sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Totalmente Surpreendente II
JAIR: Opa, tudo bom, cara?
FOXX: Opa! Tudo e você?
JAIR: 'Tô bem sim! Como é que vão as coisas por ai em Belo Horizonte?
FOXX: Vamos levando...
JAIR: 'Tá namorando?
FOXX: Ih, difícil de eu namorar...
JAIR: (risos) Ah, eu pensei que ai seria mais fácil p'ra namorar...
FOXX: Mais fácil p'ra namorar? Eu pensei o mesmo, mas ninguém quer namorar comigo não...
JAIR: Nossa! E por que não? Do jeito que você deve ser bom de cama... (risos).
FOXX: Eh... bem... ai eu não sei...
JAIR: (risos) Calma que estou brincando! Até porque p'ra eu saber se você é bom de cama, eu teria que provar não é, professor? Mas você não está aqui, então não posso experimentar.
FOXX: E se eu estivesse aí em Natal você ia querer experimentar?!?
JAIR: Por que não?
FOXX: Eu não sabia que você é gay, Jair.
JAIR: Pensei que você sabia...
FOXX: Não, não sabia não. Você nunca havia me contado...
JAIR: Pois sou, mas normal eu não ter te contado, poucas pessoas sabem...
FOXX: Uma pergunta: você pensava nisso quando era meu aluno?
JAIR: Não, eu só tinha uma curiosidade muito grande. Meu desejo por homens, na verdade, só veio a ficar mais forte depois. Mas de qualquer forma eu sempre olhava para os homens bonitos que passavam... e você é muito bonito!
FOXX: Obrigado!
JAIR: Além disso... seu pau é muito grande. Ficava marcado na suas calças. Eu só queria ver o seu pau p'ra ver como ele era.
FOXX: Humm...
JAIR: Mas você nunca me dava bola né?
FOXX: Ah, querido, você era meu aluno. Não podia.
JAIR: Só era seu aluno na escola, fora da escola era tudo bem.
FOXX: Não é assim que funciona, Jair. Não é.
JAIR: De qualquer forma, você está bem mais bonito agora. Muito mais bonito agora.
FOXX: Mas por que me contar isso agora, Jair?
JAIR: É que eu estou solteiro... terminei um namoro de dois anos e meio...
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Egito: A Pirâmide de Unas
Pirâmide de Unas
A pirâmide de Unas é oriunda dos fins da V Dinastia, e esta durou dos anos de 2493 até 2344 antes de Cristo. É o período dinástico em que chegou ao ápice o culto ao sol, Rá, e o poder dos sacerdotes na cidade de Iunu Mehet (cujo poder dos sacerdotes do sol era tão imenso que os gregos batizaram a cidade de Heliopólis, isto é, cidade do sol). Nesta época, também, começou a colonização egípcia no Sinai, a leste, e na Núbia, ao sul. Desse período dinástico também surgem os textos chamados de Máximas de Ptahotep e, entre 2374 e 2344 a construção da pirâmide de Unas, o último faraó da dinastia.
Foi na pirâmide deste faraó que foram encontrados os textos religiosos mais antigos da humanidade, dentro da necrópole de Saqqara. Como explica Lucas Ferreira, os hieroglifos reunidos sobre o nome de "Textos das Pirâmides" "são um repertório de orações, feitiços, crenças religiosas e parte da cosmologia antiga registradas em passagens, em câmaras e antecâmaras nas pirâmides do Antigo Reino a fim de ajudar o faraó a garantir a sua vida eterna. Eles são uma coleção de textos, sem ordem aparente, que eram usado durante a cerimônia fúnebre". Estes textos, que com a evolução do pensamento religioso egípcio, passaram a prever a imortalidade também para qualquer outro homem além do faraó, são os que passaram a ser deixados junto com os mortos em forma de papiro, o Livro dos Mortos, constituindo teorias da criação, lendas e textos sobre a ressurreição, ou a identificação dos deuses (do Livro dos Mortos falaremos com mais detalhes mais adiante).
Na parede Sul da pirâmide, então, na entrada 215 consta o seguinte texto:
Sua mensagem corre até seu pai, para Atum.
"Atum, deixa-o elevar-se até você, o recebe em teus braços!
141: Não existe deus, que tenha se tornado uma estrela, sem companhia"
"Posso eu ser sua companhia, ó meu deus?"
"Olhe para mim! Tu tens visto as formas das crianças de seus pais,
quem conhece seus nomes, quem é agora a Estrela Imperecível".
Pode tu vês os dois que não habitam o palácio: São Horus e Seth!
142: Pode tu cuspir na face de Horus e remover sua injúria!
Pode tu devolver os testículos de Seth e acabar com sua mutilação!
Todo aquele que nasceu para ti, é de tua responsabilidade, ó deus!
143: Tu nasceste, Horus, com o nome de Ele-é-aquele-antes-da-terra-se-mover;
Tu foste concebido, Seth, como aquele chamado
Ele-é-aquele-antes-do-céu-se-mover.
Tu és aquele sem mutilação, Horus,
Tu é aquele sem injúria, Seth
Aquele que não tem injúria, aquele que não tem mutilação
Então tu, Unas, não tem injúria, nem mutilação!
O texto de Unas volta ao texto que falamos anteriormente, inclusive por isso falamos dele primeiro, o conto de Hórus e Seth, não obstante as versões que apresentei do conto serem mais recentes que o texto gravado no interior da pirâmide do faraó Unas. Este texto, pintado nas paredes do túmulo e preservado graças ao clima seco do deserto egípcio, se preocupa em reforçar que o faraó não carrega a injúria de Hórus, que a ele nunca "cuspiram no rosto", mas ele reforça que apesar disso, mesmo se ele fosse Hórus, o injuriado, "todo aquele que nasceu para ti, é de tua responsabilidade, ó deus!". Sendo assim, pensando na ideia de salvação, na religião egípcia os atos homoeróticos eram desaconselhados, sobretudo aqueles no qual o indivíduo agia passivamente, porque note-se tanto aqui, quanto na Contenda de Hórus e Seth, não existe nenhuma crítica ao papel ativo, durante o sexo, do deus-serpente.
No entanto, apesar da posição passiva no ato sexual ser uma mancha que recobriria a honra do indivíduo, seria uma mancha que o indivíduo iniciado, isto é, aquele que conhecesse os mitos dos deuses egípcios, poderia apelar ao próprio Hórus e, assim, conseguir sua própria salvação, já que o próprio deus carregaria a mancha e fora limpo diante da Eneada, o Tribunal dos Deuses. Pensando inclusive na ideia de salvação egípcia que envolvia um coração equilibrado, isto é, que não guardava mágoas, mas que também não aceitava tudo que era feito contra ele. No Livro dos Mortos conta-se que o coração do morto era pesado pelos deuses, ele deveria ser do peso exato de uma pena, símbolo de Mâat, a justa medida, nem mais pesado, nem mais leve. Aquele que tivesse o coração com o peso de uma pena seria salvo e viveria ao lado dos deuses, e as relações homoeróticas, apesar de mancharem a reputação de um egípcio, não impediam a salvação de sua alma imortal.
No entanto, apesar da posição passiva no ato sexual ser uma mancha que recobriria a honra do indivíduo, seria uma mancha que o indivíduo iniciado, isto é, aquele que conhecesse os mitos dos deuses egípcios, poderia apelar ao próprio Hórus e, assim, conseguir sua própria salvação, já que o próprio deus carregaria a mancha e fora limpo diante da Eneada, o Tribunal dos Deuses. Pensando inclusive na ideia de salvação egípcia que envolvia um coração equilibrado, isto é, que não guardava mágoas, mas que também não aceitava tudo que era feito contra ele. No Livro dos Mortos conta-se que o coração do morto era pesado pelos deuses, ele deveria ser do peso exato de uma pena, símbolo de Mâat, a justa medida, nem mais pesado, nem mais leve. Aquele que tivesse o coração com o peso de uma pena seria salvo e viveria ao lado dos deuses, e as relações homoeróticas, apesar de mancharem a reputação de um egípcio, não impediam a salvação de sua alma imortal.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Totalmente Surpreendente
THALLES: Oi
FOXX: Oi Thalles, tudo bom?
THALLES: Tudo, e você, 'tá bem?
FOXX: Estou bem sim, e você? Como anda?
THALLES: Ei, agora eu sou gay...
FOXX: Thalles, se posso ser sincero com você, eu sempre soube...
THALLES: Mas, naquela época, em que você era meu professor, eu não era ainda não...
FOXX: Sim, sim, eu entendo. E já está namorando? Você sempre foi muito bonito, não deve ser difícil para você.
THALLES: Não, 'tô a procura.
FOXX: Aham.. vai achar logo... tenho certeza disso.
THALLES: E você? Está namorando?
FOXX: Não, não estou não...
THALLES: Você é gay também, não é?
FOXX: Sim, sou.
THALLES: Você já ficou com algum ex-aluno?
FOXX: Não... nunca...
THALLES: Se você morasse aqui em Natal, e eu pedisse para ficar com você, seria Sim ou Não?
FOXX: Sim, por que eu diria não? Mas fico sinceramente surpreso com isso. Nunca imaginei que você quisesse ficar comigo. Nunca imaginei que um dos meus alunos quisesse um dia ficar comigo. Estou surpreso!
THALLES: Pois não fique, aconteceu...
FOXX: Fico sim...
THALLES: Você não vem mais para Natal não?
FOXX: Vou, no final do ano estou voltando p'ra morar ai...
THALLES: Assim, eu mudei um pouco. Estou mais fortinho, mais alto, mais bonito. Agora tenho 20 anos, já 'tô podendo freqentar certos lugares...
FOXX: Imagino...
THALLES: Você vem em dezembro, é isso?
FOXX: Sim!
THALLES: Quando você chegar em natal , quero te ver. Se você quiser, quero ficar com você e tudo mais.
FOXX: E vai querer ficar comigo?! Assim, você já pensou nisso alguma vez quando eu era seu professor?
THALLES: Sim, como eu disse, quero ficar com você sim e tudo mais. E sim, quando você era meu professor, eu ficava imaginando a gente namorando um dia... ainda quero realizar esse sonho.
FOXX: Sério?
THALLES: Sério!
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Diálogos Aleatórios I
SEBEK: Eu acho que você seria um bom namorado. Você é um cara afetivo, sincero, carinhoso e inteligente, além de um gatinho, e não se acha assim no mercado.
FOXX: Eu também acho que seria, meu caro amigo. Na verdade eu acho que eu seria um grande, um maravilhoso namorado.
SEBEK: Ê, modéstia...
FOXX: Mas infelizmente ninguém mais concorda conosco. Minto, minha mãe também concorda conosco, mas só ela.
SEBEK: Ê, modéstia...
FOXX: Mas infelizmente ninguém mais concorda conosco. Minto, minha mãe também concorda conosco, mas só ela.
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Sumiu, Simplesmente Sumiu
CAPÍTULO 1:
Eu o conhecera numa mesa de um bar. Era um encontro de bloggers e twitters em Belo Horizonte, uma mesa longa e ele estava sentado atrás da mesa, numa noite de sexta-feira. Fui apresentado: "Este é o Foxx!", e cada um apresentou-se, não pelos nomes, mas pelos nicks e arrobas. Ele não era bonito e a voz não deixava que ele negasse que era gay, contudo ele parecia acreditar que ninguém notava, enquanto ele conversava e bebia copos e mais copos de cerveja, e acendia um Derby entre os dedos finos e magros.
CAPÍTULO 2:
Recebo uma mensagem no celular. "Nenhuma piada sobre o fato de eu ser gay hoje, viu? Que minha irmã vai estar conosco no bar". Tomo um susto! Era uma outra sexta-feira, meses depois. E ao chegar na mesa do bar pergunto a uma das meninas lá o que significava aquilo. "É que ele não quer dar bandeira". Olhei nos olhos da menina e falei: "Como assim... 'não dar bandeira'? Isso é possível? Apesar que em teoria, eu ainda não sei que ele é gay, né? Mas... é uma bicha, gente! Bicha iludida ainda mais que pensa que ninguém sabe dela".
CAPÍTULO 3:
Estou sentado ao lado dele, é uma sexta-feira novamente. É noite, e estamos já no segundo bar. Estou um pouco bêbado já quando ele me puxa e me beija. Um beijo cheio de dentes, cuja barba dele incomoda um pouco e eu mal sinto a língua dele fazendo alguma coisa. É quando ele fala no meu ouvido: "Você é o primeiro homem que eu beijo". Eu, apesar de perceber que ele tinha pouca experiência, não acreditei imediatamente, mas ele repetiu. "Mas mulheres você já beijou, pelo menos?", perguntei. Ele, no entanto, admitiu que eram poucas. "E sexo?". Ele sorriu, envergonhado. "Sou virgem...". Naquele momento, o álcool que nublava meu entendimento desapareceu. "Virgem aos 29 anos?!?".
CAPÍTULO 4:
"Quero te ver! Quero sentir seu beijo de novo!", recebi no celular e fiquei realmente feliz. "Claro, meu caro, estou sozinho em casa, se quiser pode me visitar, podemos jantar e ver algum filme", respondi também por uma mensagem. Ele demorou a responder, mas respondeu: "Eu quero te possuir! Depois que ficamos tenho pensado muito em você, só de lembrar eu fico excitado". Pego de surpresa, respondi-lhe que ficava feliz com suas palavras, e que seria um prazer dar para ele, contudo eu não fazia sexo dessa forma mais, que era necessário haver sentimento, que precisaríamos nos conhecer melhor, para que pudéssemos vir a fazer sexo. "Mas, Foxx, eu 'tô gostando de você". Ainda mais surpreso, respondi que então bastava nos encontrarmos que não demoraria para que o que ele queria acontecesse. Aí ele sumiu... simplesmente sumiu.
Eu o conhecera numa mesa de um bar. Era um encontro de bloggers e twitters em Belo Horizonte, uma mesa longa e ele estava sentado atrás da mesa, numa noite de sexta-feira. Fui apresentado: "Este é o Foxx!", e cada um apresentou-se, não pelos nomes, mas pelos nicks e arrobas. Ele não era bonito e a voz não deixava que ele negasse que era gay, contudo ele parecia acreditar que ninguém notava, enquanto ele conversava e bebia copos e mais copos de cerveja, e acendia um Derby entre os dedos finos e magros.
CAPÍTULO 2:
Recebo uma mensagem no celular. "Nenhuma piada sobre o fato de eu ser gay hoje, viu? Que minha irmã vai estar conosco no bar". Tomo um susto! Era uma outra sexta-feira, meses depois. E ao chegar na mesa do bar pergunto a uma das meninas lá o que significava aquilo. "É que ele não quer dar bandeira". Olhei nos olhos da menina e falei: "Como assim... 'não dar bandeira'? Isso é possível? Apesar que em teoria, eu ainda não sei que ele é gay, né? Mas... é uma bicha, gente! Bicha iludida ainda mais que pensa que ninguém sabe dela".
CAPÍTULO 3:
Estou sentado ao lado dele, é uma sexta-feira novamente. É noite, e estamos já no segundo bar. Estou um pouco bêbado já quando ele me puxa e me beija. Um beijo cheio de dentes, cuja barba dele incomoda um pouco e eu mal sinto a língua dele fazendo alguma coisa. É quando ele fala no meu ouvido: "Você é o primeiro homem que eu beijo". Eu, apesar de perceber que ele tinha pouca experiência, não acreditei imediatamente, mas ele repetiu. "Mas mulheres você já beijou, pelo menos?", perguntei. Ele, no entanto, admitiu que eram poucas. "E sexo?". Ele sorriu, envergonhado. "Sou virgem...". Naquele momento, o álcool que nublava meu entendimento desapareceu. "Virgem aos 29 anos?!?".
CAPÍTULO 4:
"Quero te ver! Quero sentir seu beijo de novo!", recebi no celular e fiquei realmente feliz. "Claro, meu caro, estou sozinho em casa, se quiser pode me visitar, podemos jantar e ver algum filme", respondi também por uma mensagem. Ele demorou a responder, mas respondeu: "Eu quero te possuir! Depois que ficamos tenho pensado muito em você, só de lembrar eu fico excitado". Pego de surpresa, respondi-lhe que ficava feliz com suas palavras, e que seria um prazer dar para ele, contudo eu não fazia sexo dessa forma mais, que era necessário haver sentimento, que precisaríamos nos conhecer melhor, para que pudéssemos vir a fazer sexo. "Mas, Foxx, eu 'tô gostando de você". Ainda mais surpreso, respondi que então bastava nos encontrarmos que não demoraria para que o que ele queria acontecesse. Aí ele sumiu... simplesmente sumiu.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Egito: A Contenda de Hórus e Seth
Começamos a falar do Egito a parti deste conto originário da XX Dinastia, da época entre 1190 e 1077 antes de Cristo. Esta é a dinastia após a dinastia do faraó Ramsés II, chamado de o Grande, cujo qual é o mesmo que participa da estória bíblica de Moisés. A XX Dinastia é formada por dez outros faraós, nove deles chamados também de Ramsés (do III ao IX), além do primeiro faraó, filho de Ramsés II, Setnakht. Estes governaram a partir da cidade de Uaset (ou Tebas, em grego, como ficou conhecida), no centro do Egito, e construíram a grande necrópole tebaida. Ramsés III foi o maior faraó da dinastia, o segundo a reinar no Egito, e foi responsável por manter o território protegido de invasões dos Líbios, que viviam no deserto a oeste, e dos chamados "Povos do Mar", oriundos dos Balcãs, e uma nova migração dos Filisteus.
Seth disse a Hórus: “Venha a minha casa passar algumas horas de prazer”. E Hórus respondeu: “Com prazer, com prazer, querido de meu coração”. Ao anoitecer, a cama foi arrumada para eles, e os dois se deitaram. No meio da noite, Set fez seu membro endurecer e penetrar entre as nádegas de Hórus. Porém Hórus colocou sua mão entre as próprias nádegas e impediu que a semente do deus entrasse em seu corpo.
Hórus, então, foi ver sua mãe, Ísis, e disse: "Ajuda-me! Venha e veja o que Seth me fez". E abriu sua mão e deixou-a ver o esperma de Seth. Com um grito, ela pegou sua arma e cortou fora a mão do filho, jogando-a na água e conjurando uma nova mão para ele.
Quando a Eneada voltou a se reunir, Seth disse que tinha feito o trabalho do macho com Hórus e exigiu que o cargo de governante continuasse com ele, alegando que ele estava desqualificado. Quer fosse filho de Osíris, quer não, agora tinha sua semente dentro dele, o que podia lhe dar o direito de sucedê-lo, mas jamais de precedê-lo!
Os deuses então gritaram muito, humilharam e cuspiram na face de Hórus.
Hórus, no entanto, falou que Ísis o mandara endurecer o membro e derramar o próprio sêmen numa vasilha; em seguida, indo para a horta de Seth, depositara-o numa alface, a verdura que o deus mais gostava, e que este a havia comido logo depois. "Portanto", anunciou Hórus, "a semente de Seth não está dentro de mim, mas a minha está dentro dele. Logo, o desqualificado é ele!”.
Atônitos, os deuses pediram a Thot para resolver a questão. Ele verificou o sêmen que Hórus levara a Ísis e que ela guardara num pote, constatando que era mesmo de Seth. Em seguida examinou o corpo de Seth e confirmou que ele continha o sêmen de Hórus. Furioso, Seth não esperou o fim das deliberações. Saiu gritando que só uma luta até o amargo fim poderia decidir aquela questão.
Esta outra versão já é anterior ao conto acima, isto é, mais antiga que o conto acima. Da XII Dinastia, isto é, de entre 1991 e 1803 antes de Cristo, cuja qual é o ápice do Império Médio, que se inicia com a mudança da capital de Uaset para a capital, até hoje perdida, de Itj-Tawy.
O divino Seth disse ao divino Hórus: "Como são bonitas suas nádegas. Que lindo! Deixa-me entrar em suas pernas." E a pessoa de Hórus disse: "Cuidado, devo dizer-te isso". E correu para sua mãe, Ísis, e contou que Seth desejava possuí-lo. E ela disse para ele: "Toma cuidado! Não te aproximes dele. Mas quando ele mencinoar isto novamente, dirás o seguinte para ele: 'É demasiado doloroso para mim, porque pesas mais do que eu. Minha força não suportará sua força'. Quando ele te der a força dele, então, coloca teus dedos entre tuas nádegas, ele apreciará demasiadamente. Mantém a semente dele contigo, então, e não deixa que o Sol a veja".
Tudo aconteceu e Hórus agiu como sua mãe havia aconselhado. Trouxe então, em sua mão, a semente do divino Seth. Depois disso, Ísis jogou a semente de Seth em um córrego próximo. Voltou então ao seu filho e pediu que ele despejasse sua semente em um pote e espalhou o sêmen de Hórus na alface e deu-o a Seth para comer.
Quando então Seth se vangloriou para os deuses que tinha tomado Hórus, e o jovem negou. Para resolver a contenda, os deuses chamaram a semente de ambos. A semente de Seth respondeu da água, onde Ísis a havia jogado, enquanto a semente de Hórus surgiu na testa de Seth, na forma de um disco dourado que Thot transformou no símbolo da lua.
A questão aqui é bem óbvia, na verdade: a desqualificação do passivo, daquele que participa da relação sexual, usando a expressão do próprio conto, no papel de fêmea. Ele não pode ser colocado numa posição de primazia diante daquele outro que faria o papel de macho. Como diz, no primeiro conto: "agora tinha sua semente dentro dele, o que podia lhe dar o direito de sucedê-lo, mas jamais de precedê-lo!". É, na verdade, uma definição sobre o estatuto social deste membro da sociedade egípcia e não uma negativa sobre o comportamento homoerótico. Em outras palavras, que o homem-macho, digamos assim, estava no topo da pirâmide social, seguido dos homens-fêmeas e depois as mulheres. Essa divisão em três sexos era comum no Egito Antigo e falaremos mais dela adiante.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Completo, Mas Sozinho
Subi quatro lances de escada, após vir do restaurante. Comprei um caldo de feijão e pedi para viagem, eu não queria sentar lá, naquele restaurante, naquele bar, cheio de amigos ou namorados. Em que ninguém está sozinho. Decido não comer lá, não quero me expôr. Não quero o olhar daquela menina de, no máximo, dez anos me questionando por que estou sentado sozinho naquela mesa. Está frio lá fora. Muito frio. Tive pena dos moradores de rua, deitados num colchão velho, cobertos com papelão que encontrei no caminho. Curiosamente um deles falava ao telefone, animadamente, com alguém. Vestia uma calça jeans suja e surrada e um velho paletó com os cotovelos gastos. Eu vestia uma bermuda jeans que já fora uma calça, mas eu mesmo a cortei, e uma blusa azul. Abri a porta, após as escadas, com a tetrachave. Não havia ninguém em casa, nunca há. Observei por um segundo o quadro feito com antigos disquetes que fiz e é a primeira coisa que você vê ao entrar aqui em casa. A luz do hall estava acesa, como deixei, meu laptop novo deixado sobre o sofá iluminava o acolchoado. Fui direto a cozinha, onde desatei o pequeno embrulho em que eu trazia o caldo com os dentes. Peguei uma colher de cabo laranja entre as outras colheres. E sentei sozinho, recostado no sofá verde escuro, no tapete de tricô da sala de estar, diante da TV, única companhia nessas horas. Só, comi o caldo de feijão com torresmos e cebolinha, completo, mas sozinho.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
ESPECIAL RIO DE JANEIRO: Quatro Atos
ATO UM
O Pequeno Príncipe chegou a porta daquela casa e me sorriu, e eu só pude pensar em como ele estava ainda mais bonito. Ele entrou e sentou-se ao meu lado, naquele banco de madeira, duro e desconfortável, em que assistiríamos a montagem in locum de Os Sete Gatinhos, de Nelson Rodrigues. Bruno estava conosco. E meu coração estava disparado. Mas ele, como sempre carinhoso, logo envolveu meu ombro com seu braço, e me tranquilizou em seu regaço. Eu estava, novamente, ao lado do meu Pequeno Príncipe.
ATO DOIS
Naquela rua escura do Humaitá, região sul do Rio de Janeiro, a peça acabara. Ele me abraçava e, após muito incentivo do Bruno, eu tomei alguma atitude e o beijei. Afinal ele, meu Pequeno Príncipe admite que gosta de homens que tomem a iniciativa. Então eu o beijei, com um pouco de culpa, admito, mas não pude resistir. Não consegui resistir, mesmo sabendo que era errado. Contudo, quando meus lábios tocaram os dele, tudo desapareceu, ele só era o meu Pequeno Príncipe e estava ao meu lado.
ATO TRÊS
Esperávamos o ônibus dele para a Barra. E o meu Pequeno Príncipe me contava sobre seus planos e projetos, sobre a impossibilidade dele ir a Belo Horizonte, sobre os problemas com a carteira de motorista. E eu desfrutava aquele pouco tempo com ele. Tocava-lhe o corpo para guardar a sensação de sua presença, beijava-lhe a boca para guardar o gosto de seu beijo, olhava-o nos olhos para poder capturar o brilho deles, ouvia sua voz para não esquecer o timbre, porque logo a única coisa que eu teria dele seriam essas lembranças.
ATO QUATRO
Ao deixar o Pequeno Príncipe em seu ônibus, voltei ao Cobal Humaitá, onde o Bruno e o Rafael Morello me esperavam. Sentei na mesa já dizendo: "É, se eu morasse aqui no Rio, eu estaria apaixonado por ele, completamente". O Bruno riu ao meu lado, e coberto de ironia, respondeu: "Ora, amigo, você já é completamente apaixonado por ele, você sabe que sim!". Eu sorri, tentando não ruborizar. E ele completou: "E ele também é por você, afinal até ciúmes ele tem de você". Olhei para o Bruno sinceramente surpreendido pela última afirmação, balbuciando um "Você acha mesmo?". Foi quando o Rafael Morello perguntou se era aquele menino que estava ao meu lado e eu confirmei. Ele então completou a questão: "Já falou dele no blog?". Foi quando rindo o Bruno anunciou: "Ah, ele é o Pequeno Principe dele, aquele de cabelos de trigo". E eu repeti pra mim mesmo, "meu Pequeno Príncipe".
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
ESPECIAL RIO DE JANEIRO: Surpresa!
Amigo,
Você é muito querido e eu te amo. E conquistou o Fê também. Espero que você tenha os melhores 30 anos do mundo!
Beijos, Bruno e Fê.
CINCO MINUTOS ANTES:
Eu e o lindo do Alguém Por Aí (gente, ele é muito bonito, vocês não têm noção) estávamos procurando o Bruno e namorado dele pelo Botafogo Praia Shopping, quando recebo uma mensagem no celular mandando que nós os encontrássemos na saída do shopping. Acabamos então nos dirigindo para lá. E na porta do shopping, o Bruno me dá uma sacola amarela da Imaginarium, dizendo: "Surpresa!", e desejando-me feliz aniversário. "Nós pedimos ao Alguém Por Aí para te distrair enquanto saímos para comprar, agora lê o cartão vai..."
DEZ MINUTOS ANTES:
"Meninos, vocês se incomodam se eu tiver um papinho com o FOXX a sós?", disse o Alguém, e eu me assustei. Papos que precisam ser a sós sempre são assuntos sérios. Sentamos em um dos bancos do shopping, enquanto o Bruno e o namorado saíram caminhando, pedindo que eu ligasse quando terminássemos. Nós então conversamos sobre tudo o que o Alguém está passando e eu entendi que era por uma questão de privacidade que ele havia pedido para falar a sós comigo. Com um aperto no coração, ouvi os medos desta pessoa tão especial que é o Alguém. Um homem lindo, por dentro e por fora.
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