Google+ Estórias Do Mundo: Le Garçon Blond (prendre un)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Le Garçon Blond (prendre un)

, em Natal - RN, Brasil
Tarde de domingo, um sol escaldante banhava o bairro de Ponta Negra com uma luz que exigia a presença de óculos escuro no rosto de qualquer um que ousasse sair a rua. Eu estava ministrando um curso sobre Astrologia Cármica por ali, e sai para comer com duas das minhas alunas porque voltaríamos a tarde para a segunda parte das aulas. Eu não o vi quando entrei, somente quando sentei no fundo do restaurante, o vi me observando lá do outro lado. Ele sorriu para mim com alguns dentes tortos. Era branquinho, com olhos apertados e corpo sarado. Cabelo arrumado para cima e pele lisa, sem pêlos ou aquela sombra de barba de quem tem muita testosterona no corpo. Rosto imberbe é a descrição correta. Ele me observava de frente a mim e eu calculava que ele não teria nada mais do que 19 anos. Um rapazinho. Almocei sobre seus olhares e levantei para pagar a minha conta, mas antes parei para tomar um chá e, por acaso, perto dele. Ele então se apresentou. O significado do nome dele é loiro. E eu sorri. Ele perguntou se já nos conhecíamos e eu disse que sim. Dias atrás (eu lembrei quando ele se aproximou), ele tinha me pedido meu telefone no ônibus, mas não ligara. Ele lembrou, mas não se envergonhou, só concluiu: "Pois desta vez eu vou ligar sim" e pediu, novamente, o telefone, o que eu dei, movido pelo meu sentimento de não querer ser o sabotador de minha vida amorosa. Ele me escreveu, no Whatsapp, no fim da tarde. Falou que ter me encontrado de novo era coisa do destino e que dessa vez ele não ia deixar passar, precisava me conhecer melhor. E eu senti cheiro de cafajeste. Ele se disse solteiro e falou sobre trabalho e eu, como quem não quer nada, perguntei-lhe o nome completo. E joguei no Facebook. E estava lá: em um relacionamento sério desde o dia anterior. Dezenove aninhos, achando que conhece a vida, e que sabe como enganar a raposa aqui, mas porque não brincar um pouco com ele?

13 comentários:

  1. Essas crianças... tão cheias de si, achando que "tá tudo dominado" por elas... Gozado termos idade (e sabedoria?) suficiente pra nos darmos conta disso sobre eles, rsrs - até "pouco tempo" éramos nós.

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    1. É o mais engraçado mesmo, Edu, eles são tão egocêntricos (acho que o problema é esse) que ele não vê que eu, obviamente, já passei por aquilo, não é? Acham que são os únicos que já passaram por isso e que foram os únicos que tiveram essas ideias. Pobres meninos que se acham tão inteligentes.

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  2. rs ... as crianças são todas assim, acham q são as tais, não conhecem bem as raposas ... rs

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    1. O mais engraçado, Paulo, é que ele é tão cheio de si, se acha tão esperto, que não enxerga que eu estou brincando com ele. É muito divertido de vê-lo se enrolar com a própria corda. kkkk

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  3. Eles pensam que tem poder....ja estivemos lá e o poder nao era nosso!!
    Inocencia!

    Beijos Foxx

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    1. Eu me vejo bastante nele, Margot, o problema é exatamente este. Como eu já estive lá, fazendo o mesmo que ele, eu sei exatamente qual será o próximo passo, então, ele pensa que está me enrolando, e eu estou dois passos a diante dele.

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  4. É isso aí, por que não brincar um pouco?
    Obrigado pela visita
    Bjux

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  5. Eu não alinho em brincadeiras deste tipo. Tenho mais em que gastar o tempo.

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    1. Eu fui chamado de desocupado? É isso?
      kkkkkkkkk

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  6. Foxx, estou acompanhando... comecei no capitulo 3 e estou lendo de tras para frente...mas que este moleque é um safado isto eh

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    1. tá vendo o que estas crianças estão se tornando, HHP?
      esse mundo tá perdido!

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway