Google+ Estórias Do Mundo: PASSADO: O puto de olhos verdes

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

PASSADO: O puto de olhos verdes

Era um sábado, a luz do sol entrava pelo meu quarto e aquecia a manhã. Eu estava deitado, me libertando lentamente dos braços de Morfeu, quando minha mãe pediu que eu fosse ao centro da cidade para comprar-lhe a tintura que ela usa no cabelo. Deu-me o dinheiro. Recomendou-me a cor. 4.35. Loreal. Castanho dourado. E eu, como filho obediente e prestativo que sou, fui. Saí de casa, e o sol aqueceu minha pele recém resfriada por uma ducha. Coloquei meus óculos escuros e enfrentei a luz fulgurante do sol de Natal. Peguei um ônibus para o centro e desci junto da Catedral nova. Que é uma parada mais distante da que eu costumo descer quando vou ao centro. Por acaso. O destino? Gosto de pensar que o destino decide essas coisas por nós. Que às vezes ele nos protege ou arruma brincadeiras para tornar nossas vidas um pouco mais interessante fazendo a gente perder este ônibus ou aquele. Fazendo chegar cedo ou atrasado em certos lugares. Etc. Etc.
Eu pretendia ir as Lojas Americanas. Compraria a tintura de minha mãe e voltaria para casa. Seria rápido. E se possível não seria nem visto. Eu estava num daqueles dias que me enfio atrás de meus óculos escuros e dos meus fones de ouvido. Que fico observando o mundo de fora, e quero ser percebido o menos possível. Mas, o destino tinha seus próprios planos. Enquanto eu caminhava para loja, percebi um lindo homem atrás de mim. Era moreno com pele de bronze, lembrava, com quase 1,80 de altura e com um corpo atlético, uma estátua de Rodin. Forte. Bonito. E rude. Mas quebrando esta rudeza, reinando do alto, os olhos verdes mais lindos que já vi. Olhos profundos. Que me seguiam. Que me sugavam. Que me queriam pra ele.
Continuei meu caminho, claro, olhando de vem em quando para ele, mas sem nenhuma outra intenção. Era muita areia pro meu caminhãozinho. Eu imaginava: "Quem sou eu para sonhar alguma coisa com ele". Reparei na roupa que ele usava: um abadá de micareta e uma bermuda surf wear. Reparei que a roupa não combinava com a beleza que ele tinha. E acabei me assustando quando percebi que ele estava se aproximando, e parecia que pretendia falar comigo.
Todavia, quando ele chegou quase do meu lado, eu cruzei com um primo meu e sua esposa. Educadamente, eu parei pra falar com eles. Trocamos notícias. E enquanto falávamos, o rapaz passou por mim. Não olhou para mim (o que não me surpreendeu) e começou a se afastar. É óbvio que desisti de algo que nem tinha acontecido assim que parei pra falar com meu primo. Mas como meu primo logo me dispensou, dizendo estar atrasado, eu pensei que poderia alcançar o cara, seria uma bela paisagem para curtir até chegar a loja. Aí comecei a fantasiar. Sou bobo. Admito. Mas não durou muito. Achei que poderíamos nos conhecer, quem sabe até uma história romântica.
Continuei andando. Como ele tinha passado por mim e eu não fiquei muito tempo falando com meu primo, logo eu fui agraciado com a visão magnífica: a da bunda do cara. Linda. Redondinha! Gostosa!! Uma escultura feita pela mão de Deus, sem sombra de dúvida. Na verdade, aquela visão me fez esquecer tudo o que estava em volta. Sinceramente não lembro de nada além da imagem daquela escultura. Nada. Absolutamente nada.
Mas, amigos, imaginem o meu susto quando percebi que esse deus estava retardando o passo ao me ver se aproximar. E quando chegou perto o suficiente. Meu coração explodindo na garganta. Ele se virou e se apresentou: William. Ele era lindo. Uma voz macia. Um olhar carente e profundo. Fui tragado por aqueles olhos verdes. Eu me perdia naqueles espelhos.
E aí seguimos até as lojas Americanas. Com ele conversando comigo. Percebi pelo seu sotaque que não era de Natal. Ele contou sobre ele. Que vinha de Campina Grande e ía tentar a sorte em Natal. Tinha um irmão militar na cidade, mais velho. Contou sua idade, 22 anos. E sorria para mim. Sorria aquele sorriso verde dos olhos dele.
Continuamos até as Americanas. E eu achei que ele ía continuar o caminho dele. Mas ele parou. Acompanhou-me até a loja. Esperou-me procurar o que eu tinha pra comprar. Conversávamos bobagens dentro da loja. Parecíamos amigos. Ele falou que estava indo encontrar com seu irmão no porto. Eu falei que ele ía acabar se atrasando, mas ele disse que eu era um bom motivo para o atraso. Eu ri com o galanteio. Enquanto eu ficava com ele, descobri que ele era um grande sedutor. Todos os gestos dele me envolviam. Todas as atenções dele eram pra mim. Que homem!
Depois saímos da loja. Sem a tintura que eu ía comprar. Não achei a nuance que minha mãe queria. Sentamos na frente do Banco do Brasil, e ficamos conversando. Na verdade um clima começou a se instalar e a excitação a tomar conta de nossos corpos. As pessoas na rua não eram mais que vultos sem forma. Apenas eu e ele existíamos. Foi quando William tomou a ofensiva e perguntou se eu sabia onde tinha uma pousada ou um motel onde poderíamos ficar mais a vontade. E eu falei que não conhecia nenhuma. Ele falou que próximo ao porto deveríam ter algumas. Imaginei que o nível não deveria ser dos melhores e acabei dando a desculpa de que não tinha dinheiro ali comigo. E ele falou uma frase que nunca esqueci. "Como você pretende sair com um cara sem dinheiro no bolso?!?". Meus brios se morderam. Meu orgulho foi ofendido. Eu parecia Apolo ofendido pela música de Mársias. E eu disse que poderia passar no banco. Ele então falou que conhecia algumas pousadas, mas não sabia quanto era a diária, ele então propôs que poderia ir a pousada saber o preço da diária, enquanto eu iria no banco.
Fizemos isso. Retirei o dinheiro. Ele foi a pousada. Encontramo-nos na porta do banco. E ele ainda me envolvendo com aquela magia verde lembrou que tinha que comprar camisinha, e foi na farmácia.
De lá, seguimos para a pousada. Passamos pelas ruelas da Ribeira. E eu senti todos os olhares sobre mim como se soubessem o que estava por acontecer. Chegamos na pousada, e ele reservou um quarto. Um outro casal deixava a mesma pousada. E dois rapazes perguntavam quanto era a diária, tentando disfarçar suas reais intenções que o sorriso quase maligno da recepcionista deixava óbvio. William não se importou. Pelou a chave, e me chamou carinhosamente. Ainda disse aos rapazes os preços, que ele havia perguntado anteriormente. O sorriso maléfico da recepcionista continuava lá. E eu me enterrei o máximo que pude atrás dos meus óculos escuros.
Entramos no quarto e nada foi diferente do que eu esperava. Uma cama coberta por um colchão velho e lençóis baratos. Duas toalhas velhas, duras e ásperas. Uma tv presa na parede, um lavabo e um banheiro. Sem porta. William começou a se despir e deitou-se na cama. Eu o acompanhei. Ele me beijou com fervor e vontade, e me convidou pra ir tomar um banho. Aceitei. Água estava gelada. Os sabonetes não tinham cheiro algum. Nem espuma faziam. O banho acabou. E só quando o vi usando as toalhas, que percebi no que me metera. Tive de usa-las, e senti sua aspereza contra minha pele. Mas logo, William tomou a toalha de minha mão, e com uma delicadeza que era só dele, enxugou meu corpo.
Naquele fim de manhã eu tive o melhor sexo da minha vida. Sem a menor sombra de dúvida. Mas no fim tive que pagá-lo, o que admito, não foi nada agradável. Nem um pouco. Foi degradante. Não para ele. Para ele, depois percebi, este tipo de relacionamento só poderia acontecer mediante a presença do metal. Mas eu me senti mal. Por causa da pobreza daquele quarto. Por causa da pobreza de alma que eu sentia em William. Porque joguei o dinheiro na cama, como se eu saísse de um bordel, e ele lançou-se sobre ele como um cão sobre o osso. Acho que me senti mal porque eu desejei do fundo do coração que aquele homem tão perfeito tivesse se interessado em mim, mas, no fim, ele só viu a minha carteira.

7 comentários:

  1. Amigoooooooooooo! Tudo bem? poxa, trash total essa situação, hein? Imagino o que vc sentiu... E é por achar que me saentiria asim como vc descreveu, que nunca me aventurei a misturar prazer com dinheiro.... Sempre tive receio de como seria não o day after, mas o minute after....
    Bom, mas vamos falar de coisas melhores.... Rsssss... Falando sobre o que vc escreveu no meu blog... Rss... Mas então, não seria um belo desafio? Rsssss... Aliás, já tem outra foto minha por lá.... Rssssss....
    Bom, agora vou conhecer teu outro projeto!
    Beijos!

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  2. kra, to bobo, esse conto terminou igual aos filmes do M. Night Shaylaman, com final surpreendente, de tirar o folego, to aqui passado, bem, mas pelo menos vc tem uma boa recordação, ou pelo menos excitante... enfim, adorei a historia, msm q tenha me feito um conflito de sentimentos
    flws kra
    e aparece la pelo meu blog, atualizei finalmente =P

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  3. Sorrisos...
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    VAmose venhamos se foi o melhor sexo de sua vida... Porque Reclamas?
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    Esta é uma das mais antigas profissoões do mundo! Clientes não faltam No mundo todo.. os valores são diversos.. se paga oQue se pede. pechincha neste ramo? Para os profissionais não existe!
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    Seu caso só estava querendo garantir o almoço dele.. Nada de errado! Enfim.. Amenidades.. Quem nunca provou de sexo pago, um Dia provara.. é certo..
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    Sempre peço que o dinehiro seja colocado em meu Bolso! ME visto no Qaurto peço lcença para usar novamente o banheiro geralmente depois do banho.. confiro.. se tudo certo saio.. se não.. lógico que cobro! Afinal o Combinado não sai caro A ninguém..
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    beijos querido e se joga!

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  4. Amigoooooooooo! Tudo bem? Rsssss... dá uma passadinha no meu blog... Resolvi aceitar e oficializar o desafio! Rsssss...
    Beijos!

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  5. ...P*U*T*A*R*I*A...
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    Amo³³³³
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    Beijos!

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  6. Fala ae meu camarada Foxx, que foda isso, é excitante e vc mandou mto bem escrita. bçao e visite meu blog, rs
    Ah, e pelo que eu li, esta oficializada a disputa, hehehe

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  7. Uau! Que texto forte. Não sei o que faria nessa situação. ;/

    Quantas histórias vc tem pra contar, hein Foxx.

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway