A maior parte dos mitos chineses que falam sobre experiências homoeróticas têm personagens jovens ou meninos, uma exceção é o conto O Fazendeiro e o Dragão. Apenas dragões consistentemente tem relações sexuais com homens mais velhos. No conto, um agricultor de 60 anos de idade chamado Ma passeava ao longo de um campo, quando, de repente, ouviu trovões, o céu ficou cinza e uma tempestade começou a se formar. Ele sentiu um mal pressentimento e um arrepio nas costas e pensou que os céus estavam irados com ele, ele então se abaixou, ajoelhado, com a cabeça colada ao chão, e ficou imóvel, tentando esconder-se. Em vez da ira do céu, no entanto, foi um dragão que voava por ali e resolvera pousar. Chegando ao chão, o dragão encontrou Ma deitado, com as nádegas para cima. Excitado, o dragão resolveu que possuiria Ma ali mesmo. Ele penetrou-lhe, com violência, enquanto mordia-lhe a cabeça. Depois de terminado, o dragão subiu aos céus envolvido com trovões e relâmpagos, o fazendeiro foi deixado sozinho no chão, com todo o corpo coberto com o líquido fedorento deixado pelo dragão. Inicialmente, o agricultor não ousou mencionar a ninguém o que havia lhe acontecido, porém os ferimentos causados pelo pênis do dragão e as mordidas do animal começaram a doer muito, ele então teve que procurar um médico e revelar o que lhe acontecera.
Os dragões são bestas mitológicas descritas pela combinação de diversos
animais: olho de tigre, corpo e pescoço de serpente coberto por escamas de peixe, patas de águia, chifres de
veado, orelhas de boi, bigodes de carpa, cabeça de camelo, apesar que os dragões também possuíam a capacidade para mudar de forma, tornar-se invisível e até brilham no escuro. Embora muito raras, existem variações do dragão chinês "padrão": algumas
esculturas e estátuas de dragões foram encontradas com asas brotando
por trás de suas pernas da frente, enquanto outros foram apresentados
como tendo o corpo de uma carpa, barriga de uma tartaruga, e a cabeça de
um cavalo. Muitas
representações mostram também o dragão com uma pérola flamejante sob
seu queixo, outro símbolo de boa sorte e prosperidade.
Os dragões são animais sagrados que participaram com Pan Ku, o deus criador, da criação do mundo. Eles representam a energia que destrói, mas também permite o nascimento. Eles aparecem comumente como um símbolo auspicioso. A origem exata do dragão na cultura chinesa permanece indefinida, embora suas primeiras representações possam ser rastreadas até os totens feitos por várias antigas tribos chinesas. Contrariamente à versão européia e medieval, os dragões chineses não cospem fogo, nem foram pensados para ser bestas inteiramente más. Eles eram vistos como sendo sábios e carinhosos, possuindo personalidade e poderes mágicos. Dragões só se transformariam em animais ferozes se eles se irritaram.
Estes animais se dividem em quatro espécies: os dragões de fogo, vermelhos, que protegem os elementos naturais, inclusive, o vento, o fogo, o céu e um raio, e tem uma personalidade extrovertida e facilmente procuram brigas; os dragões da terra, verdes, responsáveis por vigiar os tesouros da terra, as plantações e as montanhas, estes são bondosos e sempre tentam ajudar os outros; os dragões de metal, que são dourados, e guardam os metais e pedras preciosas, estes são sovinas, egoístas e não costumam se preocupar com os sentimentos alheios; e os dragões de água, que são azuis e guardam a chuva, cachoeiras, poços e mares, e toda a água, são os mais sábios. Dawn R. Cole afirma que essa preponderância dos dragões de água sobre os outros é porque a água era de importância primordial para a sobrevivência na China Antiga, por isso era entre eles que haviam os quatro grandes governantes: o Dragão do Mar Leste, o Dragão do Mar Sul, o Dragão do Mar Oeste e o Dragão do Mar Norte, que governavam o mundo.
O dragão é, então, para os chineses a personificação do yang, o princípio masculino. E Allan J. Stover diz: "Os símbolos são uma introdução ao pensamento sem palavras, e formam uma linguagem de analogia pelo qual podemos explorar a interioridade do universo". Ele também afirma que cada símbolo tem o seu significado inerente, mas este é sempre um significado geral, o símbolo somente adquire um significado específico quando está em utilização dentro de um certo processo cultural, como o mito. Em outras palavras, podemos dizer que o sentido de masculino que o dragão possuí é seu significado geral, contudo dentro do mito em que ele sodomiza um velho, o dragão ganha um significado específico.
A primeira questão a se colocar sobre o mito do velho Ma e o dragão é a situação de estupro/violência em que se dá o contato homoerótico, o dragão não seduz do fazendeiro, ele apenas toma-o, goza e parte; não existe carinho da besta pelo senhor, não existe nenhum amor, apenas um impulso sexual que precisa ser obedecido. Este é o princípio masculino personificado pelo dragão, sem a presença do yin, a potência feminina, o dragão toma aquilo que sente vontade sem levar em consideração o outro. O dragão, completamente macho, é incapaz de se colocar no lugar do outro, de demonstrar empatia por aqueles que estão em seu entorno, tal dom, tal característica receptiva/passiva é parte de nossa natureza yin, natureza esta que o dragão não possui.
A segunda questão é a vergonha que impede o velho Ma de procurar ajuda imediata para os ferimentos que o dragão lhe causaram, a dor precisa se tornar insuportável para o velho contar a alguém que havia sido sodomizado por um dragão. O estupro per si pode ser o motivo, mas uma leitura apressada poderia dizer que o fazendeiro teria vergonha da relação homoerótica, porém se procurarmos a literatura que fala sobre a reação das mulheres que eram vítimas de estupro na China Antiga veremos que elas muitas vezes cometiam suicídio dado a vergonha que representava terem sido violadas por um homem estranho. A situação de Ma é a mesma, a vergonha pelo estupro é sem dúvida a tônica que o impede de pedir ajuda, pois o coloca numa situação enfraquecida e completamente passiva/feminina/yin, que ofende sua masculinidade de forma muito pior que a própria relação homoerótica.
Os dragões são animais sagrados que participaram com Pan Ku, o deus criador, da criação do mundo. Eles representam a energia que destrói, mas também permite o nascimento. Eles aparecem comumente como um símbolo auspicioso. A origem exata do dragão na cultura chinesa permanece indefinida, embora suas primeiras representações possam ser rastreadas até os totens feitos por várias antigas tribos chinesas. Contrariamente à versão européia e medieval, os dragões chineses não cospem fogo, nem foram pensados para ser bestas inteiramente más. Eles eram vistos como sendo sábios e carinhosos, possuindo personalidade e poderes mágicos. Dragões só se transformariam em animais ferozes se eles se irritaram.
Estes animais se dividem em quatro espécies: os dragões de fogo, vermelhos, que protegem os elementos naturais, inclusive, o vento, o fogo, o céu e um raio, e tem uma personalidade extrovertida e facilmente procuram brigas; os dragões da terra, verdes, responsáveis por vigiar os tesouros da terra, as plantações e as montanhas, estes são bondosos e sempre tentam ajudar os outros; os dragões de metal, que são dourados, e guardam os metais e pedras preciosas, estes são sovinas, egoístas e não costumam se preocupar com os sentimentos alheios; e os dragões de água, que são azuis e guardam a chuva, cachoeiras, poços e mares, e toda a água, são os mais sábios. Dawn R. Cole afirma que essa preponderância dos dragões de água sobre os outros é porque a água era de importância primordial para a sobrevivência na China Antiga, por isso era entre eles que haviam os quatro grandes governantes: o Dragão do Mar Leste, o Dragão do Mar Sul, o Dragão do Mar Oeste e o Dragão do Mar Norte, que governavam o mundo.
O dragão é, então, para os chineses a personificação do yang, o princípio masculino. E Allan J. Stover diz: "Os símbolos são uma introdução ao pensamento sem palavras, e formam uma linguagem de analogia pelo qual podemos explorar a interioridade do universo". Ele também afirma que cada símbolo tem o seu significado inerente, mas este é sempre um significado geral, o símbolo somente adquire um significado específico quando está em utilização dentro de um certo processo cultural, como o mito. Em outras palavras, podemos dizer que o sentido de masculino que o dragão possuí é seu significado geral, contudo dentro do mito em que ele sodomiza um velho, o dragão ganha um significado específico.
A primeira questão a se colocar sobre o mito do velho Ma e o dragão é a situação de estupro/violência em que se dá o contato homoerótico, o dragão não seduz do fazendeiro, ele apenas toma-o, goza e parte; não existe carinho da besta pelo senhor, não existe nenhum amor, apenas um impulso sexual que precisa ser obedecido. Este é o princípio masculino personificado pelo dragão, sem a presença do yin, a potência feminina, o dragão toma aquilo que sente vontade sem levar em consideração o outro. O dragão, completamente macho, é incapaz de se colocar no lugar do outro, de demonstrar empatia por aqueles que estão em seu entorno, tal dom, tal característica receptiva/passiva é parte de nossa natureza yin, natureza esta que o dragão não possui.
A segunda questão é a vergonha que impede o velho Ma de procurar ajuda imediata para os ferimentos que o dragão lhe causaram, a dor precisa se tornar insuportável para o velho contar a alguém que havia sido sodomizado por um dragão. O estupro per si pode ser o motivo, mas uma leitura apressada poderia dizer que o fazendeiro teria vergonha da relação homoerótica, porém se procurarmos a literatura que fala sobre a reação das mulheres que eram vítimas de estupro na China Antiga veremos que elas muitas vezes cometiam suicídio dado a vergonha que representava terem sido violadas por um homem estranho. A situação de Ma é a mesma, a vergonha pelo estupro é sem dúvida a tônica que o impede de pedir ajuda, pois o coloca numa situação enfraquecida e completamente passiva/feminina/yin, que ofende sua masculinidade de forma muito pior que a própria relação homoerótica.