Uma tarde de fim de verão em Belo Horizonte, o sol se põe e encerra um dia claro. De um azul anil e de folhas e olhos mais verdes. É quando sento no computador e o MSN me avisa que ele está on-line. Ele, a quem não convém dar nomes, eu conheci ainda ano passado. Saímos duas vezes. Educado, sofisticado, beirando ao esnobe, magro, efeminado e feio. Não muito feio. Mas feio. Uma cara de fuinha que me incomodava, mas na situação que me encontro, não posso deixar passar. Mas era inteligente. Falava com naturalidade sobre cultura, imprensa e cinema. Trabalha com internet. Mantívemos o contanto enquanto eu estava em Natal. Conversas rápidas, ele esquivo. E como não confio em pessoas esquivas também me afastei.
Ontem, finalmente, ele me aborda no MSN. "Você ficou chateado com algo que eu disse ou fiz?". Eu realmente tinha ficado, com toda a necessidade de não se envolver dele, alegando que eu estava distante. Eu estava de férias! Mas respondi que não. Não posso jogar fora oportunidades. Ele é feio e esnobe, mas vai que é o sapo que precisa apenas de um beijo para se tornar um principe. E para dizer a verdade, eu até gosto de pessoas esnobes. Humildade me incomoda muito mais. Para provar-lhe então que eu não tinha-lhe mágoas, convidei-o para me acompanhar a uma livraria. Precisava de um livro para o artigo que estou escrevendo sobre o movimento blogayro e não queria ir sozinho. Ele aceitou meu convite. "Nos encontramos em frente a Leitura então".
Ontem, finalmente, ele me aborda no MSN. "Você ficou chateado com algo que eu disse ou fiz?". Eu realmente tinha ficado, com toda a necessidade de não se envolver dele, alegando que eu estava distante. Eu estava de férias! Mas respondi que não. Não posso jogar fora oportunidades. Ele é feio e esnobe, mas vai que é o sapo que precisa apenas de um beijo para se tornar um principe. E para dizer a verdade, eu até gosto de pessoas esnobes. Humildade me incomoda muito mais. Para provar-lhe então que eu não tinha-lhe mágoas, convidei-o para me acompanhar a uma livraria. Precisava de um livro para o artigo que estou escrevendo sobre o movimento blogayro e não queria ir sozinho. Ele aceitou meu convite. "Nos encontramos em frente a Leitura então".
Depois de rodar a livraria, ele me convida para jantar. "Estou faminto!". E paramos para comer sushis e sashimis, acompanhado de salada de cenoura, broto de feijão e cogumelos. Quando de repente, completamente do nada, ele saca, sério: "Ainda estou envolvido com meu ex, sabe? Pouco, mas ainda estou! Eu então só posso me envolver com outra pessoa quando estiver livre desta sombra, não acho justo com o outro". Eu sorri e fingi que aquilo não era comigo. Levei o bolinho de arroz com salmão ao molho e coloquei-o gentilmente em minha boca, equilibrado firmemente pelo hashi. Molhei meus lábios na minha Aquarius Fresh e levei a discussão para outros assuntos. A possibilidade de mestrado dele surgiu em pauta, em determinado momento, e a discussão encaminhou-se para o que a provável orientadora dele havia achado do projeto, considerado por ela irrealizável, e ele não aceitava ter que mudar sua vontade por causa do obstáculo imposto por outra pessoa. Eu respondi-lhe que isso era bem comum e ele me interpelou sério, como se quisesse destruir todo meu argumento. Mas um gole de água e disse-lhe com um sorriso: "Por exemplo, comigo, eu ainda tenho uma imensa vontade de ter um namorado, um relacionamento sério, sabe? Mas você mudou minha vontade... agora eu não tenho mais vontade que seja com você".
Ele tomou um gole do refrigerante dele, coca, falou uma ou duas palavras sobre Nova Iorque, e o carnaval em Diamantina. "Quando você quiser ir, podemos ir tá?". Eu olhei no relógio dele e vi que ainda faltavam dez minutos para as 21h: "Assim que der 9, ok?". Ele ascentiu e calou-se, durante os dez minutos seguintes. Eu também, só para deixá-lo mais desconfortável.