Aprendi, em muito anos, nos trinta que já carrego em minhas costas, a pensar o mundo de forma racional. Iluminista, aprendi a sublimar emoções, extirpar paixões. Voltaire e Rousseau foram meus guias tortuosos nos caminhos do coração. Aprendi com Emílio. "As paixões são uma infinidade de ilusões que servem de analgésico para a alma", que a adormecem e entorpecem os sentidos. Afinal, como um solitário, entre meus livros, eu procurei finalidade em tudo o que via e a causa em tudo que sentia, e tentava assim, a partir de um fim, por uma causa, entender o porquê de minha vida seguir por este ou aquele caminho. Apelei para a astrologia, quiromancia e cartomancia, à regressões e a magia, mas tudo porque eu queria entender porque aquele caminho, aquela trilha, aquela vida, eu exigia uma explicação.
Viciado no racionalismo, nas tabelas, gráficos e estatísticas, na probabilidade matematicamente calculada, e exigindo que a vida humana, a minha vida amorosa, fosse possível de ser explicada, entendida, decifrada por estes códigos falhos. Afinal, o que é a ciência e a razão senão uma deusa pagã colocada no lugar do próprio Cristo por esses filósofos setecentistas? Uma deusa que cobra uma fé ainda mais cega, porque a ela não cabe questionar. Não se questiona a verdade. E foi sob o altar dessa deusa que eu acendi meu insenso e prostei-me com lágrimas nos olhos. Eu racionalizava. E a psicologia explica. Explica a racionalização como um processo psíquico em que o sujeito constrói explicações que ele considera racionais para perdoar suas ações. E era isto que eu fazia. E é isto que estou fazendo agora nesse texto.
Mas, voltando a minha vida amorosa, constatar que nenhum homem nunca será capaz de gostar de mim não é um simples relatar dos fatos. Eu minto quando digo isso. Minto para mim mesmo e para todos. É apenas, e nada mais, do que uma racionalização estatisticamente comprovada - é verdade, já que a maioria dos homens que passou pela minha vida realmente não se interessou por mim -, porém, mais importante se ela é verdadeira, passível de ser comprovada, são os objetivos que eu tenho por trás dessa afirmação. Digo isto, construo esta racionalização para evitar que eu me machuque, que eu tente de novo, que me decepcione. Uma explicação que me impede de querer mais, de sonhar com mais, de desejar mais. E, medo de me machucar, não é um bom argumento para eu continuar sustentando essa quase-verdade.
Quando eu dizia, que desistiria de homens, porque eles não se interessavam por mim, eu dizia porque eu realmente acreditava que dizia a mim uma verdade, mas agora, após uma conversa esclarecedora com um amigo, percebendo essa racionalização, colocado de frente a ela, não sei mais se esse passo é o mais correto. Não porque eu passei a ver os homens que se interessavam por mim, não, eles não existem; mas desistir deles seria pelo motivo errado. Minha promessa de Ano Novo precisou ser repensada ainda antes dos fogos estourarem numa noite chuvosa de Belo Horizonte. Afinal, uma coisa é tomar uma decisão porque é a correta; outra coisa é tomar porque você teme as consequências.
Mas, voltando a minha vida amorosa, constatar que nenhum homem nunca será capaz de gostar de mim não é um simples relatar dos fatos. Eu minto quando digo isso. Minto para mim mesmo e para todos. É apenas, e nada mais, do que uma racionalização estatisticamente comprovada - é verdade, já que a maioria dos homens que passou pela minha vida realmente não se interessou por mim -, porém, mais importante se ela é verdadeira, passível de ser comprovada, são os objetivos que eu tenho por trás dessa afirmação. Digo isto, construo esta racionalização para evitar que eu me machuque, que eu tente de novo, que me decepcione. Uma explicação que me impede de querer mais, de sonhar com mais, de desejar mais. E, medo de me machucar, não é um bom argumento para eu continuar sustentando essa quase-verdade.
Quando eu dizia, que desistiria de homens, porque eles não se interessavam por mim, eu dizia porque eu realmente acreditava que dizia a mim uma verdade, mas agora, após uma conversa esclarecedora com um amigo, percebendo essa racionalização, colocado de frente a ela, não sei mais se esse passo é o mais correto. Não porque eu passei a ver os homens que se interessavam por mim, não, eles não existem; mas desistir deles seria pelo motivo errado. Minha promessa de Ano Novo precisou ser repensada ainda antes dos fogos estourarem numa noite chuvosa de Belo Horizonte. Afinal, uma coisa é tomar uma decisão porque é a correta; outra coisa é tomar porque você teme as consequências.
Entendo bem a situação do texto. =x
ResponderExcluirEu me indentifiquei com o seu texto, sabia Foxx? Eu não sei, eu acho que as vezes crio verdades para explicarem meus fracassos. Muitas vezes isso serve apenas para que eu não procure melhorar o que está errado...
ResponderExcluirUm beijo Foxx... Até o próximo post
Eu tô destinado a me f**** sempre então, porque eu não consigo racionalizar o sentimento, e criar esses mecanismos de defesa, o que permite que eu esteja vulnerável sempre e pronto a nunca fechar as feridas, pois quando está cicatrizando, logo é reaberta. Enfim, sinceramente, eu gostaria muito de estar numa situação como a sua, sendo mais racional que passional. Feliz Ano Novo pra você, Foox.
ResponderExcluirAhh rapozinha que coisa triste essa que você ta passando! Você diz que mudou de ideia em desistir dos homens mas ao mesmo tempo você afirma que os homens interessados em você não existem... essa afirmativa pra mim já é clausula de desistencia. Eu tambem ando bem racional, não igual a você que tem toda uma literatura para se embasar, mas com minhas proprias filosofias, acho que você tambem usa suas proprias tambem.
ResponderExcluirMeu caso é que nunca namorei com um homem porque não quero ter que mentir pra meus pais, então só quero fazer isso quando me assumir. Isso é ruim cara, eu ja até criei mecanismos de defesa pra nao me apaixonar... quando percebo que o cara é "bacana" eu trato logo de me desviar dele. Nas ruas ou lugares movimentados eu nem mesmo olho mais pras pessoas, prefiro andar olhando ou pro ceu ou pro chão. Mas isso é decisão minha e sei que não é algo definitivo eu um dia quero encontrar alguem e ter um relacionamento serio. Eu não sou tão utopico ao ponto de pensar em principes ou contos de fadas, eu sei que é dificil mas eu vou tentar até o meu ultimo fôlego. Não sei porque nascemos assim, se fomos feitos ou se nos tornamos, mas sei que quero viver andando e morrer tentando. Não se perca no mundo racional acho que isso só esta fazendo você se afastar mais do problema, continua tentando...
Fox desculpa o otimismo e a sinceriade ok?! Feliz ano novo!
abraços!
Desculpa cara, acho que você tem razão sobre eu racionalizar...
ResponderExcluirFui tentar te dar um conselho e acabei me enrolando no meio termo... se te ofendi te digo que não foi minha intenção, então esquece toda essa minha história, acho que cada caso um caso, realmente foi burrice minha comparar teus problemas com os meus.
Abraços!
Que reflexão incrível... que ela renda bons resultados por aí!
ResponderExcluirComo diz Caio "Não há nada a ser esperado nem desesperado" (algo assim...)
Bj
"isso q é uma pessoa decidida, antes de terminar o post, digo, ano, mudou de idéia..." :-)
ResponderExcluirsorte nos seus caminhos, sejam quais forem.
Desse eu gostei.
ResponderExcluirMas a ciência não aceita questionamento? A pseudo-ciência não aceita mesmo. E é por isso que é uma armadilha tão cruel para o desamparado como qualquer religião.
Ciência é questionar e sondar sempre. É saber que "Verdade" é só um arrimo para tolos e que qualquer hipótese é falseável.
A Luz cega, de fato. Mas é temporário.
Olá menino
ResponderExcluirObrigado pela visita e pelo limk. Adorei te conhecer.
Bjão
Wow, começar o ano com uma crise dela é realmente bom. Não que deseje que você sofra, mas pra mudar as vezes são necessários movimentos bruscos. Só arrancar um câncer dói mais que mantê-lo, mas arrancar garante uma vida muito mais sadia
ResponderExcluirBoa sorte nessa reflexão, acho que dela sairá um novo Fox em busca de novas estórias
Bjs
Esta sua reflexão me parece ser verdadeiramente racional ... não aquela racionalidade empírica e castradora, mas uma racionalidade crítica, que permite ser permeada pela emoção e pela vida em sim ...
ResponderExcluirDentro do que aprendi com a vida e que, de alguma forma tem muito há ver com sua percepção da vida, o caminho mais lúcido é exatamente este que vc agora vislumbra como possibilidade.
Fox, muitas vezes, ou quase sempre, o problema não está com os outros mas com a gente mesmo ... as pessoas se interessam sim por vc! Vc é q, não tem se permitido ser gostado ... pense nisto!
grande beijo querido ...
logo nos vemos no niver do Be ...
;-)
Ah que bom que voce não ficou ofendido com o que disse. Eu sei que a minha forma de agir não é a mais corajosa e heróica, mas é a que tem funcionado para mim. Eu decidi rodear o problema por enquanto além do lado familiar e de não ser assumido eu tambem quero primeiro ficar independente, investir um pouco no lado profissional. Acho que depois cuido do emocional, mas disso eu não vou abrir mão!
ResponderExcluirabraços!
O que eu gostei deste texto...e o seu amigo é mesmo extraordinário a entrar na mente das pessoas, né? rsrsrsrs
ResponderExcluirFELIZ ANO NOVO
então tá! rs ... não vou brigar com a Raposa!
ResponderExcluir;-)
Achei muito tri o seu post sobretudo porque ela passeia por um campo que eu amo incomensuravelmente: a filosofia. Como você, eu aprendo com os filósofos. E talvez a maior lição que aprendi até hoje foi com Albert Camus. A vida é absurda, é o que ele assevera! Abraços pra ti e tenha uma ótima semana!
ResponderExcluirAcho que tive essa tendencia de racionalizar tudo, até que um dia eu me abri para as possibilidades ... acho dificil racionalizar a vida e os outros seres humanos ... talvez deixar fluir as coisas ajude.
ResponderExcluirbjs e otimoa no novo;
Fico feliz que vc tenha um amigo e que tenha feito vc refletir melhor sobre o assunto. Desejo muita sorte para vc em 2011!
ResponderExcluirDeixei um selinho para vc em meu blog, só para avisar... rs
Beijo!
Racionalizar é importante. Emoções só servem para te distrair dos seus objetivos e das suas ações. Te cegam. Te fazem mais fraco.
ResponderExcluirEu tento me livrar das minhas até hoje. Não é fácil, mas a gente tenta.
Um beijo primo!
Eu sou uma pessoa racional, mas concordo com o texto.
ResponderExcluirSempre quando nos machucamos (mais especificamente em situações amorosas) sentimos que já não podemos mais continuar. Que não há mais nada. Fazemos mil promessas de que nunca mais ficaremos com ninguém para não se machucar depois... Mas, sempre caímos na mesma armadilha. Eu acredito que você não conseguiria se fechar para o amor. É quase impossível. Apenas vá vivendo sua vida e se for pra acontecer... Senão...
ResponderExcluirBjs
Ontem foi muito bom poder desfrutar da companhia de vcs ... apesar do NEM FUDENDO!!! rs
ResponderExcluirbjão
;-)
Ahhhh... Que belas palavras, afinal! Alguém conseguiu sintetizar o que se passava em nossos corações... Abração!
ResponderExcluir"Procurei finalidade em tudo o que via e a causa em tudo que sentia"
ResponderExcluirEncontrei-me em algumas partes do texto, mas nesta em especial. Mas, geralmente, minha racionalidade não me deixa mentir quando decido, racionalmente, por coisas que objetivam me enganar emocionalmente. Não tenho, infelzmente, este álibi.
E que bom que você repensou a decisão. E melhor ainda será se a mudança te fizer mais feliz. Aqui, na torcida.
Xêroo!
De fato, se você tem tantas experiências, com tantos homens. Não é que eles não gostem de você, só não partilham a mesma "emoção" ou seria "ilusão"? Ou padrão social imposto pela maioria? Enfim, não acredito em metade da laranja...
ResponderExcluirSó pra dizer que adorei o post. E dessa vez não podia deixar de comentar, hehe
ResponderExcluirEsse tipo de racionalização é comum e necessária também, é mais uma forma (paleativa) de se proteger, antes de tomar coragem pra MUDAR, MELHORAR, de aprender com os erros,
afinal tudo é um grande aprendizado...
Grande abraço e um excelente 2010!
Muito bom seu texto...
ResponderExcluirA questão é: temos mesmo a necessidade de t alguém?
Acredito que a questao de t alguém é cultural e não de fato "necessária".
Abraçoooo!
aquela nossa última e conturbada conversa no msn foi justamente sobre isso. talvez eu não tenha me expressado tao bem qt esse amigo q finalmente te mostrou q td se trata de auto-proteção.
ResponderExcluiragradeço a esse seu amigo por ter iluminado a sua cabeça, por ter feito vc aceitar suas sentenças e o q tem por trás delas.
sem sombra de dúvidas esse foi seu melhor texto. o melhor de todos. ao ler, senti com certeza um bocado da dor que foi p vc admitir essas linhas.
parabéns.
se é um golfinho eu não sei ... eu vi uma coisa comprida, roliça, gordinha, pensei q era outra coisa ... mas como vc gosta de ser um desmancha sonhos ... deve ser um golfinho mesmo ... kkkkkkk
ResponderExcluir;-)