Google+ Estórias Do Mundo: Considerações Acerca da Escritura

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Considerações Acerca da Escritura

Outro dia, um comentário no Twitter rendeu uma boa discussão quando resolvi respondê-lo. Em resumo, o @rafz dizia:

"Vocês não se cansam desse linguajar "gay" que vocês usam só pra parecer iguais a todo mundo? Sou contra isso, sou contra. Ora, quando vc quer "direitos iguais", não adianta se mostrar diferente, principalmente na linguagem. Se quero me impor como igual (é essa a intenção, não é?), não vejo porquê me portar como diferente. Não vejo sentido nisso, não vejo. Nem sentido nem graça, sério! O fato é que não consigo conceber essa alteração na língua como algo positivo. Em tese, a questão é: sou um ser humano, como qualquer outro. O que eu faço na cama, diz respeito a mim e a quem está na cama comigo, no caso, outro homem. O que me incomoda é: gente que coloca o fato de ser gay como sua principal característica, só isso!"

 Achei importante trazer isso para o blog porque blogayroz como o Arsênico e o S.A.M que utilizam uma linguagem um tanto mais "gay", com expressões como c'azamiga, miazamiga, gentchy, rycah, phynna, amiguës, beeshans, felizmentchy, fikdik, entre outras, já receberam criticas dado a linguagem que utilizam, então me agarro aqui ao meu livrinho de capaz azul, do literato e linguista francês Roland Barthes, O Grau Zero da Escritura e teço meus comentários.
Explica o francês que a função da escritura não é mais apenas comunicar ou exprimir, mas é impor um além da linguagem que é, ao mesmo tempo, a História e o partido que nela se toma; em outras palavras, desde o século XIX com o Romantismo e a invenção da Literatura como a conhecemos hoje, escrever não é simplesmente comunicar-se e exprimir suas idéias em forma de simbolos gráficos, escrever é assumir para si o rótulo de escritor e como tal é tomar partido dentro de uma série de manifestações políticas no qual estamos inseridos como seres dotados de historicidade, isto é, que vivem dentro de uma sociedade localizada no tempo e no espaço. 
A escritura, a forma com que o escritor torna a linguagem um objeto paupável, é o processo exato em que ele se liga a sociedade e exatamente por isso, se torna incapaz de não ser historicamente condicionada. Diz Barthes que a língua em si (o português, o francês, o italiano, por exemplo) não é o lugar para o engajamento social e político, ela é uma habilidade compartilhada por um grupo humano qualquer, um horizonte que instala ao longe uma certa familiaridade. Contudo, sob o que ele chama de estilo, é que a linguagem é apropriada pelo escritor e a partir dele, o estilo, que se pode manifestar suas escolhas, suas intenções, a própria ordenação de sua forma de pensar. 
Sendo assim, quando o escritor assume o estilo ele se torna um scripteur, situado a meio caminho do militante e do escritor, herdando do primeiro a imagem do homem engajado e do segundo a idéia de que toda obra escrita é um ato, e portanto, pode ser encarado como ato político também. Esta escritura militante e intelectual torna o signo, a palavra, a grafia, o suficiente para o engajamento.  Em palavras do próprio Barthes: "Alcançar uma fala fechada pelo impulso de todos aqueles que não a falam é alardear o próprio movimento de uma escolha, quando não sustentar tal escolha; a escritura torna-se, no caso, uma espécie de assinatura que a pessoa coloca embaixo de uma proclamação coletiva (que, por sinal, não foi redigida por ela). Assim, adotar uma escritura - diríamos melhor -, assumir uma escritura é fazer economia de todas as premissas da escolha, é manifestar como adquiridas as razões de tal escolha" (BARTHES, R. 1953, p. 131). A forma da escritura, das palavras, do estilo, se torna um objeto autônomo pronto a significar uma propriedade coletiva, mas principalmente uma identidade que precisa ser defendida.
Além de Barthes, precisamos acrescentar que esta linguagem, além da ultização de termos no feminino, e bordões que se propagam pela internet, como alok, é mara, entre outros, são partes constitutivas de uma identidade formulada dentro da contra-cultura gay. Contestar a norma culta, contestar as normas heteronormativas, apropriar-se da cultura pop, faz parte do berço punk de onde a cultura gay nasceu e ela não se afastou disso desde a década de 1970, apesar da contestação yupie iniciada na década de 1990.
Se hoje há crítica aos blogs citados acima, e mesmo a comentário do @rafz no meu twitter, isso denota que a cultura gay foi sim partida entre os escritores scripteur, contestadores no melhor sentido punk, e os novos yupies que preferem conviver com a cultura heteronormativa e apenas adaptá-la as suas necessidades, sem grandes contestações ou mudanças. No fim, como disse Barthes, o estilo da escritura é onde cabe a demonstração de escolhas. Escolha então o seu lado, afinal ambos são posicionamentos políticos importantes, e vamos a luta!

43 comentários:

  1. Pois é... Quanta coisa se pode fazer com as palavras... De fato existe uma contra-cultura gay e tem gay que adere e tem gay que não adere. Nenhum lado é diminuido por sua escolha. Penso que é mais uma questão de identificação, acima de tudo. Quem se identifica com a luta, com o protesto, com o estilo de vida, com os bordões da turma... Enfim, é assunto demais pra um comentário. Abração!

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  2. Que coisa patética. Não bastasse ter de conviver num mundo cheio de regras espalhafatosas, mal explicadas e cheias de caos. Agora, querem aplicar regras, normas e regulamentações - limitando a linguagem gay. O preconceito não tem mesmo fronteiras. E depois, a gente tem que ler que gay não precisa de leis que obriguem o "caos social" a respeitar as particularidades dos outros.

    Era só o que faltava mesmo> pedir pra linguagem ser posta no armário. O mundo é dominado mesmo pelas aparências. Afe.

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  3. Perfeito ... mais q perfeito ... e o Cain tb foi ótimo em seu desabafo ...

    bjux

    ;-)

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  4. Texto ótimo, apesar de concordar com o @rafz

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  5. É aquela história de "somos as setes cores do arco-íris" novamente. Realmente não creio que colocar o fato de SER GAY acima de tudo seja legal, você deve viver sua vida normalmente. Mas normalmente de acordo com a realidade de cada um!! Da mesma forma que ninguém escolhe ser gay (na minha opinião), acho que ninguém escolhe ser afeminado também. Assim como ninguém escolhe ser aquele hetero todo machão. O problema é quando um não respeita as idiossincrasias do outro. O importante é respeitar a personalidade de cada um e saber conviver com as diferenças... Do contrário, não seríamos tão diferentes daqueles que nos discriminam. #fikdik xD

    ALOOOOOKA!!

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  6. Para mim cada um fala e escreve como bem entende, adorei o que o Cain disse, mas se isso o incomoda manda ler livros de literatura clássica, eu também não suporto abreviações e gírias adolescentes e ai?

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  7. Pois é,um bom filho a casa torna. Por hora não me sinto a vontade pra falar sobre,um dia vira post...rsrsrs

    Eu sou suspeita pra falar dessas gírias,tem um amigo meu que diz que eu sou um viado.

    Outra coisa,tu mora em Natal mé?!Vou qrer umas dicas depois,vou estar ai dias 11 e 12/12

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  8. cada um deve escrever da forma que melhor lhe convem.
    isso está mais pra uma tentativa de impor suas preferencias linguisticas sobre o outro simplesmente por nao concordar com o jeito que o outro escreve.
    tomadas as devidas proporções, seria o mesmo que pedir a um mineiro pra deixar de escrever 'uai', um gaúcho deixar de escrever 'tche' ou 'bah'...

    bjs do voy

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  9. Muito Bom Foxx...
    Primeiro, a contextação dele nem tinha muito cabimento, afinal você é livre para usar as palavras que quiser, e ele não tem nada a ver com isso. Só que você foi além, você identificou esse vocabulário como uma maneira de impor a contra-cultura gay na sociedade, e eu concordo plenamente com você. Não sou usuário assíduo dessas gírias, mas de vez em quando me pego escrevando ou até mesmo falando algumas... Nós não temos que nos adequar a sociedade nenhuma, eles é que tem que nos engolir do jeito que nós somos...

    Um beijo, Foxx.... Até o proximo...

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  10. Muito bom, Foxx!

    Eu não tenho costume de usar muitas gírias em meu vocabulário, mas me divirto com as particularidades, os jargões e bordões criados pelos homossexuais. Acredito que muito disso surge da - ainda muito forte - necessidade que temos de "manter a coisa em segredo" (claro, falando de uma maneira rasa, pq isso tb dá é pano pra manga).
    E quer saber? Morro de preguiça da crítica pela crítica. Meto o pau simplesmente 'pq não gosto'. É como se outos grupos de pessoas tb não tivessem lá suas gírias, seu modo de vestir e de se portar diante da sociedade. Enfim...

    Bjos moço lindo!

    p.s: tô igual a rafa, meus amigos tb me chamam de "viada" - sou mais bicha q eles! kkkkkk

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  11. Não gosto desse linguajar gay, apesar de achar q cada um escreve do jeito que quiser.

    Mudando de assunto, A Webjet (medo!) ta com uns vôos Ribeirão-BH muito baratos, tipo R$69.
    E como nao conheço, pensei em passear por ai. Foi uma ideia, mas que pode acontecer. Tenho um grande amigo aí que sempre me chamou. E estou me planejando.
    te aviso!


    bj

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  12. Eu nao sei isso depende muito de quem usa.
    eu nao sou adepto e nao sou muito fa quando tentam me enquadrar de alguma forma no "linguajar"
    Acho engraçado até, para quem faz mas nao sei dizer se é nescessário , ou nao. para mim nao é mas para que faz uso disso pode ser.

    Complexo. hahaha =P

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  13. acho graça esse pessoal do 'tudo bem ser gay, desde que você seja normal' leia-se inserido discretamente na sociedade, se você dá o cu, mantenha para você e não espalhe por aí.
    claro que muitos de nós não se sentem confortáveis no meio guei seja nos lugares ou usando nossa 'língua' o que acho lhes ser de direito ainda que pense que tenham algum assunto interior a resolver.

    concordo integralmente com você e nós aqui usamos muito nosso 'idioma' pois ele faz parte do todo que é nossa identidade.

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  14. E ninguém é obrigado a entender gírias tiradas do útero também. Se a pessoa só sabe falar assim, cheio de gírias, pior pra ela, vai ficar restrita a um grupo reduzido de pessoas que a entendem.

    Uso minha língua mais pra cuspir.

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  15. Bom, eu não uso a linguagem porque não é o meu estilo. Quando o texto pede, até arrisco de vez em quando. Porém, eu adoro ler textos assim quando bem elaborados, divertidos e não forçados. Confesso que até os invejo.
    Agora, isso me torna mais ou menos gay do que o outro? Não!
    Se uma mulher hétero é desbocada ao escrever e a outra, hétero também, é ameigada, qual é a diferença entre as duas a não ser o óbvio? Uma é desbocada e a outra não!
    Ah, sim, existe outra: elas não estão sendo (pre)julgadas pela forma de se expressar por causa dos direitos civis que ambas já possuem: o de casar, o de ter filhos, o de namorar em público, o de....
    Só faltava isso agora: gays, fiquem mais quietinhos, sejam menos engraçados, quem sabe assim alguém fica com pena, né? E vocês poderão até conseguir uma leizinha que permita o selinho em público!

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  16. Bem, eu estava me programando para, assim que fosse possível vir aqui e comentar um texto cujo gatilho fui em quem apertei, discorrer sobre estilo, em cima do texto do Fox e no referencial teórico utilizado, no caso, Barthes. Mas, demorei pra vir comentar e agora devo mudar o foco, isto é, responder aos comentários anteriores.Vamos lá?

    Quando, no Twitter, eu reclamei do uso do linguajar gay, eu me referia àquelas pessoas que só escrevem assim, o que – vocês hão de concordar – é extremamente enfadonho. Eu até acho certa graça quando vejo alguém usando tal linguagem vez ou outra. E por que acho graça? Justamente por saber que a pessoa não é limitada, não escreve apenas daquele jeito.

    Então, pro revoltadinho lá de cima que disse que eu acho que os gays devem guardar seu linguajar no armário, eu digo que não, não é isso o que eu quero. Eu apenas critiquei gente que só se repete, que só escreve de uma maneira e, geralmente, sobre o mesmo assunto (no caso, o mais recorrente são as divas pop). Isso é limitar-se. Pra que comer só as uvas passas quando há um mundo de frutas cristalizadas por aí?

    Fica pra pensar.

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. Bem, S.A.M, quando eu postei o tal tweet, não estava me referindo a você, mesmo porque, confesso, nem o conhecia.
    Questões históricas à parte, você disse que mantém dois blogs, um deles sério e outro, nem tanto, fazendo uso da tal linguagem de que eu falei.
    Então, é justamente aí que está a coisa. Você usa a tal linguagem, mas não só ela. Eu (repito) estava criticando gente que SÓ fala/escreve assim, como se isso fosse um novo idioma.
    E não, não é. Nosso idioma é português.
    E também não dá pra chamar de sotaque, visto que este é exclusivamente fonético.
    O tal linguajar "gay" é, portanto, uma "brincadeirinha", que até chega a ter graça, desde que usada com moderação.

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  20. Bem, eu fui citado aqui, mas confesso que nunca fui criticado pela minha linguagem, muito pelo contrário: as pessoas se divertem com isso.
    E esse é o meu objetivo.
    Até porque da receita 'divaspop+celebridades' eu nunca fiz uso.

    A linguagem é a principal característica de um grupo, não é a toa que quando os Europeus colonizaram a América, Africa e Asia o rolo compressor foi primeiro sobre a língua dos nativos, para fazer a imposição do seu idioma.

    Se alguém de fato criticou como escrevo lá, é porque é tão destatento que não reparou no outro blog onde não uso uma gíria dessas sequer. E somente porque não comvem: Lá trato assuntos mais sérios.

    Porém, continuarei a fazer seu uso sempre quando for pertinente.

    Pra quem não conhece, fica o convite:

    www.oeternogaroto.blogspot.com

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  21. Meu comentário foi direcionado apenas a quem pensou dessa maneira, como não pensou, logo nem precisa de desculpar.
    Afinal eu mesmo quando li onde citaste, reparei bem no 'SÓ' , se referindo a quem obviamente somente utiliza apenas desse liguajar, é entediante e paupérrimo. Concordo.

    Minha citação remete as criticas que conforme o texto teriam ocorrido e exclusivamente a elas.

    Até porque vivemos numa democracia e cada um tem direito a opniar pró ou contra.

    Abraços a todos.

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  22. Bom texto, só acho q ñ existe A cultura gay - inclusive acho q rótulos LGBT existem só enquanto o mundo for heterossexista.
    Eu, particularmente, não falo gírias, acho muito feio (já me chamaram de elitista por isso) mas ñ me identifico c/ a cultura assinada. Acho que essas gírias são assinatura de um grupo particular de "gays" e não necessariamente de td gay.
    Existem gay q gosta de rock, que não são baladeiros, que não curtem caras musculosos, que jogam futebol etc... a diversidade é enorme.
    Não falo gíria, sou meio #ogro, ñ sou fanático por baladas, não sou consumista, tenho tesão por mulher tb e não sou menos gay por isso.
    Por isso acho q o fato de eu ñ falar gírias "gays" ñ me faz menos militante da liberdade sexual e afetiva...

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  23. Como se "gentchy" ou "bafão" fossem palavras que realmente modificassem a língua.

    Dou 5 anos pra isso sair de moda.

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  24. Ricardo Aguieiras02 dezembro, 2010 20:32

    Eu, confesso, me irrito na maioria das vezes com essa linguagem, apesar de entender alguns parâmetros para o uso dela, como a defesa, por exemplo. Em todos os grupos discriminados foram criadas linguagens próprias que só os envolvidos compreendem e usadas por um tempo. Vide, por exemplo, o pajubá.
    O que eu não gosto é de coisas estanques, de falta de criatividade e de inovação, de gente que só consegue fazer uma coisa só, mas isso em tudo, não apenas na linguagem. Tem gente que só consegue ser intelectual, por exemplo, sem humor, chatos, e isso também me cansa, como tem gente que só é uma coisa "corpo" e também dá na mesma. A linguagem é uma importante forma de dominação e de opressão, arrisco a dizer que tudo começa com ela, todos os preconceitos. Portanto, não custa ficarmos atentos... se o cara escreve assim, mas consegue entender uma Clarice Lispector ou um Manoel Bandeira, não tem mal nenhum nisso... o problema está na reprodução pura e simples de um comportamento, sem questionar nada.
    Beijo,
    Ricardo
    aguieiras2002@yahoo.com.br

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  25. "... escrever é assumir para si o rótulo de escritor e como tal é tomar partido dentro de uma série de manifestações políticas ..." Essa foi a pate que mais gostei ... Deslegitimar ou desqualificar a Contra cultura gay sob o argumento de que "não me representa" é para mim reforçar os preconceitos ... ninguem tem que segui-la, a adesão é voluntaria, agora nega-la e desqualifica-la e ao mesmo tempo usufruir dos espaços que ela conquista e conquistou para mim é miopia e hipocrisia ... otimo post. Parabens ... EU, ALOK, Só no Bafão ...

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  26. Vou polemizar, gay q tem tesão por mulher, não é gay ... é bi ... na verdade eu acho q todo mundo é BIS ... Acho q os gays e BIS são tão diversos qto a humanidade, o que é sacal é forçar patrulhamentos e prescrever comportamentos ou linguagens ... Ou seja, exigir que não falem em dialeto gay é para mim patrulhamento, tanto quanto exigir que o falem ...

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  27. Tá bom então sou gay bi, mais um rótulo idiota para tua lista.
    Obrigado

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  28. Cada um fale a gíria que quiser, mas eu não sou obrigado a entender só pq curto pau também, falei mais claro rs... Assim como não sou obrigado a gostar de caras musculosos, consumismo alienantes, Festival Mix Trash Brasil, música eletrônica, e shows de transformistas que não tem nenhuma graça etc Não dizem nada para mim. São signos sem...
    ai cansei... rs
    Boa noite. Vou dormir.

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  29. adoro bafos
    hahahahhahahahahhaaaaaa



    Bom finde!
    =D

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  30. Independente da forma que se escreve, realidade é realidade, ficção é ficção, e cada um tem o direito de escrever da forma que se sente mais confortável, aquela expressão coincidindo com a pessoa real ou não. Porque não é nada difícil escrever sobre algo que não concordamos ou expressamos, e é isso que muitas pessoas não julgam possível.

    Um beijo primo.

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  31. pq raios e trovões é errado só escrever gayzadamente?
    A internet expandiu mais do que se imaginava da língua e isso é fantástico, se antes existia até a sociolinguística, pra ver, comunidade+língua, hj tem q ter algo pra escrita, pq, caraca, olha só que bacana! e, não, não é errado num mundo infinito (mais do que o físico) que é a internet você querer se prender a uma forma de escrita...
    o problema das pessoas é achar que limite é só coisa ruim, limitação é só pejorativo e limitar-se é só ruim. resumindo: extremistas me dão raiva, pq é melhor "quem escreve as vezes de forma gay"?

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  32. Ai ai... passei por esse tipo de crítica recentemente... e já estou cansado de me explicar como se devesse alguma satisfação a alguém!

    Mesmo assim... parabéns pelo post... é bom falar sério vez ou outra!

    Eu não recebo as críticas do
    @rafz pra mim... além do mais... ele não é meu leitor... e todos os outros que também não gostam desse tipo de linguagem... não são obrigados a ler meu blog!

    Mas para explicar... Eu sou um personagem que falo o que quiser... da maneira que quiser... e fui criado pelo Elton... que vez ou outra resolve falar algo sério e usa uma linguagem mais "normal" - como se existisse legislação penal para a escrita!

    Hoje em dia penso da seguinte maneira: Leia-me quem quiser... o resto... é o resto!

    Continuaray abusando dos termos biluzísthycos em meu brÓgui... ele é meu... e faço dele o que quiser!
    Não é FOXX? hahaha!!!


    ***

    umBeijo!

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  33. Não te parece incrível como ser gay tem se tornado cada dia mais dificil?

    Um absurdo quem vive correndo do preconceito também provocar o mesmo preconceito! Um exemplo são as girias.
    Eu não as uso com freqüência, não critico que usa, mas acabei alvo de algumas por não saber o significado de trocentas delas.

    As coisas acontecem muito rápido nesse mundo gay,ou você pira tentando acompanhar tudo ou relaxa e goza.
    Quer escrever com gírias? Tudo bem. Quer escrever sem gírias? Tudo bem também!

    Antes ser gay era contestador, agora - para muitos - é seguir o líder. Não tenho paciência.

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  34. Curti seu blog, lado inteligente na blogsfera . . abraços !

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  35. Muito bom e altamente crítico seu post de hoje. Ou ontem, sei lá. Linguagem é uma forma de se expressar, uma das melhores por sinal. Caracteriza uma nação, um grupo. Existe sim uma forma culta que chamamos de formal, mas erros gramaticais propositais ou não existem. E não está errado, se estiver em um ambiente onde o "normal" é a linguagem errada, se falar como está dito nos livros gramaticias, o errado é quem falar certo. Isso porque dependemos, como vc mesmo disse, de vivÊncia, cultura.

    O que não curto são pessoas dizendo "modismos" para chamar a atenção afirmando para todos sua sexualidade. Não acho necessário. Entre amigos, uma brincadeira ou outra, acho digno! rs. Ou mesmo se for o jeito de falar das pessoas. Mas modismo por modismo apenas para dizer "sou gay mesmo, e daí?" eu não acho realmente aproveitoso.

    Beijo!

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  36. Gostei da abordagem, com citação e tudo, muito chique. rs
    Pra mim essas expresões são passageiras e marcam uma época, uma tribo...
    não vejo nenhum mal em usá-las.
    bju

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  37. Olha, acho que qualquer um tem o direito de falar como quiser, assim como qualquer um tem o direito de não gostar do modo como o outro fala. E tem o direito de expor isso, sim, como crítica. Enquanto isso ocorrer em uma esfera respeitosa, ok.

    Eu não curto o vocabulário completamente gayzado, mas tem coisas que eu acho muito legais de serem usadas. É tudo uma questão de saber a medida.

    Tem gente que vive falando várias palavras em inglês no meio da frase. Eu acho que não fica de bom tom em determinadas conversas, mas em outras é completamente normal.

    O importante é fazer a crítica de modo respeitoso. E só, cada um é livre pra ser o que quiser.

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  38. Já li o livro do qual vc fala, e concordo plenamente com tudo que vc disse. Sempre achei a linguagem gay a melhor forma de se "militar". Segundo o próprio Barthes (creio que em sua aula inaugural do colégio de France), fala, que todo discurso que se apresenta como subversor, carrega dentro de si o germe daquilo que quer negar, pq ele nasce da vontade de não ser aquilo que existe, então ele assume uma existência para depois negá-la. Negar um poder significa, então, assumir esse poder dentro de si. Uma linguagem que tem por si o apagamento de marcações de gêneros (amigue, colegue, entre outras palavras) traz em seu íntimo, sem precisar levantar bandeira nenhuma (e assim escapando da armadilha dos discursos políticos e de poder), o desvio da norma que não se quer obedecer. E, como vc disse, isso se torna coletivo. Trago aqui outro autor chamado Adorno, que quando trata da escritura (artística, mas não nego que a escritura gay seja artistica)assume que atravez de uma experiência estética individual a linguagem é despida de qualquer universalização, podendo assim ser aplicada e usada por qualquer um e só assim atingindo a universalização de fato. Dessa forma, uma linguagem que apaga qualquer marca do sujeito que a usou e de outro é uma linguagem universal e válida, respeitando as noções de Barthes, eu defendo. Uma linguagem gay, que nega marcações de genero,de aprisionamento de sexualidade em desinências, é a melhor militância que se pode encontrar. Obviamente que não é uma militância política, mas uma militância que se esconde dentro do material mais humano de que é feita a sociedade: a linguagem.

    Defendo a linguagem gay, apesar de não usar!
    Fique a vontade para usá-la quem quiser.

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  39. Do mesmo modo que há gays de diversos tipos, o estilo da linguagem também deve seguir essa diversidade. Sou totalmente a favor da utilização de gírias e de palavras escritas de forma peculiar. A linguagem é uma das várias maneiras de mostrar características de quem a usa.

    Confesso que demoro um pouco mais para ler e entender blogs que usam uma linguagem extremamente peculiar. Mas isso é questão de prática.

    Na blogosfera, (quase) tudo é permitido. Então, viva à diversidade da linguagem gay!

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway