Não conhecer história é um crime imperdoável, sabe? Imperdoável! Porque ficamos repetindo coisas como se fossem criações nossas. Acreditamos que somos especiais, que somos criativos, que somos livres, quando não somos nada mais do que repetidores de programações que herdamos. Somente tendo consciência que estamos sendo programados, que existe um discurso que se finge de natural e que pretende controlar nosso pensamento, que podemos enxergar que existem algo ali que precisa ser descartado. É olhando para o passado, que podemos ver como nossos antepassados se comportavam diferente que podemos ver que existe algo errado no nosso presente.
São inúmeros os exemplos. Ver a minha coluna sobre Homohistória mostra, por exemplo, que o comportamento sobre as relações entre pessoas do mesmo sexo mudaram consideravelmente através do tempo. Podemos falar também sobre como entendemos a infância o que causa sempre polêmicas por causa de nossa invenção mais recente, a pedofilia. Eu poderia dizer até para vocês que a própria morte tem sua história porque, apesar das pessoas morrerem, a relação com este fato se processou diferentemente dependendo da época. Mas o exemplo que eu queria falar hoje é o nosso atual comportamento em relação ao amor. Antes é bom dizer: o amor ele é um fato, ele existe entre os seres humanos desde antes de aprendermos a registrar o que pensávamos e sentíamos, contudo, a forma como nos relacionamos com este sentimento variou muito desde a pré-história, passando pelas diversas civilizações da Antiguidade, a religiosidade cristã medieval que convivia com a poligamia islâmica, a alteração gritante que a invenção do casamento como sacramento causou e da alteração deste sacramento após a Peste Negra, sem deixar de citar o que o ideal burguês, depois o Romantismo, causaram no mundo ocidental, e mesmo a invenção do Capitalismo, o Imperialismo, as Grandes Guerras, o movimento hippie e a Contra-cultura, sobretudo os punks, anarquistas e o movimento gay, a Bossa Nova. O Amor tem uma história que precisa ser conhecida.
Quer um exemplo fácil? Na época década de 1950 no Brasil o discurso era exatamente o contrário do atual sobre este sentimento tão nobre. O legal, o moderno, o libertário era sofrer por amor. As músicas, a poesia, os boêmios queriam mesmo era contar que conheceram uma pequena, se apaixonaram e sofreram muito. Mas muito mesmo! E isso foi há 60 anos, à época que os pais destes jovens eram crianças. Dá para levantar uma lista de músicas sobre paixões não correspondidas, sobre dor de cotovelo, sobre amores impossíveis, estava na moda. Vinícius, o poetinha, é sem sombra de dúvida o grande destaque deste universo, ele diz: "Quem já passou por esta vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu. Porque a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu, ai".
Contudo quem conhece a História do Amor? Quem tem menos de 30 anos hoje e lê sobre História sem ser porque vai cair no vestibular? O que eu vejo são jovens gays alienados que repetem (e eu acredito que dizem isso somente porque este é o discurso que está na moda, isto é, para parecerem descolados) que não querem amar, que o amor traz sofrimento, que é muito melhor estar sozinho do que se envolver num relacionamento. Este discurso que (acho) tem origem nesta cultura hipster irritante que vê como ruim qualquer coisa que seja comum a todos e o mainstream é querer ter alguém para esquentar seus pés numa noite fria.
São inúmeros os exemplos. Ver a minha coluna sobre Homohistória mostra, por exemplo, que o comportamento sobre as relações entre pessoas do mesmo sexo mudaram consideravelmente através do tempo. Podemos falar também sobre como entendemos a infância o que causa sempre polêmicas por causa de nossa invenção mais recente, a pedofilia. Eu poderia dizer até para vocês que a própria morte tem sua história porque, apesar das pessoas morrerem, a relação com este fato se processou diferentemente dependendo da época. Mas o exemplo que eu queria falar hoje é o nosso atual comportamento em relação ao amor. Antes é bom dizer: o amor ele é um fato, ele existe entre os seres humanos desde antes de aprendermos a registrar o que pensávamos e sentíamos, contudo, a forma como nos relacionamos com este sentimento variou muito desde a pré-história, passando pelas diversas civilizações da Antiguidade, a religiosidade cristã medieval que convivia com a poligamia islâmica, a alteração gritante que a invenção do casamento como sacramento causou e da alteração deste sacramento após a Peste Negra, sem deixar de citar o que o ideal burguês, depois o Romantismo, causaram no mundo ocidental, e mesmo a invenção do Capitalismo, o Imperialismo, as Grandes Guerras, o movimento hippie e a Contra-cultura, sobretudo os punks, anarquistas e o movimento gay, a Bossa Nova. O Amor tem uma história que precisa ser conhecida.
Quer um exemplo fácil? Na época década de 1950 no Brasil o discurso era exatamente o contrário do atual sobre este sentimento tão nobre. O legal, o moderno, o libertário era sofrer por amor. As músicas, a poesia, os boêmios queriam mesmo era contar que conheceram uma pequena, se apaixonaram e sofreram muito. Mas muito mesmo! E isso foi há 60 anos, à época que os pais destes jovens eram crianças. Dá para levantar uma lista de músicas sobre paixões não correspondidas, sobre dor de cotovelo, sobre amores impossíveis, estava na moda. Vinícius, o poetinha, é sem sombra de dúvida o grande destaque deste universo, ele diz: "Quem já passou por esta vida e não viveu, pode ser mais, mas sabe menos do que eu. Porque a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu, ai".
Contudo quem conhece a História do Amor? Quem tem menos de 30 anos hoje e lê sobre História sem ser porque vai cair no vestibular? O que eu vejo são jovens gays alienados que repetem (e eu acredito que dizem isso somente porque este é o discurso que está na moda, isto é, para parecerem descolados) que não querem amar, que o amor traz sofrimento, que é muito melhor estar sozinho do que se envolver num relacionamento. Este discurso que (acho) tem origem nesta cultura hipster irritante que vê como ruim qualquer coisa que seja comum a todos e o mainstream é querer ter alguém para esquentar seus pés numa noite fria.
Eles, estes jovens gays que mal saíram dos cueiros, repetem que sofreram demais em seus primeiros namoros (quando você pergunta detalhadamente é sempre um único namoro anterior ou inúmeros namoricos que não duraram 3 meses) e que agora não querem mais nenhum relacionamento. Interessante é que este discurso nunca é dito por alguém com mais de 30 anos (com poucas exceções na verdade). E também que todos repetem o mesmo exato texto (o que por si só já era para desconfiar não é?). Contudo, no fim, ao conhecer alguém que desperte o mínimo de tesão (porque eles não têm a maturidade para reconhecer a diferença entre tesão, paixão e amor, até porque não experimentaram todos eles) já acreditam que estão eternamente apaixonados, planejando seu casamento ao som de músicas da Lana Del Rey, só para descobrir que era fogo de palha e sofrer horrores. Afinal de contas, imaturos e desinformados sobre o mundo, a vida, a história e a sociedade em que vivem eles não tem a percepção de que somente repetem um discurso que venderam para eles como moderno, libertário, legal.
Dois discursos para ser exato. Dois discursos que não se encaixam de jeito nenhum. Primeiro, o do amor eterno. Esse vendido por novelas e desenhos de princesas Disney que faz todos acreditarem que o amor é fácil e simples de acontecer, que você vai encontrar o príncipe em uma festa, haverá um único beijo e todos serão felizes para sempre. Nunca haverá nenhuma briga, nenhuma rusga, que o amor para ser verdadeiro tem que ser com alguém perfeito. Este discurso romântico barato alimenta o desejo que é negado constantemente pela nova moda: eu sou autossuficiente. Todos criados dentro de uma geração cujos egos estão a explodir dado como se posicionam como centros do mundo, estes jovens gays, que olham para um mundo que deveria admirá-los como divas e saciar seus desejos como deuses, querem que o amor chegue para eles sem esforço, mas se ele exige um pouco de dedicação, seus egos os fazem pular fora e responder com "ah, eu não queria mesmo"! A ironia hipster, no fundo, é perfeita para fingir que eles não desejavam nada. O ego vence no final das contas.
Mas é a desinformação, no fundo, o grande pecado, claro. Também o fato de que eles acreditam, e isso é culpa da idade mesmo, de que eles já sabem tudo o que é preciso saber. E o mal do conhecimento é que você não sabe o quanto precisa dele até possuí-lo. Até lá, o mundo pequeno em que alguém desinformado vive, as vendas que cobrem seus olhos, não permitem nem que ele sinta falta da informação que não sabe ainda que precisa. Então, esses homens gays imaturos (a maioria bem jovem, mas a verdade é que muitos trintões e quarentões também estão no mesmo barco) precisa aprender sobre o passado para reconhecer as armadilhas que o presente constrói para nós. São muitas, muitas mesmo! Esse conselho serve também para a eleição que vem aí.
(acho que eu já estou velho falando dos "jovens gays" como se fossem um grupo distinto de mim, entrei de vez na casa dos trinta agora, né?)
Dois discursos para ser exato. Dois discursos que não se encaixam de jeito nenhum. Primeiro, o do amor eterno. Esse vendido por novelas e desenhos de princesas Disney que faz todos acreditarem que o amor é fácil e simples de acontecer, que você vai encontrar o príncipe em uma festa, haverá um único beijo e todos serão felizes para sempre. Nunca haverá nenhuma briga, nenhuma rusga, que o amor para ser verdadeiro tem que ser com alguém perfeito. Este discurso romântico barato alimenta o desejo que é negado constantemente pela nova moda: eu sou autossuficiente. Todos criados dentro de uma geração cujos egos estão a explodir dado como se posicionam como centros do mundo, estes jovens gays, que olham para um mundo que deveria admirá-los como divas e saciar seus desejos como deuses, querem que o amor chegue para eles sem esforço, mas se ele exige um pouco de dedicação, seus egos os fazem pular fora e responder com "ah, eu não queria mesmo"! A ironia hipster, no fundo, é perfeita para fingir que eles não desejavam nada. O ego vence no final das contas.
Mas é a desinformação, no fundo, o grande pecado, claro. Também o fato de que eles acreditam, e isso é culpa da idade mesmo, de que eles já sabem tudo o que é preciso saber. E o mal do conhecimento é que você não sabe o quanto precisa dele até possuí-lo. Até lá, o mundo pequeno em que alguém desinformado vive, as vendas que cobrem seus olhos, não permitem nem que ele sinta falta da informação que não sabe ainda que precisa. Então, esses homens gays imaturos (a maioria bem jovem, mas a verdade é que muitos trintões e quarentões também estão no mesmo barco) precisa aprender sobre o passado para reconhecer as armadilhas que o presente constrói para nós. São muitas, muitas mesmo! Esse conselho serve também para a eleição que vem aí.
(acho que eu já estou velho falando dos "jovens gays" como se fossem um grupo distinto de mim, entrei de vez na casa dos trinta agora, né?)