Google+ Estórias Do Mundo: março 2010

quarta-feira, 24 de março de 2010

A RAPOSA E O PEQUENO PRÍNCIPE: O Encontro

A Raposa esperava sentada, naquele dia, o seu Príncipe que viajava de longe. Ele vinha de praias frias a leste, enquanto ela aguardava nas montanhas próximas ao horizonte. Ele cavalgava em seu cavalo branco e de crina azul celeste, e sentada, a Raposa esperou o Príncipe chegar.
A Raposa estava com medo, temia o Príncipe encontrar finalmente, ela havia sido proibida há muito tempo pelos deuses,proibida de mostrar aos humanos quem era realmente, só podia mostrar aos homens uma forma humana, às vezes, o Príncipe, então, pensava ela, poderia assustar.
Quando ela é uma raposa, como todas as raposas, é sempre linda, sua pelagem e sua cauda, seu focinho e seus olhos em brasa,porém, quando se torna humana nem sempre é bem vinda, os defeitos, humanos, se tornam amplos, grandiosos, massa. E estes defeitos (sempre perguntara-se) são totalmente impossíveis de alguém amar?
E o Príncipe agora que vinha encontrá-la entre as montanhas. É claro que tinha medo, a o medo a consumia, pois ele, com certeza, ia querer vê-la sob sua forma humana, a forma que os deuses a proíbiram de se mostrar. E se os deuses os castigassem? Se colocassem seus corações um contra o outro? Se a chama que os aquecia simplesmente se apagasse? Ou se o Principe não suportasse a visão somente humana que teria diante de si, e fugisse? E se mentisse? E se não mais a desejasse? Ela tremia. Mas a Raposa sabia que era necessário. Eles precisavam se encontrar.
Foi então que o Príncipe apeou do cavalo e encontrou seus olhos flamejantes, disse ele que foi assim que a reconheceu, pois a Raposa o esperava já transformada na sua forma humana e imperfeita. Mas o Príncipe, desta vez, olhou através dos defeitos rastejantes da forma humana, falsa e irreal, malfeita, viu-lhe através dos seus olhos o que ela sempre foi. Sua beleza. E abraçou a forma humana da Raposa, e ela sorriu feliz. E os dois trocaram seu primeiro "eu te amo".

terça-feira, 16 de março de 2010

PRESENTE: Vogue! Vogue!

, em Natal - RN, Brasil
Look around, everywhere, you turn is heartache It's everywhere that you go (look around) You try everything. You can to escape The pain of life that you know (life that you know) Madonna - Vogue


Eu entrei naquela noite, após as boas vindas da Divina Shakira, acompanhado de Michel e seu namorado e vi uma boate completamente nova. A Vogue é a boate gay de Natal mais antiga ainda em funcionamento. Treze anos e recentemente ela se mudou. Deixou seu antigo endereço no Alecrim, um bairro popular, a seis andares de altura e apenas dois ambientes, para mudar-se para a região sul da cidade, Candelária, um bairro de classe média alta e muitas mudanças por causa disso foram realizadas. Sobretudo em seus frequentadores., e isso era bem fácil de notar. A VG tinha vencido o preconceito que os natalenses tinham dela. Para os natalenses, gays ou héteros, a Vogue era a boate em que só aconteciam baixarias, era a boate que possuía um dark room, era a boate das bichinhas pão-com-ovo, era a boate de gente feia, era a boate frequentada por drag queens. E tudo mudou. Dava para ver nos novos rostos que víamos por lá.
A mudança, na verdade, começara alguns anos atrás, quando a boate abriu uma filial em João Pessoa e todos se viram surpresos. Dizia-se: "Logo a Vogue?!". Algum tempo depois, eles abriram esta nova sede obrigando os preconceituosos a se calarem. O espaço é magnífico! O primeiro ambiente tem em uma parede um comprido balcão que serve de bar, do lado oposto, no mesmo em que se encontrava a entrada, um palco, porque o público da Vogue exige música ao vivo. A esquerda, um espaço aberto, um bar com mesas de metal e uma tenda num gramado com móveis de piscina, um local também para fumantes porque dentro da boate não é permitido fumar. E, em frente, a pista, com um potente ar condicionado e livre da fumaça de cigarro.
Diferente do antigo espaço, um público mais jovem agora povoa aquele ambiente nebuloso. Alguns casais héteros se considerando hype por encontrarem um espaço tão bom em sua cidade, vários musculosos retirando suas camisas, numa mistura estranha entre barbies e moderninhos que cansaram da noite de sempre da cidade, mas também temos as mesmas lésbicas apaixonadas por aquela boate, "caminhoneiras" chamavam-nas, junto das mesmas bichinhas que sempre gostaram do Dance de lá, além das drag queens que aproveitam para idolatrar sua rainha, Shakira, a drag residente da boate, e fazer pocket shows na pista de dança em meio aos frequentadores. A Vogue agora tornou-se a principal boate da cidade, mainstream diriam os especialistas, e isso fez com que todos tenham que aparecer por lá, como antes se dava no Avesso, agora aparecer na Vogue em Natal finalmente significa boa coisa.


What at you looking at?
Strike a pose, strike a pose!
Vogue, vogue, vogue!

quarta-feira, 10 de março de 2010

PASSADO: Diálogos Inesquecíveis III

, em Natal - RN, Brasil
Estava sentado na sala de tv de minha casa em Natal, vendo qualquer coisa que passava entre os canais da tv aberta, numa tarde, em um fim de semana, quando meu irmão mais velho, deitado no chão, sem fixar os olhos em mim, regugita palavras que ele ruminava.
- Você devia tirar esse piercing!
- Ahnnn?
Viro para ele sem muito entender do rompante. "De onde surgia aquilo?" era o que eu secretamente me perguntava. Meu piercing na orelha causara reboliço, eu sei. Meu pai lançara um: "Você pode até ser, mas precisa dizer p'ra todo mundo?", que me deixou com vontade de revelar-lhe bem mais. Mas era uma coisa muito boba para causar tanta mudança na minha vida.


- É! Painho não gosta, você devia tirar...
- Eu devia tirar?! Quando você foi p'ra Bahia e voltou com um aplique, o que eu disse?
- Ahnnn?
- Painho também não gostou, mas eu falei com ele que era besteira, que você não tinha virado viado por causa disso.
Meu irmão agora parecia visivelmente sem jeito.
- E o que isso tem a ver?
- E quando você fez sua primeira tatuagem? O que foi que ele disse? E quando você começou a fazer capoeira, o que foi que ele disse hein?
Agora ele silenciara. Fitava a tv sem saber que resposta poderia dar, poderia falar, poderia emitir.
- Tem uma pequena diferença entre eu e você: eu fico contra painho a seu favor, você não tem essa mesma coragem. Nunca teve, e nunca terá!
- Nada a ver, nada a ver, Foxx.
E um silêncio se instalou novamente na sala, somente a tv emitia algum som, vez ou outra interrompido por algum barulho que conseguia chegar da rua, de carros, de crianças brincando, ou somente o vento farfalhando.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A RAPOSA E O PEQUENO PRINCIPE: Um Mês

Foxx,


Eu não consigo parar de pensar um minuto em você. Todos os dias a primeira palavra que falo é seu nome. Amo falar que você é meu namorado, ME FAZ BEM!!! Caramba, esse mês está sendo um dos melhores da minha vida. Não há quem não olhe pra mim e diga: 'Você está tão lindo, com carinha de apaixonado'. Nossa! Você me faz tão bem!
Eu nunca fui de ter medo, mas, quando eu conheci você, passei a ter medo. Medo de te perder, de não ter você do meu lado. Meus sonhos, eu sempre construí sozinho, mas hoje eu te coloquei neles, meus planos agora são para nós dois. Você está incluído em tudo, porque minha vida não tem sentido sem você.
EU TE AMO. Você é o homem da minha vida... confio cegamente em você. Nunca se esqueça disso. Quero que acredite que o meu amor, acima de tudo, é sincero e terno. Só de estar ao seu lado, tudo já está valendo a pena para mim. Eu te amo do jeito que você é, eu amo seus defeitos, suas qualidades, seus ideais, seus sonhos, eu amo tudo que vem de você. Você me cativou. Estou perdidamente louco por você. Cada dia te amo mais, mesmo sem ter te visto pessoalmente, sinto sua falta. I miss you. I love you.
Sou seu, completamente seu. Sou seu namorado que está enormemente orgulhoso de ser seu namorado. Aliás, prepare-se por que outras comemorações virão, pois quero passar minha vida ao seu lado, ficar bem velhinho junto de você. Forever and always. Minha raposa linda... amo muito você.


Tato


Como não se apaixonar cada vez mais?