Google+ Estórias Do Mundo: Pânico!

domingo, 12 de setembro de 2010

Pânico!

, em Belo Horizonte - MG, Brasil






O inverno se afastava de Belo Horizonte naquele dia que passamos entre mojitos, sentados ao lado da água gelada da piscina da casa do Bê. A noite chegara cedo e pesada. No entanto, continuava quente como fora o dia. Estávamos numa pool party, que começara logo após o almoço e se estendeu noite a dentro, invadindo a Velvet, boate descoladinha da capital mineira, de música normalmente ruim e pessoas intragáveis, mas que de uns dias para cá tem feito festas especiais aos domingos. Bê diz que por ser no domingo a noite só pessoas selecionadas tem a oportunidade de estar lá, mas este domingo era o domingo de um feriado prolongado, o que fez a Velvet, lotar das mesmas pessoas intragáveis de sempre, apesar da impressionante música boa que explodia nas caixas de som daquele porão apertado.
Mas estávamos entre amigos, ou melhor eu estava entre os amigos do Bê, chegamos em dois carros, e em uma parada estratégica em um posto de gasolina, onde quase todos compraram cigarros, inclusive para mim já que haviam consumido o meu Carlton durante a pool party, o Bê contou-me que um dos meninos, com nome de evangelista havia ficado interessado em mim. Ao falar isso, meu cérebro entrou em parafuso, mas eu tentei ignorar aquela sensação de sufocamento que me subia pela garganta, e entramos na boate, descendo sua escada em curva e abrindo as portas e somos recebidos pelos mesmos olhares congelantes de sempre. No entanto, assim, acompanhado e protegido, é fácil desviar destes olhares que os menininhos que aprenderam a "fazer carão" na Mary In Hell e estão estagiando para conseguir vaga na Josefine lançam para você.
Na Velvet você comumente é rejeitado, como diria Stanford Blatch, por pessoas que você sequer chegou a notar naquela luz turva e fumaça insistente. Nestas horas, é que é necessário respirar fundo e responder com a "egípcia" que você aprendeu com sua amiga travesti. Simples, se eles treinam o seu "carão" ao longo dos seus, no máximo, 21 anos; aos meus 29, imagine quanta habilidade em "fazer a egípcia" eu não desenvolvi. Você olha nos olhos dele por exatos 3 segundos, somente isso, e o ignora o resto da noite. Eles se irritam, mas eu prefiro sorrir.
Foi brincando de "quebrar carão" que eu esqueci da proposta, digamos assim, feita por meu amigo em segundos na janela do carro. "Acho que rola". Lembro o que provavelmente desencadeou essa idéia. Nós comendo churrasco alemão, o evangelista sujo de mostarda que eu limpei e que terminou em um selinho. O Bê viu e perguntou se estávamos ficando. Ele, em outro carro, deve ter insistido na idéia. Foi quando meu amigo novamente se aproximou e perguntou se rolava ou não. Eu, sem entender o tumulto que estava acontecendo dentro de mim, que pavor de dizer não, que pavor maior ainda de dizer sim. Sem me reconhecer, respondi apenas que eu não ia tomar nenhuma atitude. Meu amigo sorriu e entendeu.
Sorriu e entendeu que quem devia tomar alguma atitude era o evangelista e assim o informou. E assim ele o fez. Chegou, e na falta de expressão melhor, me catou e tentou me beijar. Mas a única coisa que eu senti foi pânico, eu precisava sair dali, sair daquele lugar, sair de perto dele, fugir a todo custo. Foram quatro meses sem beijar ninguém. Após o fim do namoro, a primeira pessoa que quis me beijar. Pânico! Como se Pã tocasse sua syrinx entre as colunas daquele porão. Eu então sai, deixando-o no salão, sem provavelmente entender o que estava acontecendo, quer dizer, com certeza sem entender o que estava acontecendo e sai para a área de fumantes onde enchi meus pulmões de nicotina tentando, desesperadamente, me acalmar e colocar alguma ordem em meus pensamentos, o que, aviso, foi totalmente impossível. Mesmo durante toda aquela noite, mesmo durante o dia seguinte. Crises de pânico definitivamente são novidade para mim.




PS: Ah, não se esqueçam de participar da promoção de aniversário. O link para as regras estão ai do lado.

16 comentários:

  1. que coisa...
    isso nunca me aconteceu. mas acho q não deve demorar a aconter - digo, uma crise de panico - pq as coisas estao ficando mto tensas...
    como resolveu a situação? :s

    abraços
    voy

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  2. Super me identifiquei com o post,sério.
    Tive uma experiencia dessa recentemente aqui pelas bandas de divi.

    E o carão eu vi mesmo foi na "The L", agora imaginar a josefine,que todos falam?Não,obrigado.

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  3. Por diversas vezes já vivi essa situação de pânico. De um modo diferente... Mas a sensação é de pavor mesmo!

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  4. Adoro fazer carão pra quem faz carão só pra fazer o mal. Há!
    E quanto a crise de panico eu diria q vc devia ter se agarrado muiiito e esperava pra t a crise no dia seguinte!
    huahuahauahuaa
    Abraçooooo!

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  5. Eita... melhor sorte na próxima vez!

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  6. só quero deixar registrado q essas boates... tudo lenda mineira.

    qt ao pânico, coisa estranha. normalmente o q tem me dado é nojinho mesmo. eu olho e... argh.

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  7. Ah, Foxx...
    Da próxima vez, pega ele contra a parede, diz: "vem cá, sua Madonna!" e beija ele, a la Britney. Aliás, é só um beijo...

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  8. q estranho ... sei lá ... nem sei o q é isto de pânico ...

    bjux

    ;-)

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  9. Encher os pulmões de nicotina em mim teria o efeito justamente oposto... ai mesmo que eu ia ter um treco. Nunca tive ataques de pânico assim. Acho que de ataques impulsivos, só crises de riso e acessos de raiva. Ai nem tenho como aconselhar.

    Terapia primo?

    Um beijo!

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  10. hmm. pára com isso!
    as vezes beijar por beijar nem compensa. fica tranquilo e espera seu tempo. o beijo uma hora rola.

    :)

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  11. ...mas que foooooofooo! está desenferrujando! rs, para isso me serviu também, aproveite ao máximo amigo! essas coisas são mágicas, pare de dizer não! Bjoo!

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  12. pânico?
    pânico é um pouco mais complexo.
    esse seu medo é bem fácil de explicar. =)

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  13. Vc não tava afim dele? de beijar? do que?

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  14. Vc é simplesmente MAU! Como deixa o menino lá? Raposita vc tem que se libertar! Deixe-se amar, querido. Vale tudo no mundo. Os únicos momentos que valem a pena nesse mundo são aqueles que estamos realmente conectados com outros seres humanos. Não se esconda! bjoss

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway