Google+ Estórias Do Mundo: PASSADO: Meus Cafuçus ou Você Já Recebeu Uma Cantada Assim?

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

PASSADO: Meus Cafuçus ou Você Já Recebeu Uma Cantada Assim?

dicionário

Comecemos explicando o que é um cafuçu nas terras em que vivo. Cafuçu, ou KF, como aprendi em Caicó, é normalmente um menino pobre - apesar que conheci uns nem tão pobres assim - que se aproveita de seus atributos físicos para conseguir favores de outros homens. Que tipo de favores? Financeiros sobretudo. Ele pede, e oferece seu corpo em troca. A diferença de um garoto de programa, no entanto, é que o garoto de programa vê isso como uma profissão, enquanto o cafuçu não recebe por um trabalho, é uma ajuda, e também uma desculpa para ele poder realizar o desejo que ele está sentindo. Ele assim pode externar seu desejo por homens sem sentir-se culpado ou assumir uma homossexualidade.


mário



Mário era amigo de um vizinho meu, o Diogo. Lindo, magrinho, uma barriga estreita e bem definida, olhos verdes e cabelo loirinho cacheado. Mário comia um viado. Nas palavras dele. Mario chegava na casa de Diogo, em frente a minha casa, sempre de carro, com notas de cinquenta reais na carteira, e garrafas de rum e wisky dentro do carro (foi com estas garrafas que aprendi a beber). Mário pegava a gente no carro "do viado", levava a gente para as vaquejadas (sim, eu fui de forró, vaquejada e mulher, um dia na minha vida), onde ficava com as meninas, e às vezes me secava e um dia quase rolou, mas no fim voltava para a casa "do viado". Todos sabiam. Ninguém ligava. Mário se gabava. A mãe de Diogo dizia: "Deixe dessa vida, menino". E Mário ria. Feliz. E com notas de cinquenta reais na carteira.


livraria



Eu amo livros. Adoro. E sempre que posso, visito livrarias. Passei em direção a A.S. e ele estava parado em frente a Yellow Vídeo. Moreno, de olhos negros, pele queimada pelo sol. Passo direto. Olho-o de relance, só checando. E quando noto, ele está me seguindo. Eu entro na livraria e me surpreendo quando ele entra também. Vou a estante que me interessa. História. Olhos os livros. Títulos, autores. Ele faz o mesmo do outro lado. Usa uma regata justa, azul. Bermuda e tênis. Ele não me olha. Não, em nenhum instante que eu o olhava. Abaixo-me e sento num banquinho para ver os livros que estão mais perto do chão. Quando me ergo, ele está do outro lado da estante. Ele sorri. Eu também. Ele pergunta meu nome. Falo. Ele pergunta de novo sem entender. Eu sorrio. "É um nome russo". Ele sorri, pergunta sobre mim, onde moro, com que trabalho, eu demoro a responder, ele insiste, eu assustado e envergonhado de ser abordado assim, na rua, numa livraria que frequento sempre. Ele parece tão tranquilo.
Continua a conversar, perguntar os livros que gosto, que tipo de livro, ele fala que lê pouco, que deveria ler mais. "É um hábito muito saudável". Eu desarmo. Ele nota. "E aí? Rola quanto?". Eu peço que ele repita porque não entendi. Ele repete, tranquilamente, eu pego o livro, Portões de Fogo de Steven Pressfield, saco a carteira, declino-lhe a oferta e pago o livro no caixa. Saindo. Ainda olho para trás uma vez. E o vejo sair sem entender o que acontecera da porta da livraria. Sem nenhum livro.


aquário



A paixão por livros só se compara a minha paixão por quadrinhos. Entro no Via Direta, um outlet shopping, e caminho despreocupado em direção a banca de revistas que fica nos fundos do shopping, e na ultima via, a distância já observo um moreno lindo. Malhado. O tríceps força a manga da camiseta justa. O cabelo no ombro, negro, emuldurando um queixo quadrado, ele joga para os lados, a bermuda de surfista permite observar coxas grossas e uma bunda empinada, e ele olha para mim. Sem vergonha, me encara, mas passo direto, deve ser ilusão minha, "aonde que um homem lindo deste vai olhar pra mim", olho para trás, "mas ele continua olhando, ai meu deus!!". Vou a banca, compro as revistas. Na volta, sem pressa, paro e fico observando os peixinhos na loja de aquários ali próximo, e quando percebo o mesmo moreno me observa de longe. Ele se aproxima. Aproxima-se e abre um belo sorriso. Eu sorrio também. Ele fala dos peixes, diz que são bonitos, comento que são caros, ele pergunta se tenho um aquário e confirmo. Conto do aquário gigante que meu pai mandou fazer. Ele pergunta sobre o trabalho de cuidar de um aquário, aponto a ele o equipamento necessário e que facilita a lida com os frágeis animais. Ele sorri. Diz que vai comprar um. E olhando nos meus olhos pergunta: "Quanto você tá disposto a pagar?". Eu entendo. Mas me finjo de louco e falo que eu não pagaria muito caro por um aquário. "Não, pra mim!". Eu não consigo não conter a gargalhada. "É óbvio que ele ia me cobrar, eu sabia, porque por algum segundo pensei que não?". Bato no peito dele, sem violência, um tapinha camarada. "Foi mal aew, boy, não tô interessado".


segurança



Mesmo shopping. Via Direta. Ia encontrar alguns amigos para irmos a Ponta Negra. Marquei lá para poder tirar dinheiro na Caixa Economica. Vou ao Caixa, aproveito para dar uma passada no banheiro, cruzo com um homem, na faixa dos 30, 40 anos, loiro, olhos verdes, braços grossos, peitoral trabalhado, barriga de chopp, ele me olha com tesão acumulado. Ele tem o rosto vermelho como Dionísio. Bêbado. Volto em direçao ao caixa eletrônico e ele me aborda. Peço licença. Papo de bêbado não é comigo. Vou ao banco. Ele me reencontra. Saindo do banco ele me aborda de novo. Tento sair. Ele me segura pelo braço, firmemente, não o bastante para me machucar e fala: "Eu tenho o que você quer". Eu nem consigo rir de tanta habilidade com as palavras. Peço-o que me solte. Ele não me ouve. Apenas diz que eu posso conseguir o que quero por cinquenta reais. "Nem por cinco, quanto mais cinquenta". Ele se irrita. O segurança passa por perto e eu peço ajuda. "Não o conheço e ele não me deixa em paz". O segurança o leva dali, mais educadamente do que deveria.


ticket



Vinha da balada. Noite em Ponta Negra com Michel no Gringo's. Céu claro convidava a uma caminhada até em casa (até para sair um pouco do alcool). Duas da manhã. Rua repleta de bares, eu caminho por entre eles sem medo. Até que um menininho, de boné, lábios bem desenhados, camisa social e bermuda bem baixa começa a me acompanhar. E puxa assunto. Pergunta onde moro. "Logo ali". Fala sobre ele. Pergunto a idade. 15. Fala onde estuda. "Eu já trabalhei lá". Ele sorri e reclama que é uma pena eu não ter sido professor dele. Belo galanteio para um menino tão novinho. "Moro nesta rua". Ele para e pergunta se estou só em casa e falo que não. Ele diz que queria ficar comigo, mas apenas se eu tivesse algum dinheiro. "Cinquenta?". Começo a rir e falo que eu tava chegando de um bar, não tinha mais dinheiro. "Dez?". Reafirmo. Ainda abro a carteira para ele ver. "Cinco?". Eu peço desculpas, achando estranho a insistência. "Um?". Continua a negar. "Cinquenta centavos, ou um vale?". Meu queixo caiu. Eu tinha vale transporte na carteira. Puxei dois. E entreguei a ele. Ele sorriu satisfeito, foi para uma parte mais escura da rua e já começava a tirar a bermuda, quando bati no ombro dele e falei: "Vá para sua casa que é o melhor que você faz". E continuei meu caminho. Ainda o vi se masturbando ferozmente enquanto eu me afastava, mas continuei meu caminho.


cerveja



Primeira vez de Joshi numa boate gls. Ele animado. Poucas vezes tinha ficado com meninos. Muito menos com aquele liberdade de paquera. Um negão bahiano se aproxima do nosso grupo. Conversa. Todo animado. Dança. Mistura-se. Ele joga charme para todo o lado. O grupo formado por mim, Joshy, Trancer, hetero, e Thiago, curioso. Eu vacinado, com Thiago me cercando, não dei bola para o bahiano; mas Joshy inocente ia caindo nas garras. Eu observava de longe. Mas não imaginava que chegaria a este nível. "Me dá minha comanda?". Retiro a comanda que tá no meu bolso. Joshy some. Daqui a pouco, ele retorna sem nada na mão. "Valha, comprou o que?". E ele aponta a cerveja na mão do bahiano. Todo mundo se revolta. "Tá loco, bic?". E eu me prontifico para dar um jeito na situação. Aproximo-me do bahiano, ele tão seguro de si não percebe que eu não cai no charme dele, pego a cerveja da mão dele como quem vai tomar um golinho, engulo metade o líquido amargo e gelado, e "sem querer" deixo a cerveja cair aos nossos pés. "Desculpa?". Ele sorri charmoso, não poderia deixar se abalar, fora que tinha certeza que conseguiria outra. "Mas não nossa, querido".


show



Juh era lindo. Olhos apertadinhos e negros. Um tom índio de pele. Topetinho. Conversa boa. Inteligente. Irônico. Brincava e ria. Um cavalheiro também. Primeiros encontros dividia a conta. Fingia-se de desinteressado. Comecei a me derreter, a desejar, a gostar daquele menino que parecia tão interessante. Interessante, carinhoso e preocupado comigo. Chegava a ser ciumento. Era bom sentir alguém tendo ciúme de mim. Mas aos poucos, Juh começava a ter vergonha de admitir que não tinha dinheiro daquela vez. "Normal, somos amigos, pago desta vez, depois você me paga". E na segunda. E na terceira. Até que saio com meus amigos para o pagode do Feitiço, e ele me liga - ou melhor dá um toque para que eu retorne, como já havia se tornado hábito para ele - perguntando onde estou, não falo que é uma boate gls, afinal ele é ciumento, então ele vem de novo com aquele mesmo papo de quando ele não tem dinheiro para pagar o consumo e pede para que eu compre ingressos para um show para ele. Para ele ir com os amigos dele. Chocado não consigo responder nada, quer dizer, apenas isso: "Não sei, preciso ver, te dou a resposta depois". Ele diz que tudo bem. E desliga. E eu fecho o celular e desando a chorar. Afinal é sempre assim.


motel



Minha mãe me pediu que eu fosse à Cidade comprar umas coisas pra ela. Obediente acabei indo. E assim que cheguei lá, desci na parada mais distante – por acaso – e quando ia para a Americanas percebi um lindo homem atrás de mim. Era um moreno, com uns 1,75 de altura, olhos verdes e um corpo atlético. Continuei meu caminho, olhando de vez em quando para ele, mas sem nenhuma outra intenção. Reparei na roupa que ele usava: um abadá e uma bermuda surf wear. E me assustei quando percebi que ele estava se aproximando de mim e que pretendia falar comigo. Porém, quando ele chegou ao meu lado, eu cruzei com um primo meu e sua esposa. Parei para falar com eles. Trocamos notícias. E enquanto eles falavam, eu via o garoto se afastar. Com isso, desisti de algo que nem tinha acontecido. Mas como meu primo logo me dispensou, dizendo estar atrasado, eu pensei que poderia alcançá-lo. E pelo menos poder observar por mais tempo aquela divindade. E continuei andando. Como ele tinha passado por mim, e eu não fiquei muito tempo falando com meu primo, eu passei a ficar a uma pequena distância e assim pude admirar a bundinha dele. Linda. Redondinha. Gostosa! E me admirei quando vi que o garoto estava retardando o passo ao me ver se aproximar. Ele virou pra mim e apresentou-se: - Douglas! Ele era lindo. Uma voz macia. Um olhar profundo. E enquanto eu ia a loja, ele me acompanhou. Já que ele ia para a Ribeira. Ao chegarmos eu achei que ele ia continuar o caminho dele. Mas ele parou. Me esperou comprar o que eu tinha que comprar, conversando umas bobagens, rindo de algumas coisas, e me contou que morava há pouco tempo em Natal, vinha de Campina Grande, aí reconheci que o abada dele era da micaroa de Campina Grande. E que tinha vindo morar com o irmão, com quem ele ia almoçar. Depois, terminado o que eu tinha que fazer, ele notando que eu me preparava perguntou se não havia um lugar onde poderíamos ficar mais a vontade. Surpreso, disse não conhecer. Ele então revelou que haviam alguns hotéis baratinhos - leia-se chechelentos - na Ribeira que poderíamos ficar. "Só não sei quanto é". Falei que não tinha dinheiro ali. E ele soltou a pérola que eu nunca esqueci: "E você pretende sair com um cara sem dinheiro?". Engoli essa a seco, e acabei decidindo ver onde aquilo ia dar. Falei-lhe que poderia ir ao banco, enquanto ele ia ao hotel descobrir quanto seria a diária. Fui, tirei o dinheiro, reencontrei-o no lugar que marcamos, e fomos ao hotel. Quarto sujo. Paredes mofadas. Chão de xadrez. Ele me beijou. Beijava bem e delicadamente. Começou a tirar minha roupa, acreditando que me comeria ali fácil. Mas avisei-lhe que não. Virei-o de quatro. Mordi-lhe a bunda. Lambi-o e o penetrei com força por uns bons vinte minutos, de quatro, em pé, frango-assado e gozei com ele cavalgando e gozando junto, animado.

18 comentários:

  1. Gente!!!! Que bafo isso! A coisa que mais me assustou: E como vc pretende sair com um homem sem dinheiro?
    Trah total!
    cherry, não sei como vc topou essa...
    Beijos!

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  2. Vc sabe que ri muito aqui.

    Cada aventura amigo,muito bom!!

    como sempre!

    Abração!!!

    o/

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  3. Esse post saiu do mundo de QUEER AS FOLK?
    Acho que Natal tem mais boiolas espalhados pelas ruas que SP!
    Qto cafuçu! Qta confusão!
    Uma coisa grita pela minha atenção: o que vc fez/faz pra atrair esses tipos?

    Boa Sorte e quem venhas outras estórias!

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  4. Nossinhora!

    Esse trem vicia! rs

    Depois vou voltar pra ler tudo! Desde o primeiro post! Gostei mesmo das histórias!

    Tenho certeza q c é uma pessoa especial! E merece muita felicidade! E se prepara, q ela chega logo!!

    Abraço!

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  5. Esse post me hipnotizou.
    Cara como dei boas gargalhadas... A melhor: "E você pretende sair com um cara sem dinheiro?".
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkk


    Essa foi inesquecivel.

    Grande abraço.

    :***

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  6. Perdeu a noção FOX... um post deste tamanho (risos), mas beleza, demorei mas adorei!

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  7. Bom, pelo menos uma da situações acabou em sexo! Eu já estava achando que vc ia terminar essa no celibato! Hauahauhauahauah!

    Bom, outras impressões eu prefiro falar pra vc diretamente pelo MSN.

    Beijão, meu lindo!

    :D

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  8. nossa.. qtas histórias de cafuçus hein?
    pra mim aqui em sp.. cafuçus é só um casinho.. nao tem essa conotação de boy q cobra...

    adorei o desfecho da história do motel.. hahaha.. belo troco vc deu
    ^^

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  9. Credo foxx, depois de todas estas histórias, eu só tenho uma coisa a te falar: tu tem cara de milionário amigo!
    Todo mundo acha que pode tirar proveito de ti...
    Credo, que gente baixa essa...
    Aconteceu algo semelhante comigo na praia no carnaval passado... Um cara passou primeiro vendendo drogas, daí perguntou de onde nós éramos e falou algumas amenidades. Depois passou outra vez e disse: "Vai uma cervejinha gelada ae amigo?" e eu: "Não, obrigado." E ele: "Hum, não quer mesmo? E uma pica bem quente?" Eu olhei pra ele, gargalhei e recusei.
    Bjo amigo!

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  10. azar do caralho... paquerar um cara e ele ser cafuçu. eu daria um fora da porra!

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  11. meu sonho que tivesse tanto viado na rua assim aqui ...

    enfim ...

    essa de pagar por sexo tá por fora.

    será que dá dinheiro???
    aaai vou virar um cafuçu também ... hua hua hua \o/

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  12. adorei o grande post, mas aqui nenhuma foto abriu. =\

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  13. obs...

    1. na minha terra isso se chama cara de pau...
    2. o senhor deve ter cara de rico...
    3. o senhor está linkado em virtude do grande talento que tem para blogar...

    adorei seu blog, to passando aqui sempre. esse ultimo post foi delicioso de ler! :-)!

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  14. Nossa,esse povo gosta mesmo de dinheiro né? rsrsrs.

    Agora essa de: "E como vc pretende sair com um homem sem dinheiro?" foi o ápice de td!

    Esses meninos estao perdendo a noção! hehe.

    Gostei muito do seu blog. E por isso estou tomando a liberdade de comentar e de te linkar.

    Abração e bom final de semana!!

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  15. Criatura...

    Fiquei passado com essa ruma de michê que cruzou teu caminho.

    Aff...

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  16. Oi Foxx.
    Definitivamente, eu passei a acreditar que: ou em Natal tem muito morto de fome, ou você deve ser uma das únicas pessoas que se veste bem na cidade. Porque eu e meus amigos já tivemos algumas abordagens do tipo em São Paulo, mas você tá pra entrar pro Guiness...
    Passe a andar mais fuleiro, mais mal vestido, e vire ator, faça muita cara de mal, que aí você passa a cobrar pelos programas ao invés de ser cobrado... Eh, eh...
    Beijão, meu grande amigo.

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  17. O Povinho Anti profissional..

    huahuahuahuauh

    Eu ganharia Rios de Dinheiro..

    kkkkk

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway