Google+ Estórias Do Mundo: Índia: O Amor de Aruna e Surya

terça-feira, 5 de junho de 2012

Índia: O Amor de Aruna e Surya




Sri Surya é o deus do sol védico, também conhecido como Ravi ou Vivasvan. Ele é o encarregado de iluminar o universo. Em uma versão do seu mito, muito popular no sul da Índia, Surya se apaixona por seu cocheiro, Aruna, e para possuí-lo o deus se transforma em uma mulher. Contudo uma outra versão da história é diferente. No norte do país, a história é narrada da seguinte forma: Aruna, o deus do amanhecer, desejava as belas cortesãs que dançavam no palácio de Indra. Assim, ele se disfarçou como mulher para poder entrar no harém do deus, se escondendo dentro do palácio. Indra, no entanto, notara sua presença e foi imediatamente cativado pela sua beleza. Como ele estava disfarçado de mulher, Indra o tomou em sua cama e os dois fizeram amor e desta noite nasceu um filho chamado Vali. No dia seguinte, Aruna que havia dormido na cama de Indra, chegou atrasado ao seu dever de servir de cocheiro para Surya, que exigiu saber o que acontecera. Aruna descreveu o que acontecera, Surya enciumado porque, secretamente, já era apaixonado por seu cocheiro, forçou o cocheiro a fazer amor com ele, também, produzindo uma segunda criança, que ficou conhecido como Sugriva. A prole de Aruna foi mais tarde transformada em vanaras (humanos-macacos) por uma maldição lançada por Gautama Rsi.
É interessante ver como no conto de Surya a presença feminina é um integrante importante nos relacionamentos sexuais. Aruna se veste como mulher para entrar no palácio de Indra e, por isso, por estar neste estado entre os sexos, é capaz de gerar um filho para o deus. Estando já grávido de Indra, Aruna também então recebe o sêmen do deus solar e pode-lhe também gerar um filho. Este conto, no fundo, fala muito mais sobre o poder fecundador de Indra e de Surya do que de relações homoeróticas em si, mas por causa dele o culto ao deus do sol na Índia acaba envolvendo sempre a presença de relações homoeróticas dentro do próprio culto. De qualquer forma, Aruna e Surya aparecem representados sempre juntos, como um par ou um casal divino.
Existem muitos templos dedicados a Sri Surya em toda Índia, como o Mandira Brahmanya Deva e do templo Surya Narayanaswami. Outros no entanto estão em ruinas como o templo Konark, do século XIII, perdo de Puri. A arquitetura impressionante desses templos magníficos tem como decoração esculturas, comumente, sexualmente explícitas, que sempre incluem pessoas do mesmo sexo fazendo amor.

Templo de Kornak


Passeio Virtual pelo templo de Kornak aqui.

32 comentários:

  1. Que lindo. Curioso como a gente às vezes fica muito preso à cultura ocidental e relega o resto. Muito interessante o texto. Você de fato entrou numa área a que (e não digo isso sem constrangimento) falto grandemente em termos de conhecimento.

    Abraço e até a próxima.

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    1. a ideia é exatamente esta, Walmir, trazer informações novas para todo mundo da forma mais clara que eu conseguir.

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  2. Voce ja visitou a India?

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  3. Gostei de ler.Existem muitas lendas na cultura e na religião de alguns povos.
    Parece que o homem é um campo de conhecimentos e imaginação - criatividade.

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  4. Muito bom o texto, aos costumes! Uma singela pergunta (de um leigo): me parece que, para o hinduísmo, a ocorrência da relação sexual “pura” implica menos a definição de gênero (masculino, feminino, etc.) do que a própria relação em si. Estou certo?

    Abraços.

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    1. eu acho q não entendi sua pergunta, Lucas, pq para o hinduismo a relação sexual acontece sempre a partir de uma definição de gênero: vc é masculino se é ativo e o passivo é feminino, independente da definição genética de macho ou fêmea, de homem ou mulher.

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    2. Você já respondeu: "independente da definição genética de macho ou fêmea, de homem ou mulher"... era isso que eu queria confirmar.

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    3. Agora quem não entendeu fui eu! Se a relação acontece entre um ativo (masculino) e um passivo (feminino), como isso pode se dar independentemente da definição homem e mulher? Deve ser simplicidade na minha forma de pensar, mas não consigo entender, de verdade.

      Beijos

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    4. então, Cesinha, pra ser homem e mulher vc precisa de um cromosso X ou Y, não é? não é isso o que define? mas para ser masculino ou feminino, neste sistema, vai depender do papel que vc faz na cama, entende? se vc é passivo, vc se torna feminino independente do cromossomo que vc carrega, consegue entender?

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    5. Mas Foxx, se eu não for passiva... me torno masculina? Que coisa...!!!! Eu pensando que era mulher... quem sabe sou homem...rsrs

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    6. Acho que graças a pergunta do Lucas, finalmente eu estou conseguindo explicar claramente a forma de pensar hindu. O que te torna masculina ou feminina, Margot, é exatamente essa postura de ativo e passivo. Uma mulher que age ativamente, seja no sexo, seja na sociedade, tornar-se-á masculina. Podemos fazer uma aproximação, grosseira de fato, mas somente uma aproximação, com a ideia do yn e yang, em q todos nós temos o masculino e o feminino dentro de nós, pq todos nós temos a capacidade de ser ativos e passivos o tempo todo, que escolhemos ficar esperando ou corremos atrás daquilo que queremos. Isso, numa perspectiva hindu, é que torna alguém masculino ou feminino.

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    7. esta concepção q vc nos apresenta é fantástica ...

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  5. A cultura indu é muito rica e repleta de figuras que transitam entre os gêneros. Vc escolheu uma área bastante extensa para seu doutorado Lênin.
    Por acaso sabe a origem ou significado da palavra "kornac"? É a mesma de Carnac(francês) e karnac(egipcio)?

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    1. não, Margot, essa não é a área do meu doutorado, eu pesquiso sobre as relações entre tradição greco-romana e o Brasil colonial, não tem nada a ver com a Índia.

      e não, eu não sei o significado ou a origem de kornac.

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  6. gostei muito do site que vc indicou, legal as imagens.

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    1. não é lindo, Frederico? super da vontade de conhecer.

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  7. eu acho tao lindo como o homossexualismo é tratado na mitologia, é tão natural e muitas vezes pleno. Quem "endiabrou" a coisa foi a igreja católica. que horror. Pedem desculpas pela omissão no holocausto, mas devem pedir desculpas pela incitacão a violencia, ao preconceito, ao "rebaixamento" contra as mulheres e aos homossexuais.

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    1. não querido, primeiro não use homossexualismo, tá errado, segundo, não foi a Igreja católica. a Igreja católica durante a Idade Média e Idade Moderna, por ex, nunca foi expressamente contra as relações homoeróticas, ela sempre foi contra relações sexuais sem fins reprodutivos, sexo oral entre um homem e mulher é tão pecado quando uma relação sexual entre dois homens pq ambos não tem como gerar filhos. Quem "demonizou" a coisa foi a medicina quando no século XIX separou todas as doenças sexuais como homossexualismo, onanismo (masturbação) e o eonismo (travestismo), por ex. Foi a medicina quem demonizou o homossexual tornando-o um doente. A igreja só se apoiou no que a medicina dizia.

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    2. é lindo quando encontramos numa religiao ou cultura estórinhas que apoiam nossas opinioes mesmo que sejam bizarras...algumas culturas indígenas tratam de modo bem natural o assassinato de crianças que nao correspondam ao que eles aceitam como sãs...muito lindo isso!

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    3. Lindo, anônimo, é você ter que engolir seu ódio quando descobre que o mundo não pensa como vc.

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  8. Legal ver como essas relações entre pessoas do mesmo sexo são mais antigas do que pensamos. Legal também ver como isso sempre foi natural, ao contrário do que nossa sociedade inflada de signos religiosos diz que é.

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  9. Voltando meu querido e assim retomando a vida ... bjão

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  10. Esses seus textos sobre vedismo, eu adoro, mas tem outros efeitos ... trazem lembranças de minha juventude e que eu fui um bhakta por um ano :)

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  11. Que coisa mais sobrenatural lá no meu blog aparece esse titulo de postagem "i-know-how-you-feel-i-just-dont-care", mas venho para cá não existem ... acho que estou atravessando dimensões :)
    O que vc gostaria de saber da minha fase "bicho grilo" hare krishna :) o blo mudou para esse endereço http://blogmariposo.wordpress.com esquece o tumblr :)

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    1. ah eu qria saber a experiencia toda: o q te fez fazer parte? como foi? pq saiu? tudo!
      sobre o texto q vc viu, ele foi publicado por acidente ainda incompleto e eu tirei do ar.

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  12. Vamos ver se eu entendi: passivo = feminino, ativo = masculino. Logo, versátil = 3º sexo??? :P

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    1. terceiro sexo no sentido em q o terceiro sexo na Índia são as pessoas que mudam de sexo, e o versátil, no caso, em casa vez q ele é ativo ele se torna masculino, e qndo é passivo vira feminino, então ele sempre está mudando de sexo.

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    2. Foi uma piada, Foxx.. ¬¬ (dando o troco... kkkkkkkkkkkkk)

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  13. Pelo que leio, na mitologia Hindú os deuses e entidades não se importam com o género uns dos outros - acho isso muito interessante. ^^

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    1. bem, Hórus, não é que eles não se importem, é que a questão de gênero para eles não tem a ver com o corpo da pessoa e sim a atitude.

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway