Google+ Estórias Do Mundo: A Virada (capítulo final)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Virada (capítulo final)

, em Natal - RN, Brasil



Naquela segunda-feira, durante o horário de almoço do trabalho, mandei uma mensagem pelo WhatsApp para o Artie. Conversamos por um bom tempo. Flertes inofensivos, na verdade. Elogios dele de lá, cantadas minhas do outro lado. Foi quando o convidei para nos encontrarmos de novo, ele falou que até o início do ano ele estava ocupado demais, mas que após o Reveillon nós poderíamos nos encontrar novamente sim. 
Voltando ao trabalho, recebi o convite para passar a festa de Ano Novo na casa de uma amiga. O Fernando estava on-line na hora e eu pensei em convida-lo. Seria bom, pela primeira vez, passar um Reveillon acompanhado. Eu fiz o convite para o Fernando, sabendo, no entanto, que passar aquela festa comigo e meus amigos era, com certeza, admitir um relacionamento que ele já havia me dito que não estava interessado em ter. Ele não negou o convite de imediato. Disse que já tinha um compromisso, mas que não tinha nada certo, que ele ia ver, e qualquer coisa me avisaria. Este convite foi reforçado algumas vezes, mas ele só recusou de fato no último dia de dezembro.
Neste dia que ele recusou, ele fez uma postagem no Facebook que explicou tudo o que estava acontecendo. Ele postou: "Deixa eu te fazer feliz. Deixa?". Eu comentei que o amor estava no ar e ele me chamou no bate-papo. Primeiro negou que havia alguém, eu insisti e foi fácil ele admitir. "Olha, Foxx, eu não menti para você. Eu não estou aberto para um relacionamento, com ninguém...". Foi quando eu completei a frase dele: "Com ninguém em Natal, não é? Já em São Paulo...". Ele demorou a responder, mas admitiu, admitiu que tinha medo de sofrer e de se machucar, e eu assumi o único papel que me cabe em todos os relacionamentos que eu já tive: o amigo. 
Dei conselhos a Fernando sobre namoros. Minha filosofia de vida aplica-se diretamente a isso: a única coisa que te faz sofrer é o medo de sofrer, e foi o que eu disse a ele, que se ele entrasse nesse relacionamento sem o desejo de ser eterno, ele não sofreria. Contei-lhe que eu nunca sofri por amor, eu sofri por estar sozinho, mas nunca por ter amado alguém, porque eu nunca esperei que meu amor durasse para sempre ou que meu amor precisasse ser correspondido, o amor chegou a mim sempre como um sentimento quente e que me fazia bem. Ele pareceu convencido e contou-me os planos dele: em maio voltaria a São Paulo e lá tentaria com o amigo por quem ele estava apaixonado.
Foi a minha deixa para desistir dele. E começar meu arrependimento por ter feito sexo com ele. Era óbvio, sempre foi claro, disso nem posso reclamar porque ele nunca fingiu. Mas the ugly truth é que se alguém não está interessado em relacionamentos isso é sempre uma mentira, um eufemismo para dizer que ele não está interessado em um relacionamento com você, especificamente, porque se ele quisesse algo além de sexo comigo, ele teria transformado esses cinco meses que restam nos mais intensos da vida dele. Talvez eu pudesse me recusar a viver isso apenas por cinco meses, mas se ele estivesse interessado ele tentaria viver aquilo pelo tempo que pudesse. 
Passei, por fim, meu Reveillon solteiro, cercado por amigos com seus namorados. Bebendo cervejas e espumante, e fumando um cigarro atrás do outro. Quando os fogos explodiram, e eles trocaram seus beijos, eu ganhei selinhos de pura pena, e pensei que era hora mesmo de desistir dessas tentativas sem futuro. Afinal a mesma verdade que servia para o Fernando também funcionaria para o Artie, se ele estivesse realmente interessado em mim arranjaria um tempo para me encontrar, um almoço ou um sanduíche numa lanchonete, afinal a girl need to eat. Brindemos ao Ano Novo! No dia seguinte, o Fernando mudou o status de relacionamento no Facebook dele: em um relacionamento enrolado.

13 comentários:

  1. Cara, acho tua postura admirável.É isso aí. Tudo é eterno enquanto dura. Sempre vale a pena tentar. Tu, com certeza, não vai carregar o arrependimento, já ele... não dá para garantir.

    Abração

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. obrigado, Chico, de verdade.
      uma pena é que eu já estou arrependido de ter feito sexo com ele.

      Excluir
  2. Foxx dessa vez,concordo com voce.
    abraços

    ResponderExcluir
  3. Boa decisão, sermos amigos do outro nesse momento parece ser o mais viável e maduro a ser, aliás quando pessoas são amigas é natural que esse lado seja revelado em qualquer situação.
    Abraços Foxx!

    ResponderExcluir
  4. eu lhe entendo. você me critica (não com crítica, mas com preocupação) do meu relacionamento com o Rafa, mas ele gasta um tempo comigo, ele quer ficar comigo. acho ele covarde, mas nao perco a esperança pq ele nao foge de mim.
    acho lindo e concordo com vc quando dizer que sentir o amor ja lhe faz bem, é isso aí.
    bjao

    ResponderExcluir
  5. Na minha opiniao nao existe relacionamento sem pensar que é eterno, se alguém entra nisso sem querer pra sempre nao está entrando na relaçao certa, está naquele relacionamento por carencia e só. Acho que é um post que vc mesmo fez.. De achar que nao merece ninguém melhor, sendo assim tanto faz...



    ResponderExcluir
    Respostas
    1. ah, eu discordo, Otávio, discordo mesmo.
      é uma ilusão romântica acreditar que as coisas são eternas. eu acredito que vc pode ter a percepção racional de que as coisas não duram para sempre, mas isso não impede nada que a pessoa entre em um relacionamento para construir algo com alguém.

      Excluir
  6. Oi Foxx, tudo bem?
    Eu e meu eterno romantismo, espero que seja eterno ou como disse Vinícius de Moraes, que seja eterno enquanto dure.
    Bom, como sou solidário, tbm fiquei sozinho e ñ tive selinho de ninguém, rsrs.
    Um bjo

    ResponderExcluir
  7. "Eu nunca sofri por amor, eu sofri por estar sozinho, mas nunca por ter amado alguém..."
    Total inspiração.
    Bjux

    ResponderExcluir
  8. #AdoreiMiami! E o "dessa vez" da Margot foi ótimo... hahahaha! Bjos!

    ResponderExcluir

" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway