Google+ Estórias Do Mundo: A Estrada (O Retorno I)

terça-feira, 24 de maio de 2011

A Estrada (O Retorno I)

Ele caminha a passos lentos. Caminha para o fim que já aparece no horizonte. Caminha de cabeça baixa, olhos fixos no chão e ombros caídos. Parece tão cansado. Cansado como alguém que ingressou nessa jornada cheio de sonhos e viu cada um deles se desfazer em pó, apenas para aumentar a poeira da estrada, que cobre seu rosto e seu cabelo como uma máscara mortuária. Máscara esta que só era rompida, outrora, quando el conseguia chorar, mas agora até as lágrimas secaram. Parece também tão mais velho. Dez anos mais velhos de quando deu os primeiros passos naquela estrada de tijolos amarelos. Esperando encontrar o mago no fim, para que seus desejos fossem realizados, mas apenas encontrou o caminho de volta, derrotado, de volta para Kansas, apesar daquele não ser mais seu lar.  Contudo ele ainda caminha, com bolhas nos pés e ligeiramente coxo da última queda, que apesar de não ferir-lhe em nada, afinal sua pele curtida pelo solitário sol se tornara mais resistente, deixara um incomodo a cada passo. Era algo como uma fisgada profunda, algo que lhe puxa as entranhas conforme se aproxima do fim, algo que sem dúvida procura seu coração. Seu coração, primeiro ferido no início da jornada, e exposto, alvo fácil, tornara-se apenas um ferimento podre e infecto, uma pústula com a qual se aprende a conviver. Ele não entende porque algo ainda procura seu coração. Por isso ele caminha tão decidido ao fim, ele diz. Ele acredita que chegando ao fim da caminhada poderá sentar e descansar, as bolhas hão de se curar, a dor que o mantém coxo talvez vá desaparecer, talvez ele possa finalmente lavar a poeira que recobre o seu rosto, agora muito mais envelhecido (será que ele se reconhecerá?). Ele espera, no fim da jornada, descansar. Só que isso é o que ele diz a si mesmo. Mas ele mente. Ele sabe que aquela fisgada profunda que busca seu coração pode alcança-lo. E ele teme. Ele teme que a dor daquela fisgada que puxa todas as suas entranhas, que hoje é apenas um incomodo, só há de se ampliar quando ela puxar junto o ferimento aberto que é seu coração. Então ele caminha, para chegar ao fim da estrada, apavorado, orando, para que a fisgada não alcance seu coração. Para aquela dor que ele imagina cruciante nunca toque-lhe a pele. Para que ele possa descansar antes que seja exposto a dor máxima que um homem pode sentir: a morte do seu próprio coração.  

25 comentários:

  1. gostei da raposinha q figura no perfil.

    Ombros caídos? Só se for internamente né, rsrs.

    E não, eu não uso meias coloridas, sou meio arcaico.

    Beijão e boa sorte aí.

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  2. é.. com o tempo o coração se fere, se machuca e se transforma.

    adorei a raposa nova! bjo

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  3. Mesmo que os obstáculos sejam muitos, você é forte e inteligente o bastante, para contorná-los. O importante é que a esperança sobreviva.
    Bjão

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  4. Concordo com o Wanderley, a esperança nunca deve morrer

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  5. As vezes eu me pergunto mesmo se ela, a esperança, morre. Ou, como no texto, se o coração, de tao machucado, morre.

    E as vezes me respondo que não. Nao morre. Talvez fique mais fingidor, como o poeta do Pessoa. Talvez finja so bater biologicamente. Talvez finja e se defenda. Talvez finja, se defenda e se guarde para um possivel grande dia chegar. E, se nao chegar, ele continua a fingir e a evitar mais dores.

    É... Penso isso às vezes. E, nas outras, não sei direito o que pensar.

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  6. use meias coloridas q a vida fica mais alegre ... #FATO

    a nova raposinha ficou lindinha mesmo ...

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  7. Não sei se coração é bicho muito esperto ou deveras burro, mas ele não morre, entra em modo de descanso.

    Bj

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  8. Desculpa... mas hoje nada que eu leia aqui consegue me tirar o pensamento da foto nova do seu avatar: FOXX tem boca e dentes. E sorri. APOCALIPSE NOW!!!! Hahahahahaha!

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  9. espero q até o final do conto a mentira seja verdade e q o medo não aconteça...

    beijo!!!

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  10. e que ele nunca deixe seu coração morrer. há de ter algo que aplaque toda essa dor...há de ter.

    bjooooooo moço lindo!

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  11. Não sei, mas eu me senti lendo minha história ao ver este texto.
    Hoje, inclusive, coloquei no meu facebook uma pergunta: O QUE EU TENHO DO LADO ESQUERDO DO PEITO? UM CORAÇÃO OU UMA ROCHA?

    www.meioameioblog.blogspot.com
    UM MONSTRO CHAMADO LADY GAGA

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  12. Que texto,hein!Se eu tivesse desiludido nesse momento,acho que choraria rios.

    A experiencia é válida.Isso te faz ficar mais forte.
    Abraços.

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  13. acho que já lhe escrevi muito e mesmo assim ainda passarei aqui para escrever mais... são palavras como outras quaisquer que se reproduzem em escritos que vejo acima dos nossos companheiroa blogueiros que te tem em carinho e afeição.

    Esperança? Sim... ela morre também mas como a fenix, renasce transformada em novas sensações... nunca deixe de tê-la junto a ti mas saiba transformá-la para que se encaixe no fardo que pretende ainda carregar.

    Será que o coração seca como as lágrimas tantas já derrubadas ou ele apenas se isola como um bulbo de tulipa, pronto pra florescer quando sente que a primavera e o frescor da verdade em sentimentos se aproxima?

    Questões suas, pertinentes tanto quanto as minhas, aqui no seu mundo e lá no meu. Por vezes também questiono se depois de tanto sofrimento seria necessário todo um rio Amazonas para irrigar novamente um oasis que ainda é o meu coração e que persiste no deserto de tantos outros seres...

    O bulbo ainda persiste no solo como uma esperança a florescer no jardins de nossa alma....

    imenso e gigantesco beijo de alento pra ti!

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  14. Bem, estou passando aqui pra dizer que não te abandonei, nem tampouco te esqueci. Não li o conto, confesso. Fico com medo de ter sentimentos que não quero sentir quando leio.

    ~Até a próxima, meu lindo. Beijos do seu PRÍNCIPE.

    *DB*

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  15. Não, nada disso.
    Até imaginei que tinhas face.
    Só achei que pra raposa, o senhor está muito gato.
    Hahahahahahaha!

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  16. Cara, o Julio Cesar me falou mto bem de seu blog. Tô te seguindo. Abcs!!

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  17. gostei do novo avatar..

    quanto ao texto, acho que a esperança é muitas veses super valorizada...

    mas, que ela exisre, existe..

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  18. tudo que se espera é o toque, o alcance ali naquele momento do encontro. Esperar para ver se existe ou correr prá "pegar" ... e pega? tão abstratamente... Adoro as surpresas de internet que proporcionam encontros como o de hoje. eu e seu texto... o hibridismo da internet é algo estupendo. gostei. volto em breve para ter minha dose quem sabe diária.

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  19. Foxxxxx, mon ami, vc consegue até fazer chover. Se estiver com vontade, claro. Hahahahaha!

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  20. Dor máxima? Eu consigo citar umas 50 dores piores que essa.

    Acho que não ter coração torna um homem mais forte. Então porque evitar algo que vai te fazer melhor?

    beijo Primo!

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  21. Foxxito, execelente fds pro senhor!!!! Hugz!

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  22. Sinceramente? Achei auto-piedoso demais e não gosto de auto-piedade.
    Viva a vida como ela se apresenta pra você. O mundo não pára para reconstruir nossos corações em caquinhos, muito menos para que possamos nos lamentar e lamentar e lamentar eternamente.
    A vida é curta e devemos aproveitá-la. Mas cada um faz suas escolhas de como encarar a forma como ela se apresenta.
    Coração morto? Clichê demais, isso não existe. Pode não ser usado, mas está lá, só esperando. ;-)
    Abraço, meu caro!

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  23. a frase ficou estranha? :(

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  24. Penso que a pior morte para o ser humano é mesmo morto, ainda permanecer vivo, o que nada mais é do que a morte do coração. Abraços querido!

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  25. belo texto... triste, poético e belo...

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway