Google+ Estórias Do Mundo: abril 2007

domingo, 29 de abril de 2007

PRESENTE: Humores

Começou a chover. Eu sabia porque antes da chuva cair no chão, ela atinge o telhado de zinco que cobre a área de serviço lá no fundo do quintal. O metal retumba antes dos trovões chegarem. O vento também empurrava o telhado. Parecia que seria muita chuva. Definitivamente não esperava tanta chuva. Era noite e agora pareceria que seria uma noite fria. Perfeito! Os deuses estão do meu lado.
Eu estava parado na porta que dava para o quintal. Na lateral da pia. Faca. Tábua de carne. Tomates secos. Cebolas. Dentes de alho. As mãos molhadas para não ficar com nenhum cheiro. Eu pico os igredientes. O tomate apenas na metade. Quero pedaços no molho. Cebolas deixo os aneis, finos, mas perceptiveis no prato. O alho, pouco e em pequenas lascas. A água para o macarrão começa a borbulhar lentamente. O vento frio entrava e acariciava minha pele e meu cabelo. Azeite na panela, um pouco de sal, despejo o macarrão. Suficiente para duas pessoas. Uma bela pasta. Tudo ferve. Tudo se aquece.
Em outra panela, caldo de carne preparado por minha mãe no dia anterior. Pedi para ela reservar um pouco para esta noite. Tudo estava combinado já. Sabia que ela viajaria ontem, hoje eu teria a casa toda para mim. Cuidei de tudo. Tudo estava arrumado. Almofadas no chão da sala. Na mesa de centro duas taças de vinho tinto. Copos para água. Pratos. A louça especial da minha mãe. Queria tudo especial. Queria tudo perfeito. Velas! As velas! Acesas. Aromáticas. A vendedora dizia que elas eram afrodisíacas. A casa estava perfumada.
O macarrão fervia. Cabelo de anjo porque gosto da textura que fica no prato. Os tomates junto do caldo de carne ganhavam consistência. O molho pedia urucum, pimenta e quase nada de sal. Corro no quintal e pego, na chuva, protegido por um guarda-chuva, folhas de hortelã, cebolinha e salsinha, não tem pimentão verde ou amarelo. Droga! Vai faltar um outro tom no molho. Ele vai ficar muito vermelho. Na panela ele já estava cada vez mais vermelho sangue. Mas eu sabia que no fim ele terminaria bordô. Estava na hora de acrescentar duas taças de vinho tinto no molho. Parei de picar as verduras que peguei no quintal e peguei o vinho. Havia pouco, mas ele traria um. Eu pedi. Ele perguntou se deveria trazer algo. E eu avisei: um vinho tinto. Apesar que eu não precisava dizer isso. Despejei o vinho.
A cozinha cheirava bem. O vinho fez com que o cheiro alcançasse as gotas de chuva lá fora. Preocupei-me se o cheiro naum ia brigar com as velas na sala e liguei o purificador. O barulho do purificador não deixava mais com que eu escutasse a música que saia das caixas de som do meu computador no meu quarto. Elis. Ó Elis. Neste instante, com a chuva forte, a campainha toca. Corro. Ele esta lá na porta. Todo molhado. Sorrindo um sorriso luminoso. Segura uma garrafa de vinho, nevada, gelada. Eu corro e abro o portão. Ele entra, passa a mão no cabelo molhado e sorri. Não há ninguem na rua. Casas fechadas por causa da chuva grossa. Eu o beijo ali. Ele me aperta e me molha. Eu não me importo, teremos a noite toda.


Agora a cena real: Eu fiz o mesmo prato que descrevi ai. Macarrão com tomates secos. Delícia. Para duas pessoas, eu e meu irmão que comeu assistindo Homem Aranha 2 na sala. Enquanto eu comia diante do computador matando de inveja o Segredo e o Imperfeito. A chuva caía, mas não havia ninguém com sorriso luminoso me esperando sob a chuva. Maldade isso? Humor negro, podemos dizer.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

PASSADO: Eu acordei com medo hoje

Este texto vai dar muito o que falar. Causar revoltas e revoluções. Mas ele precisava ser dito. Ele foi escrito em 29 de setembro de 2004, e volta aqui para marcar uma mudança. Declaro aqui solenemente que esta é a última vez que toco neste assunto.


Eu acordei com medo hoje. As lágrimas que ainda escorrem no meu rosto atestam isso. Meu maior medo está muito próximo, e eu não sei mais como evita-lo. Não, não sou claustrofóbico, muito menos tenho medo que o toque de alguém me transmita alguma doença mortal, e sinceramente eu não tenho medo nem da morte. Mas sabe o que me faz encharcar minha face? Eu tenho medo do meu futuro.
E hoje particularmente estou apavorado.

Meu futuro vai ser negro. Eu tenho o vislumbrei hoje. Algum anjo esqueceu de guardá-lo ontem numa caixa e hoje de manha aquela criancinha brincalhona acordou aos pés da minha cama. Num gesto de ímpeto eu perguntei o nome dele, ele balbuciou sílabas desconexas e por fim disse que se chamava Amargura. Eu ri, no inicio achei-o uma criança linda, mas aos poucos eu comecei a reconhecer traços de dor no seu rosto, e quando ele me olhou nos olhos eu me vi.

Vi meu futuro. Eu, sentado na varanda de um apartamento, bebendo alguma coisa, velho, careca, e gordo. Livros nas estantes, cds, tv, mas um silêncio irritante. Só escuto água aberta no chuveiro, é uma linda mulher que se banha. Contudo, apesar de que ela está lá comigo, meus olhos não demonstram nenhum sentimento. Ela sai do banho, pega o dinheiro na cômoda e sai. E eu continuei lá: velho, careca e gordo.
Foi uma lágrima que embaçou minha vista e me impediu de continuar. Eu pisquei e o meu futuro ainda estava ao pé da minha cama, rindo um riso irônico. Foi ai que seu olho aprisionou-me de novo. Vi-me ao lado de minha sobrinha, que chorava muito, reclamava do namorado, do amor, e minhas palavras de consolo foram: “O amor não existe, minha filha”. A dor das minhas próprias palavras me arrancaram do transe, e aquela criança, que era meu futuro, ria como se acabasse de receber um novo brinquedo.

Implorei que um anjo aparecesse naquela hora e me dissesse que aquele era o futuro de outra pessoa. Olhei para os lados, mas só vi a cama vazia do meu irmão. Nenhum enviado apareceu. Meu futuro permaneceu lá, rindo.
Gritei com ele. Mandei-o embora. “Você não me pertence”, eu esperneava. Mas ai ele me abraçou e se aninhou no meu colo, brincando com os dedinhos. Quis empurrá-lo, mas era uma criança, eu não podia machucá-lo. Novamente ele olhou nos meus olhos. Desta vez, eu enxerguei sucesso nos olhos de Amargura, dinheiro e até fama. Mas sempre quando a porta se fechava, e o copo se enchia, eu estava sozinho. Foi o gosto do bom uísque que me fez voltar. E encontrar meu futuro adormecido no meu colo.
Levantei e fui lavar meu rosto. Queria entender que parte da estrada eu errei. Evoquei meu passado. Mas ele só mandou suas emissárias, as lembranças. E elas riram de mim quando perguntei se eu tinha errado em algum lugar. Explicaram-me que ninguém erra seu próprio caminho, afinal não há outro pra seguir. Riram dizendo “você só tenha essa vida pra viver, ela nunca estará errada”. Então perguntei por que aquele bebê dormia no meu quarto, mas elas não souberam responder.
Fui trabalhar. Achei que quando voltasse aquele bebê teria sumido como fumaça no ar. Contudo quando voltei, ele ainda estava lá, sentado na minha cama, brincando com meus lençóis. Eu quis gritar com ele. Mas quando ele me viu, todo sorridente, correu e me abraçou. O toque dele me fez tremer dos pés à cabeça. Mas eu o pus no colo.
Ele vai dormir comigo. Espero que amanhã tenha desaparecido. Mas acho que não. Algo me diz que este bebê vai crescer forte e saudável, afinal sua ama é o meu coração partido.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

EXTRA, EXTRA, EXTRA: A Proposta de Jú

Do sábado para o domingo, eu fui dormir por volta das 5 da manhã. Eu fiquei na net. Com o Andarilho (www.andarilho88.blogspot.com), com o Vilser (www.vilser.blig.com.br), com o Ricardo (www.oquemedefine.blogspot.com), com o Sunshine (www.sejogacomigo.blogspot.com), com o Billy (www.secretomundo.blogspot.com), com o Trintinha (www.casadostrinta.blogspot.com), com o Imperfeito (www.caraimperfeito.blogspot.com), com o Ocean (www.oceanmar.blogspot.com) com o Ouriço (www.ouricodilema.blogspot.com) e com o Garoto Rebelde (que abandonou o blog dele). Todos, sem excessão, dizendo que sou uma pessoa especial. Que sou bonito. Que sou intelingente. Que mereço o que há de melhor no mercado. E que meu problema é apenas baixa auto-estima...
Bem... como manter a auto-estima elevada depois de ouvir esta proposta:


- Oi.
- Oi, 'tá onde?
- Na casa de uma tia minha! (mentira! eu estava numa boate gls!)
- Ah tá! E aí? Vai rolar na próxima sexta?
- Eu disse já que depende da proposta que você vai me fazer.
- Não, é que eu queria apenas que você comprasse as entradas para o show.



quarta-feira, 11 de abril de 2007

EXTRA, EXTRA, EXTRA: Tréplica

Eu saíra de casa. Estava na parada de ônibus esperando o F, ou o J. Iria a Emaús, para o palácio. Ainda triste. Ainda magoado, quando o telefone toca.

- Alô?!
- Que estória é essa de você não atender meus telefonemas? Liguei p'ra você o fim de semana todo, e você não atendia. Quer me fazer de palhaço é?
- Oi, Jú... bem... você disse que não tinha nada comigo, não foi?
- Eu... ahnnn...
- Se eu não tenho nada com você, não preciso atender suas ligações sempre que você ligar.
- Mas...
- Nem preciso te dar satisfação, não é?
- ...
- Jú?
- Eu tento esclarecer as coisas, e acaba dando tudo errado.
- Você não errou em nada. Só foi sincero...
- Tá... eu te ligo depois. Ah, você tá bem?
- Não muito.


No palácio, mando a seguinte mensagem de texto:

"Tive convites para viajar no feriado. Muitos. Mas não fui porque você disse que ficaria em Natal. Queria passar com você, mas você não quis".

Depois de um tempo, o telefone toca:

- Oi?
- Oi.
- Eu li a mensagem viu?
- E o que achou?
- Agora não posso falar, mas amanhã te ligo.

Ele não liga. Dois dias depois me dá um toque no celular. Eu, curioso, resolvo retornar.

- Oi rapaz?
- Oi.
- Nem me ligou?
- Você que disse que ía ligar. Fiquei esperando.
- Vixi...
- É que eu achei que você não tinha gostado da mensagem.
- Não achei ela nada demais.
- Não?
- Você não viajou porque não quis.
- É?
- É!
- ...
- 'Tá onde? Fazendo o que?
- Em casa! Cozinhando...
- Humm... quero provar. Ver se você cozinha bem...
- Com prazer. Quando você quiser...
- Tenho um convite p'ra te fazer...
- Convite?!
- É. Mas acho que você não vai aceitar...
- Faça o convite que depois eu digo se irei aceitar...
- Dia 20 vai ter Calipso aqui na Zona Norte...
- Calipso? Aonde?
- Na Shock! Dia 20, véspera de feriado.
- É, 21... Tiradentes.
- Isso mesmo! E aí? Topa?
- Com você? É claro que eu iria!
- Legal... daqui p'ra lá eu tenho uma proposta p'ra te fazer. Mas ainda 'tou pensando.
- Ah, não... agora fale.
- Não! Agora não.
- Ah, vai demorar muito...
- Deixe de pressa!
- ...
- Vou desligar, p'ra não acabar com seus créditos. Tchau. Beijo.
- Abraço...

sexta-feira, 6 de abril de 2007

PRESENTE: Todo mundo me quer bem

INSTRUÇÕES DE LEITURA: DIÁLOGO REAL, NOS PARENTESES ESTÃO MEUS PENSAMENTOS NO MOMENTO DO DIÁLOGO.


Toca o telefone. Olho o visor, diz Jú. Num gesto rápido, deslizo e atendo:
- Alô?
- Fala rapaz! (quando será que vou poder tratá-lo com mais carinho hein?)
- Oi Jú, tudo bom? Passou o dia aonde que te liguei e não te achava?
- Tava resolvendo umas paradas aí.
- Ah tá...
- Vai sair hoje? (saí ontem, e fiquei com dois, mas você não precisa saber disso)
- Não, vou ficar em casa... mas se você me chamar pra sair, eu mudo de idéia.
- ...
- Ficou sozinho em casa?
- Não! Meu irmão não viajou. Ficamos eu e ele. (droga! droga! ódio do meu irmão!) Ah, amanhã um amigo meu vai dar uma festa na casa dele... se você quiser ir...
- Tenho planos pro fim de semana.
- ... (planos?!?)
- Afinal a gente não tem nada firme não é? (porque você ainda não me pediu em namoro)
- O que é uma pena! (agora ou vai ou racha)
- É que eu não estou numa fase de querer me envolver não. (como é que é? e tudo que ele falou antes? de só querer me encontrar se existisse a perspectiva de namoro, porque mudou?)
- ...
- Estou meio na dúvida do que eu quero. (pronto, fui trocado!)
- Assim você dá a entender que tem outra pessoa.
- Não. Só não quero um namoro agora. Deixa as coisas acontecerem com o tempo.
- Com o tempo?
- É. Preciso decidir. Até lá nos ficamos amigos!
- Amigos?
- É! Amigos. (e, como sempre, o bonito, inteligente, maduro, sexy, simpático, carinhoso, amável Foxx, termina a história só! cercado de um zilhão de amigos! mas na hora de deitar ele continua abraçando apenas o travesseiro! no fim é sempre isso. todo mundo quer ser amiguinho do Foxx, mas namorar... todo mundo adora o Foxx, mas dificil é achar alguém que o ame)
- ...
- Ficou triste?
- Sim. Mas fazer o que né? (mais um fora para minha listinha, mais uma vez irei para Neverland e vai ficar todo mundo namorando e eu sobrando no computador. é minha sina! sobrar, ficar só. afinal, a população mundial é ímpar, não existe um par pra todo mundo, alguém vai sobrar, e provavelmente serei eu)
Deslizei novamente o flip do celuar, e desliguei.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

PASSADO: Meus doze anos

Escola nova, tudo novo. Eu queria crescer. E achava que o símbolo disto era abandonar a mochila. Sempre achei tão maduro aqueles meninos andando com seus cadernos sobre o braço, sem livros, tão livres. Não tinham nada o que carregar. Pareciam que ali poderiam abandonar tudo e fugir. Eu fui para a nova escola querendo ser assim. 6ª série A. Entrei. Sentei na terceira cadeira a partir da porta. Sala grande, onde reinava aquele quadro verde limpo e brilhante como se nunca tivesse sido usado. O teto era baixo, com um forro que era feito com papel. Estava sujo, mas ninguém percebera isso, mas eu notei. Eu esperava os professores chegarem. Mas ele entrou. Branco. Cabelos negros. Olhos escuros. Pernas poderosas. Braços fortes. Sentou-se na fila ao lado da minha. Mas bem mais atrás, quase no fundo. Parecia conhecer todos. Parecia que todos o conheciam. Era popular. Falante. Ativo. Lindo. Tudo o que eu não era.
Passei a observá-lo. Do meu canto. Calado e quieto. Ele popular, logo descobrira meu nome. Ria comigo. Brincava. Ria dos meus cabelos lisos e escorridos, cortados em cuia. Ele brincava. Eu sorria em resposta. Nas aulas, eu me destacava. Nos esportes, ele. Handebol. Ele me ensinou a jogar. Dizia que eu era bom. Chamava-me sempre para o time dele. Era ele que escolhia. Era líder. Fazia parte do Grêmio, chamava-me a tomar parte. Tinha todos ao redor dele, tinha as meninas todas jogadas aos seus pés. Os meninos o obedeciam cegamente. Eu me encantei.
Sílvio era o nome dele. Fazia aniversário um dia antes de mim. Nascera dois anos antes. Tinha namorada que estudava no mesmo colégio, mas era de duas séries a frente. Tinha dois irmãos. Usava óculos porque tinha miopia. Morava próximo ao meu antigo colégio e vinha de ônibus para a escola, junto com os irmãos. Tinha sido reprovado uma vez, por isso estava ainda na mesma série que eu. Conversava comigo sempre. Sempre. Eu me apaixonei.
Dizem que cartas de amor são ridiculas? São! Completamente! Escrevi só uma em toda minha vida!! E foi para ele. E ela era mais do que ridícula. Apaixonado pela primeira vez, fiz uma carta. Disfarçando minha letra. E cheguei a levá-la com o intuito de entregar. Quase o fiz. Mas não tive coragem. Eu pretendia colocá-la entre as páginas de um dos livros dele. Ainda abri o livro. O livro de matemática. Capa amarela. Páginas macias. Ninguém na sala para descobrir que fora eu. Eu podia. Conseguiria. Mas desisti. Eu tive medo. Medo de descobrirem que era eu. Mas, agora, eu me pergunto: se eu não queria ser descoberto, porque escrevi aquela carta? Porque pretendi abrir meu coração daquele jeito?
Meus doze anos. Foi o ano em que me apaixonei pela primeira vez. E que namorei pela primeira vez. Mas não foram as mesmas pessoas. Meu primeiro namoro foi com André. Moreno. Forte. Jogador de futebol. Tinha a mesma idade que eu. Passava suas manhãs em treinos. Adorava abdominais. Mas nunca foi muito fã de escola. Foi ele que me beijou pela primeira vez. Era meu vizinho. Eu o conheci por minha vida toda. Em nossas brincadeiras de garotos, escondidos, sobre trevas, agachados atrás de um muro, ele puxou-me e perguntou se podia me beijar. Ele segurou meu rosto com umas mãos trêmulas de menino, empurrou-me para mais perto da aspereza de uma parede e me beijou. Sem língua. Sem jeito. Primeiro. Marcante. Escondido. Depois, começou a frequentar minha casa. E eu a sua. Sempre quando meus pais não estavam. Ou quando a mãe dele não estava. E me tocava. E me acariciava e um dia, me possuiu. E eu conheci o prazer que um menino podia dar a outro. Ele me amava de um jeito apenas dele. Não havia cobranças, nunca dissemos um ao outro que estavamos namorando. Mas nos possuíamos. Por um ano permanecemos juntos. Não havia brigas. Mas também não estavamos juntos na presença de qualquer outro alguém. Não planejamos isso, apenas aconteceu. Éramos namorados apenas entre quatro paredes quando ele sussurrava que sentia saudades de mim.
Durante um ano nos encontramos quase todos os dias. Na minha casa. Na dele. Em aventuras infantis. Amamo-nos intensamente, ele só a mim, e eu só a ele, até que um dia ele não me procurou. Eu não senti a falta dele. E cada um partiu para sua vida. Ele continua meu vizinho. E já ficou noivo uma vez. E já desmanchou o noivado outra vez. E sempre nos vemos e sorrimos um para o outro, mas nunca falamos novamente sobre isso.
É. Meus doze anos foram bem agitados.