Google+ Estórias Do Mundo: fevereiro 2009

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PRESENTE: Número 02

Uma tarde de fim de verão em Belo Horizonte, o sol se põe e encerra um dia claro. De um azul anil e de folhas e olhos mais verdes. É quando sento no computador e o MSN me avisa que ele está on-line. Ele, a quem não convém dar nomes, eu conheci ainda ano passado. Saímos duas vezes. Educado, sofisticado, beirando ao esnobe, magro, efeminado e feio. Não muito feio. Mas feio. Uma cara de fuinha que me incomodava, mas na situação que me encontro, não posso deixar passar. Mas era inteligente. Falava com naturalidade sobre cultura, imprensa e cinema. Trabalha com internet. Mantívemos o contanto enquanto eu estava em Natal. Conversas rápidas, ele esquivo. E como não confio em pessoas esquivas também me afastei.
Ontem, finalmente, ele me aborda no MSN. "Você ficou chateado com algo que eu disse ou fiz?". Eu realmente tinha ficado, com toda a necessidade de não se envolver dele, alegando que eu estava distante. Eu estava de férias! Mas respondi que não. Não posso jogar fora oportunidades. Ele é feio e esnobe, mas vai que é o sapo que precisa apenas de um beijo para se tornar um principe. E para dizer a verdade, eu até gosto de pessoas esnobes. Humildade me incomoda muito mais. Para provar-lhe então que eu não tinha-lhe mágoas, convidei-o para me acompanhar a uma livraria. Precisava de um livro para o artigo que estou escrevendo sobre o movimento blogayro e não queria ir sozinho. Ele aceitou meu convite. "Nos encontramos em frente a Leitura então".
Depois de rodar a livraria, ele me convida para jantar. "Estou faminto!". E paramos para comer sushis e sashimis, acompanhado de salada de cenoura, broto de feijão e cogumelos. Quando de repente, completamente do nada, ele saca, sério: "Ainda estou envolvido com meu ex, sabe? Pouco, mas ainda estou! Eu então só posso me envolver com outra pessoa quando estiver livre desta sombra, não acho justo com o outro". Eu sorri e fingi que aquilo não era comigo. Levei o bolinho de arroz com salmão ao molho e coloquei-o gentilmente em minha boca, equilibrado firmemente pelo hashi. Molhei meus lábios na minha Aquarius Fresh e levei a discussão para outros assuntos. A possibilidade de mestrado dele surgiu em pauta, em determinado momento, e a discussão encaminhou-se para o que a provável orientadora dele havia achado do projeto, considerado por ela irrealizável, e ele não aceitava ter que mudar sua vontade por causa do obstáculo imposto por outra pessoa. Eu respondi-lhe que isso era bem comum e ele me interpelou sério, como se quisesse destruir todo meu argumento. Mas um gole de água e disse-lhe com um sorriso: "Por exemplo, comigo, eu ainda tenho uma imensa vontade de ter um namorado, um relacionamento sério, sabe? Mas você mudou minha vontade... agora eu não tenho mais vontade que seja com você".
Ele tomou um gole do refrigerante dele, coca, falou uma ou duas palavras sobre Nova Iorque, e o carnaval em Diamantina. "Quando você quiser ir, podemos ir tá?". Eu olhei no relógio dele e vi que ainda faltavam dez minutos para as 21h: "Assim que der 9, ok?". Ele ascentiu e calou-se, durante os dez minutos seguintes. Eu também, só para deixá-lo mais desconfortável.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

PASSADO: Divagações Emeesseênicas


Essa conversa se deu em novembro do ano passado, com alguém, no MSN, somente um trecho de uma fala minha:



"As pessoas, em todo lugar, estão muito mais interessadas com o fim da jornada do que com o caminho. Você quer encontrar a pessoa perfeita, com quem você vai ficar toda a sua vida, e não entende que cada pessoa que deu errado faz parte do aprendizado para você poder encontrar essa pessoa. Um namoro que termina não é um fracasso. É o fim de uma aula. Uma lição aprendida. Ruim, e eu vou morrer dizendo isso, não é terminar um namoro. É nem começá-lo. Porque você não vai aprender nada se trancando dentro de você mesmo e vivendo uma vida sozinho. Sem trocar nada de sua experiência com as outras pessoas. Eu queria começar um namoro a cada 6 meses... até aprender tudo o que eu preciso aprender, como se briga, como se tem ciúmes, como se faz sexo com a mesma pessoa mais de uma vez, como se faz as pazes depois de uma briga, como se vê filmes juntinhos, etc, etc, etc. Só aí eu queria encontrar o cara certo... depois que eu soubesse tudo o que tenho que saber, depois de ter vivido minha vida, sonhado, conquistado coisas, quebrado a cara. Mas as pessoas, quase todas, preferem encontrar seu principe aos 19 anos e viver junto dele para sempre. Eu não... eu gostaria de estar no meu 19º namoro agora, e o 20º seria o cara perfeito, mas nessa lista, ainda me falta 19 namorados até o ideal aparecer."

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

PRESENTE: De Volta

Um incenso de absinto perfuma o quarto, queimando do lado da minha cama. O computador toca sem parar I'm Yours de Jason Mraz, eu estou na janela com um cigarro crema aceso. Belo Horizonte está silenciosa a essa hora. O céu, coberto de nuvens, está rosa. Um vento levemente frio entra pela janela e tenta empurrar a fumaça do cigarro para dentro. A luz do monitor, a única acesa em todo apartamento, reflete no chão de madeira recentemente encerado. Meus travesseiros estão amassados sobre a cama, o lençol e o edredom não sabem o que é companhia há meses. Minto. Sabem sim. Crime e Castigo de Dostoiévski está largado na mesa de cabeceira há mais tempo do que consigo lembrar. Lido pela metade, como também está O Anel de Átila de Albert Salvadó, não consigo terminá-los, Dostoiévski porque seria mais fácil lembrar do nome dos personagens de uma lista telefônica do que dos que compõe este livro, Salvadó porque ele é chato mesmo. Que bom que os dois livros foram baratos.
Meu AMSN reclama atenção com seu clique distintivo. Amigos de Natal, amigos oriundos do blog, todavia ninguém de Belo Horizonte. Ninguém de perto. Sinto-me só, aqui nesta janela que dá para o pátio do condôminio. Um rapaz com a namorada cruzam o estacionamento abraçados. Não o conheço, nem a ela. Uma única estrela aparece, cercada por nuvens cor-de-rosa (por que esse céu é rosa?), sozinha também, solitária. Será que ela se sente como eu? Ou será que ela sabe que só está sozinha porque as nuvens esconderam suas companheiras de constelação? Será que é assim comigo também? Estou cercado de nuvens e não consigo enxergar as outras estrelas? Agito os braços e tento soprar as nuvens ao meu redor, mas nada muda e resignado, dou a última tragada no cigarro. Sua fumaça acaricia minha boca com gosto de baunilha. No cinzeiro de vidro, no parapeito da janela, eu o apago. O céu continua rosa. Ao longe, o bosque do campus universitário farfalha com o vento e as luzes de mercúrio da cidade bruxuleiam. Entre nós, um carro passa na avenida rapidamente rompendo a paz. Ouço risadas. Estou de volta a Belo Horizonte. Sozinho de novo.


domingo, 15 de fevereiro de 2009

PASSADO: Olhem as Nuvens!


Um texto antigo, enquanto decido o que faço aqui...


Gente ocupada
Tão ocupada
Tão atarefada
Que não tem tempo
Tempo de parar
Parar e olhar
Já viu como está o céu hoje?
Nuvens! Nuvens!!
Nuvens brancas
Contrastando com o celeste azul
Um azul de olhos de bebê
Límpido e sem pecado
E nuvens que me fazem lembrar
Que não existe só um tom de branco
Olhem as Nuvens!
E vejam o quanto de azul
Há no branco.
Olhem as Nuvens!!
E vejam com quanto negro
Se pinta um quadro branco
Olhem as Nuvens!!!
E se perguntem que música
Acompanha sua dança
Olhem as Nuvens!!!!
E advinhem o que se avizinha no horizonte


PS:
Caros amigos blogayros,
caso não saibam, eu, o Foxx, sou historiador. Eu resolvi então escrever um artigo, para uma revista de estudos gays da Universidade Ferderal do Rio Grande do Norte, a Bagoas, sobre o movimento blogayro no Brasil, de 1999 a 2009, mas para isso necessito de vossa colaboração. Eu preciso que os blogayros interessados entrem em contato comigo, pelo e-mail le.foxx@hotmail.com para que eu possa encaminhar-lhes um questionário para poder coletar as informações para o artigo.
Agradeço desde já.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

PRESENTE: Último Post?

- Sebek! - : Senhor temperamental, tu 'tá melhor?

Foxx: em BH : Oi, eu não estou mal! Só meio sem paciencia, aí fui ver um filme.

- Sebek! - : Ok, agora dá para discutir saudavelmte sobre o blog ou não quer falar?

Foxx: em BH : Sim, podemos discutir saudavelmente sobre o blog.

- Sebek! - : Exponha seu parecer.

Foxx: em BH : Bem, eu tenho uma imagem lá. Uma imagem de menino-gay-sozinho-e-feliz e que sempre achei que era a função social do meu blog. Porém, hoje, essa imagem é tão distante da realidade, está cada vez mais distante da realidade.

- Sebek! - : Bom, que tal direcionar agora para real dimensão do que você é? Isso é fácil conseguir.

Foxx: em BH : Mas eu não quero. Não quero provar para todos os héteros como ser gay é ruim.

- Sebek! - : E, pretende fechar o blog?

Foxx: em BH : Maybe!

- Sebek! - : :( Não acho certo! Não concordo!

Foxx: em BH : Com o que você não concorda?

- Sebek! - : Em você fechar o blog.

Foxx: em BH : Mas não quero começar a postar como eu fico sozinho olhando para o teto e imaginando o dia que alguém vai gostar de mim. Não quero postar os foras que eu levo.

- Sebek! - : Por que não quer falar a verdade?

Foxx: em BH : Porque eu não gosto dessa verdade! Porque essa verdade diz que eu estou errado em ser gay.

- Sebek! - : Hã?

Foxx: em BH : Essa verdade diz que se eu fosse hétero eu seria mais feliz! Porque se eu fosse hétero, eu teria engravidado Joyce 5 anos atrás. Já teria um filho e provavelmente já estaria separado, mas teria uma vida, e não isso: essa coisa esperando um dia começar a viver.

- Sebek! - : Bom, primeiro, você gosta da Joyce ainda? Depois, você ia ser fiel a ela?

Foxx: em BH : Se eu fosse hétero, talvez, mas não sou e por isso continuo sozinho.

- Sebek! - : Foxx, Foxx...

Foxx: em BH : E quem lê meu blog não consegue notar isso, porque também nunca foi o objetivo dele, e por isso não consigo escrever nele.

- Sebek! - : Foxx, a verdade existe sempre, mas ela não pode nos derrotar.

Foxx: em BH : Porque eu teria que contar como me diverti com você, da festa na piscina que um dos meninos perguntou quando eu ia fazer o seguro das minhas coxas, dos 3 carinhas disputando minha atenção na boate, do café divertidissimo com o Klero e o Mauri. Tudo foi ótimo... mas não é disso que eu estou disposto a falar. Eu quero gritar que não aguento mais ser o único solteiro em todas as rodas.

- Sebek! - : Será que não está na hora de deixar o semi-deus e ser o homem normal?

Foxx: em BH : Mas e meu público? kkkkkkkkkkk

- Sebek! - : Foda-se o seu público! Importa ser a personagem ou você mesmo?

Foxx: em BH : Mas falando sério agora: tenho uma responsabilidade com meninos que lêem meu blog, não quero que eles pensem que não podem ser felizes, só porque EU nunca consegui.

- Sebek! - : Foxx, você tem uma responsabilidade com você mesmo.

Foxx: em BH : Sim, mas a responsabilidade comigo mesmo não está no blog.

- Sebek! - : Foxx, você é de carne e osso, o blog é um mito.

Foxx: em BH : Ele não foi criado para isso. O blog foi criado para contar estórias boas, não a minha rotina chata.

- Sebek! - : Bom, sua estadia aqui em São Paulo foi rotina chata?

Foxx: em BH : Não... mas eu não quero escrever sobre isso.

- Sebek! - : Então não escreva!

Foxx: em BH : Quero escrever sobre o menino que fui conhecer ontem e dispensei porque não gostei dele, mas agora estou arrependido porque sei que não terei outra oportunidade. Quando uma outra pessoa vai reparar na minha existência além daquele gordo drogado? Mas meu blog não serve para contar coisas ruins. É para contar sobre São Paulo, elogios as minhas pernas, pegação na boate, fotos da minha bunda de fora. Isso é o Estórias do Mundo! É por isso q ele faz sucesso! Ninguém quer ler sobre minhas noites chorando.

- Sebek! - : Ok! Entendi! Mas não acho que deva fechar o blog por causa dos momentos tristes que vives. É bom mesclar alguns momentos de frustração, traz realidade as narrativas.

Foxx: em BH : Mas a questão é que não gosto de escrever sobre os momentos de frustração, porque se eu começar não paro mais.

- Sebek! - : Então não escreve!

Foxx: em BH : Então voltamos ao problema do personagem que não sou mais eu. E aí está o meu dilema: o blog serve para escrever sobre momentos felizes, que eu pouco vivo, pois minha vida tem sido frustração atrás de frustração, coisa sobre o qual não gosto de escrever... então eu tenho duas opções: escrever sobre aquilo que é excessão na minha vida, como tenho feito até agora, ou escrever somente lamentações, coisa que sinceramente não me apetece. Fechar o blog, neste caso, seria uma saída. Não preciso escrever coisas boas, nem compartilhar as ruins

- Sebek! - : Fechar o blog, neste caso, seria uma fuga!

Foxx: em BH : Seria...

- Sebek! - : E você vai fugir?

Foxx: em BH : Não sei, não sei.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

EXTRA, EXTRA, EXTRA: "Não Dá Pra Segurar"

"É quando seus amigos te surpreendem, deixando a vida de repente". Somente nessas horas o tom da voz do Nazi me agrada aos ouvidos. Só nessas horas em que eu espero que a qualquer momento vou ver Raphael de novo. Porque eu estou aqui neste ônibus indo para o velório dele achando que isso tudo é uma piada de mal gosto. Sinceramente eu acho que quando chegar no centro de velório, vou encontrar Raphael bebendo em um bar na frente, e ele vai virar para mim, sorrir - porque essa era a marca de Raphael: um sorriso contagiante - e dizer: "Só assim para eu conseguir te encontrar, não é?".
Mas quando eu chego no primeiro degrau da Funerária São Francisco, e vejo o nome dele, e coroa de flores, o marido sentado enfraquecido numa cadeira, um caixão cheio de flores e a mãe debruçada sobre o mesmo, entre lágrimas, entre desesperos. Cláudio, o marido de Raphael há três anos, olha para o vazio quando eu e C&A entramos naquela sala quente e abafada, ele aperta nossa mão e tenta esboçar um sorriso de agradecimento que dispensamos, um abraço, um novo agradecimento. Mais coroas de flores, familiares e amigos, eternas saudades. E eu me aproximo.
"Eu não queria vê-lo desse jeito", me diz C&A, por trás de mim, e só quando eu vejo as mãos deles descansando pálidas e os lábios roxos, finalmente eu entendo. Lembro de Cláudio me ligando na noite anterior. Quando o celular brilhou com o nome de Raphael, atendi animado, mais uma resenha para começar, como ele gostava de falar. "Foxx, você está em Natal ainda? Ou já retornou a BH?". Estranhei. "É que Raphael faleceu hoje, às 17h". Eu fiquei paralisado! "O corpo dele está sendo velado, se você puder vir amanhã, porque uma hora dessas não dá mais para você vir né?", confirmei monossilabicamente. Ele agradeceu. Sem me explicar nada. "Raphael faleceu!".
Corri para o telefone, liguei para Peter. "Como é que é? Raphael, meu ex?". Contei a C&A e Michel pelo MSN. Conversando, uma enxurrada de imagens de Birita, de Priquitu, de Raphinha, de Rapha, vieram a mim. Conhecemo-nos no UOL, onde ele era apenas uma barriga perfeita; depois nos conhecemos na universidade e passei a ser a pessoa a quem ele contava suas peripécias sexuais com meninos héteros em shows de forró e de axé, viagens malucas para outras cidades apenas para conhecer o teto de quartos de hóteis, e crises surreais de ciúmes do seu ficante habitual, hétero. Ele era o menino que nos fazia rir nas casas de praia, na primeira que organizamos, em Santa Rita, na época eu namorava uma menina que era dançarina de uma banda de forró, naquele dia ela havia trazido parte do figurino junto com ela, logo, Raphael pegou um vestido, botas pretas até as coxas e subiu na mesa, e fez seu showzinho; uma outra, em Pirangi, gravamos uma pornochanchada na qual ele encarnou uma diva húngara que era estuprada por invasores, o melhor era ele falando húngaro em todo o filme. Era de esperar que tudo aquilo fosse uma piada.
Mas não era, Raphael estava ali. Inerte. E por um segundo o mundo sobre meus pés moveu-se mais rápido do que o normal, e tonto, me desequilibrei. C&A me puxou para uma cadeira. Sentamos, e em silêncio ficamos lá tentando assimilar aquela realidade. Ouvíamos conversas sobre ele. "Pneumonia, oito vezes entubado, internado desde quinta, respirando por aparelhos desde sexta, ontem de manhã ele estava bem, Cláudio ligou para mim já em prantos".
Nestes três anos de casamento Raphael mudou. Eles se conheceram na praia e Raphael me ligou dizendo que tinha conhecido um cara incrível nas areias de Ponta Negra. Dias depois eu fui apresentado a ele, baladas e raves juntos, barzinhos e conversas bobas e sorrisos, muitos sorrisos. Raphael Birita se transformava em "amando, casado e feliz". Um ano depois eles iam morar juntos. Um ano depois a família dele descobriu que ele não estava dividindo apartamento com um amigo, e após o drama inicial, agora Cláudio era quem segurava a mão da mãe dele do lado do esquife, era a Cláudio que as pessoas davam as condolências na saída. Mesmo que eu falasse a lingua dos homens e dos anjos, sem amor, eu nada seria, já dizia Paulo , num arroubo de romantismo, em uma das suas cartas aos coríntios.
Lágrimas rolavam silenciosas, pessoas saíam para respirar, C&A mantinha sua cabeça abaixada e seus olhos vidrados. "Vocês estudaram com ele?", me perguntou a irmã de Raphael. Expliquei quem éramos e ela me olhou sem choque, sem surpresa. "É que essa parte da vida dele sempre foi tão secreta, a gente não conhecia nenhum dos amigos gays dele". E ela agradeceu nossa presença, e novas lágrimas brotaram dos olhos castanhos dela, porém do lugar que eu estava o rio Jundiaí corria calmo. "E não se quer acreditar".





Adeus, Rapha.