segunda-feira, 30 de julho de 2007
PRESENTE: Reflexões Emeesseênicas
quinta-feira, 26 de julho de 2007
PASSADO: Casos (hetero)sexuais
Santa Rita. Praia deserta. Lua gigantesca banhando o mar com prata. A direita a praia se estende com seu tapete de areia, de um lado um mar crespo de arrecifes escondidos pela maré, do outro casas só habitadas no verão. A esquerda arrecifes que só o vento consegue vencer. A areia cobre alguns, o mar beija os pés de outros. Santa Rita. Uma casa. Amigos rindo. Vodca espalhada. Um carro com a mala aberta espalha axé e meninas ensinam umas as outras as coreografias que todos os rapazes sabem de cor. Eu faço massagem no pé de May. Sentado no chão eu faço ela gemer com uma massagem tailandesa, erótica, afrodisíaca. "Toda massagem nos pés tem segundas intenções". Ele, Diego, pede: me ensina. Ele, Diego, moreno, cabelo militar, corpo esculpido. Eu, só eu, ensino. Pega o pé, até o terceiro dedo, desce em linha reta até o início da cava do pé e pressiona aquele ponto. Ligado diretamente aos órgãos sexuais. Toda a energia que estava presa vai ser liberada e vai fluir. Ele fecha os olhos e geme. Ele me convida: vamos para outro lugar? Eu não entendi nada, achei que ele só queria um lugar mais discreto, afinal um homem estava fazendo ele gemer. Mas ao ficarmos, nós, sozinhos, ele, Diego, me pegou, me mordeu, me comeu.
Tahity. Rua do Salsa. Música pop enche o ambiente. Felipe me acompanha naquela noite, como ele fazia em todas as quarta feiras quentes do verão de Natal. Caipirosca. Cigarros. Eu paro, já cansado no meio da noite e coloco as mãos para trás. Sinto uma bunda se encaixando na minha mão e me afasto. Novamente a bunda se aproxima, e se encaixa. Coloco-me ao lado e novamente. Decido então testar, no máximo levo um soco, e aperto. Nenhuma reação. Aperto mais. Nada. Aperto com as duas mãos ao mesmo tempo. Uma reboladinha. Eu não acredito. Ninguém está notando nada. Eu chuto a canela de Felipe e o faço perceber. Ele arregala os olhos e deixa o queixo cair de seus 1,60. Viro-me finalmente, e ai é minha vez de lançar meu queixo ao chão. Lindo. Lindo. Lindo. Ele sorri e vai em direção ao banheiro masculino, por um segundo eu hesito, mas logo depois Régulus brilha sobre mim. Enfrento. Encontro-o na fila. Esperando sua vez. Conversamos. Breno. Salesiano. 18 anos. Ele sorri. Eu respondo. E a fila cresce, tanto a masculina como a feminina do lado. Na hora que ele abre a porta para entrar olha com pena e entra sozinho. Eu espero. Faço cara de pena quando ele sai e ele volta a pista.
Minutos depois eu retorno, passo por ele e digo: "Me encontra lá fora" e saio. Ele me segue. Ruas vazias. Feitas de estacionamento. Uma hora da manhã. Árvores criam sombras. Ele conta que nunca ficou com um homem. Nunca beijou um homem. Nem nunca beijaria. Eu sorrio enquanto caminhamos. Ele diz que gostaria de ser ativo. Ai paramos. Ficamos nos olhando um tempo, ele não sabia o que fazer. Então eu agi. Protegidos pelas sombras das árvores, entre carros estacionados. Peguei. Bati. Ele me olhava no fundo dos olhos e me imitou. Continuava olhando nos meus olhos. Eu olhava para a boca dele. Mas ele havia dito, nada de beijos, quando de repente ele começa a olhar fixamente para minha boca. E Breno me beijou. Beijou.
domingo, 22 de julho de 2007
EXTRA, EXTRA, EXTRA: Quase um conto erótico
Noite comum. Música boa. Gente feia. Primeira vez do Andarilho sobre aquelas escadas. Cerveja, fumaça, eu um tanto tonto. E olhos verdes me seguindo pelo ambiente onde a música eletrônica rompia que estavam acompanhados de lindos olhos castanhos cobertos de rímel e máscara. Estava o casalsinho abraçado na porta que dava acesso ao ambiente onde vibrava um mais suave pop-rock. Até onde pop-rock consegue ser suave. Paro no bar, perdi de vista o Andarilho e o Peter pan, peço uma cerveja e um barman magrinho e simpático me atende e dali a pouco ouço palavras desconexas, querendo começar um papo, atrás de mim. Viro-me e me deparo com os olhos verdes, em quase 1,80 de altura, cabelos loiro-escuros e um corpo de quem faz alguns meses que parou a academia. Conversamos, ele contou que já me vira em outras baladas, eu disse que também o reconhecera, e ele se apresentou Rique e sobrenome alemão. Falou que a morena era namorada dele, eu a elogiei respeitosamente, e o papo fluiu tanto quanto minha timidez deixava.
Uma hora ele voltou à namorada que observei, através da divisória de vidro, que dançava com as amigas, eu então procurei meus amigos e os avistei e pensei em ir me juntar a eles, mas no intervalo entre o pensamento e a ação ele voltou e me pegou gentilmente pelo braço. "Vou tomar um ar lá fora, me acompanha?". Meio desorientado, acabei aceitando o convite e descemos. Caminhavamos lado a lado, conversando normalmente até que chegamos no carro. Estranhei, e pensei: "ele deve pegar algo". Mas ele me convidou a entrar, com um sorriso safado. Entrei e ele me beijou. Pensei rapidamente "pronto, agora vou dar num carro no meio da rua para um cara 'hetero'... era só o que me faltava". E lembrei do Imperfeito e todas as piadas que ele ia fazer quando eu contasse como havia acabado com o meu jejum. Num puxão só, ele arrancou meu cinto e eu me vi com as calças e a cueca pelo joelho. Ele então me enguliu. Sugou-me com intensidade e, para minha surpresa, experiência. Lambia, subia, engolia. Concentrado no meu prazer, eu nem percebi que ele também tirara toda sua roupa, colocou-se então ajoelhado sobre mim, pernas ao lado das minhas, expondo a minha boca aquele falo em riste, claro, róseo, com parcos pêlos loiros, mas para a sua supresa o meu encaixou-se perfeitamente nele.
A ponta encaixou, senti-lhe receptivo, e eu, então, agi por impulso. Segurei-o forte pela cintura e puxei. Foi apenas uma penetração. De vez. E profunda. Ele gemeu baixinho. Agüentou como bom homem hetero deveria agüentar e eu pensava na namorada dele estava esperando lá na boate. Eu soquei mais uma vez e aí dei-me conta que estavamos sem camisinha. Tirei e disse-lhe no ouvido. "Tem camisinha?". Ele respondeu negativamente, eu também não tinha. Então, disse-lhe que era melhor parar mesmo, afinal a namorada dele estava por ali. Contrariado ele concordou, mas exigiu meu telefone que dei prontamente.
Vestimo-nos, saímos e voltamos para a boate, bebendo água de coco, ele para a namorada, eu para meus amigos. Pouco tempo depois, sai e o encontrei próximo a saida com a namorada e amigos, cumprimentei educadamente e ele correspondeu, sorrindo. "Já vai?". Falei que sim. Ele apertou minha mão e eu fui embora com minhas 3 mulheres no carro.
No outro dia, a tarde, meu telefone toca. Um número Claro desconhecido. "Oi Foxx". Não reconheço a voz. "Sou eu o Rique". Desconfiado, o comprimento educadamente. "Você esqueceu seu cinto no meu carro sabia?". Cinto?! Que cinto?! Eu fui de cinto?!. "Não, nem lembrava dele". Ele riu. "Então vamos marcar pra eu te devolver o cinto?"
domingo, 15 de julho de 2007
PRESENTE: O que se faz com 60 reais em Natal
Pego o ônibus e desço por detrás do teatro. Paredes negras de mofo e ruas molhadas de lama e chuva. A noite já caiu sobre a Ribeira. Dois caminhos. Qual tomar? Vou pelo mais movimentado, afinal tem show hoje também na Estação Ribeira. Rockers. Muito preto. Spikes. Camisas de bandas. All Star. Baforadas de cigarros. Cacos de cerveja na calçada. Meninos a pular. Continuo meu caminho acompanhando o porto. Ruas esvaziam. Becos estreitam. Continuo reto. Formas sombrias distantes. Cruzo com um homem que me lança um sorriso sinistro e murmura algo ininteligível. O porto. Felipe. Lembro de como aquela parte de Natal lembra o Recife. Prédios antigos. Altos. Ruas largas e espaçosas brigando com becos quase coloniais. Casas históricas mal conservadas. Portas fechadas com tijolos. Mofo. Foligem. Esgosto. Queria ter dinheiro para comprar todas elas. Fazê-las minhas. Protegê-las. Salva-las daquele triste destino. E morar nelas, porque não? Quero uma casa antiga. Histórica. Eu.
Chego no DoSol Rock Bar. Um casarão reformado com paredes amarelas e marrons numa rua estreita, a Rua Chile. Pouca gente do lado de fora. Um som tímido lá dentro. Vou até pouco depois de todos. Procuro Mané, ele me ligou enquanto eu estava no ônibus, disse que iria, disse que já estava tomando banho, mas ele não está lá. Volto, paro num carrinho de cachorro quente em frente ao bar, peço uma cerveja e encontro Vander. Cercado de meninas, eu me aproximo e toco-lhe o ombro. Ele abre um sorriso. Ordena que eu o acompanhe. Comento que Mané está chegando. Ele sorri novamente e diz as meninas comemorando, ao mesmo tempo que pede que eu sente nas mesinhas plásticas que eles dividiam. Eles bebem Colonial com Coca, apenas uma das meninas beberica uma cerveja. Sento e elas se apresentam. Tê, Diana, Lí. Bebemos, brindamos, contamos histórias. Dali a pouco entramos. Uma banda cujas meninas parecem meninos ou drag queens tocava. "There’s only so much you can learn in one place, the more that I wait, then more time that I waste". Madonna, Jump, versão core. Vamos ao banheiro. Meninas de um lado. Meninos de outro. Mas alguns meninos também vão ao banheiro das meninas. Entram junto. Se olham no espelho e conversam enquanto elas usam os reservados. Alguns glam demais para o meu gosto. Outros emo demais para todos os gostos. "Are you ready to jump? Get ready to jump" toca baixinho. Voltamos para a frente do palco. Dançando, exalando fumaça, gritamos que as "drags" eram gostosas. Rimos de nossas caras e a de alguns meninos chocados que nos olhavam de lado. Fumaças. Eles tem cara de fumaça. Dançando um menino, que vi dentro do banheiro das meninas se aproxima. Vira e sem cerimônia, no meio de todos, me beija. "You're toxic, I'm slipping under, oh, the taste of a poison, I'm in paradise
I'm addicted to you". Assusto-me, mas correspondo. "Se gostou, me liga". Ligar?! Eu nem te conheço! Então Diana se aproxima: "Gostou de Vinho?". Pode melhorar no chaveco. E saímos, rindo, em direção ao bar. Duas cervejas. 4 reais. Tê se aproxima, eu sorrio, e ela me puxa e me beija. Um beijo cheio de dentes, línguas e puxões.
A noite continua e Ludov começa. "Se eu disser que longe é um lugar que não existe". O Vinho se aproxima de novo, meu puxa e eu escapo. Tê se aproxima de novo, me puxa e me beija, aí Vinho se aproveita e se mete no beijo, a três, no meio daquele casarão antigo, onde provavelmente abastadas famílias do passado natalense viveram, em que agora um clima úmido mantém um certo ar de decadência retrô. "Mantenha as aparências em evidência, vá, resolva seus problemas sem discordância, dance a música que for". Dançamos mais. Gritamos que o guitarrista da banda é gostoso (mesmo sem ele ser). Rimos dele se achando. Rimos das pessoas achando que nós achamos ele gostoso. Rimos. Até que a noite termina, pelo menos no DoSol, com fotos com a banda e muita tietagem. E olho no meu relógio e ainda são 22:14. Ir para casa está fora de cogitação. Duas opções: pagar mais de 20 reais para ir ao show de Capim Cubano e me esguelar por Yego Gonzalez, se conseguirmos chegar na Via Costeira (é, no plural mesmo porque Vander também não quer ir para casa); ou ir para uma boate GLS, a Vogue, que fica a 5 minutos dali, pegando qualquer ônibus. Meio alto, decido: Vogue!
Contamos nossos trocados. Sobrou-me 4 reais e Vander tem mais 4. Vamos. Lanchamos antes de entrar por conta de Vander e ao subir os 300 lances de escada antes de chegar aquela boate e passo as entradas e mais 10 reais de consumação no meu cartão de débito. 18 reais. Compramos cerveja, Vander quer cigarro. Bebo devagar. Estou mole. Desatento. A cerveja me enche, acho que vou vomitar a qualquer momento, então começo a dançar. Giro. Pulo. Traspiro. "Everybody line up, the show is about to start". Uma amiga minha então me encontra no meio da pista, me agarra e me dá um selinho e quando me afasto, o namorado dela está logo atrás. Recrimino-a, por me beijar na frente dele, ele ri e fala que para que eu possa beijá-la, eu tenho que beijar ele antes e me puxa. Mole, caio sobre o peito forte e largo dele, os braços dele me seguram pela cintura, com força, junto, em qualquer outra situação eu estaria derretido, mas ela estava ali e não sou deste tipo. Em segundos virei meu rosto, e ele beijou o canto da minha boca, eu sorri desconcertado, ela riu como se fosse a coisa mais normal do mundo e eu me arrependi piamente de não ter aproveitado.
Vander estava sentado no palco, me aproximei então e sentei entre as pernas dele. Ele enrolou os braços dele em volta do meu corpo e me abraçou. Em segundos lembrei que ele era ex de um amigo meu. O Peter. O sinal vermelho ligou. Em mais dois segundos, eu lembrei que ele era ex. E o sinal verde ligou. Ele então lentamente puxou minha cabeça para trás e me deu um beijo lento e carinhoso. Macio. Suave. E sedoso. Como poucos homens sabem dar. "We ain't here to hurt nobody, so give it to me, give it to me, give it to me". Fomos, depois, juntos comprar mais uma cerveja e perto do bar, onde é a parte ao vivo da boate, encontramos o Peter, a Tia e a Mãe de Hudson. Conversamos um pouco com eles, e vi de longe um ex-namorado, o Francisco, com o atual dele e fiquei perturbando-o. Olhava, encarava, fingia estar interessado. Admito, apenas para ver o mal. Não me interessava nem um pouco, mas eu gosto de fazer o Francisco achar que eu ainda gosto dele. Não sei porquê, tenho esse prazer sádico de fingir para ele. É engraçado. Ele ri tão satisfeito e faz questão de não me dar bola. Faz-me bem fazê-lo se sentir bem. De uma forma torta, eu sei, mas faz. "I'm leaving you now, I want you to know, I know what I want and I knew all along". Vander voltou e eu fiquei um pouco mais. Conversei com uns amigos, causei uma briga entre namorados, e depois voltei ao Dance, e encontrei Vander já beijando outro. Ri e beijei minha cerveja, continuei a dançar, alguns cigarros para adocicar, e continuei a noite.
Vander então me chama e pede meu isqueiro, acendo o cigarro dele, e ele me puxa e me beija, a mim e ao menino que ele estava beijando, o segundo beijo a três da noite. Ri e saí dali, resolvendo ir procurar Peter. Procuro no lounge e nada, quando estou voltando uma amiga minha me puxa e começamos a dançar forró, enquanto eu danço com ela, observo um menino com um corpo perfeito dançando sozinho mais adiante e coberto pela coragem que só a bebida pode dar puxo-o para dançar. Dançamos, eu arrisco um beijo, e ele me beija. Jeff, esse era o nome dele. O mesmo beijo de Vander. Lento. Suave. Macio. Sedoso. Minhas mão passeiam pelo corpo dele e ele está com a camiseta toda suada, ele tira, e exibe um peito bonito, forte, másculo e uma barriga magrinha e definida, uma bunda durinha e uma belas coxas, além de um sorriso super branco completam o pacote. Eu o beijo e o puxo para a parede. Ele ri, dizendo não acreditar que alguém tão bonito como eu queria ficar com ele. E eu começo a rir.
Ficamos juntos o resto da noite, mas a maior parte sozinhos. Apenas quando quase amanhecia, que me juntei a Vander e aos nossos amigos. Eu sentei no palco, e Jeff continuava dançando. "Ay, let’s not kill the karma, ay, let’s not start a fight, ay, it’s not worth the drama for a beautiful liar". E Vander comentava no meu ouvido: "Imagina esse monte de musculos rebolando em cima de um pau" e eu dava uma cotovelada nele, pedia que ele parasse, mas ele repetia. "Imagina". E eu ria. "Eu não pego um desses pra mim". Jeff então me puxa, dançamos um pouco, ele me beija e pergunta: "O que seu amigo tava falando de mim?". Eu rindo conto-lhe que ele estava elogiando o meu gosto. Ele agradece. E o sol amanhece em Natal.
quinta-feira, 12 de julho de 2007
PASSADO: Momento Leonino.
Este texto foi escrito no dia 03 de agosto de 2004, eu o alterei um pouco para se encaixar a data de hoje, mas vocês não se importam não é?
Estaremos
Minha raiva e minha carência são sempre os primeiros a se manifestar. Por que eu não posso ter essas coisas? Por que eu não posso ter todos os meus amigos ao meu redor dizendo que me amam? Grandes manifestações de carinho. Era isso o que eu queria no meu momento leonino. Mas ai meu bom censo (é, ele existe) grita: Por que diabos eu não posso me contentar com as pequenas manifestações do dia-a-dia? Por que eu tenho que tornar o dia 10 de agosto um dia especial? É um dia como qualquer outro. E nesses dias comuns eu comecei a aprender o que são grandes declarações de amor. Elas são sempre tão pequenas, imperceptíveis para a maioria, e pra mim também eram. Até que eu aprendi a ler as entrelinhas (porque homens só dizem que gostam de alguém nas entrelinhas) e a entender que “eu não quero nada com você” na verdade significa “você é meu irmão”.