Google+ Estórias Do Mundo: outubro 2010

domingo, 31 de outubro de 2010

Lençóis

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
Sinceramente não sei como chegamos naquele ponto tão rápido. Há 30 minutos eu estava sozinho e agora me vejo de encontro a uma parede dura, empurrando-o contra ela enquanto nos beijávamos com uma certa sofreguidão. Ele puxava meu corpo contra o dele, e eu sentia os músculos negros contra minha pele branca, sentia também seu quadril roçando no meu, deixando-me muito excitado. Foi quando eu agarrei suas nádegas, grandes e firmes, apertei e já descia meus dedos por entre elas, procurando-lhe o cu. Ele, no entanto, tirou minha mão de lá e com um sorriso, beijou meu pescoço e virou-me de costas para ele.
Fiquei apertado entre aquele corpo musculoso e a parede dura, enquanto ele enfiava delicadamente os dedos por dentro de minha cueca e a conduzia até meus pés. Foi quando ele resolveu acompanhar minha coluna com sua lingua, áspera e úmida, até enfia-la entre as minhas nádegas. Apoiado na parede, empinei meu quadril para ele, e um raio me atingiu a mente. Eu estava com André, o homem mais bonito com quem eu já estive alguma vez na vida. Ele era tão bonito que ficar com ele era quase algo errado. O pensamento durou apenas um segundo e foi rapidamente sepultado por uma dose de cinismo. A quem queremos enganar? Todos adoram pessoas bonitas, eu particularmente, graças a Régulos, sou um verdadeiro esteta, apenas controlo isso com doses cavalares de superego. Então, me deixei levar e pedi, sem vergonha, que ele me penetrasse. Foi aí que ele novamente se ergueu, feliz dava para perceber, e mordeu, levemente, o lóbulo de minha orelha, encaixando com cuidado aquele pau túgido, grande e grosso, entre minhas carnes, para em seguida, começar a mover-se suave e cadencialmente, com habilidade de quem conhecia a lida. André me tinha ali, de pé, contra uma parede. Foi ali que ele me fez gozar, absolutamente sem me tocar.
No entanto, ao gozar, não pude mais ficar com ele. Acordei , sozinho em minha cama, e percebi que tudo não passava de um sonho, um sonho com alguém do meu passado, real, mas com o qual nunca tive nada mais do que um beijo e agora me restavam apenas os lençois de minha cama, agora sujos, para colocar para lavar assim que o dia amanhecesse e a lembrança dos últimos seis meses sem nenhum sexo.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Samba do Approach

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
Sexta-feira a noite, de uma noite quente, em Belo Horizonte. Caminho em direção ao ensaio do coral que eu faço parte dentro da Universidade, quando passo diante do prédio da Escola de Belas Artes. Na direção contrária vem ele. Apesar da noite quente, ele veste um moletom vermelho, cara de menino jovem, com no máximo dezenove anos, ele me olha e eu, não que corresponda, mas já que ele está olhando, dou corda para ver no que vai dar. É por isso que depois que ele passa eu olho para trás e o vejo olhando também, é por isso que olho para trás de novo e o vejo voltando para falar comigo, é por isso então que diminuo o passo, até finjo arrumar alguma coisa na barra da minha calça, pensando: "Vamos ver no que isso vai dar", afinal meu horóscopo havia prometido conhecer pessoas novas naquela sexta-feira.
É quase diante da porta do prédio da Belas Artes que ele me alcança e como uma arma de fogo, atira: 
- 'Tá afim de quê?
Sem nenhum comentário antes, sem perguntar meu nome, somente essa abordagem de bate-papo do Uol. Eu, então, com ar de quem esperava por isso, respondi:
- Péssimo approach.
Por um segundo ele pareceu não entender, até que perguntou novamente:
- Então você não 'tá afim de nada não?
- Não! - respondi - Com você, para fazer sexo em um banheiro, não estou não!
Ele girou nos calcanhares como se nada tivesse acontecido, quem não notasse uma leve vermelhidão em sua face provavelmente acreditaria nisso, e foi embora, enquanto eu continuei indo para o meu ensaio rindo alto e sozinho, naquela sexta-feira quente de Belo Horizonte.





domingo, 24 de outubro de 2010

Get Better

Quando adolescente, eu tinha medo de sair de casa. Tinha medo de ouvir aonde eu passava: "viadinho", "bichinha". Eu já ouvia isso na escola, ouvia entre meus vizinhos, ouvia em casa dos meus pais e irmãos, então eu preferia ficar em frente a tv. A tv não me dizia que eu estava errado, que eu era alguém que ia queimar no inferno, que eu era criminoso. Na verdade ela dizia, mas não dizia para mim, era para qualquer outro personagem efeminado que aparecia na tela, um costureiro, um cabeleireiro, alguém num programa de humor, eram eles e eu podia fingir que nada daquilo era comigo. Eu podia.
Mas um dia eu cresci, e eu vi que eu não podia mais me esconder atrás da tela daquele aparelho e evitar viver a minha vida. Eu não podia simplesmente ignorar que aquele mal estava sendo feito, a mim, a outros, fiz faculdade, cresci, beijei vários e muitos e fiz sexo com outro tanto, e vivi plena e feliz a sexualidade que os outros acham que é errada. Mas não é! É a minha e nada que eu faça em minha vida é errado porque é minha vida, meus caminhos e minhas escolhas, e cada caminho que eu tome será sempre o correto porque eu aprendei com ele, pelos erros e pelos acertos. Não cabe a ninguém, absolutamente ninguém, nem meu pai ou minha mãe, nem o padre ou a Bíblia, nem o próprio Deus dizer como eu devo viver a minha vida. 
Crescido, me tornei professor, e sim eu vi acontecer de novo e de novo tudo aquilo que eu vi acontecer comigo. Mas não, não fiquei parado, não fiquei quieto, nem fiquei em silêncio. Defendi alunas minhas que foram vistas aos beijos no banheiro da escola, denunciei um pai que espancava o filho dizendo q ele era "viadinho", falei em alto e bom som que condenar um menino que havia se suicidado ao descobrir que era soro positivo aos quinze anos era, para dizer o mínimo, antiético da parte de profissionais que deveriam estar lá para ensinar. Também ajudei meninos que estavam em momentos de transformação, assumindo sua identidade sexual, deixando de ser meninos para se tornarem meninas. Às vezes o que eles precisam é apenas de um bom modelo a seguir. Também xinguei a Globo Minas em alto e bom som (via e-mail) quando eles criticaram crianças dizendo que meninos brincam com brincadeiras de meninos, e continuo repetindo aqui: cadê a porra de sua responsabilidade social, Rede Globo?, hoje, estou terminando e me formando no curso que a Universidade Federal de Minas Gerais oferece de Educação Sem Homofobia. Aqui o site.
Mas porque disso tudo? Porque todos os meninos têm o direito de sonhar que um dia serão felizes, amados, que poderão amar e ser amados em retorno. Todos os meninos têm esse direito. Têm o direito de sonhar. E principalmente porque ser gay não é só se interessar por homens, é ter atitude política, atitude de protesto e de descontrução de todas essas formas heteronormativas que balizam nossa sociedade. Bichas, uni-vos! E sim, isso vai melhorar, tudo vai melhorar, se cada um fizer a sua parte.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

ESPECIAL RIO DE JANEIRO: Verdade ou Mentira?

, em Niterói - RJ, Brasil
"Eu vou fazer você tomar gosto pela pegação de novo", foi como o Gui terminou a noite, profético, após cervejas e cigarros no São Dom Dom, em Niterói, junto a mim, Bruno e uma amiga dele, e meu priminho Lobo. Tudo aconteceu em uma noite de quarta, que reservei para encontrar alguns blogayros que moram todos em Niterói, onde eu estava hospedado. Após fecharmos um bar, o Tombadilho, e infelizmente o Lobo precisar ir embora, irmos então para outro, no qual ficamos até a amiga de meu anfitrião precisar também ir embora. Neste último, surgiu, entre os inúmeros assuntos em pauta na mesa, a pegação que acontece na ponte para a ilha da Boa Viagem, próxima a região em que estávamos. Os dois, Gui e Bruno, extremamente curiosos para saber como funcionava aquela espécie de pegação, o qual não conheciam e inclusive, no caso do Bruno, ele acreditava que era pura lenda urbana que algo acontecesse por ali.
Fomos! Contudo ao chegar lá não haviam muitas pessoas. Três jovens que conversavam sentados em uma mureta caiada de branco, nós três e mais um cara mais velho, por volta de seus 45 anos, que ficava rondando. Deixei os meninos observando o movimento e me afastei, sentando em outra mureta, fumando um cigarro do Bruno, eles no entanto devem ter acreditado que eu estava interessado no cara mais velho que circulava próximo a mim. "Então? Não vai lá falar com ele?". Neguei veementemente! Eles começaram a me questionar, perguntar motivos consistentes para que eu não ficasse com ele, coisa que de fato eu não tenho. "A gente vai falar com ele p'ra você então...". E saíram, juntos, para falar com o cara, enquanto eu tentava dizer não. 
Contaram-me isso depois. Chegaram no tal cara, que disse se chamar Hugo, e perguntaram o que ele estava procurando por ali - abordagem típica - e ele disse que procurava dois meninos novinhos e bonitinhos como eles dois (devo admitir que ele tem bom gosto). Continuando a conversa, Bruno perguntou se ele tinha isqueiro, ele logo falou que não tinha, falou também que não gostava de quem fumava e para livrar-se dele Bruno já afirmou que fumava muito. "Quase acendi três cigarros ali na frente dele". Pouco depois, eu que observava de longe, vi que ele se levantou de onde estava para olhar para mim e ver se estava interessado. E, obviamente, ele não estava. Na verdade ele ficara interessado no Gui, o único não fumante, que por causa do tal ter mais ou menos o triplo da idade dele, preferiu continuar empurrando o cara para cima de mim, enquanto o cara continuava por ali.
O clímax da "pontinha", contanto, foi quando ele chamou o Gui e perguntou quem de nós três queria ir numa parte mais escura checar um barulho que ele tinha ouvido. "Ô desculpinha mais esfarrapada!", contudo nenhum dos meninos tinha a menor coragem de ir com ele e a mim faltava interesse, porém, como o Gui estava determinado a me fazer beijar naquela noite, ele propôs que fossemos os três, o que obviamente assustou o tal cara. Era óbvio o desconforto dele, apesar que ele se mantinha sempre próximo ao Gui. Foi quando ele, do nada, sacou um laser, daqueles de apresentação de Powerpoint em sala de aula, e saímos de lá ouvindo as palavras do Bruno ecoar: "De que Cine Ideal você roubou esse laser?". 
Na volta, o Gui me deu um sermão. Perguntou porque eu não fiz nada, "Você quem tem que se interessar pela pessoa, não esperar que ela se interesse por você", me perguntou motivos concretos e reais para eu evitar ficar com pessoas, o qual ele mal me deixou responder, e, por fim, lançou na minha cara, como um tapa forte e certeiro: "Olha, se você quer acreditar que ninguém nunca está interessado em você, você tem todo esse direito. Eu sinceramente acredito que você não merece passar por isso, mas respeito sua decisão".
Pois é: como conclusão, sim, é verdade que rola pegação na Ponte da Boa Viagem em Niterói. Mas é verdade as palavras que ouvi do Gui também? Basta eu passar a achar que as pessoas são capazes de se interessar por mim que elas milagrosamente começarão a aparecer diante de mim ou eu voltarei a minha situação anterior de continuar "correndo atrás" de pessoas que no fim nunca se mostram minimamente interessadas? Qual, neste caso, é a verdade?


domingo, 17 de outubro de 2010

ESPECIAL RIO DE JANEIRO: Dia Internacional do Bambolê

, em Niterói - RJ, Brasil
Era uma tarde de segunda-feira em que o sol insistia em manter-se escondido atrás de nuvens. O plano inicial entre eu e o Bruno era encontrar alguns blogayros na Lapa e beber algumas cervejas por lá, mas quando tentei confirmar com estes sua presença, um a um, começaram a desistir do programa leve. Com isso, resolvemos procurar algo diferente para fazer, e como não tínhamos nenhuma idéia, Bruno propôs entrarmos no bate-papo do UOL com o nick "Quero Sair. Ajudem!" e pesquisar opiniões sobre lugares para se ir naquela véspera de feriado.
Conversamos com algumas pessoas e as dicas sempre se voltavam para a Noite Preta, com a Preta Gil, que aconteceria no Espaço Ação Cidadania, que faz parte do projeto de revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro. Contudo, o preço salgado nos desanimou. Foi quando começamos a conversar com um dos presentes na sala com nick "Moreno Nit", este nos propôs sentar em algum bar aqui em Niterói mesmo, sentarmos os três para conversar. Porque ele não freqüentava o meio gay. Bruno me olhou assustado, mas eu o encorajei a dar mais corda a conversa, e ele o adicionou ao MSN. Conversamos os três, através do MSN do Bruno, por quase toda tarde quando meu anfitrião tomou coragem de encontrar nosso novo amigo. O "Moreno Nit" se revelou um cara inteligente, de papo agradável e excelente senso de humor, apesar de ainda manter-se no armário e dar muita importância a "ser discreto". Marcamos às 20h, quando ele passou por aqui em seu carro para nos pegar.  
Acabamos parando em um restaurante japonês na Cantareira mesmo e também no Vestibular do Chopp, onde eu notei o Bruno cada vez mais interessado no cara da internet. Ele era um mulato de belo corpo e jeito de malandro carioca, o típico malandro carioca pegador e jogador de futebol de areia - se é que me entendem. Notei que logo mãos se entrelaçaram por baixo da mesa, carinhos nas pernas eram trocados, além de olhares cúmplices. Não foi surpreendente ouvi-lo perguntar, após irem ao carro trocar alguns beijos com mais segurança, se eu me incomodaria de esticar a noite na casa do "Moreno Nit". E como tenho a política de nunca atrapalhar chances de meus amigos se divertirem, aceitei sem pestanejar o convite. Eles iriam dormir juntos, eu ficaria no quarto de hóspedes, vendo tv, tomando algumas cervejas que ele tinha em casa e fumando o quanto quisesse. Foi quando Bruno completou: "Quando fomos no carro, ele inclusive ligou para um amigo dele p'ra ficar com você. Disse que o cara era bonito e tudo, mas parece que ele já estava com um cara". Eu sorri, dizendo que não era necessário. "Eu estou acostumado a sobrar mesmo". 


domingo, 10 de outubro de 2010

ESPECIAL RIO DE JANEIRO: Catarse no Cine Ideal

, em Rio de Janeiro - RJ, Brasil
Foi dentro daquela boate na Rua da Carioca com cheiro de cerveja, vinho barato, suor e vômito pelo ar que me dei conta que eu não queria pertencer a lista de alguém, no entanto, o sabor de um passado que já não me pertence mais envenenou meus lábios. Lembrei com muita clareza dos meus vinte-e-um anos, das competições com amigos, das caçadas por beijos, por nomes em listas, por contabilidades de fim de festa, coisas que sinceramente me divertiam, mas que hoje são absurdamente vazias, vazias de significado, de força, de atrativo, de vida. E minha sede é toda de vida. 
Eu não conseguiria mais. O que adiantaria? O que adiantaria beijar novamente tantas bocas, que não tem nome, nem estória, que não participarão de minha vida, que não me conhecerão em nada, que no fim não existem? Porque, ao fim, eu retorno para casa sozinho, seja no Rio, seja em Belo Horizonte, seja em Natal. Bem que pensei, pensei no ônibus enquanto viajava para terras fluminenses, de apenas aproveitar e seguir o conselho do Sunshine num dos comentários anteriores aqui do blog. Disse-me ele, desejando boa viagem, "Lembre-se.. poucos ou quase ninguém te conheçe por ai, e onde somos anônimos, quem faz nossas estórias somos nós! Seja ousado, Safado e discarado!". Eu poderia mesmo beijar qualquer boca, qualquer um, somente aproveitar a noite, afinal eu estou de férias no Rio, não encontraria um namorado aqui, não é? Namoros a distância estão completamente fora de cogitação em minha vida de agora em diante. Mas eu simplesmente não consigo mais me comportar dessa forma. 
Sinto que é dar um passo para trás, é trair quem eu sou, o que sinto, o que acredito, não posso fazer isso, não posso fazer isso comigo mesmo! Não sou mais aquela pessoa, não que haja algo de errado em ser aquela pessoa que eu já fui, não vou cuspir no prato que já comi, contudo acho que tenho que olhar para frente e procurar as estórias que ainda não estão na minha coleção, e o que hoje falta na minha vida é uma bela estória de amor, o capítulo sobre noitadas, beijos e pegação definitivamente se encerrou. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Rio de Janeiro


Olá meus caros, este post é apenas para informar que ficarei a próxima semana, do dia das crianças, no Rio de Janeiro. Ficarei na casa do meu querido Bruno do O Que Aconteceria Comigo?, fico por lá do dia 8 até o dia 14, vou para além de reencontrar um amigo querido, conhecer alguns novos blogayros (não furem comigo de novo, ok? deixem contatos aqui no blog ou pelo e-mail le.foxx@hotmail.com, ou no twitter: @Foxx) e também fazer uma pesquisa que tenho adiado na Biblioteca Nacional, se vocês não lembram o blogayro aqui é doutorando e tem que fazer pesquisa para escrever minha digníssima tese. Enquanto isso, continuem vendo o vídeo, espero ter novas estórias para contar quando voltar, provavelmente com muito álcool envolvindo.