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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Como Minha Mente Funciona

, em Natal - RN, Brazil


Outro dia, no Twitter, o @uaiNick postou esta notícia aqui que me deixou bastante intrigado. A notícia publicada pela Folha de São Paulo, em seu portal on-line, cuja manchete dizia "Gordinho Saudável é um mito, diz pesquisa", falava que segundo pesquisadores do Hospital Mount Sinai, em Toronto, Canadá, não haveria um nível saudável de obesidade. A pesaquisa consistiu em monitorar o coração de pessoas que, apesar de acima do peso, mantinham níveis de colesterol, pressão arterial e açúcar normais durante dez anos. A afirmação ao final da notícia, assinada pela enfermeira-chefe do hospital e não pelo responsável pela pesquisa, é de que sem controlar o peso, com o tempo, com certeza, o risco de doenças cardiovasculares será gigantesco.
Eu li e parei para pensar. Eles acompanharam "gordinhos saudáveis" por 10 anos. Tempo, dez anos. Porra, esse povo por acaso não envelheceu? E como não existe menção na existência de grupos de controle com magros saudáveis, magros com taxas alteradas e gordos com alterações de colesterol, pressão e açúcar, nós simplesmente não sabemos se qualquer um, magro ou gordo, que se exercite ou não, quando envelhece tem mais chances de ter problemas do coração. Não sou especialista na área, mas acredito, que todos, independente do peso, precisam se cuidar mais na velhice pois todo o corpo fica mais frágil e, portanto, os 10 anos de acompanhamento, não a gordura corporal, seria o fator de risco que prejudicou o resultado final da pesquisa. Porém, na notícia, cuja origem é a BBC, a Folha apenas traduziu a matéria, não é uma preocupação do jornalista (que deveria ser especializado em jornalismo científico) nem dizer qual era a idade do grupo analisado. E, sinceramente, eu estranho quando uma notícia científica esconde parte dos dados, vocês deveriam também.
Aí eu lembrei do Nazismo. Hitler, Alemanhã, II Guerra. Lembrei de Hans Günther e seu Higiene Racial do Povo Alemão, dos médicos Josef Mengele, Sigmund Rascher e Karl Brandt e como a ciência (e a medicina especificamente) foi utilizada para autorizar o extermínio de um povo que era "comprovadamente" inferior. A ciência do início do século XX (e não apenas na Alemanha, mas em todo o mundo, veja, por exemplo, Gilberto Freire, no Brasil, e o nosso mito de democracia racial) havia construído e provado a existência do conceito de raça e autorizava com isso todo o horror nazista, o Holocausto e os campos de concentração. E pensei: qual a diferença?
Respondi então no Twitter para o @uaiNick que aquilo me parecia "ditadura da magreza", e eu me lembrava da Cidade da Penumbra do futuro apocalíptico de Lollita Pille em que você é proibido de ser gordo e/ou infeliz. Eu não conseguia enxergar diferença entre um artigo sobre ciência que omite uma parte importante da pesquisa que se referenciado poderia fazer com que a mesma fosse interpretada de forma oposta. "Gordinho, se você manter seu colesterol, pressão e açúcar em níveis normais, você tem a memsa chance de um ataque cardíaco que uma pessoa magra quando envelhecer". Porém, o objetivo aqui é obviamente outro. Não é tranquilizar a população, mas instigá-la a procurar o pote de ouro no fim do arco-íris. Continue atrás da magreza, continue atrás da saúde! Minha dúvida, entretanto, é a quem esta falácia jornalística poderia beneficiar. A indústria da moda? Não, ela também é usada para perpetuar essa imagem com suas modelos esqueléticas e homens com pernas raquíticas e troncos desproporcionais. A indústria textil? Ela não seria obrigada a mudar os moldes, mas também não poderia vender mais caro as roupas especiais. A indústria farmacêutica? Ela tem o costume de criar doenças para vender novos remédios. Ou será que eu estou vendo conspirações onde elas não existe e apenas os jornalistas da BBC não sabem fazer jornalismo científico de qualidade?

5 comentários:

  1. Eu voto pela farmacêutica e pela falta de "tempo" da BBC, ambos.

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  2. Culpa do jornalismo capenga, falta qualidade nessa informação, mas gostei do teu ponto de vista, já tinha lido essa matéria e não tinha pensado dessa maneira. Isso me lembra que existem diversos movimentos e ativistas que defendem a manutenção da saúde sem ser magro.

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  3. Querido Fox, quanto tempo! Bem, essas "Nazi-research" também me irritam. Claro que atividade física é bom para as taxas; percebo isso em exames que faço constantemente. Mas uma afirmação bruta desse jeito... Logo teremos o "gordódromo", como temos o "fumódromo" (esse último, ao meu ver, justificável). Lembro-me de uma pesquisa que li recentemente que afirmava que o HIV não causava a AIDS. Você acredita que a África do Sul ainda ouviu esse cara. Vejo muitas mortes por falta de adesão ao tratamento... Enfim. Acho que você tocou no ponto! Por mais que existem interesses da "Big-Farma", vamos ser cautelosos em nossas afirmações, né?! Sejamos fortes para superar o nazi-research!

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  4. Gostei da observação! E concordo!
    As pessoas têm o direito de serem elas mesmas, seja lá o que forem
    Bom Natal e um ótimo 2014!
    Gde abraço

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  5. Olá, Foxxx. Realmente, é fundamental percebermos como essa informação "pela metade" altera os significados, as conclusões que chegamos. E isso costuma passar sem ser percebido, como se fosse umdetalhe, quando é muito grave. Parabéns, abração!

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway