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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Hatti: As Cartas de Amarna



As Cartas de Amarna são tábuas de argila contendo, em sua maioria, cartas diplomáticas entre os administradores egípcios e os embaixadores de diversas nações que conviveram com os egipcios durante o Novo Império, correspondências de Amenhotep III e uma miscelânea de material literário e educacional. Elas demonstram sobretudo como se davam as relações entre os egípcios e os impérios que os cercavam como a Babilônia, a Assíria, Mitanni e Hatti, a Síria e a Cananéia, além de Alashiya, o nome egípcio para a ilha de Chipre, e os Habiru, nome egípcio para os Hebreus. Elas estão organizadas segundo o sistema abaixo:
  • 001–014 Babilônia
  • 015–016 Assiria
  • 017–030 Mittani
  • 031–032 Arzawa
  • 033–040 Alashiya (Chipre)
  • 041–044 Hatti
  • 045–067 Síria
  • 068–227 Fenícia (entre 68–140 são sobre Byblos)
  • 227–380 Canaã
 As cartas foram encontradas por volta de 1887 perto da atual cidade de Amarna, nome moderno da capital fundada por Akenaton, entre 1350 e 1330 antes de Cristo, durante a XVIII Dinastia. Escritas em alfabeto cuneiforme, sistema de escrita da antiga Mesopotâmia, na língua acadiana (língua internacional do período), são conhecidos 382 tabuletas, que foram publicadas pelo assiriologista Jorgen Alexander Knudtzon entre 1907 e 1915.
Nestas cartas a referência homoerótica que aparece é o uso comum do termo kalbu, cão, para designar homens que se colocam numa situação de submissão a outros homens, a expressão pode ser utilizada para falar sobre os servos de um rei, John Burns, inclusive, elege um exemplo: Abdi-Ashratu, um rei cananita, afirma numa das cartas que é o cão da casa do faraó, seu leal e devotado vassalo. Também é Burns que nota que a palavra fenícia klb(lm), cão dos deuses, faz um paralelo com bd(lm), servo dos deuses e que esta expressão, em sentido algum, tem uma conotação pejorativa, algum senso de desonra. Porém, não em Hatti.
Nas cartas de Hatti a palavra serve para denegrir os inimigos. Nas cartas destes líderes, o faraó egípcio é sempre tratado por irmão, também entre assírios e babilônicos, eles se colocam na mesma posição que o governante do Egito. A designação kalbu é utilizada quando um rei protesta ao faraó sobre as ações de um inimigo e pede intervenção. A associação aqui é que a palavra kalbu também é utilizada para falar dos homens que são passivos nas relações sexuais com outros homens, isto é, que se submetem a outros homens, o que, já vimos, é uma situação negativa na sociedade hitita. Nestas cartas relacionadas a Hatti então o termo ganha um outro sentido por causa da diferença cultural entre eles e as outras culturas da região da Crescente Fértil.
A situação entre masculino e feminino do povo chamado de Hehites pela Bíblia, os filhos de Heth, é bastante contraditório. Apesar da mulher ser considerada um ser inferior, ela era protegida pelas leis e poderia, por exemplo, exigir o divórcio e manter sua herança (iwaru), mas explica Judith Starkston que em nenhum texto está escrito que uma esposa tomou um homem como marido, é sempre um homem quem toma uma mulher para ser sua esposa. Os casamentos monogâmicos (a única exceção são os casamentos reais) eram todos arranjados pelos pais, em que a família do noivo pagava pela noiva a kusata que, em caso de divórcio, permanecia com a mulher, mas em caso de adultério somente o homem poderia exigir a morte da própria esposa, sobretudo porque o contrato do casamento servia para produzir crianças e era necessário ter certeza que o investimento da família do noivo geraria novos descendentes para carregar-lhes o nome.
A lei hitita também permitia que mulheres tivessem empregos, e elas recebiam a metade do salários que os homens, porém podiam assumissem posições importantes como sacerdotisas e curandeiras, se fossem solteiras. Elas também podiam governar, sozinhas, como rainhas, Starkson cita as rainhas Paduhepa e Tawananna. A primeira foi esposa de Hattusili III, contemporânea de Ramsés II, e foi responsável por vários tratados com o faraó egípcio, inclusive enviando uma de suas filhas para se tornar esposa do governado do Egito. Antes de casar, a rainha fora sacerdotisa da deusa Ishara, deusa do amor e dos juramentos, e durante seu reinado ela reorganizou o panteão hitita focando em 12 deuses principais. Já Tawananna só pode governar depois que a sua sogra, que também assumiu o trono, morrera, o seu filho também assumira o trono como rei, mas ela quem governava realmente. Nos rituais, também, o mais alto cargo sacerdotal também era ocupado por uma mulher idosa, a hasawa. Esta era sacerdotisa, curandeira, feiticeira e parteira, todavia, ainda considerada inverior.









13 comentários:

  1. Texto muito interessante mesmo, Foxx. E dessa vez não tenho dúvidas, entendi tudo. =)

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  2. Muito interessante! Gostei muito!
    Obrigado! ^^

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  3. como eu adoro a blogosfera! a gente aprende muito!

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    1. Que bom que vc gosta, meu caro, fico feliz com isso.

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  4. Gostei muito do texto, muito interessante!

    Mas sobre o blog, gostei muito a maneira que você mistura de história com sua vida pessoal (digamos que prefiro a pessoal, shuahsahsu). Mas é legal, tipo dois por um!

    Do seu não-tão-recente leitor,
    Kiouki.

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    1. Que bom que vc gosta desta sessão, Kiouki.
      Estamos encerrando esta temporada dela, Antiguidade Oriental, e para o ano que vem vamos começar a segunda temporada, Antiguidade Clássica (Creta, Grécia, Roma e a Cristandade). Também vou lançar essa temporada em livro, mas ainda tenho que organizar isso. Espero que continue lendo e comentando.

      ps: há qnto tempo vc já lê o blog?

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  5. Legal! Eu adorarei acompanhar o teu progresso! :D

    E acho que por volta de um ou dois meses.

    Kiouki. ~

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  6. bom gente as cartas de amarna é uma farsa, uma descoberta sem descendência é uma farsa, essa língua foi desenvolvida pelos povos que que não viveram no tempo da escrita, cadê os descendentes? para uma língua ser verdadeiro pelo menos a língua era para ser desenvolvida pelo um dos descendente que fala essa língua. que saber mais? me procure!

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    1. Vc está dizendo que o acádio é uma lingua falsa? Que ela não existiu? O acádio?

      Impossível te procurar quando vc não assina seu comentário.

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    2. Vc está dizendo que o acádio é uma lingua falsa? Que ela não existiu? O acádio?

      Impossível te procurar quando vc não assina seu comentário.

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway