Recebo um convite no Facebook que diz para eu encontrar meus amigos, Andarilho e Peter Pan, no Giramundo naquela sexta-feira. O Giramundo é um bar que fica em Parnamirim, uma cidade dormitório da Grande Natal, onde praticamente todos os meus amigos moram e onde normalmente os encontro para sentar em bares e conversar noite a dentro. Eles nunca vão a Natal, onde trabalham, e eu moro, sempre sou eu que me desloco até eles. É um bar que toca forró e é possível ouvir Suzana Vieira fazendo participação especial no DVD de Desejo de Menina, em que os garçons usam camisas verde-limão apertadas que mostram os braços e peitorais trabalhados em academias ou as barrigas exercitadas em copos de cerveja, que também é frequentado por uma espécie distinta de homens da região de Natal: os vaqueiros.
Um esporte tradicional no Rio Grande do Norte é a vaquejada que consiste, em um corredor determinado, cavalgar com seu cavalo, pegar o rabo de um boi ou vaca, enrolá-lo no braço e, com um único puxão, derrubar o animal dentro de uma faixa pintada na areia com cal braco. Quem acerta três tentativas dentro da faixa vence a disputa. Os vaqueiros contudo não se vestem como agroboys, vestem-se com a mais fina camisa polo Lacoste e calças jeans Ellus, que combinam com indefectíveis botas de couro, de bico fino e ponta de metal, e apelam para perfumes franceses fortes, sobretudo fragrâncias clássicas como o Azzaro e o Lapidus.
Foi cercado deste ambiente que cheguei meia hora atrasado. Cheguei e já haviam todos chegado. A reunião havia sido marcada para o Peter Pan apresentar finalmente o seu namorado a todos os outros amigos. Peter não mora mais em Natal. Ele passou em um concurso e está morando no interior do Estado e lá conheceu o novo namorado, o qual, por motivos de trabalho, só pode vir a Natal neste fim de semana para conhecer as pessoas com o qual já tinha falado no telefone várias vezes, por insistência do Peter que o fazia conversar com todos os amigos quando ele ligava e algum deles estava presente. Eu cheguei e ao puxar uma cadeira para saber onde eu sentaria, notei aonde eu estava me metendo. Eram quatro casais, o Andarilho e o namorado, o Peter e o novo namorado, e dois casais de lésbicas, nossas amigas. Eles estavam sempre sentado em pares e eu acabei sentando entre o Andarilho e o namorado e um casal de lésbicas. Obviamente, não chamei atenção para o fato de eu ser o único solteiro na roda. Como sempre. Mas pelo jeito não era meu destino escapar daquilo.
Não demorou muito para que a Fabi, que estava do meu lado, ao olhar para todos na mesa e terminar sorrindo para mim notasse que havia um padrão que eu quebrava ali e não deixou de comentar. "Pois é, Foxx, só falta o senhor arranjar um namorado agora". Eu respirei fundo e sorri amarelo, mas respondi: "Bem que eu queria, Fabi". Ela então lançou aquele discurso preparado de que "quem muito escolhe acaba sozinho", mesclado com "todo mundo tem uma alma gêmea" mais "um dia você vai encontrar seu príncipe encantado". Eu sorri condescendente, mas ela ia continuar o discurso que fatalmente ia terminar dizendo que a culpa era minha de eu estar sozinho, eu então encerrei o assunto: "Bem, infelizmente, ninguém é capaz de se interessar por mim...". Ela ouviu prendendo o ar, surpreendida. "Infelizmente as únicas pessoas capazes de se interessar por mim são garotos de programa!". Ela ia contra-argumentar, o máximo que conseguiu foi: "Isso não pode ser possível!", eu então dei o assunto por encerrado e perguntei mais sobre a vida do novo namorado do meu amigo.
No entanto, chegando em casa, de madrugada, após postar no Twitter: "kd o amor?", um contato, no Facebook, me chamou para conversar e disse-me, muito claramente: "Olha, Foxx, sinceramente, se eu morasse mais perto de você, na mesma cidade, eu com certeza te namoraria. O único motivo que me impede de investir em você é, sem dúvida, a distância". Eu agradeci as palavras. E pensei logo que algum deus travesso resolveu brincar comigo naquele fim de semana. Primeiro ele mostra como, em Natal, eu estou sozinho, sendo o único no grupo de amigos solteiro; depois ele me exibe como outras pessoas, fora de Natal, se interessam por mim. Este deus travesso deve divertir-se em ver o meu sofrimento como um sádico que se diverte torturando um faminto comendo o mais belo manjar diante dele. Ele mostra que lá longe, onde não posso alcançar, o meu sonho seria possível; mas se eu me aproximasse, como quando fui para Belo Horizonte, tudo se desfaria no ar como uma miragem. Este deus travesso gosta de me mostrar o impossível lá longe só para que eu corra atrás e ele mostre novamente mais longe e mais longe, porque ele diverte-se apenas comigo correndo atrás, ele não pretende nunca conceder-me o prêmio, só para que eu continue em seu encalço e ele mantenha seu brinquedinho. É a melhor explicação para minha vida amorosa mesmo: uma maldição de algum deus travesso.
Não demorou muito para que a Fabi, que estava do meu lado, ao olhar para todos na mesa e terminar sorrindo para mim notasse que havia um padrão que eu quebrava ali e não deixou de comentar. "Pois é, Foxx, só falta o senhor arranjar um namorado agora". Eu respirei fundo e sorri amarelo, mas respondi: "Bem que eu queria, Fabi". Ela então lançou aquele discurso preparado de que "quem muito escolhe acaba sozinho", mesclado com "todo mundo tem uma alma gêmea" mais "um dia você vai encontrar seu príncipe encantado". Eu sorri condescendente, mas ela ia continuar o discurso que fatalmente ia terminar dizendo que a culpa era minha de eu estar sozinho, eu então encerrei o assunto: "Bem, infelizmente, ninguém é capaz de se interessar por mim...". Ela ouviu prendendo o ar, surpreendida. "Infelizmente as únicas pessoas capazes de se interessar por mim são garotos de programa!". Ela ia contra-argumentar, o máximo que conseguiu foi: "Isso não pode ser possível!", eu então dei o assunto por encerrado e perguntei mais sobre a vida do novo namorado do meu amigo.
No entanto, chegando em casa, de madrugada, após postar no Twitter: "kd o amor?", um contato, no Facebook, me chamou para conversar e disse-me, muito claramente: "Olha, Foxx, sinceramente, se eu morasse mais perto de você, na mesma cidade, eu com certeza te namoraria. O único motivo que me impede de investir em você é, sem dúvida, a distância". Eu agradeci as palavras. E pensei logo que algum deus travesso resolveu brincar comigo naquele fim de semana. Primeiro ele mostra como, em Natal, eu estou sozinho, sendo o único no grupo de amigos solteiro; depois ele me exibe como outras pessoas, fora de Natal, se interessam por mim. Este deus travesso deve divertir-se em ver o meu sofrimento como um sádico que se diverte torturando um faminto comendo o mais belo manjar diante dele. Ele mostra que lá longe, onde não posso alcançar, o meu sonho seria possível; mas se eu me aproximasse, como quando fui para Belo Horizonte, tudo se desfaria no ar como uma miragem. Este deus travesso gosta de me mostrar o impossível lá longe só para que eu corra atrás e ele mostre novamente mais longe e mais longe, porque ele diverte-se apenas comigo correndo atrás, ele não pretende nunca conceder-me o prêmio, só para que eu continue em seu encalço e ele mantenha seu brinquedinho. É a melhor explicação para minha vida amorosa mesmo: uma maldição de algum deus travesso.