Google+ Estórias Do Mundo: Mesopotâmia: Os Abençoados de Inanna

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Mesopotâmia: Os Abençoados de Inanna

, em Belo Horizonte - MG, Brasil




Uma lenda explica o motivo porque existiam homens efeminados no planeta, inclusive registrando como estes eram tratados tanto desde o seio da família, como pela sociedade mesopotâmica, não obstante serem considerados na cultura mesopotâmica como seres sagrados. Diz a lenda:

Asushunamir, o primeiro homem-mulher, ur-sal, foi criado/a por Enki para resgatar Inanna da Terra sem Retorno, Kur-Nu-Gia, o inferno. Inanna, rainha do céu, havia dado a Enki, o sábio, grandes presentes como a sabedoria, a justiça, o amor, as mulheres sagradas e os frutos da vinha. E para salva-la da morte, em retribuição, Enki consturiu com suas próprias mãos um/a belo/a homem/mulher chamado/a Asushunamir; ele/a que tem uma face radiante, e uma beleza estupenda, ele/a que se veste com estrelas, macho e fêmea, companheiro/a de Inanna, Asushunamir. 
O feitiço de Ereshkigal, a rainha da morte, não podia possuir alguém vestido/a de luz. Alguém que não era nem homem, nem mulher. Ereshikigal então ficou encantada pela beleza de Asushunamir, inclinada a ouvir sua voz, seduzida por sua dança. Ereshkigal então organizou um grande festim em sua honra, o melhor vinho, as melhores carnes, as mais suntuosas frutas. Ela sonhava em levar aquela beleza para sua própria cama, e mantê-la junto de si para sempre na Terra dos Mortos. 
Mas Asushunamir foi cuidadoso/a e não tocou no vinho e nem na comida feita pelos servos de Ereshkigal. Quando a rainha dos mortos perguntou porque ele/a não tocava no vinho, Asushunamir perguntou se ele/a poderia provar a água da vida, que era guardada numa jarra. Esta era a água que Enki havia avisado a Asushunamir que quando voltasse para o mundo dos vivos, deveria banhar-se nela, antes de atravessar os Sete Portões de Irkalla. Ereshkigal então ordenou: "Namtar, traga a jarra que contem a água da vida. Eu realizarei o desejo desta charmosa criatura".
Depois, quando Ereshkigal caiu no sono, Asushunamir encontrou Inanna, dormindo, na sua cela de cativa. Ele/a molhou a deusa com um pouco da água da vida, e levou-a em seus braços ainda adormecida e respirando como um bebê.
Ao Inanna atravessar os Sete Portões de Irkalla, acendendo a terra, a beleza brotou novamente no mundo, flores desabrocharam e a terra se cobriu de verde. As pessoas voltaram a cuidar dos campos, fazer vinho e fazer amor, dando banquetes, tudo em honra de Inanna. 
Asushunamir, no entanto, não teve tanta sorte. Ereshkigal acordou e o/a encontrou antes de atravessar o Sétimo Portão. E aí, nem sua beleza, charme, dança ou canções puderam evitar que a paixão da deusa da morte se tornasse ódio.
"Tua comida será servida num estábulo, mil vezes", amaldiçoou Ereshkigal, "A água do esgoto será sua bebida. Nas sombras você habitará, desprezado/a e odiado/a pelo seu próprio povo". E pronunciada a maldição, Ereshkigal o/a baniu. 
Quando Inanna descobriu sobre a maldição colocada em Asushunamir, ela falou-lhe palavras doces no ouvido: "O poder de Ereskigal é grande. Ninguém ousa desafia-la. Mas eu tenho meios de suavizar sua maldição, como a primavera chega para banir o inverno. Aqueles que são como você, meus Assinnu e Kalum e Kugarru e Kalaturru, amantes dos homens, parentes de minhas mulheres sagradas, serão desconhecido em seus própria casa. Suas famílias mantê-los-ão nas sombras e não lhes deixarão nada. O bêbedo os imitara, e o poderoso encarcerar-los-á. Mas se você se recorda, como você era nascido da luz das estrelas para me conservar, e através de mim a terra, da escuridão e da morte, a seguir eu abrigarei e a todos do seu tipo. Você será minhas crianças favorecidas, e eu far-lhe-ei meus sacerdotes. Eu conceder-lhe-ei o presente da profecia, a sabedoria da terra e a lua e todos que governa, e você afastará a doença de minhas crianças, exatamente como você me salvou das embreagens de Ereshkigal. E você se vestirá com meus vestidos, e dançará em seus pés e cantará com sua garganta. Nenhum homem será capaz de resistir aos seus encantos. Quando os jarros de barro forem trazidos de Irkalla, os leões pularão nos desertos, e você será livrado da maldição de Ereshkigal, a rainha da morte. Você será chamado uma vez mais, Asushunamir, ser vestido na luz. Seu tipo será chamado aqueles cujas as caras são brilhantes, aqueles que vieram renovar a luz, abençoado de Inanna.

No culto, Asushunamir era sempre representado por uma espécie de ator chamado assinnu. Ann Kessler descreve estes atores como personagens que aparecem em uma variedade de fontes da Mesopotâmia, pertencente ao culto de Innana e que distinguiam-se pelo vestido, penteado e apetrechos femininos. Diversamente travesti, um hermafrodita ou eunuco, o assinnu é uma figura ambígua de transgressivo ou, talvez, até mesmo de gênero mutável e sexualidade evidente. A palavra assinnu tem a mesma origem que o nome do deus e esta ligada a ideia de ur-sal, homem-mulher, de pessoa que pode se deslocar entre os dois gêneros.  

25 comentários:

  1. Gostei dessa narrativa, que muito me lembrou os mitos de "Perséfone e Hades" e o de "Thor, qndo este tem o martelo roubado pelos trolls" (inclusive, nessa narrativa Thor se traveste =P), mas eu achei que vc poderia ter desenvolvido suas considerações, como nos outros textos. Sobre a narrativa, a tradução ficou meio confusa tbm, alguns probleminhas fáceis de serem resolvidos, quanto ao uso de alguns tempos verbais. De todo modo, é maravilhoso poder entrar em contato com esses textos, que pessoas comuns como eu, dificilmente teriam acesso. ^^

    Bjo, querido!

    ResponderExcluir
  2. Nossa que delicia de Texto.... Minha mãe foi professora de História.... acho que puxei a ela...adoro!
    Um Xêro

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Gostei muito desse texto em especial. Não me pergunte porque. Deve ser pelo tom profético de certas passagens... Sei lá...

    Abraços!!

    ResponderExcluir
  5. Muito bom o texto Foxx...

    O.o Inanna parece que esta profetizando algo sobre o nosso futuro (vou rezar por ela apartir de agora)...

    ResponderExcluir
  6. Amei o texto.Fico fascinado pelo modo como vc escreve,balzaquiano.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  7. Deverias escrever mais. Acho delicioso esses textos que vc escreve.

    bjão

    ResponderExcluir
  8. que interessante né?
    aí que a gente vê que a diversidade sempre existiu. E que preconceito é ignorância!

    Bjo Foxxinho!

    ResponderExcluir
  9. Há muito tempo eu não lia um texto tão bom. Parabéns Foxx!

    ResponderExcluir
  10. Baixou o Nostradamus... hehehe! Bacana esse banho histórico. E 17 anos casado com + de 1 pessoa, nzé? Hehehe! Hugz!

    ResponderExcluir
  11. Adorei a lenda, só achei os nomes muito complicados.
    Bjão

    ResponderExcluir
  12. Olha muito boa essa lenda.
    sem querer ser indiscreto mas qual é a tua formação acadêmica?

    ResponderExcluir
  13. Foxx, meu amigão!
    Aqui vim para lhe ler e vesitar. Mais um belo escrito seu que me ajuda ao conhecimento ! Adoro te ler!!!
    Perdão pelo afastamento, mas é que estamos em epoca de verão onde trabalho muito na produção e organização de festas populares. O tempo é escaso mas, no final de Agosto, tudo voltará ao normal.

    Um grande abraço e uma bela semana.

    ResponderExcluir
  14. ah que legal, bem que imaginei.. eu estou no último ano da graduação em história na universidade estadual do oeste do Paraná (UNIOESTE)

    ResponderExcluir
  15. Asushunamir daria um bom nick pro bate papo da uol, não?
    hahaha
    Gostei do texto. ;)

    ResponderExcluir
  16. Tuas perspectivas de entendimento me fascinam... hehehehe!

    ResponderExcluir
  17. sabe, eu gosto demais quando vc faz esses posts...acho mui legal mesmo..

    ResponderExcluir
  18. Essa teoria apresentadas aqui são bem interessantes.
    Demorei pra voltar as minhas visitas porq estava com problema no meu pc. Ele só ligava quando queria. Tá ficando velho também, que nem o meu cão, rs.
    Bjaum

    ResponderExcluir
  19. um gostei como gosto sempre do lado acadêmico do Foxx ...

    os pesinhos do Foxx eu conheço e fica o registro ... ADORÁVEIS ... uuummmmmm

    ResponderExcluir
  20. olha eu não sei pq nao conheço a cultura indígena, mas pelo que a índia que escreveu o relato lá me falou tupã é um especie de deus trovão, mas eu não sei direito como isso funciona na sociedade indígena. Bom pensando melhor agora espero que a pessoa que me mandou aquilo realmente seja um índio, numa dessas fui enganado eheheheeeh

    ResponderExcluir
  21. ai meu sera que fui enganado,é verdade esse negócio de desconhecer na tribo deles, acho que os índios me passaram o famoso "migué", bem que eu achei moderno de mais índio do xingu ter facebook

    ResponderExcluir
  22. Gagarizemos, então! Hahahaha!

    ResponderExcluir
  23. Nem li o texto.. só vim mesmo pra deixar registrado o quanto gosto de você e que eu te desejaria "Feliz Parabéns" mil vezes se fosse necessário pra você entender isso.

    -> Beijos Reais.

    *DB*

    ResponderExcluir
  24. Bacanérrimas as tattoos mesmo! Bom fds, Foxxito!

    ResponderExcluir

" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway