Então ele me convidou, no outro dia, ir jantar com ele. Conhecer sua casa, e ficarmos lá, juntos um tempo. E eu aceitei. Encontramo-nos no Pampulha Mall, próximo a minha casa, a meio caminho da casa dele. Vinha do trabalho, com o uniforme dentro de uma mochila, e perguntou se eu preferia sentar e beber alguma coisa na galeria, ou se eu preferia irmos direto para sua casa. Olhando sua mochila, respondi: "Você deve estar cansado do trabalho não? Que você prefere?". Ele preferiu irmos para casa, jantarmos e vermos tv juntos. "Até porque tudo que eu quero é bom banho quente p'ra poder relaxar do trabalho". E eu ascenti e pegamos o ônibus Céu Azul em direção a casa dele. Descemos na Av. Portugal, região que para mim, na cidade, é totalmente desconhecida. Conversavamos, nesse meio tempo sobre o emprego dele. Garde-manger, responsável pelas saladas e pratos de frios e queijos do restaurante. Ele me explicou como era o trabalho e suas especialidades. "É tudo uma questão de sedução, a salada tem que conquistar muito antes pelo olhar do que pelo outros sentidos". E explicou que seu curso era técnico, mas que no segundo semestre ele ia prestar vestibular para Gastronomia. "A gente tem que estudar mesmo! Faz bem!". Disse-lhe.
Mal falei sobre meu trabalho, na casa dele, quando após o banho, ele sentou-se entre as minhas pernas e deitou no meu peito, discutimos muito mais Insensato Coração e a idade do Rodrigão do BBB do que minhas discussões filósoficas sobre a censura, Inquisição e o universo intelectual protestante no século XVII. Ele também não demonstrou-se muito interessado, principalmente quando relei minha barba no seu pescoço e a língua na sua orelha. Dali, logo, ele me mostrou o quanto estava excitado e, não obstante, afirmar que não aconteceria nada naquele dia. Como eu também preferia. Ficamos entre beijos, sarros, e minha barba no pescoço dele e minha língua passeando entre a nuca e a orelha dele. Não saímos do sofá, nem cheguei a conhecer seu quarto. Ele armou o sofá-cama e dormimos os dois ali, de conchinha, abraçados, apesar do calor que fazia na casa dele. Contudo, várias vezes durante a noite, acordei com ele movendo minha mão que deslizara para sua coxa ou bunda. Algo, no meu toque, (estranhei) o incomodava e, por isso, virei para o outro lado.
Ele tinha que acordar cedo. "Tenho que estar as 7h da manhã no restaurante!", avisara-me antes e eu acordei com ele. Juntei minhas coisas, vesti minha calça e lavei o rosto com o sabonete líquido de erva-doce que estava sobre a pia. Pegamos ônibus juntos, mas quando desci, disse-lhe que o ligaria. E liguei. Uma, duas, três vezes, em nenhuma mais ele atendeu. Aí eu parei de ligar.