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sexta-feira, 6 de junho de 2014

Como Se Nasce Gay: Nós Não Somos Mutantes! (Parte I)

, em Natal - RN, Brasil
Eu leio X-Men desde os 12 anos, e sempre me identifiquei com a ideia de ser odiado por que nascemos diferentes. Os mutantes, criados em 1962, sempre foram uma metáfora sobre aqueles que se sentiam diferentes, mas é para os negros e os gays que os Filhos do Átomo sempre falaram mais diretamente. O racismo, primeiro (a analogia entre o Professor X e o Malcom X é óbvia), e a homofobia (com mais intensidade a partir da década de 1990 quando Jonh Byrne tirou o Estrela Polar do armário e Fabian Nicieza publicou Canção do Carrasco, saga que introduziu no universo mutante um vírus que, inicialmente, só atacava portadores do gene X, que causa as mutações, mas ao contaminar o primeiro ser humano torna-se um.problema mundial, uma clara alusão a AIDS), isto é, o preconceito, este sempre foi o tema central das revistas dos pupilos de Charles Xavier e, por isso, elas semprr lideraram as vendas de quadrinhos nos EUA (já no Brasil ninguém vence a Turma da Mônica). Porém hoje, 20 anos depois, e tendo dedicado tantos anos de estudo da História das relações homoeróticas, eu não posso mais sustentar o argumento de que existe um componente genético na Homossexualidade. E explico os meus motivos para crer nisso.
Apesar de eu adorar a ideia, eu sei que o preconceito gosta de partir para o caminho biologizante. Não é de hoje qie explicações para nossas diferenças apareçam no reducionismo genético. Desde o naturalismo literário no século XIX, vemos as diferenças serem resolvidas com o maldito "pau que nasce torto, nunca se endireita". A descoberta do DNA abriu um imenso problema para a História, a Psicologia e a Sociologia porque a Medicina e a Biologia resolveram acreditar-se capaz de explicar os comportamentos humanos e generalizá-los criando leis que por definição são ahistóricas (existem sem mudança através do tempo), gerais (ignoram o individuo) e universais (desprezam fatores culturais e sociais dos diversos povos da Terra).
Um exemplo é a invenção da Frenologia, uma ciência explorada por médicos (sobretudo psiquiatras) que com base nas medições do tamanho do crânio e da mandíbula pretendia reconhecer psicopatas entre a população. Outro exemplo são as pesquisas nazistas, que com intenção de provar a superioridade da raça ariana, usavam a genética para definir raças entre judeus, ciganos e comunistas. Conseguiram em ambos os casos provarem suas teses, mas obviamente falseando seus resultados.
É bom que fique claro: não existe prova de algum componente genético na homossexualidade, esta é apenas uma teoria. É apenas uma das explicações, contudo, é uma que nos torna desvios da norma. Mutações! Segundo a teoria genética haveria um DNA normal, heterossexual, e nós portaríamos então uma síndrome que alteraria um conjunto de cromossomos, como a Síndrome de Down, e daí desenvolveríamos o homossexualismo a partir do nosso amadurecimento sexual. A ideia que existe um núcleo genético normal é a grande falha desta teoria. As pesquisas sobre Down, inclusive, cujo componente genético é particularmente importante, é quem mais nos dá argumentos contra este discurso. Considera-se hoje que a Síndrome de Down não é uma mutação que transforma os seus portadores numa subespécie de humanos (porque é isso que quer dizer mutação, Sapiens sapiens), mas apenas uma característica comum aos seres humanos que se manifesta, inclusive, com determinada regularidade.
Outro grande problema da explicação genética advém da teoria da evolução. Uma mutação só seria compartilhada entre os homens se estes homens mutantes repassassem seus genes tendo filhos. O que quer dizer que em cada casal heterossexual que teve um filho gay, o gene estava ali presente. Se o gene está presente, o que faz ele ser ativado ou não é a presença de outro gene recessivo que estaria no seu companheiro, isto é, ambos, os pais e mães carregam o código para criar um bebê homossexual. A genética conhece genes recessivos, características físicas de bisavós como olhos claros ou cabelos ruivos podem reaparecer na família após gerações nos bisnetos, estando adormecidos nos avós e pais, esperando uma outra pessoa com o par de gene igual para gerar uma criança.
Crer na pura explicação genética nos coloca numa situação muito perigosa. No limiar da medicalização e da eugenia, é possível que num futuro próximo se construir um teste que possa indicar o homossexualismo nos bebês e um casal possa ter o direito de abortar este pequeno mutante. Seria uma imensa crise no interior dos grupos contrários ao aborto porque estes também são contrários a causa gay, mas não acham que alguém levantaria esta proposta? O gatilho genético anda de mãos dadas com a definição de que somos pessoas doentes, geneticamente doentes, como homens calvos ou diabéticos tipo 2, por isso é bom abandonar essa ideia.