Os jogos então começavam. Bola. Não! Esta era um brincadeira para o dia. Tica. É tica-tica, tica-trepa, tica-ajuda, bandeirinha, doninha-da-calçada, dono-da-rua, garrafão, polícia-e-ladrão, sete-pecados. Jogos de meninos. Não se via nenhuma menina nas ruas. As meninas brincavam dentro de casa. Trancadas, observando a rua como mouras ariscas. Mas quando Marcelo chegou aos doze anos, ele começou a brincar de outra coisa. Uma coisa que aproveitava melhor as trevas da noite. E mostrava que eles eram menos meninos do que antes. Os meninos daquela rua suburbana aprenderam junto a Marcelo a brincar de esconde-esconde.
Um contava. Todos se escondiam. Marcelo corria e se escondia. A rua tinha muitos lugares para se esconder. Carros e caminhões estacionados perto da oficina que ficava no fim da rua. Algumas carcaças de carros que esperavam o momento de serem concertadas. Árvores. Quantas árvores. Jamboeiros onde os meninos subiam animados. Jardins cujas luzes mantinham-se tão baixas quanto os muros que podiam ser pulados. Becos. Becos escuros onde os meninos entravam apressados e em silêncio se abaixavam. Nestes becos Marcelo se abaixava, ficava perto da porta. Quieto. Silencioso. Logo, uma mão surgia e tocava a coxa branca e rija daquele menino. Marcelo sorria e consentia. A mão subia e tocava-lhe a barriga puxando-o para si. Outra mão contudo puxava-lhe o elástico do calçãozinho e Marcelo respirava fundo esperando ser preenchido. Ele recebia um carinho que já estava acostumado.
Conhecera aquele amor observando o irmão, Fábio, que com meninos mais velhos brincava e descobria estes carinhos. Marcelo ficou curioso. Desejou o mesmo carinho. Sem saber, desejou o irmão. Mas encontrou o irmão em outros. Marcelo os encontrou com seus olhos negros. E eles encontraram aquela pele tenra e clara, sem pêlos e macia, que desejava um toque mais do que tudo. Agora Marcelo procurava aqueles carinhos nas noites frescas com cheiro de jambo.
Um menino gritou: "Salve todos!". Marcelo e seu amante deveriam sair do esconderijo. Riam, e brincavam como se nada tivesse acontecido. Nova contagem começava. Marcelo novamente corria. Desta vez pulou o muro de um dos jardins, seu companheiro o seguiu, ele jogou-se logo ao chão, e baixou o parco tecido que o cobria, e olhou solícito sobre o ombro. Seu companheiro logo deitou-se sobre aquele corpo magro e pueril e Marcelo gemeu, feliz.
Tudo começou com Marcelo por causa de dois irmãos. Hildemberg e Lindemberg. Estes filhos de uma viúva, criados solitários por ela, trocavam seus carinhos mútuos. Mas Hild também dividia estes carinhos com outros amigos. E como era comum, em um dia que Marcelo dormira em sua casa, no banho, Hild apresentou-lhe o carinho desejado. Marcelo gostou. Aprendeu rápido e logo correu procurando novos amantes. Os seus próprios. Os amores de Hild eram bem conhecidos. Nomes sussurrados entre os meninos. Todos sabiam. Marcelo os procurou. Um por um. Depois Marcelo procurou os amantes do irmão. Também óbvios. Sussuradamente óbvios. Aprendeu rápido as regras daquele jogo dos meninos de quatorze anos, aprendeu logo como o mais novo daquele jogo deveria agir. Aprendeu logo como os meninos da idade dele deveriam agir.
Mas os doze anos de Marcelo passaram, e ele deve ter cansado de sua condição de menino de doze anos. Mas os meninos mais velhos o tratavam sempre como menino de doze anos. As meninas não. Então o menino de doze anos foi o primeiro. O primeiro a largar a brincadeira de esconde-esconde. O primeiro a deixar para trás o mundo de menino suburbano. Marcelo tornou-se homem cedo demais. E a prova era uma menina já mulher cedo demais. Seios inchados. Ventre ainda mais. Um bebê. Marcelo foi o primeiro. E logo outros seguiram seu caminho. E todos aqueles meninos, amantes de outros meninos, tiveram filhos como Marcelo. Outros meninos começaram a correr naquela rua a noite. Os filhos e sobrinhos de Marcelo. Os filhos e sobrinhos de Hild. Novas crianças que, por acaso, ainda não fizeram doze anos.
caso fiquem em duvida: sim, isso tudo é real sim.
ps: lucas p deixe contado para que eu possa responder sua pergunta.
ps: lucas p deixe contado para que eu possa responder sua pergunta.
uau.
ResponderExcluirnão tive sindrome de Marcelo .
felizmente ou infelizmente nçao sei . de qualquer forma . foi tudo muito tranquilo pra mim .
beijos
Humm... na minha rua não tinha ninguém pra brincar comigo de esconde-esconde..rsrs
ResponderExcluirBjo amigo!
huuummmm...
ResponderExcluirdoze anos, né?
nem falo nada!
bjo.
Rapaz, é complicado a vida de surbubano em capital...imagina as de interior...
ResponderExcluiro que se via, o que se sabia...o que escutavamos...
hehehehe...
e hoje...toda aquele brincadeira, não passa mais de uam forma de se conformar com a situação perente...
Comum... Só digo isso. Depois eu escrevo o que eu sabia, assisti, e até participei, no meu blog ou no msn! ^^'
ResponderExcluirAbração
Extremamente comum, ao meu redor, na minha infância.
Aqui na minha rua brincávamos todos de esconde-esconde, meninos e meninas.
ResponderExcluirEu tive um vizinho, um loirinho, com quem tive alguns momentos parecidos com o descrito no post.
Hoje em dia ele parece ter deixado o lado gay recalcado, mas eu não sei, pois não tenho mais contato com ele, que cresceu e ficou um homem forte e bonito.
Adorei a lembrança do "Salve todos". Aqui tb tínhamos esse lance de um poder salvar a todos que ainda estavam escondidos.
Adoro teus posts nostálgicos sobre esses momentos da infância/adolescência tão inocentes, ou não. rs
Beijos!!!
=)
pqp, onde vc mora ? pq onde eu moro isso não acontece
ResponderExcluir?!
Natal ñ é tão grande assim ! das 2 uma, ou eu saia de casa na hora errada? ou as pessoas faziam muito bem escondido :/
!
sei não viss !
então !
até outro dia no mid
Amigoooooooooooo! Back from ashes! Rsssss.... Doze anos? Ai,ai,ai... Me lembro bem disso tudo... Rssss...
ResponderExcluirBEijos!
Vc, como sempre, tem poesia no sangue, ate´pra falar de uma coisa como um troca-troca!
ResponderExcluirLinda a história!!
E se ficar com essas palhaçadas de ciúmes eu vou ai e te dou uns tabefes!
Beijão!
Marcelo, "sem-vergonho"! Concordo com o Ricardo. Transformar troca-troca em poesia né pra qualquer um não!
ResponderExcluirUhnn... o troca-troca é a própria poesia. Eu brincava de esconde-esconde na rua, mas coisas do tipo nunca chegaram a acontecer. Exceto na minha primeira vez, quando eu e um amigo brincavamos numa casa abandonada. Descobri esse tipo de amor ali, em meio as ruínas do que um dia já foi o lar de alguém. Depois vinheram os meus primos mais velhos, depois os amigos de um deles, então os vizinhos, por fim os amigos de meu pai, e hoje qualquer um que seja mais velho que eu. Lembrando bem da minha infância, lembro de um amigo, Cleyton, que todos sabiam que já tinha dado muito aquele rabo. Mas Cleyton cresceu, conheceu os corpos femininos e hoje já tem seus filhos, da mesma forma que a sua história. Eu só fico me perguntando onde vc entra nessa história toda?
ResponderExcluiroie foxx, que linda ficou a foto nova do perfil :D
ResponderExcluiro/
pois então eu vi só responder teu coments pq estou nos ultimos dias do penultimo semestre de faculdade heheh, imagina como que não tá sofrido as coisas aqui :d, bom a respeito do que vc disse sobre meu preconceito, bom questão de crenças não se discute né, e como vc deve ter visto eu acredito no que eu acho certo, e minha mãe no que ela acha certo, bem como todas as pessoas fazem, e por mais errado que seja, pelo menos no meu ponto de vista, eu não fico na minha, as vezes posso até falar besteira, mas isso já é de costume, rsrs, nada que deva ser levado a sério. a e a respeito de conhecer pra não se ter o tal do pré-conceito pode deixar, nos ultimos dias mesmo achei umas coisas bem legais sobre isso que realmente me chamaram atençao ;)
Mas é isso, acho que até é uma questão de gosto né hehehe, sabe, eu sempre brinco as coisas, é uma maneira de fulga minha, mas tudo bem, espero que tenha entendido :p
abraços guri ^^
Olá Foxx!
ResponderExcluirÉ... infelizmente eu não tinha com quem brincar de esconde-esconde, não! Que droga!
Beijo!
Conheço tanto caso assim... onde as "coisas de infância" perdem a importância pra dar lugar ás "coisas que a sociedade impõe".
ResponderExcluirE assim se perdem as coisas que realmente sentiam.
Oww...
ResponderExcluirDE, DEUSU....
você me entendi né ? porque eu não contei...
mais para lhe recompensar...eu deixo você ser a madrinha viu do casamento..
ok ?
me desculpa ?
ahuahuahauahuahuaahuauah
AMÚ TÚ, CARA DE TATÚ....(só para rimar mesmo)
eu ja ia perguntar: "Foz, querido, voce virou pedofilo?" mas o final mudou minha concepção
ResponderExcluiradorei!
hahahahahahaha
um ótimo conto, bom mesmo, anda melhorando hein
=* fofo
Afff... por favor, não fique confuso, ou então, seremos 2 confusos... hahahaha!!!
ResponderExcluirQto tempo, hein, queridão!!! Valeu pelo comment!!! Ótimo findi!!!
Abraços!!!!
bloquearam o msn aqui no hotel :/
ResponderExcluirHistória real??!!
ResponderExcluirE os nomes, são ficticios?
Bjs bb
Adoro a forma com que vc escreve!
ResponderExcluirDireta, porem poética.
Boa semana!
me desculpe nao ter vindo aki antes... é que ando com uns problemas aqui, vc pode me encontrar nesse e mail : lucaspe92@gmail.com
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