O Summa Alu, um manual acádio (região central da Mesopotâmia) usado para prever o futuro, são um conjunto de 126 tábuas de argila encontrado por volta da década de 1930, mas que faz referência a metade do segundo milênio antes de Cristo, por volta de 2500 a.C.. Eles são um conjunto de presságios baseados no comportamento animal, nas características físicas das pessoas e aspectos da casa, e, também no comportamento humano, inclusive, no comportamento sexual. Destes, relacionados ao comportamento sexual, cinco presságios são relacionados com comportamento homoeróticos. Podemos citar, a partir da tradução de Bruce L. Gerig:
"Se um homem copula com um igual por trás, ele se torna o líder entre seus pares e irmãos".
"Se um homem anseia por expressar sua masculinidade quando está na prisão, e se utiliza de um assinnu (prostituto sagrado), o amor pelos homens tornar-se-á seu desejo, e ele vai experimentar o mal".
"Se um homem copula com um assinnu (um prostituto sagrado), todos os problemas vão deixá-lo".
"Se um homem copula com um gerseqqu (um cortesão masculino ou servo real), a preocupação vai consumi-lo por um ano, e então deixá-lo".
"Se um homem copula com um escravo nascido em sua casa, um destino duro cairá sobre ele".
Segundo o texto do manual, então, o comportamento homoerótico em Akkad não era considerado, em si, negativo; todavia ele acontecia dentro de certos limites, isto é, havia algumas regras para este comportamento acontecer, afinal entre o segundo e o terceiro presságio, por exemplo, o uso da prostituição sagrada de homens (falaremos sobre esta instituição num próximo texto) é idêntica, mas o resultado muda radicalmente dependendo da situação do usuário (no caso, livre ou prisioneiro). Havia certas situações em que era permitido os relacionamentos homoeróticos, e em outras que era proibido.
Outro exemplo, é a relação sexual com um escravo nascido dentro de sua própria casa. As relações de escravidão evocam, sem sombra de dúvida, uma relação parental, isto é, o senhor de escravos tem um poder patriarcal dentro de sua casa e com os seus escravos, portanto, nesta relação, com um escravo nascido dentro de sua própria casa o que está sendo criticado é uma relação incestuosa (entre pai e filho, no caso do dono do escravo com o escravo; e entre irmãos, no caso do filho do dono do escravo com o escravo).
Contudo, já o quarto presságio, que se refere ao gerseqqu é o mais nebuloso de todos. Levando em consideração que a palavra "homem" nesta tradução deve ser entendida como cidadão, já que um escravo não seria incluído nesta acepção de "homem", a situação entre o cidadão e este gerseqqu é um tanto problemática.
No entanto, como explica Martti Nissinen, o sexo com outro homem sempre representa a dominação e a obtenção de poder. O que importa aqui é o espaço social masculino, o corpo social masculino. Além disso, é também importante lembrar que, neste caso, o comportamento sexual que é socialmente aceito é o comportamento ativo, aquele que penetra, e não o passivo.
Outro exemplo, é a relação sexual com um escravo nascido dentro de sua própria casa. As relações de escravidão evocam, sem sombra de dúvida, uma relação parental, isto é, o senhor de escravos tem um poder patriarcal dentro de sua casa e com os seus escravos, portanto, nesta relação, com um escravo nascido dentro de sua própria casa o que está sendo criticado é uma relação incestuosa (entre pai e filho, no caso do dono do escravo com o escravo; e entre irmãos, no caso do filho do dono do escravo com o escravo).
Contudo, já o quarto presságio, que se refere ao gerseqqu é o mais nebuloso de todos. Levando em consideração que a palavra "homem" nesta tradução deve ser entendida como cidadão, já que um escravo não seria incluído nesta acepção de "homem", a situação entre o cidadão e este gerseqqu é um tanto problemática.
No entanto, como explica Martti Nissinen, o sexo com outro homem sempre representa a dominação e a obtenção de poder. O que importa aqui é o espaço social masculino, o corpo social masculino. Além disso, é também importante lembrar que, neste caso, o comportamento sexual que é socialmente aceito é o comportamento ativo, aquele que penetra, e não o passivo.
Não pode dar a bundinha? Nhé, não gostei. Detesto que tentem me prender em uma coisa ou outra...
ResponderExcluirAdoro seus posts históricos, Foquinho!
assim como na Grécia antiga em que ser atv e ter seu "aprendiz" adolescente passivo ara aceito, pq acreditava-se que o conhecimento poderia ser transmitido através do sexo, mas ingressando no mundo adulto não poderia mais ser passivo, claro que deve-se entender que as relações não eram entendidas como hoje. Mas acredito que a sociedade já foi muito mais permissível sexualmente. esse manual mesopotâmico é legal pq nos mostra que o sexo sempre esteve presente na história e nem sempre tratado como um tabu
ResponderExcluirOs passivos sempre discriminados,rsss
ResponderExcluirAbração,FOXX.
Mais uma aula e tanto do Prof Foxx ... adorável
ResponderExcluirVamos lá!
ResponderExcluirAchei o texto curto, mas nem por isso menos interessante e, nesse caso, o que mais me chamou a atenção foi essa 'possível relação incestuosa', que pode ser mais explorada, não só por poder, mas por eu achar e querer que fosse. Sim, estou sendo abusado, mas só um pouquinho. E como sempre recaímos em um problema de tradução com "homem" e "cidadão", né?!
Bjo, querido.
Dan.
Que Mesopotâmia, o quê, Foxxx! A gente quer é ver mais do teu rabo... de raposa, claro... hehehe! Eu fazia!
ResponderExcluirTo com Fred... Tb fazia.. Convite pra BH, oi????
ResponderExcluirhauahaua
Então.. Acho engraçado dizer que o comportamento aceitável é o ativo e e o passivo não, uma vez que um é condição básica para que o outro exista...
Anfã... Mas adorei este histórico antropô da homossexualidade e PRINCIPALMENTE.. Da dominação... Pk só quem fodi com outro homem sabe q ver outro macho de quatro da uma onda mesmo...
Adoro estes posts de História. Especialmente do tipo de História que a gente não viu na escola.
ResponderExcluirMuito interessante a história.
ResponderExcluirVemos que a humanidade não evoluiu lá grande coisa desde então...
Foxxito... claro que és muito mais que um belo rabo... tenho certeza. Tem as coxas também. Hahahaha!
ResponderExcluirSobre vagas nos eventos, tudo bem, pode vir... mas ainda rola teste do sofá, visse?!?
Hugz!
"o comportamento sexual que é socialmente aceito é o comportamento ativo, aquele que penetra, e não o passivo." mais de 4 mil anos atrás e isso ainda influencia a nossa sociedade machista e homofóbica.
ResponderExcluirNossa, que aula de história. Adorei. Essa prática de sexo entre pessoas do mesmo sexo é comum, com certeza. Antigamente, se não me engano, uma pessoa que estava numa orgia e não fizesse sexo com uma do mesmo sexo, chegava a ser mal vista pelas outras.
ResponderExcluir-> Até a próxima, meu lindo. Beijo.
*DB*
Pois PODE ACREDITAR... hahahahaha!
ResponderExcluir"As relações de escravidão evocam, sem sombra de dúvida, uma relação parental, isto é, o senhor de escravos tem um poder patriarcal dentro de sua casa e com os seus escravos, portanto, nesta relação, com um escravo nascido dentro de sua própria casa o que está sendo criticado é uma relação incestuosa (entre pai e filho, no caso do dono do escravo com o escravo; e entre irmãos, no caso do filho do dono do escravo com o escravo)."
ResponderExcluirisso me lembrou TANTO uma crítica que fiz sobre o "Casa Grande e Senzala"..... porque isso tudo depende de onde vem a visão que exerce a análise, né
Comentando o seu comentário em meu blog: Não tem nada de preconceito pq eu gosto da Religião dele. Um dos motivos(porque são vários) pra eu ter me afastado é que ele queria que eu fosse adepto da religião. E eu não me via preparado pra isso. Não tem nada a ver com preconceito. Vc entendeu errado.
ResponderExcluirHistória e sensualidade no msmo lugar?
ResponderExcluirIsso q atrai e cativa. Rs.
PS: Adoro os posts sobre história q vc posta.
Bom findi, Raposa!!!!
ResponderExcluirBela Aula! Conclusão... cuidado com quem copula, quando copula e onde copula.
ResponderExcluirAmigo Foxx!
ResponderExcluirEncontrei este seu blog no blog do meu amigo Wanderley. Adorei os seus escritos! Vou ser seu seguidor, seja meu também em "Transpondo Barreiras ou no de Poesia.
Um abraço e bom fim de semana.
Curtindo muito essa série histórica... Abraços!!
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