Provavelmente o conto mais romântico de amor homoerótico, como afirma James Neill, é a história entre o governador de Chu, Wang Zongxian, e o jovem filósofo Pan Zhang. Ela se originou na Era Zhou, entre 770 e 256 a.C., é com certeza uma das histórias de amor mais antigas do mundo. Podemos narra-la assim:
Quando Pan Zhang era jovem, ele tinha uma bela [mei] aparência e uma grande reputação como acadêmico e filósofo, além disso ele era educado e sabia tratar bem as pessoas e por isso todos os que o conheciam se tornavam extremamente afeiçoados a ele. Wang Zhongxian, governador do estado de Chu, ouvido falar de sua reputação, quis conhecê-lo e para isso solicitou seus escritos. O governador leu avidamente os textos filosóficos de Pan Zhang e decidiu que gostaria de conhecer este jovem tão hábil e cheio de talentos. Decidiu convocá-lo então para que o jovem o ensinasse seus conhecimentos sobre o mundo.
Porém, quando eles se conheceram, imediatamente se apaixonaram. Foi amor à primeira vista e, sendo o amor correspondido, logo o governador tomou o jovem Pan Zhang como marido, e passou a compartilhar com o filósofo o mesmo cobertor e travesseiro com intimidade sem limites um para o outro. Wang e Pan tiveram uma vida feliz, amaram-se ternamente até o dia em que a morte chegou. Morreram juntos porque não conseguiriam mais viver separados e todos lamentaram por eles.
Porém, quando eles se conheceram, imediatamente se apaixonaram. Foi amor à primeira vista e, sendo o amor correspondido, logo o governador tomou o jovem Pan Zhang como marido, e passou a compartilhar com o filósofo o mesmo cobertor e travesseiro com intimidade sem limites um para o outro. Wang e Pan tiveram uma vida feliz, amaram-se ternamente até o dia em que a morte chegou. Morreram juntos porque não conseguiriam mais viver separados e todos lamentaram por eles.
Quando Wang e Pan foram enterrados juntos no pico da Montanha Lofu no seu túmulo cresceram de repente duas árvores com ramos longos e galhos frondosos. Os galhos estavam todos entrelaçados, parecia que as árvores abraçavam uma a outra! Todos consideraram aquilo um milagre. E as árvores foram chamadas de "Árvore do Travesseiro Compartilhado".
Este exemplo romântico, como afirma Neill, é um exemplo que nos mostra, estritamente, como o amor homoerótico não estava destinado apenas ao amor fora do casamento ou apenas o divertimento das classes mais abastadas, o motivo da árvore que cresce sobre as tumbas é um motivo que sempre aparece nos mitos chineses que também se relacionam a casamentos entre homens e mulheres os quais são exemplos de amor incondicional. Isto denota que o amor entre dois homens e duas mulheres estava colocado no mesmo exato lugar que o amor entre um homem e uma mulher na China Antiga. Existe a clara consciência de que estes amores e a permanência de suas uniões é distinta daquelas que acontecem entre gêneros diferentes.
Outro conto do mesmo período fala sobre o tímido oficial Zhuang Xin e seu senhor Xiang Cheng. A história é narrada assim:
Zhuang Xin queimava de amor pelo seu senhor Xiang Cheng a tal ponto que chegou a ele e pediu: "Posso segurar sua mão?". O senhor, assustado com aquela proposta, nada disse. Desesperado, Zhuang Xin contou ao seu senhor a história de outro governador, que havia também sido amado em segredo pelo seu barqueiro, que cantava: "Que dia maravilhoso é este, que posso dividir meu barco com o senhor, meu príncipe! Indigno eu sou deste meu desejo, quando eu senti tamanha vergonha? Meu coração está perplexo sem fim, eu tenho que conhecê-lo melhor, meu príncipe. Existem árvores nas montanhas, e galhos nas árvores. Eu desejo agradar-te e tu não sabes". Encantado pela canção do barqueiro, o governador aceitou seu amor. Depois que Xiang Cheng ouviu a história que Zhuang Xin contava sobre o governador, ele decidiu segurar em sua mão e também aceitou o seu amor.
O que aparece, neste caso, é basicamente o problema do status de servo que Zhuang Xin tem em relação a Xiang Cheng, seu senhor, que o impede de tomar qualquer medida primeiro em relação ao seu objeto de amor. Contudo, Zhuang a toma, ao pedir que o senhor segure-lhe a mão, o choque do senhor que fica em silêncio é, ainda, por causa do atrevimento do servo de condição social inferior a ele tomar a liberdade de agir primeiro. Xiang Cheng estava indignado! Porém quando o servo conta-lhe a história do príncipe e do barqueiro, seu coração se comove e ele aceita o amor. Este conto nos mostra que a tradição literária era usada não somente para ilustrar a consciência dos chineses em relação ao amor homoerótico, mas que também serve para o servo dizer o que ele está sentindo, comunicando seu dilema para o seu senhor Xiang, que os contos de amor homoeróticos que pertenciam a tradição literária chinesa tinham o objetivo de além de demonstrar a existência deste tipo de amor naquela sociedade, poderiam participar dos rituais de galanteio entre os amantes.
Muito lindo ... tudo na cultura oriental é muito mais interessante q na nossa né?
ResponderExcluirnão, nem tudo na cultura oriental é muito mais interessante que a nossa; a cultura do ocidente e a brasileira em especial tem inúmeras coisas tão interessantes quanto a cultura oriental, a única diferença é que vc está mergulhado nessa cultura e acaba por não percebe-la, como vc olha de dentro e reconhece com familiaridade todos os elementos você não percebe o quanto da nossa cultura é fascinante...
ExcluirAdorei a imagem do “travesseiro compartilhado”! Pra quem conhece, não há coisa mais gostosa, especialmente nas madrugadas frias (rsrs). Interessante como uma cultura (aliás como qualquer cultura) pode produzir textos de um lirismo extremado, ao mesmo tempo em que pode gerar ações absurdamente agressivas, como nas guerras. Humanos somos todos, né.
ResponderExcluirAbraços
é, eu felizmente sei o que é dividir um travesseiro numa madrugada de junho... ai ai, péssimas lembranças para o dia dos namorados...
Excluiré verdade, Adriano, qualquer cultura pode produzir textos de um lirismo sem tamanho, inclusive aceito o elogio afinal a tradução é minha, sendo assim tenho uma parcela de culpa nesse lirismo... mas não pensemos em guerra hoje...
Dois lindos contos de amor. Nada melhor que amor correspondido.
ResponderExcluirBjux
com certeza, nada melhor que amor correspondido...
ExcluirHoje tb tô falando em travesseiros no TPM... hehehe! Adorei teu post, meu querido! E já que a bundoquinha está liberada... me aguarde... hahahahaha!
ResponderExcluirDepois dizem que blog não é cultura. Adoro estes contos.
ResponderExcluirEntão manda aqui para o Estórias do Mundo, Do.
Excluirque lindo <3
ResponderExcluirVc supondo ser "ruim feito o Lídio" me fez rir... hahahaha! Xero pro'cê meu bundudinho favorito ;)
ResponderExcluirNossa, lindos os contos... Lindos!!
ResponderExcluirParece-me que no antigamente as pessoas eram mais civilizadas que agora. Triste ironia...
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