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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Como Se Nasce Gay: Nós Não Somos Mutantes! (Parte I)

, em Natal - RN, Brasil
Eu leio X-Men desde os 12 anos, e sempre me identifiquei com a ideia de ser odiado por que nascemos diferentes. Os mutantes, criados em 1962, sempre foram uma metáfora sobre aqueles que se sentiam diferentes, mas é para os negros e os gays que os Filhos do Átomo sempre falaram mais diretamente. O racismo, primeiro (a analogia entre o Professor X e o Malcom X é óbvia), e a homofobia (com mais intensidade a partir da década de 1990 quando Jonh Byrne tirou o Estrela Polar do armário e Fabian Nicieza publicou Canção do Carrasco, saga que introduziu no universo mutante um vírus que, inicialmente, só atacava portadores do gene X, que causa as mutações, mas ao contaminar o primeiro ser humano torna-se um.problema mundial, uma clara alusão a AIDS), isto é, o preconceito, este sempre foi o tema central das revistas dos pupilos de Charles Xavier e, por isso, elas semprr lideraram as vendas de quadrinhos nos EUA (já no Brasil ninguém vence a Turma da Mônica). Porém hoje, 20 anos depois, e tendo dedicado tantos anos de estudo da História das relações homoeróticas, eu não posso mais sustentar o argumento de que existe um componente genético na Homossexualidade. E explico os meus motivos para crer nisso.
Apesar de eu adorar a ideia, eu sei que o preconceito gosta de partir para o caminho biologizante. Não é de hoje qie explicações para nossas diferenças apareçam no reducionismo genético. Desde o naturalismo literário no século XIX, vemos as diferenças serem resolvidas com o maldito "pau que nasce torto, nunca se endireita". A descoberta do DNA abriu um imenso problema para a História, a Psicologia e a Sociologia porque a Medicina e a Biologia resolveram acreditar-se capaz de explicar os comportamentos humanos e generalizá-los criando leis que por definição são ahistóricas (existem sem mudança através do tempo), gerais (ignoram o individuo) e universais (desprezam fatores culturais e sociais dos diversos povos da Terra).
Um exemplo é a invenção da Frenologia, uma ciência explorada por médicos (sobretudo psiquiatras) que com base nas medições do tamanho do crânio e da mandíbula pretendia reconhecer psicopatas entre a população. Outro exemplo são as pesquisas nazistas, que com intenção de provar a superioridade da raça ariana, usavam a genética para definir raças entre judeus, ciganos e comunistas. Conseguiram em ambos os casos provarem suas teses, mas obviamente falseando seus resultados.
É bom que fique claro: não existe prova de algum componente genético na homossexualidade, esta é apenas uma teoria. É apenas uma das explicações, contudo, é uma que nos torna desvios da norma. Mutações! Segundo a teoria genética haveria um DNA normal, heterossexual, e nós portaríamos então uma síndrome que alteraria um conjunto de cromossomos, como a Síndrome de Down, e daí desenvolveríamos o homossexualismo a partir do nosso amadurecimento sexual. A ideia que existe um núcleo genético normal é a grande falha desta teoria. As pesquisas sobre Down, inclusive, cujo componente genético é particularmente importante, é quem mais nos dá argumentos contra este discurso. Considera-se hoje que a Síndrome de Down não é uma mutação que transforma os seus portadores numa subespécie de humanos (porque é isso que quer dizer mutação, Sapiens sapiens), mas apenas uma característica comum aos seres humanos que se manifesta, inclusive, com determinada regularidade.
Outro grande problema da explicação genética advém da teoria da evolução. Uma mutação só seria compartilhada entre os homens se estes homens mutantes repassassem seus genes tendo filhos. O que quer dizer que em cada casal heterossexual que teve um filho gay, o gene estava ali presente. Se o gene está presente, o que faz ele ser ativado ou não é a presença de outro gene recessivo que estaria no seu companheiro, isto é, ambos, os pais e mães carregam o código para criar um bebê homossexual. A genética conhece genes recessivos, características físicas de bisavós como olhos claros ou cabelos ruivos podem reaparecer na família após gerações nos bisnetos, estando adormecidos nos avós e pais, esperando uma outra pessoa com o par de gene igual para gerar uma criança.
Crer na pura explicação genética nos coloca numa situação muito perigosa. No limiar da medicalização e da eugenia, é possível que num futuro próximo se construir um teste que possa indicar o homossexualismo nos bebês e um casal possa ter o direito de abortar este pequeno mutante. Seria uma imensa crise no interior dos grupos contrários ao aborto porque estes também são contrários a causa gay, mas não acham que alguém levantaria esta proposta? O gatilho genético anda de mãos dadas com a definição de que somos pessoas doentes, geneticamente doentes, como homens calvos ou diabéticos tipo 2, por isso é bom abandonar essa ideia.

53 comentários:

  1. Então somo o que? Qual sua explicação para a nossa homossexualidade? Eu acho que a biologia está envolvida em alguns aspectos sim, mas não completamente. Por que as pessoas dizem que a uma ditadura gay quando há mais personagens homossexuais, será porque eles sabem que dentro deles mesmos isso pode ser o "gatilho" para eles experimentarem? Acho que a sexualidade humana é muito complexa, e nunca encontrarão um gene gay, nem comprovarão que é a educação.

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    1. Mas que a metáfora dos mutantes com os negros e gays é legal é sim, mesmo que não sejamos mutantes.(continuação)
      Nick

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    2. Olá, Nick, que bom que assinou a postagem, assim eu sei que é vc. Sim, a metáfora dos X-Men é muito legal mesmo, mas eu, como historiador, não vejo a resposta na biologia já que os comportamentos homoeróticos são tão diferentes. Se homens na antiguidade não eram nem gays nem heteros, e eles possuíam o mesmo código genético que nós (o que múmias comprovam), então essa explicação genética é uma furada, não acha?

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  2. Realmente um tanto quanto complexo esse assunto heeim, um dos assuntos que mais me fez acreditar que não é genética e muito menos o meio social que faz o individuo. O mais foda é que sempre vai existir os dois lado da moeda, enquanto uns defendem um, outros vão defender o deles, e eis que a discussão torna-se interminável. Muito bacana mesmo a comparação que fez no começo do texto, achei de grande valia, e o embasamento no decorrer do texto faz com que realmente 'alguns' parem, e pensem, por exemplo: Se seria possível abortar um filho sabendo que ele seria gay, mas pera ai, somo anti-aborto, e agora?! Essa conversa ainda vai longe heeeeeim. Curti muito o teu texto!


    Abraços Queridão!

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    1. Espero que a conversa vá longe mesmo, é bom quando as pessoas mostram seus argumentos e podemos discutir o assunto. É assim que acontece uma conversa interessante.

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  3. Não entendo a necessidade da ciência em explicar como surgem homossexuais. Deveriam canalizar tempo e dinheiro para intensificar pesquisas que dariam resultados eficazes para a humanidade. Qual a razão de descobrir? Tentar corrigir? Abortar, como vc mencionou?...eu sempre achei e tenho plena convicção que não é o meio e nem o tempo que faz uma pessoa tornar-se gay...existem crianças de 2 ou 3 anos que ja são viadas. Gostaria de conhecer um ser humano que fosse 100% normal. Digo, em tudo, psicológico, físico e sentimental. Vamos estudar o gene do fanatismo religioso tb...pq os evangélicos ficam tão neuróticos com o demônio...acho que isso ajudaria mais do que descobrir pq fulano é gay. Fanatismo religioso e ignorância são mais perigosos do que a bichice alheia...abração Foxx.

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    1. A procura de como surgem é o caminho da medicalização, Rafa, sem sombra de dúvida. É para corrigir, abortar, medicar, com certeza. Enlouquece os pesquisadores saber que é um padrão socio-cultural cujas variáveis são tantas que é impossível controlar. E graças a Deus senão eles estariam vendendo remédios para pobres pessoas que se consideram doentes como quem vende água no deserto.

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  4. Uma reflexão e tanto eim? Extremamente bem colocada ... apreciei e muto as colocações críticas do Leoni ... oportunas e pertinentes ... tem horas q o tal cientificismo me irrita ... tudo tem q ser explicado ... q saco ...

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  5. Eu gostei muito deste artigo: http://www.ladobi.com/2014/06/genes-gays/

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    1. Vc notou que no texto que vc linkou as palavras que ele usa para falar do tal gene gay são sempre negativas? Mutação, desvantagem, defeitos, anormalidades?

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  6. eu tô cm o Rafael Leoni, não quero saber porque sou assim.

    tô satisfeito com o que sei.

    mas seu texto me deu até vontade de ver X-Men, que eu olho com tanto preconceito.

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  7. Olá querido, que texto mais bem escrito, quando vi os marcadores fiquei imensamente assustadx com o termo homossexualISMO, como tag, depois que li a postagem fiquei mais aliviadx, concordo bastante com você que as respostas para a sexualidade não estão na biologia, como você mesmo exemplifica várias atrocidades foram causadas "critérios" biológicos, é que também acontece com as pessoas trans, sempre me pergunto se há algo na biologia, na psicologia, ou em qualquer ciência que irá definir a sexualidade, aliás recomendo a você um artigo do Foucault chamado "as técnicas de si". Beijos, querido

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    1. Pois é, Renatx, tb não acredito que encontraríamos uma resposta na biologia, ela não explica o comportamento humano como se supõe, sinceramente, eu não entendo o porquê de alguém procurar em genes a resposta para comportamentos, mas é uma saída sempre mais fácil...

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  8. eu sou dos que acredita que o componente genetico esta la, e os gemeos gays são uma corroboração, mas tb tenho certeza que o ambiente é fundamental,...é um assunto pano para manga . se for genetico, eugenia, se for social, culpa das mães! aff

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    1. O problema dos gêmeos é que também existem casos de gêmeos idênticos que não são gays, e gêmeos são tb criados no mesmo ambiente e expostos basicamente ao mesmo tipo de experiências não é?
      Sobre ser social e a culpa da mãe, acho que é mais complexo, nós não estamos expostos somente a mãe durante nossa primeira infância: pais, tios, avós, irmãos mais velhos, primos, vizinhos, padrinhos, amigos dos pais, mais tarde professores, colegas de escola, amigos, são inúmeros seres humanos com os quais temos contato para se responsabilizar somente a mãe, não é?

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    2. Lembrei de algo que li recentemente sobre teorias psicológicas do surgimento do homossexual. Sempre se matematizou "pai ausente" mais "mãe superprotetora" igual "menino gay". Pesquisas recentes sugerem que a ausência do pai é causada pela percepção do filho, ainda na primeira infância, que não seguirá seus próprios passos e, com isso, a mãe tenta suprir a falta do pai, sendo super presente e, consequentemente, super protege o pimpolho flamejante. Como toda vertente psicológica, é apenas uma teoria, mas me agrada que tenham pensado também o caminho inverso: não são as características dos genitores que determinam a sexualidade do filho e, sim, a sexualidade do filho que determina a característica dos pais. Pensemos.

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    3. São sempre teorias, né Menino que Voa? Tentativas de explicação, nada mais que isso. O problema é quem acha que uma teoria é uma verdade e a ciência não trabalha com verdades, mas somente com teorias e hipóteses.

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  9. Eu já levo em consideração uma idéia que recentemente vi sendo tabulada por pesquisadores. Acompanhe: se a natureza sempre da um jeito de segurar as pestes que assolam o planeta, em uma busca frenética pelo equilíbrio, eu vejo a homossexualidade como uma forma que ela encontrou para conter o crescimento exponencial do ser humano. Em teoria, o gay pode ter filhos, mas em sua maioria adotam crianças que já existem. Essas crianças já existiriam de qualquer forma, e se quem a adotasse fosse heterossexual, provavelmente geraria outra, ao invés de "aproveitar" uma que já existisse. Com essa "prática", o crescimento populacional vai diminuindo. Vejo isso quando ouço que "é incrível como tem tanto gay hoje em dia, não?". E isso ocorre devido a: 1) os armário já não estão tão grandes, então os homossexuais não estão se contendo dentro dele ou 2) a natureza tem "despachado" mais gays para o mundo como forma de contenção.

    Viajei né?
    (Tentei escrever sem parecer preconceituoso ou ardiloso. Espero ter conseguido)

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    1. Acho que sua teoria só funcionaria se a crise populacional já tivesse milhares de anos. A evolução genética precisa de muito tempo para se configurar dentro dos corpos humanos e, sinceramente, nós nos tornamos tantos no planeta a menos de um século e mesmo assim estamos concentrados na Ásia e África, e o número de gays tem aumentado na América e Europa.
      Com certeza hoje existem muitos gays pq nós temos mais liberdade para assumir esta forma de expressar nossa sexualidade. Essa, agora, é uma opção válida, enquanto décadas atrás era algo que necessitaria ser sublimado.

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    2. Não discordo de vc. Acho que todas as formas de pensamento, nesse caso, são válidas, porque são apenas teorias e a melhor coisa para gerar pesquisa é esse brainstorm. Mas vc fala sobre concentração populacional na Ásia e África, continentes conhecidamente mais antigos e seculares. Contudo, menos pragmáticos no quesito homossexualidade. Lugares onde ser gay é proibido por lei e, muitas vezes, punido com a morte. Não acredito que a população gay tenha crescido apenas na Europa e América. Ela tem se mostrado mais, sim. Mas por causa das sanções que existem lá do outro do planeta. (Adoro quando os contrapontos são inteligentes e geram discussões desse tipo. Que delicia. Beijos)

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    3. Que bom que consegui promover esta discussão aqui. Era isso mesmo que eu queria. Vamos pensar! Vamos conversar! Vamos discutir!

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  10. Muito bacana sua reflexão! Admito que gosto da metáfora que os mutantes podem representar para quem se acha diferente. E admito também que, às vezes, se apoiar numa explicação biológica é algo "bom" a depender do contexto em que você vive, porque essa explicação parece nos permitir mostrar aos que acham que somos um desvio da norma, que não escolhemos 'ser assim', apenas 'somos'. Por outro lado, concordo que há outros determinantes que devem ser considerados, como o ambiente, por exemplo. Pensar que a homossexualidade é algo determinado pelo ambiente, embora seja plausível, é uma explicação que não parece tão 'legal' porque é como se embasasse a ideia de que é uma escolha. Eu sei que estou sendo reducionista aqui, mas só queria tentar explicar o que penso. No final das contas, as vezes me pergunto se saber 'de onde viemos' é assim tão necessário. Mas ainda não consigo deixar de pensar sobre isso. Enfim, espero ter conseguido me explicar. O propósito com esse comentário na realidade é apenas colaborar com a discussão, sugerindo uma dissertação de mestrado que buscou investigar os 'determinantes" do comportamento homossexual. A quem se interessar, aqui está o link: http://www.ufpa.br/ppgtpc/dmdocuments/MESTRADO/ALINE.pdf. No mais, parabéns pelo blog.

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    1. Gente, amando vcs trazendo links e contribuições. Primeiro o Edu e agora vc. E bem, que vc gosta dos X-Men seu nick já revela, mas eu repito o que digo, biologizar comportamentos humanos já foi tentado várias vezes e o resultado sempre foi o fracasso porque não vivemos mais em um mundo regido pela natureza a milhões de anos, vivemos em ambientes culturais, não em ambientes naturais, nossa biologia é domada pela cultura/sociedade.

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  11. Olha minha madrasta e formada em biologia e eles estudaram muito sobre isso de genética no caso do homossexualismo, o fato na minha opiniao é que realmente tem algum lance genético... o homossexualismo nao e doença, é apenas mais um dos muitos fenomenos da natureza... peixes que trocam de sexo.... minhocas hermafroditas... casais de pinguis que adotam filhotes órfãos.... sou gay e amo quem sou .

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    1. Dernier, espero que vc saiba que não existe homossexualismo. Eu usei essa palabra no texto exatamente para mostrar que pensar biologicamente a homosexuaLIDADE é o mesmo que se sustentar o uso da palavra homossexuaLISMO como se fosse uma doença da qual se procura a cura. Homoerotismo, relacionamentos entre pessoas de um mesmo gênero realmente existe na natureza, entre animais, entre pessoas da Grécia Antiga até hoje. Mas não existem pinguins gays, somente são gays seres humanos, pq esta é um identidade cultural do século XX, vc me entende?

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  12. Quando eu era criança também me achava meio mutante, hoje em dia não, hoje entendo que sou diferente, mas quem é igual? ^^ Abs Foxx

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    1. Ah, eu smepre fantasiava que eu era um X-Men. Meu irmão queria ser um Cavaleiro do Zodíaco e eu um X-Men!

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  13. Às vezes tenho certeza de que nasci de um ovo. O que me faria um mutante, nzé? Ou só galinha mesmo! Hehehehe!

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  14. A bem da verdade é que nem interessa tanto as causas, o fim sempre será o mesmo.. Se for uma doença deverá ser curada, se for um desvio deverá ser realinhado, se for um comportamento deverá ser revisto... Os reaças sempre vão buscar manter seus privilégios pisando na cabeça da diferença. Isso é muito claro no discurso do Malafaia, por exemplo, por qq prisma que seja colocado será contra-argumentado com veemência e acho que não necessariamente ele acredita tudo que fala, mas seu compromisso não é com qq verdade e sim com o que dseja.

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    1. É verdade, Gato, quando alguém pretende defender seu argumento a fina força não é nessessário nem acreditar naquilo que diz, só repetir o mesmo argumento incessantemente, como vc mesmo fala que eu faço não é?

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    2. A diferença é que eu imagino que vc acredite no que está falando em vez de apenas defender ponto.. A sua repetição é culpa dos dementadores.. Malafaia é ungido, tira o dementador no sopro, vc precisa de um leque pra quando o dementador vir fazer: VRÁÁÁÁÁÁ!!!

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  15. Otímo texto, Gostei Muito ... são tantos fatores que definem a sexualidade de alguém é reducionista colocar tudo por conta da responsabilidade de um gene em on/off ... mas eu pelo menos tenho a certeza de que nascemos assim ... parece um pouco paradoxal e é ... mas eu acredito que as causas da homossexualidade é uma mistura de tudo que temos em nossa vida, causas biologicas, emocionais, sociais, talvez até genéticas ... Na GNT tá passando uma propaganda muito interessante ... Ela diz algo mais ou menos assim: Existem comportamentos homossexuais em mais de 480 espécies no Reino Animal, mas homofobia apenas em uma, o ser humano ... sei que é meio biologizante, mas acho que leva a uma reflexão.

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    1. Existe uma diferença que os biólogos não levam em consideração: comportamentos homoeróticos (sexo com o mesmo gênero) não são a mesma coisa que homossexualidade, os comportamentos de animais são os mesmos impulsos sexuais que nós temos, mas nós cobrimos estes impulsos sexuais de simbolismo cultural (isto é, identidades), é como nós fazemos com comida por exemplo. Nós e animais temos fome, mas nós recobrimos o ato de comer de uma série de simbolismos e tabus, comemos certas comidas em certos horários do dia, outros somente em algumas épocas do ano, criamos até rituais à mesa, transformamos algo que é instintivo em algo não natural, é a mesma coisa que o sexo e a sexualidade, o primeiro é instinto, o segundo ritual/cultural.

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  16. Bem interessante !
    Bom mesmo abandonar essa idéia, por melhor (depois de ler seu texto, nem tanto!) que ela pareça.
    O bom mesmo seria celebrarmos a diversidade do mundo !

    Abraço !

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  17. Eu, sinceramente, sempre acreditei que ao ter uma comprovação biológica da questão estaríamos livres do peso da palavra "escolha". Digo isso, pois os detratores também se utilizam desses argumentos em seus ataques utilizando frases como: "não existe o cromossomo homossexual!" Não pensava que desejando tal comprovação, estaríamos armando nossa própria arapuca. A discussão que você abriu é valiosa, mas não sei se entrariam em tanta contradição assim como no caso do aborto que você citou.

    Mudando só um pouco de foco... Esses dias, observando o comportamento de alguns familiares e conhecidos meus, todos evangélicos, fiquei pensando em algumas possibilidades. Os tais, bem como boa parcela da sociedade, condenam veemente a homossexualidade e sabem identificá-la, obviamente, desde os trejeitos afeminados do menino franzino que apesar de ter uma identidade homossexual (nem sempre, creio), mas que como criança não entende o que se passa e simplesmente vive.

    A partir daí os ataques se intensificam, moldam a pessoa, até certo ponto (isso tudo é muito limitado). Colocam a etiqueta "viado" e depois dizem: "se quiseres ser salvo large esses comportamentos". Daí, como queres ser salvo os larga, mas ainda és afeminado, falas de um jeito diferenciado, tens gostos diferenciados, sentes desejo, mas é como uma quarentena sem fim. O assunto homossexualidade para aquela pessoa morreu, falar com ela sobre isso é tabu. Aí é que a hipocrisia ferina e ardilosa entra em ação: o afeminado da rua é o viado (pode nem ser), mas o da igreja é uma bênção.

    Só citei esse caso, para demonstrar a tamanha hipocrisia e também como de certa forma a própria sociedade nos molda. Isso, de maneira limitadíssima (quero deixar isso bem claro, deu pra perceber né? rs), mas nos molda, depois nos descarta e quer nos remodelar, como se fosse possível. Não sei se me fiz entender, mas isso me incomodava e precisava falar sobre. Abração!
    B.H.

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    1. Adorei seu comentário, B.H., de verdade, é ótimo ver suas reflexões suscitadas pelo meu texto. Muito bom mesmo! A próxima semana eu vou publicar a continuação desse texto.

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  18. Você não aprendeu nada sobre genética no Ensino Fundamental e no Médio OU seus professores da época precisavam URGENTEMENTE de um curso de atualização.

    Volte 7 casas!

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    1. Amigo, amigo, que espécie de comentário que não acrescenta nada a discussão é esse? Se eu não entendi algo sobre genética, que tal, no lugar de fazer um comentário irônico, vc explicar o que eu posso ter me enganado?

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    2. Nossa, vc precisaria refazer TODO o post!!
      Vamos por partes:
      1) O seu maior erro é não levar em conta que qualquer Ciência (a História e outras ciências sociais inclusas) é uma produção do ser humano e, como tal, depende do contexto histórico e social no qual o indivíduo que a produz esteja inserido. Qualquer cientista só vai conceber ideias que se encaixem em sua compreensão de mundo. Se, no passado, tínhamos uma geração mais hostil à homossexualidade, é preciso entender que isso se refletiu em sua produção científica em todas as áreas, incluindo nas ciências sociais.
      2) Vc fala de um conceito determinista de genética que não é usado há MUITO tempo! Hoje sabemos que a expressão da maioria das características dos seres vivos são resultado da interação carga genética + ambiente. Para entendermos, vou dar um exemplo humano: a cor de pele de um indivíduo é determinada por uma influência genética e uma influencia ambiental (como a sua exposição aos raios solares). É bom lembrar que a cultura e as pressões que dela nascem podem ser consideradas como influência ambiental. Logo, a Biologia não nega os conhecimentos da História e quando diz que algo no comportamento humano pode ter base genética não negligencia que a pressão cultural pode interferir na expressão dessa característica...
      3) Uma mutação genética não é necessariamente algo anormal! Uma mutação é uma mudança num padrão genético anteriormente observado. Neste sentido, qualquer sexualidade seria uma mutação, já que todos os seres vivos da Terra evoluiram de seres assexuados (e que, portanto, não poderiam expressar nenhuma sexualidade). Assim, não existe essa ideia de que a heterossexualidade seja precursora da homossexualidade (e que esta última seria uma degeneração da primeira).
      4) Vc fala que "não existe prova de algum componente genético na homossexualidade, esta é apenas uma teoria (sic).", mas isso é ignorar os vários estudos recentes que sugerem existir um componente genético na sexualidade humana. Além disso, teoria é quando temos um conjunto de HIPÓTESES (que foi o que eu acredito que vc quis dizer em sua frase original) e este conjunto passou a ser uma explicação bem fundamentada para descrever eventos que ocorrem na natureza, envolvendo fatos, leis e hipóteses já testadas exaustivamente.
      5) Vc diz que se a homossexualidade masculina fosse genética, ela só poderia ser recessiva para se manifestar (acredito que o motivo desta sua crença seria a que homossexuais não podem ter filhos entre si). Primeiro, que existem "n" formas de características genéticas serem passadas adiante e se manterem na população (considere aí, além da recessividade, as heranças ligadas ao sexo, herança restrita ao sexo, herança limitada pelo sexo e as heranças epigenéticas). Em segundo lugar, a sexualidade não é tão definida quanto pode parecer e não há apenas os extremos homossexuais e heterossexuais. A sexualidade, como a maioria das características de uma população de indivíduos apresenta variações dispostas ao longo de um continuum e entre a homossexualidade estrita e a heterossexualidade estrita temos "n" sexualidades intermediárias (pesquisar sobre a escala Kinsey - cientista que era um biólogo, diga-se de passagem - e outras classificações das sexualidades mais atuais).
      6) O fato de algo ter bases genéticas não leva, necessariamente, à procedimentos baseados em eugenia. E, por mais que isso fosse verdade, a vontade de alguém em fugir da possibilidade de eugenia não modificaria a realidade de uma característica ter ou não ter base genética. logo, dizer que a possibilidade de eugenia seria um argumento contrário à possibilidade de existir base genética na sexualidade humana não faz sentido.

      Bem, tem mais coisa, mas esses são os pontos principais...

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    3. 1) Você me ofendeu intelectualmente acreditando que eu não sei que as ciências estão relacionadas com o tempo que são produzidas, inclusive é sobre isto que é meu texto.
      2) Talvez dentro dos meios da Biologia o determinismo genético não esteja mais em voga, Leãozinho, meu amigo, mas deixe-me informa-lo que isto não é verdade quando se trata dos discursos que são vendidos para combater tanto a homossexualidade quanto os negros e judeus.
      3) Eu sei disso, sei que a homossexualidade não advém da heterossexualidade, eu sei disso, e é exatamente por isso que escrevo este texto, porque este discurso geneticista da a entender que algo veio primeiro. Outra coisa, vc confunde aqui os conceitos de sexo e sexualidade, uma criatura sem-sexo pode sim expressar uma sexualidade porque ela não está ligada a presença de orgãos genitais ou gametas, não sei se isto existe, obviamente, se criaturas sem-sexo podem expressar sexualidade, mas em teoria podem sim.
      4) Não, teorias não precisam ser testadas exaustivamente, muitas não são e foram admitidas na ciência. Coisas na física, por exemplo, teorias propostas que ainda não puderam ser comprovadas, tentam explicar nossa realidade, nossa vida, mas não existem provas delas, teorias e hipóteses não são TESES, elas não precisam de comprovação para existir, meu amigo. E foi isso que eu quis dizer nesta frase, como uma teoria, ela não precisa de nenhuma prova, mas dita pela ciência assume ares de lei mesmo estando, muitas vezes, enganada (muitas vezes sim, a ciência se fundamenta no fato de que todo conhecimento é formado por teorias que podem ser consideradas erradas e reformuladas, é assim que nosso conhecimento cresce, inclusive).
      5) Repito, vc confunde os conceitos sexo e sexualidade. Sexualidade só pode ser definida através de referências culturais (história!), sexo é uma definição biológica e no caso só existem dois tipos. A escala Kinsey é uma expressão da diversidade cultural em relação a sexualidade, não de diversidade biológica.
      6) A eugenia é construída através de um discurso científico, amigo, e é disso que eu falo. Da construção de um discurso. A existência de bases genéticas para a homossexualidade abrem a possibilidade, trazem os argumentos necessários, para a construção de um discurso político que, como depositamos na ciência toda a base de nossas verdades, ganha extrema força. É por isso, inclusive, que eu não confio plenamente na ciência, como não confiaria plenamente na religião também, dar tanto poder de verdade a qualquer um dos dois dá a seus manipuladores o poder de interferir nas nossas concepções de mundo porque eles passam a manipular a nossa percepção de verdade.

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  19. Retornando sobre o que vc disse:

    1) Se vc se sentiu ofendido em relação a eu dizer que vc não sabe que as ciências estão relacionadas com o tempo que são produzidas, deveria se preocupar mais em não transmitir a ideia do contrário. Sua falta de preocupação neste sentido soou como um desrespeito a todos os estudiosos atuais dessa temática na área Biológica. Um leigo que lê o seu texto não percebe que tudo o que vc descreve é um passado superado dentro das Ciências, principalmente, pq vc não deixou claro isso em seu texto. Aliás vc, mesmo que sem a intenção de fazê-lo, induz o leitor à conclusão contrária, no trecho em que vc diz que apesar de vc adorar a ideia de existir uma base genética na sexualidade humana, vc sabe "que o preconceito gosta de partir para o caminho biologizante" (como se isso ocorresse em larga escala ainda hoje dentro das Ciências, no tempo presente em que vc vive, e que, quando ideias assim surgem no presente, elas ainda tivessem crédito no meio científico).

    2) Uma correção em sua observação: talvez não! O determinismo genético NÃO ESTÁ mais em voga na Biologia e isso faz tempo! Dizer que pessoas ainda se valem de conhecimento superado e ultrapassado para justificar seu preconceito é prova, não de que não se deva pesquisar sobre a sexualidade humana, mas de que a divulgação do conhecimento científico atual pode ser uma grande aliada no combate ao preconceito.

    3) O discurso geneticista NÃO dá a entender que uma sexualidade veio necessariamente primeiro que outra nem que uma seria resultado da degeneração de uma sexualidade normal. Seria como dizer que o discurso genético prega, ao invés da ideia de que as várias cores da plumagem dos periquitos são variações comuns da espécie, que uma das cores de plumagem seria a "normal" e as outras "aberrações da natureza". Outra coisa: fiquei curioso em saber como seria a sexualidade numa espécie sem sexo biológico. O conceito que tenho sobre sexualidade tem como pré-requisito a existência de sexo biológico na espécie (eu disse espécie e não indivíduo, esteja atento a este detalhe!). Qual seria o conceito de sexualidade que permite imaginar uma sexualidade teórica para espécies sem sexo biológico?

    4) Vc confunde o conceito de teoria e hipótese no meio científico. Hipótese é o que vc descreve. Teoria não. Se, em algum lugar, vc viu alguém chamando isso que vc descreve de teoria (e não de hipótese), pode ter certeza que a pessoa que o fez também confunde o conceito de teoria e hipótese.

    5) Acredito que vc tenha conceitos de sexo e de sexualidade bem singulares. Gostaria de entender o motivo de sexualidade só poder ser definida por referências culturais, sendo que ela tem base em características biológicas! Quando vc afirma isso, acredito que vc confunde a sexualidade em si com a identidade de orientação sexual da pessoa. Se a sua frase fosse formulada a respeito da identidade do indivíduo, eu entenderia... Ah, a definição biológica para sexo NÂO afirma que só existam dois sexos biológicos, ok? E, por último, peço por favor que vc me diferencie "expressão da diversidade cultural em relação a sexualidade" de "sexualidade" e porque a diversidade biológica não faz parte da sexualidade.

    6) Continuo sem entender a sua afirmação! Vc fala da construção de um discurso e não da existência ou não do fato em si. Ok. Mas aí o perigo estaria, não na pesquisa científica em si, mas na ÉTICA científica, certo? A genética não traz implicações práticas: ela apenas investiga a realidade
    de um fenômeno observado. O grande perigo estaria na MEDICINA GENÉTICA, que usa os conhecimentos da genética para aplicá-los à medicina.

    Deixo aí aquele famoso vídeo do Eli Vieira, um geneticista, desconstruindo os argumentos equivocados, falsos e mal intencionados de Silas Malafaia:

    https://www.youtube.com/watch?v=3wx3fdnOEos

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    1. Então vamos lá:

      1) Eu me senti ofendido porque vc abrir seu discurso dizendo que o MAIOR ERRO de um historiador é ele não está atento aos conceitos básicos de sua ciência que são os de contextualização e historicidade é simplesmente tentar destruir um discurso com base do argumento de autoridade. Foi feio! Você tinha formas muito melhores de me questionar e de começar suas criticas ao meu texto sem atacar o meu lugar como historiador para tentar reduzir minha credibilidade. Repito: foi feio!
      2) Eu concordo. Porém não é SuperInteressante (nossa maior revista de divulgação de conhecimento científico) que vai fazer isso não é? O conhecimento cientifíco precisa antes ser divulgado para que meus medos em relação ao uso de teorias já superadas esteja errado. Vc aponta como resolver o problema, e eu concordo, mas este problema ainda existe e fingir que não pode nos fazer ver este fantasma ressurgir.
      3) Também eu gostaria de saber como seria a sexualidade de uma criatura sem sexo biológico, não consegui imaginar também.
      4) Então para mim, teoria é um conjunto de regras/leis/afirmações que explicam algum fato do mundo, hipótese é uma teoria que ainda não foi comprovada, ok até ai? Porém eu coloco as duas no mesmo barco porque qualquer teoria pode ser deixada de lado se outra teoria for proposta pode substituí-la, não?
      5) Sugiro que vc leia História da Sexualidade de Michel Foucault para entender porque sexualidade é um conceito cultural que, de forma alguma, envolve o sexo biológico. Não sou eu que tenho um conceito singular de sexo e sexualidade, os estudiosos que estudam sexualidade que definiram este conceito desde a década de 1960.
      6) Sim, o perigo não está na pesquisa cientifica, levantar fatos não causa nenhum problema, mas todo o uso dos fatos é cercado por vontades de poder, isto é, desejos de controlar algo ou alguém e usando estas pesquisas para produzir uma certa vontade de verdade. Meu problema, e o que eu critico, é que tipo de vontade de verdade quer ser construído.

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  20. Continuando então, meu caro amigo:

    1) Eu não tentei destruir o seu discurso com base no argumento de autoridade. Eu disse que, da forma em que seu texto está escrito, há o risco de um leitor leigo (não historiador e não cientista) cair em erros básicos. E esta falta de cuidado, pra mim, se multiplica em "n" pontos problemáticos do seu texto e confunde o leitor em suas possíveis conclusões. Não disse que vc, como historiador, desconhece esses princípios básicos e nem questionei sua credibilidade. Eu critico, de novo, a construção do seu texto. Fosse este texto destinado à academia em qualquer área das Ciências Sociais, eu não faria esta crítica. Mas, sendo um texto publicado em um blog na internet, acredito que a crítica vale a pena para lhe chamar a atenção para a adequação de suas ideias ao público alvo. Desculpe se ficou feio, mas não posso deixar que se prejudique os benefícios da correta divulgação científica (tanto biológica quanto histórica).

    2) Não é porque uma solução está em vias de construção que ela deva ser descartada apenas pelo fato de ainda não ter gerado de forma completa seus efeitos benéficos. Pelo contrário: devemos intensificar o seu ritmo de implantação, para que ele se concretize o mais rápido possível!

    3) e 5) Vc percebe que estes dois itens entram em contradição? Vc diz em "5" que sexualidade "de forma alguma, envolve o sexo biológico". Mas não consegue responder em "3" como definir sexualidade numa espécie na qual não exista sexo biológico... Essa é uma das minhas maiores críticas a esses estudos das Ciências Sociais que simplesmente ignoram o componente biológico humano. Vc, como historiador, sabe que um dos fatores que colaboraram para a Revolução Francesa foi a fome que atingiu principalmente os camponeses. E só sentimos fome porque, biologicamente, somos seres heterotróficos. Se seres humanos fizessem fotossíntese, a história seria diversa do que é. Portanto, volto a indagar: é plausível sustentar um conceito teórico sobre uma característica humana que se manifesta em sentimentos, emoções e reações fisiológicas (ao menos) e dizer que este não atinge "de forma alguma" a dimensão biológica? Ou seja: tudo se resume a influencia cultural e fosse nossa fisiologia/anatomia completamente diversa do que é, ainda sim em nada a sexualidade seria afetada? De qualquer forma, esta discussão é secundária dentro de uma questão que me pareceu mais grave: seu texto dá a entender que, para a Biologia, só há duas sexualidades possíveis (heterossexual e homossexual), enquanto que isso é um cenário extremamente distante do conhecimento atual da Biologia (voltando em Kinsey e correlacionando-o com o conceito de nicho n-dimensional de uma espécie - vale a pena fazer uma pesquisa sobre isso).

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    1. Olá, meu querido amigo

      1) Desculpe, mas quando vc começou o seu comentário fazendo aquela afirmação o que vc pretendia era destruir minha autoridade como historiador e com isso destruir por base toda minha argumentação. Foi feio porque nós, como amigos que somos, não precisamos de utilizar estes subterfúgios porque estamos somente tendo uma conversa (aberta para todo mundo ver, mas apenas uma conversa, não é?)

      2) Concordo plenamente.

      3 e 5) Não, não entram em contradição. Se um ser que não possui sexo biológico PODE ter uma sexualidade significa que não existe ligação nenhuma entre um e outro. A questão é que EU, LENIN CAMPOS SOARES, não consigo imaginar como seria, problemas de criatividade meus, por isso não sou um bom escritor de ficção científica. Mas isso, em nada, desconstrói o conceito de sexualidade.
      Utilizando seu conceito de fome, para explicar sobre intervenções culturais. Nós no Brasil sentiríamos fome primeiro aos franceses, nós não comemos carne de cavalo, caramujo e outros bichos que consideramos interditos enquanto os franceses consomem estes alimentos sem problema. Mesmo sendo a necessidade de alimentar-se um fator biológico, a fome ela é um elemento socio-cultural porque ela não se dá a partir da necessidade de alimento que temos, mas a partir do que nós consideramos ao nosso redor como passível de se tornar alimento ou não.
      E, por fim, o que eu disse foi que GENETICAMENTE só existem dois tipos de SEXO (macho e fêmea), existem indivíduos que possuem DOIS SEXOS (hermafroditas) ou nenhum sexo. Mas SEXUALIDADES possíveis essas são inúmeras pois não dependem de nossa genitália para existirem, elas existem conforme as circunstâncias politico-culturais que estamos expostos.

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    2. Ei, de novo!

      1) Opa! Não queria saber mais das minhas intenções que eu mesmo! Não foi isso e sou eu quem está dizendo...

      3 e 5) Acho engraçado vc usar um conceito que vc mesmo não consegue conceber na prática...
      Sua explicação sobre as intervenções culturais só reforça o que eu disse: somos um misto de cultura moldada sob uma base biológica. Logo não se pode negar a existência de nenhum dos dois componentes na constituição da experiência humana, oras! Dizer que não há nada de biológico na sexualidade e que ela é meramente cultural é negar um dos componentes desse amálgama! Seria como dizer que não há nada de biológico na fome, mas apenas o que a cultura reconhece como alimento ou não... O sexo biológico (não confundir com genitália, nem com identidade e/ou expressão de gênero...) influencia a sexualidade. Imaginar que isso não acontece seria como imaginar que tanto faz o recipiente que se usa para cozinhar, que não haveria influência sobre o alimento que se prepara...

      Lamento te dizer, mas geneticamente não existem apenas dois sexos (o conceito de sexo biológico é mais complexo do que nos ensinam no Ensino Fundamental e Médio...). E isso a Biologia sabe há muito tempo...

      E mais uma vez: não negue os componentes biológicos da sexualidade, por favor! O componente cultural não apaga o componente fisiológico!

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  21. 4) Hipótese NÃO é uma teoria ainda não comprovada. Hipótese é uma explicação que tenha plausibilidade através da lógica e que foi formulada através de alguma observação da realidade. Contudo, não é porque uma coisa faça sentido lógico que ela seja daquele jeito. Logo, torna-se necessário que estudos sejam feitos para que a hipótese tenha validade científica (e não seja apenas uma especulação da realidade com coerência lógica - aquilo que revistas como a SuperInteressante costumam a divulgar como "estudos SUGEREM que [insira uma ideia qualquer aqui]). Desta maneira, faz-se necessário que se faça esforços para validar aquela hipótese (experimentos, outros estudos) para que ela seja considerada um postulado (que não deixam de ser hipóteses, mas num estágio mais "amadurecido"). A teoria surge quando várias hipóteses (postulados) e fatos observáveis vão convergindo e parecem fazer sentido de forma conjunta. Isso significa que teorias são verdades absolutas? De maneira alguma! Mas isso significa que a teoria é um conjunto de ideias que tem mais probabilidade de corresponder à realidade que um palpite feito aleatoriamente. A questão aqui não é a possibilidade de refutação de uma teoria, mas da redução de todo um esforço científico a um mero passatempo leviano de emitir opiniões sobre as coisas. Essa é minha crítica à sua frase original ("não existe prova de algum componente genético na homossexualidade, esta é apenas uma teoria"). Pra mim soou como um desprezo um pouco arrogante perante o trabalho científico. Seria como se eu dissesse que "o que os historiadores dizem é apenas uma interpretação, sem prova alguma"...

    6) Agora sim chegamos num acordo nesse ponto! É preciso, sim, estar vigilantes quanto a isso!

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    1. Querido, mas tudo que os historiadores dizem é uma interpretação, com provas, claro, mas provas diante daquele interpretação que outro historiador pode interpretar e jogar tudo no lixo. Essa é a nossa diferença e nosso problema aqui com a palavra "teoria", para a história, TODA teoria é sim "um passatempo leviano de emitir opiniões sobre as coisas" que deve ser criticada inicialmente. É nosso dever como cientistas acreditar que toda teoria é isso. Sua forma de pensar teorias é diferente. Vc me parece ter um certo respeito por "teorias consolidadas", enquanto eu fui treinado/ensinado a desrespeitá-las para começar meu trabalho. Toda pesquisa histórica parte do pressuposto que tudo que foi produzido antes estava enganado, precisamos avaliar tudo e ver quais os furos que aparecem, existem dissertações de mestrado em história cuja única hipótese é esta: FULANO ESTÁ ERRADO SOBRE TAL COISA. No fim, o mestre pode chegar a conclusão que não, o fulano não estava errado e isso já valeu. Eu não vejo este tipo de pesquisa sendo realizada na Biologia a não ser que um FATO faça a teoria ser questionada. Em História e nas ciências humanas não existem fatos novos, somente novas interpretações sobre fatos já conhecidos, é aí que diferimos grandemente.

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    2. Discordo totalmente de vc!

      Começando do fim: como é que não existem fatos novos na História? Se localiza-se algum registro ou outro tipo de evidência que nos noticia um fato que pesquisadores do passado desconheciam, eis que temos um novo fato! Não novo no sentido de ter acontecido no presente, mas novo no sentido de inédito! E as Ciências, seja história ou Biologia, diante de um fato inédito, devem rever suas conclusões!

      Vc diz perceber em mim "um certo respeito", mas engana-se! A questão não está centrada num "respeito por teorias consolidadas", mas numa humildade de reconhecer que, se eu não entendo de uma área o suficiente para analisá-la criticamente, seria indicado que eu adotasse uma postura mais cautelosa tanto para expressar-me positivamente em relação a algo, quanto para expressar negativamente.

      Eu, pegando o trabalho de um historiador, teria um impulso muito mais tímido para classificar aquilo como uma coleção de palpites pouco embasados que se fizesse o mesmo com alguma área da Biologia que domino.

      A sua frase original ("não existe prova de algum componente genético na homossexualidade, esta é apenas uma teoria") ignora os trabalhos realizados no sentido de investigar uma possível conexão entre a sexualidade e a genética e as conclusões destes trabalhos. E quando eu digo que desrespeita o trabalho dos cientistas que a propõem é nesse sentido.

      Eu percebo em seu texto um esforço em desvalorizar o componente biológico da sexualidade para valorizar outras dimensões da questão, como se o biológico apagasse os demais componentes, as demais explicações possíveis. Parece uma falsa dicotomia em que somente uma das áreas tivesse propriedade para estudar um fenômeno obviamente multidiciplinar! Fique tranquilo que a Biologia não tem a pretensão de monopolizar essa resposta! Se, no passado, esse desejo ocorreu, os próprio trabalhos da biologia (como vc bem citou o exemplo da Biologia), trataram de demonstrar os limites dessa disciplina...

      e por falar em falsas oposições e dicotomias, vc faz, em sua resposta a mim, uma oposição que não é verdadeira: eu posso muito bem, de forma respeitosa, criticar as ideias de alguém ou o trabalho feito por essa pessoa. Respeitar uma ideia é diferente de concordar com esta ideia. Tivesse vc escrito: "a existência de bases genéticas para a sexualidade humana carece de maiores evidências" e teríamos evitado uma distorção de sentido (a de que Biólogos estão sendo levianos em seu trabalho).

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway