10:27. Los Hermanos me despertam. Mensagem no celular. "Venha agora para a pousada Caicó em frente a rodoviária". Fê. Eu sei o que é. Beto está lá. Já sei que há dias que Beto está em Natal. E estava fugindo dele. Eu estava com medo. Medo de encontrá-lo. Medo de minha reação ao encontrá-lo. Medo de sentir algo ainda ao encontrá-lo. Mas, naquele domingo de céu claro e vento fresco, resolvi arriscar.
Fui. Com o coração na garganta e as mãos suando. Fui. Subi ao quarto 303 e foi Fê quem me abriu a porta sorrindo. Em seguida, só em seguida, que vi Beto. E, sinceramente, eu só pude pensar: "Quebixéssa?". Como eu pude namorar aquele menino? Achei-o feio, magrelo, bichinha, menina-quase-mulher. Como eu pude o namorar? Não há mais Beto em minha vida, descobri, percebi que ele não me abala enquanto secávamos um litro de martini e um de vodca. Enquanto fumávamos, cigarros e maconha. Enquanto eu me encantava pelo Nilson (que pernas perfeitas, voz macia, músculos no lugar, olhos verdes, costas definidas, sorriso lindo, inteligência) que só tinha o maldito defeito de ser namorado do Fê.
Só que Nilson fazia questão de conversar comigo. Fazia questão de me acompanhar quando eu ía buscar gelo. Fazia questão de me acompanhar quando fui comprar cigarros e bebida. Arranjava desculpas para ficarmos a sós. E eu não sou de ferro (e estou na secura, também). Então, ataquei. E ele parou. Olhou-me nos olhos por segundos, se aproximando lentamente. "Não acredito", pensei. Mas, ele antes de me beijar, recuperou a razão. "Eu quero, mas não posso fazer isso com o Fê". Eu, inteligente e ator como sou, disse que era tudo culpa minha, pedi mil desculpas e fiz cara de arrependido. Mas agora eu sabia que ele também queria.
E, sabendo disso, os flertes ficaram mais incisivos. Toques, olhares, cafunés, ele sorria, eu também, sorrisos só nossos, conversávamos, descobrimos afinidades, descobrimos intimidades. Ele, ator. Eu, atuando. Nisso, Beto decide que quer ir ao Feitiço, e como sou a única companhia disponível, ele resolve que vai pagar a minha entrada e Nilson decide que também vai. E como Fê não podia ir, ele me passa a tarefa de cuidar de Nilson para ele. Nilson rir e eu brinco: "Pois vou ficar andando com ele de mão dada pra todo mundo pensar que ele é meu namorado". Fê ri. Nilson entende.
E fomos para o Feitiço. Lá ficamos abraçados, mãos dadas, carinhos, cuidados, sem beijos, não na frente das pessoas, no banheiro, sozinhos, ele não resistiu. Beijou-me com desejo e com mãos, com sofreguidão, com toque, pressão. Um beijo bom. Um. Dois. Três.
E notaram? Cadê Beto?
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
PASSADO: Meus Cafuçus ou Você Já Recebeu Uma Cantada Assim?
dicionário
Comecemos explicando o que é um cafuçu nas terras em que vivo. Cafuçu, ou KF, como aprendi em Caicó, é normalmente um menino pobre - apesar que conheci uns nem tão pobres assim - que se aproveita de seus atributos físicos para conseguir favores de outros homens. Que tipo de favores? Financeiros sobretudo. Ele pede, e oferece seu corpo em troca. A diferença de um garoto de programa, no entanto, é que o garoto de programa vê isso como uma profissão, enquanto o cafuçu não recebe por um trabalho, é uma ajuda, e também uma desculpa para ele poder realizar o desejo que ele está sentindo. Ele assim pode externar seu desejo por homens sem sentir-se culpado ou assumir uma homossexualidade.
mário
Mário era amigo de um vizinho meu, o Diogo. Lindo, magrinho, uma barriga estreita e bem definida, olhos verdes e cabelo loirinho cacheado. Mário comia um viado. Nas palavras dele. Mario chegava na casa de Diogo, em frente a minha casa, sempre de carro, com notas de cinquenta reais na carteira, e garrafas de rum e wisky dentro do carro (foi com estas garrafas que aprendi a beber). Mário pegava a gente no carro "do viado", levava a gente para as vaquejadas (sim, eu fui de forró, vaquejada e mulher, um dia na minha vida), onde ficava com as meninas, e às vezes me secava e um dia quase rolou, mas no fim voltava para a casa "do viado". Todos sabiam. Ninguém ligava. Mário se gabava. A mãe de Diogo dizia: "Deixe dessa vida, menino". E Mário ria. Feliz. E com notas de cinquenta reais na carteira.
livraria
Eu amo livros. Adoro. E sempre que posso, visito livrarias. Passei em direção a A.S. e ele estava parado em frente a Yellow Vídeo. Moreno, de olhos negros, pele queimada pelo sol. Passo direto. Olho-o de relance, só checando. E quando noto, ele está me seguindo. Eu entro na livraria e me surpreendo quando ele entra também. Vou a estante que me interessa. História. Olhos os livros. Títulos, autores. Ele faz o mesmo do outro lado. Usa uma regata justa, azul. Bermuda e tênis. Ele não me olha. Não, em nenhum instante que eu o olhava. Abaixo-me e sento num banquinho para ver os livros que estão mais perto do chão. Quando me ergo, ele está do outro lado da estante. Ele sorri. Eu também. Ele pergunta meu nome. Falo. Ele pergunta de novo sem entender. Eu sorrio. "É um nome russo". Ele sorri, pergunta sobre mim, onde moro, com que trabalho, eu demoro a responder, ele insiste, eu assustado e envergonhado de ser abordado assim, na rua, numa livraria que frequento sempre. Ele parece tão tranquilo.
Continua a conversar, perguntar os livros que gosto, que tipo de livro, ele fala que lê pouco, que deveria ler mais. "É um hábito muito saudável". Eu desarmo. Ele nota. "E aí? Rola quanto?". Eu peço que ele repita porque não entendi. Ele repete, tranquilamente, eu pego o livro, Portões de Fogo de Steven Pressfield, saco a carteira, declino-lhe a oferta e pago o livro no caixa. Saindo. Ainda olho para trás uma vez. E o vejo sair sem entender o que acontecera da porta da livraria. Sem nenhum livro.
aquário
A paixão por livros só se compara a minha paixão por quadrinhos. Entro no Via Direta, um outlet shopping, e caminho despreocupado em direção a banca de revistas que fica nos fundos do shopping, e na ultima via, a distância já observo um moreno lindo. Malhado. O tríceps força a manga da camiseta justa. O cabelo no ombro, negro, emuldurando um queixo quadrado, ele joga para os lados, a bermuda de surfista permite observar coxas grossas e uma bunda empinada, e ele olha para mim. Sem vergonha, me encara, mas passo direto, deve ser ilusão minha, "aonde que um homem lindo deste vai olhar pra mim", olho para trás, "mas ele continua olhando, ai meu deus!!". Vou a banca, compro as revistas. Na volta, sem pressa, paro e fico observando os peixinhos na loja de aquários ali próximo, e quando percebo o mesmo moreno me observa de longe. Ele se aproxima. Aproxima-se e abre um belo sorriso. Eu sorrio também. Ele fala dos peixes, diz que são bonitos, comento que são caros, ele pergunta se tenho um aquário e confirmo. Conto do aquário gigante que meu pai mandou fazer. Ele pergunta sobre o trabalho de cuidar de um aquário, aponto a ele o equipamento necessário e que facilita a lida com os frágeis animais. Ele sorri. Diz que vai comprar um. E olhando nos meus olhos pergunta: "Quanto você tá disposto a pagar?". Eu entendo. Mas me finjo de louco e falo que eu não pagaria muito caro por um aquário. "Não, pra mim!". Eu não consigo não conter a gargalhada. "É óbvio que ele ia me cobrar, eu sabia, porque por algum segundo pensei que não?". Bato no peito dele, sem violência, um tapinha camarada. "Foi mal aew, boy, não tô interessado".
segurança
Mesmo shopping. Via Direta. Ia encontrar alguns amigos para irmos a Ponta Negra. Marquei lá para poder tirar dinheiro na Caixa Economica. Vou ao Caixa, aproveito para dar uma passada no banheiro, cruzo com um homem, na faixa dos 30, 40 anos, loiro, olhos verdes, braços grossos, peitoral trabalhado, barriga de chopp, ele me olha com tesão acumulado. Ele tem o rosto vermelho como Dionísio. Bêbado. Volto em direçao ao caixa eletrônico e ele me aborda. Peço licença. Papo de bêbado não é comigo. Vou ao banco. Ele me reencontra. Saindo do banco ele me aborda de novo. Tento sair. Ele me segura pelo braço, firmemente, não o bastante para me machucar e fala: "Eu tenho o que você quer". Eu nem consigo rir de tanta habilidade com as palavras. Peço-o que me solte. Ele não me ouve. Apenas diz que eu posso conseguir o que quero por cinquenta reais. "Nem por cinco, quanto mais cinquenta". Ele se irrita. O segurança passa por perto e eu peço ajuda. "Não o conheço e ele não me deixa em paz". O segurança o leva dali, mais educadamente do que deveria.
ticket
Vinha da balada. Noite em Ponta Negra com Michel no Gringo's. Céu claro convidava a uma caminhada até em casa (até para sair um pouco do alcool). Duas da manhã. Rua repleta de bares, eu caminho por entre eles sem medo. Até que um menininho, de boné, lábios bem desenhados, camisa social e bermuda bem baixa começa a me acompanhar. E puxa assunto. Pergunta onde moro. "Logo ali". Fala sobre ele. Pergunto a idade. 15. Fala onde estuda. "Eu já trabalhei lá". Ele sorri e reclama que é uma pena eu não ter sido professor dele. Belo galanteio para um menino tão novinho. "Moro nesta rua". Ele para e pergunta se estou só em casa e falo que não. Ele diz que queria ficar comigo, mas apenas se eu tivesse algum dinheiro. "Cinquenta?". Começo a rir e falo que eu tava chegando de um bar, não tinha mais dinheiro. "Dez?". Reafirmo. Ainda abro a carteira para ele ver. "Cinco?". Eu peço desculpas, achando estranho a insistência. "Um?". Continua a negar. "Cinquenta centavos, ou um vale?". Meu queixo caiu. Eu tinha vale transporte na carteira. Puxei dois. E entreguei a ele. Ele sorriu satisfeito, foi para uma parte mais escura da rua e já começava a tirar a bermuda, quando bati no ombro dele e falei: "Vá para sua casa que é o melhor que você faz". E continuei meu caminho. Ainda o vi se masturbando ferozmente enquanto eu me afastava, mas continuei meu caminho.
cerveja
Primeira vez de Joshi numa boate gls. Ele animado. Poucas vezes tinha ficado com meninos. Muito menos com aquele liberdade de paquera. Um negão bahiano se aproxima do nosso grupo. Conversa. Todo animado. Dança. Mistura-se. Ele joga charme para todo o lado. O grupo formado por mim, Joshy, Trancer, hetero, e Thiago, curioso. Eu vacinado, com Thiago me cercando, não dei bola para o bahiano; mas Joshy inocente ia caindo nas garras. Eu observava de longe. Mas não imaginava que chegaria a este nível. "Me dá minha comanda?". Retiro a comanda que tá no meu bolso. Joshy some. Daqui a pouco, ele retorna sem nada na mão. "Valha, comprou o que?". E ele aponta a cerveja na mão do bahiano. Todo mundo se revolta. "Tá loco, bic?". E eu me prontifico para dar um jeito na situação. Aproximo-me do bahiano, ele tão seguro de si não percebe que eu não cai no charme dele, pego a cerveja da mão dele como quem vai tomar um golinho, engulo metade o líquido amargo e gelado, e "sem querer" deixo a cerveja cair aos nossos pés. "Desculpa?". Ele sorri charmoso, não poderia deixar se abalar, fora que tinha certeza que conseguiria outra. "Mas não nossa, querido".
show
Juh era lindo. Olhos apertadinhos e negros. Um tom índio de pele. Topetinho. Conversa boa. Inteligente. Irônico. Brincava e ria. Um cavalheiro também. Primeiros encontros dividia a conta. Fingia-se de desinteressado. Comecei a me derreter, a desejar, a gostar daquele menino que parecia tão interessante. Interessante, carinhoso e preocupado comigo. Chegava a ser ciumento. Era bom sentir alguém tendo ciúme de mim. Mas aos poucos, Juh começava a ter vergonha de admitir que não tinha dinheiro daquela vez. "Normal, somos amigos, pago desta vez, depois você me paga". E na segunda. E na terceira. Até que saio com meus amigos para o pagode do Feitiço, e ele me liga - ou melhor dá um toque para que eu retorne, como já havia se tornado hábito para ele - perguntando onde estou, não falo que é uma boate gls, afinal ele é ciumento, então ele vem de novo com aquele mesmo papo de quando ele não tem dinheiro para pagar o consumo e pede para que eu compre ingressos para um show para ele. Para ele ir com os amigos dele. Chocado não consigo responder nada, quer dizer, apenas isso: "Não sei, preciso ver, te dou a resposta depois". Ele diz que tudo bem. E desliga. E eu fecho o celular e desando a chorar. Afinal é sempre assim.
motel
Minha mãe me pediu que eu fosse à Cidade comprar umas coisas pra ela. Obediente acabei indo. E assim que cheguei lá, desci na parada mais distante – por acaso – e quando ia para a Americanas percebi um lindo homem atrás de mim. Era um moreno, com uns 1,75 de altura, olhos verdes e um corpo atlético. Continuei meu caminho, olhando de vez em quando para ele, mas sem nenhuma outra intenção. Reparei na roupa que ele usava: um abadá e uma bermuda surf wear. E me assustei quando percebi que ele estava se aproximando de mim e que pretendia falar comigo. Porém, quando ele chegou ao meu lado, eu cruzei com um primo meu e sua esposa. Parei para falar com eles. Trocamos notícias. E enquanto eles falavam, eu via o garoto se afastar. Com isso, desisti de algo que nem tinha acontecido. Mas como meu primo logo me dispensou, dizendo estar atrasado, eu pensei que poderia alcançá-lo. E pelo menos poder observar por mais tempo aquela divindade. E continuei andando. Como ele tinha passado por mim, e eu não fiquei muito tempo falando com meu primo, eu passei a ficar a uma pequena distância e assim pude admirar a bundinha dele. Linda. Redondinha. Gostosa! E me admirei quando vi que o garoto estava retardando o passo ao me ver se aproximar. Ele virou pra mim e apresentou-se: - Douglas! Ele era lindo. Uma voz macia. Um olhar profundo. E enquanto eu ia a loja, ele me acompanhou. Já que ele ia para a Ribeira. Ao chegarmos eu achei que ele ia continuar o caminho dele. Mas ele parou. Me esperou comprar o que eu tinha que comprar, conversando umas bobagens, rindo de algumas coisas, e me contou que morava há pouco tempo em Natal, vinha de Campina Grande, aí reconheci que o abada dele era da micaroa de Campina Grande. E que tinha vindo morar com o irmão, com quem ele ia almoçar. Depois, terminado o que eu tinha que fazer, ele notando que eu me preparava perguntou se não havia um lugar onde poderíamos ficar mais a vontade. Surpreso, disse não conhecer. Ele então revelou que haviam alguns hotéis baratinhos - leia-se chechelentos - na Ribeira que poderíamos ficar. "Só não sei quanto é". Falei que não tinha dinheiro ali. E ele soltou a pérola que eu nunca esqueci: "E você pretende sair com um cara sem dinheiro?". Engoli essa a seco, e acabei decidindo ver onde aquilo ia dar. Falei-lhe que poderia ir ao banco, enquanto ele ia ao hotel descobrir quanto seria a diária. Fui, tirei o dinheiro, reencontrei-o no lugar que marcamos, e fomos ao hotel. Quarto sujo. Paredes mofadas. Chão de xadrez. Ele me beijou. Beijava bem e delicadamente. Começou a tirar minha roupa, acreditando que me comeria ali fácil. Mas avisei-lhe que não. Virei-o de quatro. Mordi-lhe a bunda. Lambi-o e o penetrei com força por uns bons vinte minutos, de quatro, em pé, frango-assado e gozei com ele cavalgando e gozando junto, animado.
Comecemos explicando o que é um cafuçu nas terras em que vivo. Cafuçu, ou KF, como aprendi em Caicó, é normalmente um menino pobre - apesar que conheci uns nem tão pobres assim - que se aproveita de seus atributos físicos para conseguir favores de outros homens. Que tipo de favores? Financeiros sobretudo. Ele pede, e oferece seu corpo em troca. A diferença de um garoto de programa, no entanto, é que o garoto de programa vê isso como uma profissão, enquanto o cafuçu não recebe por um trabalho, é uma ajuda, e também uma desculpa para ele poder realizar o desejo que ele está sentindo. Ele assim pode externar seu desejo por homens sem sentir-se culpado ou assumir uma homossexualidade.
mário
Mário era amigo de um vizinho meu, o Diogo. Lindo, magrinho, uma barriga estreita e bem definida, olhos verdes e cabelo loirinho cacheado. Mário comia um viado. Nas palavras dele. Mario chegava na casa de Diogo, em frente a minha casa, sempre de carro, com notas de cinquenta reais na carteira, e garrafas de rum e wisky dentro do carro (foi com estas garrafas que aprendi a beber). Mário pegava a gente no carro "do viado", levava a gente para as vaquejadas (sim, eu fui de forró, vaquejada e mulher, um dia na minha vida), onde ficava com as meninas, e às vezes me secava e um dia quase rolou, mas no fim voltava para a casa "do viado". Todos sabiam. Ninguém ligava. Mário se gabava. A mãe de Diogo dizia: "Deixe dessa vida, menino". E Mário ria. Feliz. E com notas de cinquenta reais na carteira.
livraria
Eu amo livros. Adoro. E sempre que posso, visito livrarias. Passei em direção a A.S. e ele estava parado em frente a Yellow Vídeo. Moreno, de olhos negros, pele queimada pelo sol. Passo direto. Olho-o de relance, só checando. E quando noto, ele está me seguindo. Eu entro na livraria e me surpreendo quando ele entra também. Vou a estante que me interessa. História. Olhos os livros. Títulos, autores. Ele faz o mesmo do outro lado. Usa uma regata justa, azul. Bermuda e tênis. Ele não me olha. Não, em nenhum instante que eu o olhava. Abaixo-me e sento num banquinho para ver os livros que estão mais perto do chão. Quando me ergo, ele está do outro lado da estante. Ele sorri. Eu também. Ele pergunta meu nome. Falo. Ele pergunta de novo sem entender. Eu sorrio. "É um nome russo". Ele sorri, pergunta sobre mim, onde moro, com que trabalho, eu demoro a responder, ele insiste, eu assustado e envergonhado de ser abordado assim, na rua, numa livraria que frequento sempre. Ele parece tão tranquilo.
Continua a conversar, perguntar os livros que gosto, que tipo de livro, ele fala que lê pouco, que deveria ler mais. "É um hábito muito saudável". Eu desarmo. Ele nota. "E aí? Rola quanto?". Eu peço que ele repita porque não entendi. Ele repete, tranquilamente, eu pego o livro, Portões de Fogo de Steven Pressfield, saco a carteira, declino-lhe a oferta e pago o livro no caixa. Saindo. Ainda olho para trás uma vez. E o vejo sair sem entender o que acontecera da porta da livraria. Sem nenhum livro.
aquário
A paixão por livros só se compara a minha paixão por quadrinhos. Entro no Via Direta, um outlet shopping, e caminho despreocupado em direção a banca de revistas que fica nos fundos do shopping, e na ultima via, a distância já observo um moreno lindo. Malhado. O tríceps força a manga da camiseta justa. O cabelo no ombro, negro, emuldurando um queixo quadrado, ele joga para os lados, a bermuda de surfista permite observar coxas grossas e uma bunda empinada, e ele olha para mim. Sem vergonha, me encara, mas passo direto, deve ser ilusão minha, "aonde que um homem lindo deste vai olhar pra mim", olho para trás, "mas ele continua olhando, ai meu deus!!". Vou a banca, compro as revistas. Na volta, sem pressa, paro e fico observando os peixinhos na loja de aquários ali próximo, e quando percebo o mesmo moreno me observa de longe. Ele se aproxima. Aproxima-se e abre um belo sorriso. Eu sorrio também. Ele fala dos peixes, diz que são bonitos, comento que são caros, ele pergunta se tenho um aquário e confirmo. Conto do aquário gigante que meu pai mandou fazer. Ele pergunta sobre o trabalho de cuidar de um aquário, aponto a ele o equipamento necessário e que facilita a lida com os frágeis animais. Ele sorri. Diz que vai comprar um. E olhando nos meus olhos pergunta: "Quanto você tá disposto a pagar?". Eu entendo. Mas me finjo de louco e falo que eu não pagaria muito caro por um aquário. "Não, pra mim!". Eu não consigo não conter a gargalhada. "É óbvio que ele ia me cobrar, eu sabia, porque por algum segundo pensei que não?". Bato no peito dele, sem violência, um tapinha camarada. "Foi mal aew, boy, não tô interessado".
segurança
Mesmo shopping. Via Direta. Ia encontrar alguns amigos para irmos a Ponta Negra. Marquei lá para poder tirar dinheiro na Caixa Economica. Vou ao Caixa, aproveito para dar uma passada no banheiro, cruzo com um homem, na faixa dos 30, 40 anos, loiro, olhos verdes, braços grossos, peitoral trabalhado, barriga de chopp, ele me olha com tesão acumulado. Ele tem o rosto vermelho como Dionísio. Bêbado. Volto em direçao ao caixa eletrônico e ele me aborda. Peço licença. Papo de bêbado não é comigo. Vou ao banco. Ele me reencontra. Saindo do banco ele me aborda de novo. Tento sair. Ele me segura pelo braço, firmemente, não o bastante para me machucar e fala: "Eu tenho o que você quer". Eu nem consigo rir de tanta habilidade com as palavras. Peço-o que me solte. Ele não me ouve. Apenas diz que eu posso conseguir o que quero por cinquenta reais. "Nem por cinco, quanto mais cinquenta". Ele se irrita. O segurança passa por perto e eu peço ajuda. "Não o conheço e ele não me deixa em paz". O segurança o leva dali, mais educadamente do que deveria.
ticket
Vinha da balada. Noite em Ponta Negra com Michel no Gringo's. Céu claro convidava a uma caminhada até em casa (até para sair um pouco do alcool). Duas da manhã. Rua repleta de bares, eu caminho por entre eles sem medo. Até que um menininho, de boné, lábios bem desenhados, camisa social e bermuda bem baixa começa a me acompanhar. E puxa assunto. Pergunta onde moro. "Logo ali". Fala sobre ele. Pergunto a idade. 15. Fala onde estuda. "Eu já trabalhei lá". Ele sorri e reclama que é uma pena eu não ter sido professor dele. Belo galanteio para um menino tão novinho. "Moro nesta rua". Ele para e pergunta se estou só em casa e falo que não. Ele diz que queria ficar comigo, mas apenas se eu tivesse algum dinheiro. "Cinquenta?". Começo a rir e falo que eu tava chegando de um bar, não tinha mais dinheiro. "Dez?". Reafirmo. Ainda abro a carteira para ele ver. "Cinco?". Eu peço desculpas, achando estranho a insistência. "Um?". Continua a negar. "Cinquenta centavos, ou um vale?". Meu queixo caiu. Eu tinha vale transporte na carteira. Puxei dois. E entreguei a ele. Ele sorriu satisfeito, foi para uma parte mais escura da rua e já começava a tirar a bermuda, quando bati no ombro dele e falei: "Vá para sua casa que é o melhor que você faz". E continuei meu caminho. Ainda o vi se masturbando ferozmente enquanto eu me afastava, mas continuei meu caminho.
cerveja
Primeira vez de Joshi numa boate gls. Ele animado. Poucas vezes tinha ficado com meninos. Muito menos com aquele liberdade de paquera. Um negão bahiano se aproxima do nosso grupo. Conversa. Todo animado. Dança. Mistura-se. Ele joga charme para todo o lado. O grupo formado por mim, Joshy, Trancer, hetero, e Thiago, curioso. Eu vacinado, com Thiago me cercando, não dei bola para o bahiano; mas Joshy inocente ia caindo nas garras. Eu observava de longe. Mas não imaginava que chegaria a este nível. "Me dá minha comanda?". Retiro a comanda que tá no meu bolso. Joshy some. Daqui a pouco, ele retorna sem nada na mão. "Valha, comprou o que?". E ele aponta a cerveja na mão do bahiano. Todo mundo se revolta. "Tá loco, bic?". E eu me prontifico para dar um jeito na situação. Aproximo-me do bahiano, ele tão seguro de si não percebe que eu não cai no charme dele, pego a cerveja da mão dele como quem vai tomar um golinho, engulo metade o líquido amargo e gelado, e "sem querer" deixo a cerveja cair aos nossos pés. "Desculpa?". Ele sorri charmoso, não poderia deixar se abalar, fora que tinha certeza que conseguiria outra. "Mas não nossa, querido".
show
Juh era lindo. Olhos apertadinhos e negros. Um tom índio de pele. Topetinho. Conversa boa. Inteligente. Irônico. Brincava e ria. Um cavalheiro também. Primeiros encontros dividia a conta. Fingia-se de desinteressado. Comecei a me derreter, a desejar, a gostar daquele menino que parecia tão interessante. Interessante, carinhoso e preocupado comigo. Chegava a ser ciumento. Era bom sentir alguém tendo ciúme de mim. Mas aos poucos, Juh começava a ter vergonha de admitir que não tinha dinheiro daquela vez. "Normal, somos amigos, pago desta vez, depois você me paga". E na segunda. E na terceira. Até que saio com meus amigos para o pagode do Feitiço, e ele me liga - ou melhor dá um toque para que eu retorne, como já havia se tornado hábito para ele - perguntando onde estou, não falo que é uma boate gls, afinal ele é ciumento, então ele vem de novo com aquele mesmo papo de quando ele não tem dinheiro para pagar o consumo e pede para que eu compre ingressos para um show para ele. Para ele ir com os amigos dele. Chocado não consigo responder nada, quer dizer, apenas isso: "Não sei, preciso ver, te dou a resposta depois". Ele diz que tudo bem. E desliga. E eu fecho o celular e desando a chorar. Afinal é sempre assim.
motel
Minha mãe me pediu que eu fosse à Cidade comprar umas coisas pra ela. Obediente acabei indo. E assim que cheguei lá, desci na parada mais distante – por acaso – e quando ia para a Americanas percebi um lindo homem atrás de mim. Era um moreno, com uns 1,75 de altura, olhos verdes e um corpo atlético. Continuei meu caminho, olhando de vez em quando para ele, mas sem nenhuma outra intenção. Reparei na roupa que ele usava: um abadá e uma bermuda surf wear. E me assustei quando percebi que ele estava se aproximando de mim e que pretendia falar comigo. Porém, quando ele chegou ao meu lado, eu cruzei com um primo meu e sua esposa. Parei para falar com eles. Trocamos notícias. E enquanto eles falavam, eu via o garoto se afastar. Com isso, desisti de algo que nem tinha acontecido. Mas como meu primo logo me dispensou, dizendo estar atrasado, eu pensei que poderia alcançá-lo. E pelo menos poder observar por mais tempo aquela divindade. E continuei andando. Como ele tinha passado por mim, e eu não fiquei muito tempo falando com meu primo, eu passei a ficar a uma pequena distância e assim pude admirar a bundinha dele. Linda. Redondinha. Gostosa! E me admirei quando vi que o garoto estava retardando o passo ao me ver se aproximar. Ele virou pra mim e apresentou-se: - Douglas! Ele era lindo. Uma voz macia. Um olhar profundo. E enquanto eu ia a loja, ele me acompanhou. Já que ele ia para a Ribeira. Ao chegarmos eu achei que ele ia continuar o caminho dele. Mas ele parou. Me esperou comprar o que eu tinha que comprar, conversando umas bobagens, rindo de algumas coisas, e me contou que morava há pouco tempo em Natal, vinha de Campina Grande, aí reconheci que o abada dele era da micaroa de Campina Grande. E que tinha vindo morar com o irmão, com quem ele ia almoçar. Depois, terminado o que eu tinha que fazer, ele notando que eu me preparava perguntou se não havia um lugar onde poderíamos ficar mais a vontade. Surpreso, disse não conhecer. Ele então revelou que haviam alguns hotéis baratinhos - leia-se chechelentos - na Ribeira que poderíamos ficar. "Só não sei quanto é". Falei que não tinha dinheiro ali. E ele soltou a pérola que eu nunca esqueci: "E você pretende sair com um cara sem dinheiro?". Engoli essa a seco, e acabei decidindo ver onde aquilo ia dar. Falei-lhe que poderia ir ao banco, enquanto ele ia ao hotel descobrir quanto seria a diária. Fui, tirei o dinheiro, reencontrei-o no lugar que marcamos, e fomos ao hotel. Quarto sujo. Paredes mofadas. Chão de xadrez. Ele me beijou. Beijava bem e delicadamente. Começou a tirar minha roupa, acreditando que me comeria ali fácil. Mas avisei-lhe que não. Virei-o de quatro. Mordi-lhe a bunda. Lambi-o e o penetrei com força por uns bons vinte minutos, de quatro, em pé, frango-assado e gozei com ele cavalgando e gozando junto, animado.
sábado, 20 de outubro de 2007
PRESENTE: Sexta, a noite
Uma noite solitária. Saí de casa sob os costumeiros protestos de minha mãe. "Já vai sair?". Vestia uma camiseta vinho rasgada e um all star preto, com uma calça de alfaiataria. Cabelo com pomada holandesa para ficar milimetricamente desarrumado, junto com uma barba cuidadosamente deixada por fazer passam, por causa também do meu maço de Carlton Crema uma rebeldia que não sei se combina com meus 26 anos, ou com meu emprego de professor, ou com meu título de mestre, ou será que sou eu que não combino com nada disso? Será que sou eu que não combino com minha vida?
Planos para a noite: diante da busca infrutífera que durou o dia todo para achar alguma companhia para a Black Nite da Music, decidi ir ao Gringo's, aquele bar grunge que fica em Ponta Negra, a praia mais badalada da cidade. Gosto do ambiente do pub, a luz indireta, o ar underground, dos barthenders que querem te conhecer e da intimidade com o dono do lugar e da tv ligada para ninguém ver.
A noite como eu disse foi solitária. Sentei naquele balcão sozinho. Sentei, pedi uma cerveja e fumei como um desesperado. Faltou-me um livro. Noite e lugar perfeito para ler Paul Austen. Mas não pensei nisso. Conversei com dois caras no balcão sobre a eleição de Hillary Clinton, o sistema educacional brasileiro e pistache, com o dono do bar sobre musica grunge, Mate-me, por favor e que Jefferson canta igualzinho a Renato Russo. "Nem diga isso!". Não posso dizer que não me diverti, mas o assalto no fim da noite, depois que sair do bar, não me fez hoje acordar de bom humor.
Planos para a noite: diante da busca infrutífera que durou o dia todo para achar alguma companhia para a Black Nite da Music, decidi ir ao Gringo's, aquele bar grunge que fica em Ponta Negra, a praia mais badalada da cidade. Gosto do ambiente do pub, a luz indireta, o ar underground, dos barthenders que querem te conhecer e da intimidade com o dono do lugar e da tv ligada para ninguém ver.
A noite como eu disse foi solitária. Sentei naquele balcão sozinho. Sentei, pedi uma cerveja e fumei como um desesperado. Faltou-me um livro. Noite e lugar perfeito para ler Paul Austen. Mas não pensei nisso. Conversei com dois caras no balcão sobre a eleição de Hillary Clinton, o sistema educacional brasileiro e pistache, com o dono do bar sobre musica grunge, Mate-me, por favor e que Jefferson canta igualzinho a Renato Russo. "Nem diga isso!". Não posso dizer que não me diverti, mas o assalto no fim da noite, depois que sair do bar, não me fez hoje acordar de bom humor.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
PASSADO: Amores, Lama, Mármore e Véus
Texto escrito em 24 de abril de 2005. Para comemorar o meu aniversário de um ano de namoro com Beto. Se nós ainda estivessemos juntos. Porque, definitivamente, nosso namoro só funcionou quando estava no plano das idéias de Platão.
Os melhores amores são aqueles que nunca aconteceram. Por quê? Porque foram sonhados, não vividos. Porque nossos sonhos não são feitos para quando estamos acordados. Nossos sonhos pertencem ao encanto da Terra do Nunca. E só são reais lá.
A realidade transforma amores. Amores sonhados sofrem quando se tornam reais. Amores muito sonhados quando vividos se tornam reais demais. Amores sonhados não são feitos para se tornarem reais.
O problema da realidade é que, em nossos sonhos, nossos amores são ídolos de límpida mármore. E no mundo real seus ocultos pés de barro são a primeira coisa que percebemos. O barro então dissolvido por suor e lágrimas escorre, e logo. E nós mesmos, com nossos pés e mãos elameados, manchamos a fria mármore.
Com as manchas, a pureza de nossos sonhos se esvai, mas também as mesmas manchas cobrem a mármore de cor e carne, tal qual o amor de Pigmalião. Nossos ídolos se tornam humanos como nós.
É por isso que amar alguem enquanto sonho é fácil. A mármore só se move até onde o seu escultor deixa. Mas a lama! Esta parece ter vida própria. Escapa por entre os dedos. Não se mantém por muito tempo como a deixamos. Lama! E, ainda por cima, mancha nossos delicados véus, que teimamos em manter limpos.
Os melhores amores são aqueles que nunca aconteceram. Por quê? Porque foram sonhados, não vividos. Porque nossos sonhos não são feitos para quando estamos acordados. Nossos sonhos pertencem ao encanto da Terra do Nunca. E só são reais lá.
A realidade transforma amores. Amores sonhados sofrem quando se tornam reais. Amores muito sonhados quando vividos se tornam reais demais. Amores sonhados não são feitos para se tornarem reais.
O problema da realidade é que, em nossos sonhos, nossos amores são ídolos de límpida mármore. E no mundo real seus ocultos pés de barro são a primeira coisa que percebemos. O barro então dissolvido por suor e lágrimas escorre, e logo. E nós mesmos, com nossos pés e mãos elameados, manchamos a fria mármore.
Com as manchas, a pureza de nossos sonhos se esvai, mas também as mesmas manchas cobrem a mármore de cor e carne, tal qual o amor de Pigmalião. Nossos ídolos se tornam humanos como nós.
É por isso que amar alguem enquanto sonho é fácil. A mármore só se move até onde o seu escultor deixa. Mas a lama! Esta parece ter vida própria. Escapa por entre os dedos. Não se mantém por muito tempo como a deixamos. Lama! E, ainda por cima, mancha nossos delicados véus, que teimamos em manter limpos.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
PRESENTE: Dores trágicas e Sorrisos líricos
Perdi o ônibus. É, eu estava na parada, e lendo "Meu reino por um cashmere", quando ergui a cabeça e vi o 76 se afastar. Quando vi aquele ônibus distante, eu sabia que era ele. "Droga, porque fui ler na parada, sempre acontece isso". Mas Ana Cristina Reis, bisneta da autora de "Minha vida de menina", me capturou com seus capítulos que cheiram a postagem de blog. "Espero o próximo?". Impossível! Outro 76 só daqui a trinta, quarenta minutos. São 13:13h, se esperar chego atrasado. Quando o acaso joga comigo assim gosto de pensar que o ônibus que perdi iria quebrar ou que eu encontraria algo/alguém desagradável nele e (os) deus(es) me protege(ram). Gosto de pensar assim. Então me pus a ir a outra parada, onde outros ônibus passariam em menos tempo. Caminho, ouvindo Moptop gritar nos meus fones de ouvido que tudo será sempre igual e o Linkin' Park cantar, entre palmas, gargantas cortadas, vejo meninos com quem gostaria de conversar e um cafunçuzinho encara meus óculos escuros, de aros dourados e lente verde, enquanto penso no que postar. "Meu blog precisa ser atualizado e 'tô sem net em casa". Decidi então republicar um texto. Um daqueles do meu primeiro blog, e que representa bem o que sinto hoje, então, um texto de 02 de abril de 2004, e ainda atual.
* * *
Quem disse que a vida da gente tem que ser perfeita para a gente ser feliz? Não! Não precisa! Minha vida por exemplo não é perfeita. Eu não amo ninguém, por exemplo. Estou me sentindo um tanto só e carente. Eu não tenho um amor para viver. Para sonhar. Para me esquecer.
Mas em compensação eu tenho amigos incríveis. Pessoas que se preocupam comigo, que se entristecem com minhas tristezas e vibram com minhas vitórias. É bom ouvir deles "te adoro". É bom ouvir que ninguém merecia mais do que eu da boca deles. É bom saber que eles vão estar lá pra qualquer coisa.
Porém a vida é de dores e sorrisos andando de mãos dadas. E meu bolso tem doído muito. Tenho um problema de relacionamento com dinheiro raro: ele não gosta de mim! Foge apavoradamente. E isso me estressa e cria problemas na minha casa. Todavia, eu estou numa fase profissional muito boa. Belas vitórias. Derrotas eu nem consigo lembrar. Tenho recebido belas batatas.
É a vida é assim. Estamos sempre entre as dores e os sorrisos, e se você pesá-los eles têm a mesma quantidade. As dores parecem ser mais persistentes, por são mais intensas, dramáticas; o lirismo dos sorrisos são exatamente o oposto. Diáfanos. Nossos sorrisos se desmancham como fumaça no ar. Somem fácil. Marcam pouco.
É, podemos ser felizes sem ter uma vida perfeita. Podemos sustentar sorrisos após dores lancinantes. Podemos esperar melhoras quando as dores nos consomem. Estou feliz hoje. Minhas dores nunca me pareceram tão distantes.
* * *
Quem disse que a vida da gente tem que ser perfeita para a gente ser feliz? Não! Não precisa! Minha vida por exemplo não é perfeita. Eu não amo ninguém, por exemplo. Estou me sentindo um tanto só e carente. Eu não tenho um amor para viver. Para sonhar. Para me esquecer.
Mas em compensação eu tenho amigos incríveis. Pessoas que se preocupam comigo, que se entristecem com minhas tristezas e vibram com minhas vitórias. É bom ouvir deles "te adoro". É bom ouvir que ninguém merecia mais do que eu da boca deles. É bom saber que eles vão estar lá pra qualquer coisa.
Porém a vida é de dores e sorrisos andando de mãos dadas. E meu bolso tem doído muito. Tenho um problema de relacionamento com dinheiro raro: ele não gosta de mim! Foge apavoradamente. E isso me estressa e cria problemas na minha casa. Todavia, eu estou numa fase profissional muito boa. Belas vitórias. Derrotas eu nem consigo lembrar. Tenho recebido belas batatas.
É a vida é assim. Estamos sempre entre as dores e os sorrisos, e se você pesá-los eles têm a mesma quantidade. As dores parecem ser mais persistentes, por são mais intensas, dramáticas; o lirismo dos sorrisos são exatamente o oposto. Diáfanos. Nossos sorrisos se desmancham como fumaça no ar. Somem fácil. Marcam pouco.
É, podemos ser felizes sem ter uma vida perfeita. Podemos sustentar sorrisos após dores lancinantes. Podemos esperar melhoras quando as dores nos consomem. Estou feliz hoje. Minhas dores nunca me pareceram tão distantes.
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