Google+ Estórias Do Mundo: março 2008

domingo, 30 de março de 2008

PRESENTE: A árvore, a raposa e a flor

Texto escrito com a sábia ajuda do Râzi nas palavras finais da árvore.



Um dia, no prado, uma bela flor nasceu. Delicada e alva como uma nuvem no céu. Delicada, ela deu bom dia ao mundo e sorriu. "Bom dia", uma árvore frondosa, de muitos anos, longos e numerosos ramos, respondeu. "O que há de bom?", perguntou uma raposa deitada ali perto, lambendo as patas. "Ah, o dia! O céu azul! O sol, ah, o sol!", respondeu a flor, esticando-se e espreguiçando-se, deixando o sol a tocar. "Além disso, todo dia é um dia novo. Tudo pode acontecer", continuou a esperançosa flor. "É, basta esperar, que um dia algo de bom há", disse a árvore, com ar de severidade e experiência. "É? Então vamos esperar", disse a raposa jocosamente. E deitou-se ao pé da árvore, coçando as orelhas, às vezes, a bocejar.
O dia passou. E conforme a luz do sol esvaía-se, a flor entristeceu, viu que seus sonhos esperançosos morreram, murchou e secou. Caindo ao chão. A raposa novamente adormeceu e a árvore decidida continou a esperar, no outro dia, com os passarinhos, no entanto, outra flor nasceu. "Bom dia". "Bom dia", a árvore prontamente respondeu. "O que há de bom?", a raposa com um sorriso irônico questionou. "Ah, o dia! O céu azul! O sol, ah, o sol! Além disso, todo dia é um dia novo. Tudo pode acontecer!". "É mesmo?", perguntou de novo o astuto animal acaricianço a própria calda, mas quem respondeu foi a árvore. "É, basta esperar, que um dia algo de bom há". E a raposa, incrédula, propôs: "Então vamos esperar".
O dia passou. E conforme a luz do sol esvaía-se, a flor entristeceu, seus sonhos não borboletearam por ela e murchou e secou. Caindo ao chão. A raposa, agora pendurada num galho da árvore, adormeceu e árvore vigiou durante toda noite esperando algo de bom acontecer e, no outro dia, uma nova flor nasceu. "Bom dia!". "E o que há de bom?", respondeu a raposa irritada. "Ah, o dia! O céu azul! O sol, ah, o sol! Além disso, todo dia é um dia novo. Tudo pode acontecer!". A raposa gargalhou e, saltando da árvore, vociferou: "Há unica coisa que vejo acontecer é lindas flores como você sonharem, entristecererem, murcharem e morrerem". A flor se assustou, mas mesmo assim tentou responder: "Mas se você esperar...". A raposa sacudiu a cabeça e respondeu: "Cansei de esperar, vou caçar, e você?". E virou-se perguntando para a velha árvore, enrugada e triste, presa no mesmo lugar que disse-lhe: "Eu vou esperar, um dia algo de bom há!". A raposa virou-se desdenhosa pretendendo partir, foi quando a grande árvore disse-lhe: "Ah, raposa, raposa, várias de vocês já naceram e morreram e eu continuo aqui e aqui permanecerei! Para mim, você e as flores pouca diferença têm. Só que as flores, menos vivendo uma fração de sua vida, vivem, vicejam, alegram, cumprem sua função. E aproveitam cada minuto que têm. Você, com seus longos anos, sem pensar na morte, ocupa-se de sofrer com essas bobagens que vocês chamam de problemas. Essas coisas que eu só vejo passar. Porque, raposinha, tudo passa: o mal e o bom que há!".


Moral da estória: Você é uma árvore? Uma raposa? Ou uma flor?

terça-feira, 25 de março de 2008

PASSADO: Vadia! Puta! Rameira!

AVISO:
ESTE TEXTO CONTÉM REVELAÇÕES ÍNTIMAS!






Antes de viajar para São Paulo - conto isto no próximo post -, eu conversava com o Pablo no MSN. Falávamos sobre sexo e namoro. Por algum motivo que eu não consigo entender, ele acreditava que eu nunca havia namorado antes, o que de certo modo é verdade. Tive sete namoros: Pedro (3 meses), Francisco (3 meses), Juan (1 mês e meio), Thiago (3 meses), Jorge (2 meses), Beto (3 meses) e Arthur (1 mês). E como vocês podem ver pelo tempo em que namorei que nenhum desses relacionamtenos teve tempo para se configurar em um namoro de verdade, não é? Coisas como intimidade, carinho ou até mesmo romantismo não exixitram porquê nenhum desses relacionamentos resistiu a fase do "reconhecimento". Acrescento que o Thiago, o Arthur e o Beto terminaram os "namoros". Os outros fui eu. O Pedro era carente demais, exigia algo que eu não conseguia dar. Francisco era burro demais, apesar de lindo, nós não tínhamos nenhum assunto em comum para conversar. Juan era galinha demais, e após uma proposta de relacionamento aberto, eu vi que aquilo não ía funcionar. Já Jorge, meu personal, era encubado demais - ele tinha que me esconder da família, dos amigos, da academia onde nos conhecemos - e ainda exigia que enquanto ele saía com os amigos heteros, eu ficasse em casa como Amélia cerzindo as ceroulas dele. Aí não dá! Já Thiago terminou comigo dizendo que eu era muito mais seu amigo do que um namorado. Arthur não teve estrutura para me apoiar quando precisei e desistiu, a sombra do Beto atrapalhou. Beto, ah, Beto, bem, este me usou como um band-aid para sua última relação e quando ele viu o ferimento cicatrizar me jogou fora.
Destes, eu fiz sexo apenas com o Pedro (2), com o Francisco (1) e com o Thiago (2), sempre sendo ativo, e com Jorge (1), sendo passivo. Todas as minhas outras relações sexuais foram com amigos, desconhecidos de balada ou internet, duas vezes com um garoto de programa e uns rolos, tipo assistência técnica, como André, Henrique e, agora recentemente em BH, o Luís. Ao ouvir isso, o Pablo ficou horrorizado. Chamou-me de tarado! Inidicou-me reuniões dos Ninfomaníacos Anônimos (sim, sim, isso existe). E, desculpe-me querido amigo, mas quem fala o que quer, ouve o que não quer.
Sei que o tom das palavras do Pablo foram de brincadeira, mas para mim soou como se ele me chamasse de vadia, puta, rameira. Não que eu não fosse! Fui! Tive sim esta fase na minha vida. Graças a Deus! Mas há motivos para isto: nunca tive paixões românticas para viver. Grandes histórias de amor como nós sabemos que existe por aí. Existe, existe sim, os blogs estão aí para provar. E se não estão escritos, como o do Razi, suas paralisações como o Segredo, o Aventura, o BiduSurf e, agora recentemente, a Casa dos Trinta demonstram isso. No entanto, eu não tive esta sorte. Mas, e aí, o que fazemos? Paramos, choramos e esperamos? Claro que não! E agora espero que consigam seguir meu pensamento: se eu tivesse esperado meu amor verdadeiro, hoje, aos 26 anos, eu seria virgem; ou se eu tivesse decidido fazer sexo apenas com meus namorados eu teria feito sexo apenas seis vezes em toda minha vida. Que tal essas duas possibilidades? Bem, eu, particularmente, prefiro a realidade às conjecturas. Sem amor, no último levantamento que eu fiz, numa conversa com o Peter Pan de zoação, eu contei umas 55 pessoas com que fiz sexo. Sou Puta por isso? Sou! Vadia? Sou! Vagabunda? Sou! Mas eu sinceramente não me arrependo de nada. Fiz! Admito! E esta fase, que definitivamente chegou ao fim, me ensinou muito sobre pessoas, sobre quem sou, sobre o que quero e o que posso. Por que então esta fase chegou ao fim? Não por causa de romantismos bobos com príncipes em cavalos brancos, acabou porque eu amadureci e não tenho mais idade - não me refiro a idade cronológica - para continuar neste joguinho. A raposa cansou dos jogos de caça, não que houvesse algo de errado neles, mas porque há tempo para tudo, e agora é tempo de sentar, descansar e construir algo.

sábado, 15 de março de 2008

PRESENTE: Conto de Fadas

Era uma vez um príncipe chamado Brunno. Brunno era um príncipe novo, seus dezoito anos recém completos provavam isso. E ainda novo ele deixou seu reino, onde vivia protegido por uma bondosa rainha. Seus cachos dourados e olhos cor de mel, além do corpo bonito, permitiram que ele apenas conhecesse, antes de vir para o grande reino de Beagá, a boca de dois outros príncipes no seu pequeno feudo. Sim, Brunno, o jovem príncipe, ainda era virgem e sonhava com um amor. Um amor bom! Brunno sonhava com um amor que lhe enchesse de paz. E no dia que a rainha-mãe permitiu que ele saísse em seu cavalo branco em busca desse amor, Brunno se dirigiu ao maior reino das redondezas.
Lá, no novo reino, o príncipe Brunno montou acampamento. Ele largou suas coisas e descansou, mas ele montou acampamento do lado da toca de uma sábia raposa chamada Foxx. Um dia que a raposa saiu para caçar, observou o príncipe que havia chegado, ele não a vira, mas a raposa logo percebeu o que procurava aquele jovem viajante e seu coração apiedou-se do jovem príncipe. A raposa, experiente como apenas ela, saudou o jovem príncipe, perguntando-lhe o seu nome, contudo o menino assustou-se com ela. Assustou-se, e passou a fugir, esquivando-se da raposa sempre que ela tentava aproximar-se para conversar. No entanto, aos poucos, diante dos conselhos e das palavras sinceras que o jovem príncipe ouvia da raposa, e principalmente quando a raposa que também conhecia o futuro avisou-lhe de problemas vindouros, Brunno começou a confiar naquela raposa que morava do lado de seu acampamento.
Quando ele começou a confiar na raposa, o sábio animal levou-o para conhecer aquele grande reino que Brunno ainda não conhecia. Levou o jovem príncipe onde ele poderia encontrar aquilo que ele procurava. Aquela parte do reino, onde os príncipes procuravam outros príncipes, era completamente desconhecido para Brunno. Ele nunca frequentara aquele tipo de lugar, enquanto o Foxx conhecia o espaço tão bem, e logo o jovem Brunno começou a chamar atenção. Um príncipe inglês é o primeiro a cortejar-lhe. A coroa espanhola também ajoelha-se diante do jovem príncipe louro. Mas, no entanto, é um sultão árabe, guiado pela raposa que fazem os olhos do jovem príncipe brilharem. E quando o relógio bate anunciando que já são seis horas da manhã e que o baile terminou para todos os príncipes, Brunno tem agora o seu novo amor.
E terminou a estória.

Moral da Estória: Sempre confie nas raposas.



P.S.: Nesta Semana Santa, a partir do dia 20-03, eu estarei em São Paulo. Então, quem quiser conhecer esta raposinha chamada Foxx, deixa o contato.

terça-feira, 11 de março de 2008

PASSADO: Poesias sem título

Bem, vocês sabem que de vez em quando eu coloco textos antigos nesta sessão, não é? Normalmente quando não estou inspirado para contar as aventuras que me transformaram nesta incrível Raposa que vos fala. Pela primeira vez, no entanto, estreio poesias. São antigas, do início dos anos 2000, não sei precisar bem a data, mas de qualquer forma são de depois da época que um professor de literatura tentava me convencer que eu dava para poeta. Eu sempre achei que ele estava sim falando no mal sentido. Ou bom, depende do ângulo, não acham? Pois, então, provem este resultado posterior das investidas do meu professor de literatura... e não é que eu acabei falando sobre o meu passado, não foi?



Vibraríamos como trovões
Brilharíamos como relâmpagos
Suaríamos como chuva
Jorraríamos como dilúvio
Amaríamos como deuses
Eu e você


* * *


Eu quero fazer muita coisa grande
E eu sei que quando você quer voar alto
As quedas são maiores
Eu não quero alguém que me ajude a voar,
Não quero
Mas sei que vou cair algumas vezes
E preciso de alguém que me levante,
Limpe a poeira de minhas asas,
E enxugue minhas lágrimas.
Eu quero alguém para ficar do meu lado
Alguém que se o mundo ficar contra mim,
Eu possa olhara para trás, e vê-lo dizer:
"Foda-se o mundo! Ainda te amo!"


* * *


Me falaram hoje em suícidio
E andei pensando
O quão idiota é a idéia
Eu faço questão de viver minha vida até o fim
faço questão
Que só pare no final
Para eu ter o prazer
De provar que não estou errado
E aí, minhas ultimas palavras serão:
"A vida é uma merda!
Boa sorte para vocês que ficam!"

quarta-feira, 5 de março de 2008

PRESENTE: Roteiros

Assistência Técnica


Entrada da rodoviária de Belo Horizonte. Dia chuvoso. Poças de água grandes pelas ruas. Guarda-chuvas. Três amigos caminham saindo da rodoviária se dirigem a uma praça.

RAJEIK: E ai? Alguma novidade? Faz duas semanas que a gente não se vê.
FOXX: Ah, é verdade! Você some. Também conheceu seu Chico Xavier, aí esqueceu da gente.
THÉO: Mas, Foxx, com um Chico Xavier daqueles, ele está perdoado!
FOXX: (risos) 'Tá certo, concordo, mas eu tenho novidades sim: arranjei uma assistência técnica.
RAJEIK: E o que é isso, uai?
FOXX: Você sabe quando um relacionamento não evolui para nada além do sexo? Há intimidade, mas ela não cresce o bastante para um sentimento se desenvolver, também não é pequena o suficiente para o vínculo arrefecer?
RAJEIK: Humm...

Eles atravessam uma pequena rua, sobem uma escada e chegam no centro da praça circular, em que mendigos dormem sob uma escultura se protegendo da garoa que cai leve, mas constante. Foxx olha de soslaio os mendigos, mas continua a conversa.

FOXX:Até porque vocês já fizeram sexo, então há uma intimidade reveladora. Aí quando você 'tá com vontade, ou ele, vocês se ligam e rola apenas um sexo sem mais compromissos?
RAJEIK: Que moderno! Quem é?
FOXX: Lembra da carona que recebi do Confessionário? Que eu cheguei em casa apenas às 11h do outro dia? Pois ela rendeu.
RAJEIK: Lembro.
THÉO: Era um negão, grandão, sarado, do braço desse tamanho e de cabelo até aqui? Eu vi quando 'cês 'tavam se paquerando. Mas acho que eu não teria preparação psicológica para um relacionamento deste tipo.
FOXX: Esse mesmo!! Pois então... agora faço sexo regularmente. Vida sexualmente ativa de novo. Mas a preparação para esse “tipo de relacionamento” é apenas não sonhar com um amor-namorado-marido, e aproveitar o que cair na rede.

Eles param no meio-fio, esperando o sinal tornar-se vermelho. Théo se apressa e atravessa mesmo com o sinal fechado. Foxx e Rajeik esperam. O sinal abre e eles atravessam a rua reencontrando o Théo do outro lado.

RAJEIK: (risos) Pois eu também tenho novidades pr'ocê: Louis queria ficar com você naquele dia.
FOXX: Como é que é?
THÉO: Ele contou quando a gente 'tava indo embora. Mas você já tinha saído com seu “técnico”.
FOXX: (risos)...







Ballet e cerveja


Após uma apresentação de ballet no Palácio das Artes no centro de Belo Horizonte, Brunno e Foxx seguem subindo a avenida Afonso Penna. É noite. Algumas pessoas caminham. Casais de braços dados. Eles sobem rápido em direção a rua Rio de Janeiro, a sobem comentando coisas bobas, até chegar ao Villa Parati.

FOXX: Finalmente consegui te trazer para um lugar gay. 'Tava para desistir.

Foxx se estica procurando uma mesa vazia, mas encontra todas lotadas no bar que sobe, escalonado, até alguns níveis acima da rua. O bar é composto por um corredor que sai em um jardim. Árvores crescem entre as mesas e um teto de lona protege os frequentadores da chuva.

BRUNNO: 'Cê 'tá tentando me arrastar desd'aquele dia do Confessionário, né?
FOXX: Exatamente! Então conte-me, como você começou nessa vida?
BRUNNO: Ah, uns 3 anos atrás que eu me apaixonei por um menino no grupo de teatro que eu fazia parte. Daí em diante... e você?
FOXX: (risos) Ah, aos sete, como te contei, fui beijado por uma menina. Mas meu primeiro beijo em um menino foi com o primo da minha cunhada. A gente 'tava brincando de carrinho na calçada da casa da tia dele, a sogra do meu irmão, aí ele segurou minha cabeça e me beijou. Na frente de todo mundo. Lembro que ele levou uma surra grande... e eu saí inocente porque todo mundo viu que eu fui praticamente atacado.
BRUNNO: Também todo mundo que te beija apanha? A menina, o menino... (risos).
FOXX: (risos) Não, não! (risos). E você e o Tales hein? Tem uma eletricidade grande no ar.

Brunno e Foxx caminham até o outro ambiente do bar. Este fechado. Dentro de uma casa antiga, cujas paredes os tijolos eram mantidos aparentes. Encontram uma mesa vazia junto a porta. Chamam a garçonete e fazem o pedido. Cervejas, batata frita.


BRUNNO: Nada a ver. Nã... Nada a ver mesmo!!
FOXX: (risos). E aquela república hein? Eu, você, o Sandro, o Bráulio... (risos) E você ainda pergunta do anel do outro...
BRUNNO: (risos) 'Cê viu? Ele ficou todo sem jeito. Mas eu 'tava desconfiando dele e queria ter certeza. (risos)
FOXX: E você viu quem é que tem um anel igual?

Foxx nota um homem de cabelo compridos e lisos, presos por uma tiara, acompanhado por dois outros homens, em outra mesa, o observando.

BRUNNO: O Daniel né?
FOXX: Exatamente! Eu reparei no outro dia que você perguntou a ele. (risos).
BRUNNO: 'Tá vendo?! Você gostou d'eu ter perguntado! (risos). P'raquê usar aliança? (risos).
FOXX: Brunno, e o Douglas? Ai, meu deus, naquele dia do trote dele...
BRUNNO: (risos). Tua cara 'tava muito engraçada naquele dia.
FOXX: Eu saí p'ra não dar tanto na telha!
BRUNNO: Pois não adiantou! (risos).
FOXX: (risos). Aff... lindo demais! E, pior, tem tudo p'ra ser um daqueles pittboys irritantes. Mas é justamente o contrário. Ele é fofo!!
BRUNNO: (risos).
FOXX: Tenho que tomar cuidado ali... senão... o mais bonito tinha que ser logo da minoria daquela república?
BRUNNO: (risos).
FOXX: Mas quem sabe... tenho experiência em conversões. (risos).