Google+ Estórias Do Mundo: PRESENTE: Uma ex-noite

terça-feira, 6 de março de 2007

PRESENTE: Uma ex-noite

Saí do táxi e um vento quente abraçou-me as pernas que eu trazia descobertas. Usava um bermuda e um tênis conga azul que somados ao boné que escondia meus cabelos davam-me um ar infantil. Todavia o que eu não poderia nunca prever é que aquela noite não teria nada de infantil. O calor e a música apenas aumentavam conforme aproximavam-nos, eu e Peter Pan, da Torre. Também foram o calor e a música que afastaram a gripe que me perseguia, enquanto subíamos as escadas que levavam ao último andar do prédio no qual ficava a boate. Eu já não espirrava mais. Peter sorria ao meu lado. Estava animado e por isso ria e falava alto descompassadamente, entre cigarros.
Pisando no primeiro piso da boate, fui invadido pela voz de Mônica Vange que gritava as vogais de uma canção qualquer. Passando pelo espaço que sobrava naquela sala apertada, tocando corpos que às vezes evitavam minha mão, às vezes não se importavam com o contato, atravessei todos os ambientes até chegar a sala que vibrava graças ao tribal e o pop que Nazareth rasgava na pick up. Procurava Michel. Encontrei-o. Outros amigos também. E ao som da pick up, jogamo-nos na pista. Meus pés doíam. "Devia ter vindo com tênis mais confortáveis". Mas eu vibrava com a música que entrava em meus poros e fazia a semana cansativa que tive sair de dentro de mim. Eu girava. E girando foi que vi e depois comentei com Peter: "Menino, quantos ex meus estão aqui hoje!" Ele quis saber quem e discretamente apontei. Thiago, "uau! libera pra mim?", Alessandro, "por que é ex?", Toni, "hummm", Anderson, "ai, meu deus!!". Ex-ficantes. Jorge, "#$%&@". Ex-namorado. Ri da situação, porém não achava que aquilo seria muito mais do que uma curiosidade, lêdo engano!!
A música continuava. Continuava a entrar-me pelo corpo. Até que senti coxas macias e fortes pressionando as minhas. Olhei para baixo e vi lindas coxas douradas aprisionadas num short jeans e coroadas por um piercing que argenteamente refletia o laser que inundava o ar impregnado de fumaça e gelo seco que aquela sala exalava. Levantei um sorriso. E uma loira mulher sorriu-me em resposta. Dançamos. Ao som das batidas, nossos quadris moviam-se ritmadamente. No meio do salão. As mãos delas mantinham meu corpo quente. As minhas afastavam dela minha cerveja e o cigarro. Tomei um gole. Ela me puxou contra o corpo dela. Descíamos. As pessoas se afastaram. Puxei minha bermuda que prendia meus movimentos. Todos nos observavam. Ela lançava o corpo dela sobre o meu e sinuosamente movíamos unidos. Meus ex me observavam, mas eu apenas olhava para ela. Seus olhos diziam: "Beije-me" e obedientemente correspondi.
Foi um beijo lento que contrastava com a música que estourava nossos tímpanos. Sem toca-la, beijei-a. Lento, com calma, dando a ela todo controle da situação. Ela então me puxou para perto de um pequeno palco, onde fez recostar-me. Deixei a cerveja ali, não sem antes levá-la aos meus lábios. O cigarro que agora era mais cinza do que laranja também tocou-me, e a nuvem plumbea lancei entre os lábios dela, que respirou-a e soprou, enchendo com mais nuvens o céu daquela negra sala. Joguei o cigarro no chão. E ela beijou-me com avidez. Dada a sua agressividade, senti que podia agir e permiti que minha mão percorresse aquele corpo delicado e macio. Suavemente. Lábios. Dedos. Até que ela sorriu e se foi.
Tonto. Tentei sair da sala. A música explodia. Queria algo mais calmo. Peter então me puxou. Carregou-me e fui como quem segue a voz de uma sereia. Quando saí daquela explosão sensorial, cruzei com Jorge que dançava o pagode que ele tanto gosta. Desvencilhei-me de Peter, "te encontro já" e fiquei lá, observando-o se exibir. Quando ele notou, puxou a camisa e mostrou no meio daquelas pessoas o corpo talhado por formão durante anos de musculação. A pele morena brilhava junto com a corrente de prata que pendia de seu pescoço. Os olhos verdes dele procuravam os meus que, desta vez, não fugiram. Ele se aproximou. E, aproveitando-se do som alto daquele lugar, ele fez uma coisa que é especialista em fazer. Puxou-me pela cintura, e me encaixou pequeno no corpo musculoso dele, encostou o rosto dele perto da minha orelha e nada longe de minha boca e soltou: "Você é a única pessoa que me faz implorar um beijo, sabia?". Sorri. Ele também. E beijei. Ele também. Um meio beijo. Daqueles que você só beija metade da boca. Rápido. Discreto. E o deixei lá, com cara que quem queria mais.
Virei-me. Tinha que procurar Peter. Mas Alessandro vira tudo. Thiago também. Olhavam-me chocados. Olhavam-me ciumentos. Eu ri. Saí. Encontrei Peter, mas sentia os olhares deles seguindo-me para onde eu estava. "Quem mandou te darem fora?", disse Peter. Eu ri e Anderson se aproximou. Ele ria, sentiu-o meio bêbado. "Tô não, juro!". Ri. Ele também. Conversamos. Mas ele olhava para minha boca com desejo. Eu sorria. Lembrava do que ele me dizia no passado: "Teu sorriso parece com o de Dado Dolabella". Eu ficava lembrando. Ele me puxou. Carimbo no braço. Degraus e degraus. Ele me olhava safado. Empurrou-me na parede. Beijava-me devagar. Suave. Queria controlar-me. Mas não deixei. Segurei-lhe os cabelos. Puxei-o. Ele olhou-me tentando entender. Mordi-lhe a orelha, ele se rendeu. Gemeu. Seus braços caíram, rendidos, e aquele homem se tornou meu. Dentes e unhas se cravaram naquele corpo áspero. Segurando-o, não permitia que ele escapasse. Puxava-o. Segurava-o. Seus quadris forçavam os meus. Suas mãos seguravam minhas costas, as minhas apertavam-lhe a bunda. Ele fechava os olhos entregue. Eu observava se estavamos sendo observados. Com o boné, eu me escondia, mas mordia-lhe o pescoço e arranhava-lhe as costas. Até que sorri, beijei-lhe uma última vez e subi. Não sem antes ouvir: "Como foi que eu fui perder você?".


COMENTEM NO POST DO DESAFIO TAMBÉM, OK?


13 comentários:

  1. UAU! Que balada, hein? rsrsrs

    Também com esse corpão todo aí, quem resiste! hehehe

    Abraço!

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  2. Affff.... Tomou choque 220 Volts antes de sair de casa, hein? Rssss... Mas, duas coisas me recuso a comentar: BEijar mulher em balada gay? Ouvir pagode e dançar pagode em balada gay????? Aliás, pagode, nem trancado no quarto, com a luz apagada! Rssss..
    BEijos!
    PS - Ve se vc e o Imper dão um ponto final nessa briga de vcs 2, hein? Coisa mais boba!
    Beijos!

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  3. ERRATA PRO TRINTINHA:
    Era balada hetero...
    Eu naum dancei, eu observei...

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  4. Festa Leonina essa, heim?? Bj e se cuida

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  5. Oi Foxx!

    Td bem? Tô passando pra retribuir a visita. Vou te adicionar aos meus favoritos pra poder ler tuas postagens com calma.

    Espero q possamos manter contato.

    Um abraço!

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  6. Oi Fox!!!
    Ri muito do seu comentário no meu blog!!!! rsrsrs Lisonjeado fico eu com sua visita rsrs
    Sim, deixando a rasgação de seda de lado... Nossaa!!! Que baladona!!! Aproveitou bastante, hein!!?Muito bom!!
    Um abraço!!

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  7. Ainda estou me perguntando se isso foi verdade ou se foi um conto!

    Se foi o primeiro, tá podendo, hein!

    Se foi o segundo, menino, que conto demais!! Vc escreve com fluidez e desenvoltura! Parabéns!!

    E quando vamos chegar ao final do desafio??

    Beijão!

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  8. porra.
    enquanto eu tento entrar num bar gay...
    tu se diverde na boate hein...
    vai com tudo cara.

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  9. falo nada Não...

    Sorrisos..

    Se Joga meu Amor..

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  10. Este é Foxx, o pegador!
    Rs.
    Quem disse pro Trintinha que brigamos?! Eu não briguei com ning, ainda mais por causa de... Tu sabe, morreu aquele dia, ok?
    Abraço, bom fds.

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  11. Uau!!!
    Arrasou!!!
    Hehehe!!!
    Pode deixar que logo, logo rola outro perfil lá no blog... quem sabe o seu? hehehe!!!
    Abraços!!!

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  12. E ai Foxx!
    Balada da boa heim!
    Quem me dera as minhas baladas fossem assim agitadas...
    Mas sabado vou pra uma tb...
    Me deseje sorte!
    Bjão!

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway