Subi quatro lances de escada, após vir do restaurante. Comprei um caldo de feijão e pedi para viagem, eu não queria sentar lá, naquele restaurante, naquele bar, cheio de amigos ou namorados. Em que ninguém está sozinho. Decido não comer lá, não quero me expôr. Não quero o olhar daquela menina de, no máximo, dez anos me questionando por que estou sentado sozinho naquela mesa. Está frio lá fora. Muito frio. Tive pena dos moradores de rua, deitados num colchão velho, cobertos com papelão que encontrei no caminho. Curiosamente um deles falava ao telefone, animadamente, com alguém. Vestia uma calça jeans suja e surrada e um velho paletó com os cotovelos gastos. Eu vestia uma bermuda jeans que já fora uma calça, mas eu mesmo a cortei, e uma blusa azul. Abri a porta, após as escadas, com a tetrachave. Não havia ninguém em casa, nunca há. Observei por um segundo o quadro feito com antigos disquetes que fiz e é a primeira coisa que você vê ao entrar aqui em casa. A luz do hall estava acesa, como deixei, meu laptop novo deixado sobre o sofá iluminava o acolchoado. Fui direto a cozinha, onde desatei o pequeno embrulho em que eu trazia o caldo com os dentes. Peguei uma colher de cabo laranja entre as outras colheres. E sentei sozinho, recostado no sofá verde escuro, no tapete de tricô da sala de estar, diante da TV, única companhia nessas horas. Só, comi o caldo de feijão com torresmos e cebolinha, completo, mas sozinho.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Completo, Mas Sozinho
Subi quatro lances de escada, após vir do restaurante. Comprei um caldo de feijão e pedi para viagem, eu não queria sentar lá, naquele restaurante, naquele bar, cheio de amigos ou namorados. Em que ninguém está sozinho. Decido não comer lá, não quero me expôr. Não quero o olhar daquela menina de, no máximo, dez anos me questionando por que estou sentado sozinho naquela mesa. Está frio lá fora. Muito frio. Tive pena dos moradores de rua, deitados num colchão velho, cobertos com papelão que encontrei no caminho. Curiosamente um deles falava ao telefone, animadamente, com alguém. Vestia uma calça jeans suja e surrada e um velho paletó com os cotovelos gastos. Eu vestia uma bermuda jeans que já fora uma calça, mas eu mesmo a cortei, e uma blusa azul. Abri a porta, após as escadas, com a tetrachave. Não havia ninguém em casa, nunca há. Observei por um segundo o quadro feito com antigos disquetes que fiz e é a primeira coisa que você vê ao entrar aqui em casa. A luz do hall estava acesa, como deixei, meu laptop novo deixado sobre o sofá iluminava o acolchoado. Fui direto a cozinha, onde desatei o pequeno embrulho em que eu trazia o caldo com os dentes. Peguei uma colher de cabo laranja entre as outras colheres. E sentei sozinho, recostado no sofá verde escuro, no tapete de tricô da sala de estar, diante da TV, única companhia nessas horas. Só, comi o caldo de feijão com torresmos e cebolinha, completo, mas sozinho.
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Como eu detesto dividir a porção que eu servi para mim... eu comeria sozinho, mas completo! rs...
ResponderExcluirMeu grande, belo texto!!1
Abraços de quem não tem muito a dizer... :)
Já te disse: adote/compre um cachorro!
ResponderExcluirAdorei o texto.
Bjaum.
Completo. É o que importa, afinal.
ResponderExcluiradoro arte abstrata e solidão
ResponderExcluirbom final de semana :)
Completo... é o que importa!
ResponderExcluirAdorei o texto
http://deblacktie.wordpress.com
Sou meio completo, mas sem torresmo, please! Hugzzzzz!
ResponderExcluirConcordo com o Fred!
ResponderExcluirMuito bom teu texto! Sou incompleto sempre, sozinho as vezes, mas quase nunca com caldo de feijão. Inveja!!
ResponderExcluirespero ansiosamente por um momento desses, em que eu possa tomar um caldo sozinho.
ResponderExcluirSe está completo,então estava bem. Adorei o texto,FOXX. Parabens!!
ResponderExcluirBelo texto!
ResponderExcluirFiquei com vontade de comer caldo de feijao.#comofaz?
Vou apanhar de você por isso, mas: às vezes nem é tão ruim estar sozinho.
ResponderExcluirMomento de solidão, apenas um momento, afinal tu sabe que tem muitos amigos, e pessoas que gostam de ti, embora nem sempre eles estão presentes.
ResponderExcluirAs vezes esses momentos são bons, servem pra reflexões, porém quando isso se torna rotina, tudo vira uma monotonia.
Abraços
Felicidade é [também] curtir um momento de solidão.
ResponderExcluirDefinitivamente, um artista.
Pelo [belo] texto, pela [bela e interessante] criação com os antigos disquetes.
Antes só do que mal acompanhado...
ResponderExcluircurti os disquetes hein !!!!!!
O bom da solidão é que os nossos pensamentos vão longe.
ResponderExcluirSempre quando estou sozinho, surgem ótimas ideias.
Um momento "Forever Alone" faz bem pra mente.
Completo e sozinho.
ResponderExcluirNão acho que sozinho seja uma coisa sempre ruim. Ou sequer ruim.
Beijo primo.
Engraçado que ainda no sábado de manhã eu estava escrevendo sobre isso...
ResponderExcluirEstranho né?! Crescemos com a idéia de que vamos ter alguém, viver com alguém, mas dai vem o tempo e nos mostra que isso nem sempre vai ser assim - seja por qual razão for...
Talvez o mais irônico, é que no fim descobrimos que podemos viver sozinhos... e que não há mal nisso, pode não ser a coisa mais divertida do mundo, mas é possível...
Quem sabe eu poste ou te envie o texto depois para a gente "trocar notas"... ;-)
O texto entre "aspas" era meu... digamos que eu estava reciclando uns posts antigos que não publiquei...
Abração!
Nada como uma boa refeição, mesmo que sem companhia. Também, muitas vezes, faço isso. Compro, peço para viagem e como em casa. É bom também, completo.
ResponderExcluirBeijo!!!
Antes só do que mal acompanhado., né? E a comida deu água na boca aqui.
ResponderExcluirbj
Bem... a teoria do meio completo inteiro vai exigir um post específico lá no TPM. Produzirei. Hahahahaha! Hugz, torresminho!
ResponderExcluirMuito bom o texto. Como todos os outros. Parabéns!
ResponderExcluiradoro caldo era só ter me chamado ... rs ... estive viajando, desculpe a ausências ...
ResponderExcluirÓtimo Blog!!
ResponderExcluirParabéns!!