década de 1980 fora esquecida, estigmatizada pela AIDS, esse novo padrão emergiu das páginas da Advocate e da Out. Também já falei disso aqui.
Por isso, eu digo, toda vez que você considerar alguém bonito, melhor!, toda vez que você considerar alguém feio pense duas vezes. É você quem está fazendo isso ou você é somente mais um membro do rebanho? Este exercício é útil para filtar o que vem de fora, filtrar o controle que o mundo capitalita tem sobre nossas necessidades diárias, é um combate contra o consumismo. Por que, concordam comigo?, não é nada legal consumir pessoas. Não deveríamos procurar pessoas para nos relacionarmos baseado em anúncios publicitários, pessoas não são coisas. Está na hora de julgar o livro além da capa.