Eu tenho uma curiosidade imensa daqui do meu lado da vida, de onde observo vocês, sabe? O que significa ser traído? Porque eu observo as pessoas e todas temem a traição de uma forma tão intensa, algumas pessoas chegam perto das raias da fobia, porque se esquivam de relacionamentos, de contatos com outras pessoas, ou mantendo relacionamentos superficiais, temendo que um dia possam vir a ser traídas. É um pavor que eu não entendo. De fato, não entendo. Eu sei que o argumento vai aparecer aqui então deixem-me dizer que onde falo, de onde estas questões surgem. Em primeiro lugar, todos sabem que minha experiência com namoros é praticamente nula, somente um que durou seis meses com o Tato (oi, Tato), portanto eu não tenho ideia do que é sentir-se traído e principalmente do sofrimento que isto pode causar em alguém. Minha falta de experiência com o assunto é real e por isso apelo a vocês para que me expliquem, eu não estou brincando, é uma dúvida real. Então, por favor, não respondam que se eu tivesse um namorado eu ia entender. Eu não tenho, e talvez por isso eu não entenda, talvez! Afinal exista a possibilidade que a minha concepção sobre traição seja real, apesar de nunca testada empiricamente.
Minha concepção de vida, filosófica, política, acadêmica formada através dos livros que li (porque, repito, minha experiência com tudo isso é puramente intelectual) em que eu não considero que a posse sobre alguém seja basilar ao amor, isto é, nunca acreditei em minha vida que para eu me sentir amado ou para que eu amasse alguém, eu teria que ser fiel e pertencer somente a uma pessoa. Em teoria, eu seria facilmente adepto do poliamor, nunca fui uma pessoa ciumenta, nunca acreditei que a base de um relacionamento saudável seja a fidelidade e sim a lealdade, e qual a diferença entre os dois? Fidelidade é você nunca se relacionar com outras pessoas, lealdade é você nunca enganar a outra pessoa, você pode ser fiel e nunca ter sido leal (por exemplo, mentindo sobre o trabalho, sobre a condição econômica, etc) e você pode não ser fiel, mas ser completamente leal (como em relacionamentos abertos). Obviamente, eu nunca pus nada disso a prova, afinal meu namoro a distância com o Tato (Belo Horizonte/MG - Cabo Frio/RJ) não é o melhor exemplo dado as inúmeras idiossincrasias que um relacionamento via MSN tem per si.
Lembro também dos grandes traidores que eu conheci em minha vida, meu irmão mais velho e agora o Le Garçon Blond, (citarei apenas dois exemplos, mas não que eu não conheça outros mais), estes são sempre assombrados pelo fantasma da traição. Toda conversa sobre relacionamento com o Le Garçon sempre termina com ele falando sobre fidelidade e ele demonstrando que não confia em ninguém. Meu irmão mais velho perseguia suas namoradas e queria saber onde elas estavam o tempo todo porque ninguém poderia enganá-lo. Mas ambos traem continuamente as pessoas com quem se relacionam. É outra dúvida: pela minha experiência intelectual parece haver uma ligação entre aqueles que mais traem e aqueles que mais tem medo de ser traídos, isto procede ou minha amostragem está viciada? Eu inclusive conheço dois casos de pessoas que sempre traíram e temiam absurdamente serem traídos que ao casarem-se e finalmente dedicarem-se realmente a uma vida fiel perderam o medo de serem traídos também. Então, esta lógica faz sentido?
Estas perguntas são porque eu vejo este medo irracional das pessoas e eu fico aqui pensando comigo: por quê? Dói tanto assim que a pessoa prefere se privar de tudo o de bom que um relacionamento traz (companheirismo, amizade, sexo, amor, felicidade) por causa de uma possibilidade que pode vir a não se realizar? Ou estas pessoas tem um concepção de amor errada (afinal amar algumas pessoas eu já amei mesmo, uma única vez correspondido de 3), elas sentem que a precisam possuir a pessoa e é este sentimento que quando é rompido dói tanto, como quando uma criança mimada não tem aquilo que quer? É o ego magoado que dói tanto? Uma vez me disseram que se eu tivesse vivido estes amores que tive em sua completude, isto é, se o namoro com o Tato não tivesse sido a distância, ou se o Anjo em Belo Horizonte ou se o Menino Bonito aqui em Natal tivessem correspondido aos meus sentimentos eu não pensaria deste jeito. Será? Fico com minhas dúvidas, será que vocês podem ajudar-me?