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sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Qual O Seu Fetiche?

, em Natal - RN, Brasil
Era noite de sábado, chovia bastante na cidade. Os invernos em Natal são assim, chuvosos, e tem ficado cada vez mais. O bom da chuva é que ela traz um clima bem mais agradável para a cidade. Entre 20° e 22°, dá até para arriscar um casaquinho. Não que esteja muito frio, mas porque o calor não se torna mais aquele que decide com que roupa eu vou. O Ariano havia acabado de chegar aqui. É a terceira vez que ele me visita este ano. Recife não é tão longe, afinal de contas. Chegamos de táxi no Donana. Este é um bar para lésbicas, pequeno, que vive lotado, com poucas mesas de jardim na área externa, e muito menos espaço na parte interna porque o palco onde se toca MPB e pagode em dias alternados ocupa muito espaço. Apesar dele focar num público feminino, são homens gays que ocupam a maior parte das mesas em grupos grandes e ecléticos. Vemos ali meninos muito humildes, comprando cervejas nas promoções, e homens dando gorjetas gordas para os garçons, são pessoas muito diferentes que se encontram protegidos sob o mesmo teto. Mas naquela noite, de chuva, e com uma festa do Disponível.com acontecendo em um novo bar que abriu na cidade, o in Bare, só tinha alguns gatos pingados por ali. Havia mesas disponíveis no lado de fora (coisa que nunca acontece se você não chega as 19h), quase ninguém ouvindo a banda no interior. Sentamos do lado de fora, cada um de um lado da mesa redonda, entre três mesas cheias com rapazes bonitos, conversando animados, bebendo cervejas e fumando Free.
Estávamos entretidos conversando sobre nossas vidas, sobre o Gato, sobre trabalho, quando eu notei que éramos observados da mesa a nossa esquerda. Eram dois, um menino magro, usando uma camisa de onça e um short curto, efeminado e fumando como uma mademoiselle; o outro, um garoto de barba, cara de safado e uma bela bunda, que olhava sob as sobrancelhas e sorria para mim. Notei, no entanto, que eles acreditavam que eu e o Ariano éramos namorados, mas isso não impediu que o primeiro paquerasse o Ariano, e o segundo me seguisse até o banheiro. O sorriso dele era de verdade intoxicante, ele me olhava nos olhos também com uma malícia que era sedutora, de fato. Mas eu apenas sorri quando ele me olhava através do espelho, atrás de mim, no banheiro, e voltei a mesa. E, com certeza, meu sorriso no banheiro foi para ele uma certeza de que podia dar em cima de mim a vontade e que eu estava disposto a trair meu namorado. Quando retornei ao banheiro, ele não demorou para estar lá novamente. 
Puxou-me pela cintura, e me beijou. E eu correspondi, afinal de contas um copo d'água, um beijo na boca e um boquete não se nega a ninguém. E foi um beijo cheio de desejo, de vontade, de excitação. Ele logo ficou inclusive de pau duro enquanto me beijava e eu apertava-lhe a bunda linda que ele tinha sob a bermuda jeans. E gemia enquanto eu apertava aquelas nádegas macias e a vontade de comê-lo ali mesmo surgiu, não vou negar. Ele se apresentou, Henrique, e não acertou meu nome de primeiro. Novamente beijou-me com intensidade, mordiscando meu lábio inferior, e voltou a mesa em que estava com amigos. Quando voltei, e sentei com o Ariano, ele afirmou que outro havia dado em cima dele assim que o de barba tinha levantado para falar ir atrás de mim. Qual era o problema desses dois caras?, era a única coisa que eu podia imaginar, mas o Ariano estava se divertindo. Primeiro porque ele queria me ver ficar com alguém e romper meu celibato auto-imposto, mas também porque ele queria ficar com o outro também. Foi quando ele se levantou para ir ao banheiro, e o rapaz de barba levantou-se e veio até a mesa conversar comigo.
"Quero ficar com você, como isso pode acontecer?". Eu sorri. "Você pode sentar aqui e nós podemos ficar, ora...". Ele sorriu, acendendo um cigarro. "E seu namorado?". Por um segundo passou-se pela minha cabeça que devia manter a fantasia dele, mas eu quis apostar que ele possuía objetivos mais elevados do que, simplesmente, provar que era tão mais gostoso e esperto que faria um homem que tem namorado trair o mesmo para ficar com ele. "Eu não tenho namorado, ele é apenas meu amigo!". O sorriso dele se desfez. Ele apenas virou-se nos calcanhares e foi embora, voltando aos amigos dele. Eu me servi de cerveja, nenhum pouco surpreso com a atuação daquele menino tão gostoso, mas admito que um pouco triste, mas do que deveria por alguém que com certeza não valia nada. Afinal eu estou em Natal, não é?


23 comentários:

  1. Eu chamo de "Caçadores de Recompensas".....
    gente chaaaata!

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  2. Acho que visualizei essa cena direitinho, principalmente esse desfecho do tipo "eu já sabia, mas queria estar errado". É mais ou menos isso, né?

    B.H.

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    1. Sim, exatamente isso, BH, eu percebi desde a primeira cantada, mas eu fui até o final esperando estar errado. Meu problema é esse com os homens, na verdade, foram tantos que eu sei tudo que eles querem no primeiro olhar, mas eu insisto pq não confio na minha sabedoria por achar que meus sentimentos interferem no meu julgamento. No fim, eu sempre estive correto.

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  3. Genteeeeeeeeem, chamaria de "Vampiros", isso sim. Que situação heeeim.

    Grande Abraço Foxx! :D

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    1. Os natalenses não prestam, amigo, não prestam!

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  4. Meu querido, tá valendo um parabéns atrasado? (rs) Você sabe que eu torço demais para que você encontre um caminho bacana, né? E, se tiver alguém que possa estar a seu lado, compartilhando todos os seus passos, melhor ainda! Felicidades, viu!

    Bem, o post... não fique bravo comigo, mas você acabou por escrever um fato que corrobora a minha tese: você quer encontrar alguém “certo” em ambientes “incertos” (se bem que eu teria outros adjetivos para eles, mas, deixa pra lá... rs).

    Abração

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    1. Obrigado, Adriano, pelos seus votos. Muito obrigado mesmo pela sua torcida.
      E eu não ficaria bravo com você de forma alguma, mas eu tenho alguns comentários a fazer:

      1º, eu não estava procurando, de forma alguma, somente sai com um amigo. Eu não quero encontrar alguém certo, meu amigo, eu desisti disso há muito tempo. Não falo da boca para fora quando digo que não acredito que isto seja possível.

      2º, eu nunca entenderei o que se considera um lugar certo, eu já encontrei caras em supermercados, na faculdade, no trabalho, amigo de amigos, em bares, em boates, e todos se comportaram exatamente do mesmo jeito, não acho que o problema seja os lugares, o problema é como os homens me veem, não importa nem o lugar, nem a cidade, eles me veem da mesma maneira.

      3º, quais os outros adjetivos que tem para ele?

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  5. Pois eu gosto de brincar com os fetiches alheios, principalmente se isso significa fazer maldades com quem pretendia fazer maldades.

    Fosse eu, no seu lugar, iria deixar o cara acreditando que o ariano era meu namorado, iria botar toda a pilha nele e fazê-lo se sentir desejado. Ficaria com ele e diria que ele é melhor que "meu namorado". Depois de bastante tempo e de fazê-lo se enrolar na própria tara, já certo de que ele havia fisgado o objeto de seu fetiche, eu lhe revelaria a verdade...

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    1. Você é uma pessoa muito má, na verdade. kkkkkk
      Eu não conseguiria fazer isso de jeito algum, até pensei, não minto, podia dizer que o Ariano era meu namorado pra sempre e ganhava uma foda fixa, bastava dizer: "vem aqui em casa que meu namorado tá viajando", não é?, eu pensei nisso tudo, mas não consegui agir dessa maneira, simplesmente não sou assim.

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    2. Mas causando um pequeno trauma numa pessoa assim, vc evitaria o sofrimento futuro de muitas pessoas. Seria uma maldade socialmente aceita e com fins nobres... rsrsrs

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    3. kkkkkkkkkkk
      é impressão minha ou vc já pensou na história toda e tá rindo ai imaginando os posts que eu faria contando como eu tô brincando com esse fdp?

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    4. Não, não... Eu estou imaginando EU fazendo isso, se estivesse em seu lugar... Vc faria diferente, eu tenho certeza, e agiria como agiu... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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    5. kkkkkkkkkk
      agora eu que fiquei curioso pra saber como seria a história...

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  6. Não sei se é maldade, mas devo concordar com o "Cara Comum": se o 'barba' queria dar uma de safado, porque não fazer o mesmo com ele?

    Ainda mais se valesse a pena, sexualmente falando, hehehe!

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    1. Valia a pena sim, sexualmente falando, mas eu não estou interessado em construir relacionamentos baseados unicamente em sexo. É exatamente disto que eu sempre fujo, vc sabe. Então não dava pra virar o jogo pra cima dele, mesmo eu tendo pensado nisso.

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  7. SINCERICIDIO...vc conhece? pois é....

    abração.

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  8. Eu, parabéns pelo seu aniversário meu querido. Espero que a data se repita por muitos anos, acompanhada de muita saúde, felicidade, conquistas e dinheiro. Risos.

    Adorei a história. Henriques são safados por natureza, mas essa história me pegou quase desprevenido. Se não fosse pelo título, eu estaria ainda mais surpreso com seu desfecho. Me deu até vontade de contar um causo que ocorreu comigo, mas vou matutar a idéia e, quem sabe, um dia contarei lá nO Diario.

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    1. conta, conta, conta! =)
      e amigo, esse povo é maluco! maluco!

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway