Google+ Estórias Do Mundo: Passarela

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Passarela

, em Natal - RN, Brasil


Era noite. Meu relógio já marcava quase 23h e eu precisava chegar em casa. Era sexta-feira, de uma semana complicada, de muita coisa para fazer, de um fim de semana que prometia também não ter nada de descanso. Eu esperei por horas o ônibus em um ponto, eu já havia lido cinco capítulos de Vida Secreta dos Grandes Autores, que me acompanhava por aquela semana, e o 63 não resolvera passar. Desisti e resolvi cruzar a avenida através de uma passarela, para ver se do outro lado, eu tinha alguma chance de pegar outro ônibus. Caminhei apressado, preocupado em não perder o ônibus que porventura passasse pelo outro lado. 
Foi quando eu subia pela passarela, que eu o vi se aproximando. Corpo músculoso, carregando uma mochila nas costas, o bíceps contraído forte, o peitoral largo e a barba por fazer. Passei por ele e não deixei de olhar para trás, sempre vejo se a bunda é tão bonita quanto o resto do corpo, e era, mas me surpreendi quando vi que ele também estava olhando para mim. Foi um susto, praticamente. Ele descia as rampas da passarela e eu subindo me afastava, mas ele continuava a me olhar sempre. E eu continuava achando estranho. Foi quando de repente ele parou. E voltou. Subiu correndo a passarela, e eu, que estava no meio dela, não sabia o que fazer. Parava e esperava? Mas e se ele não estivesse voltando por mim? Enquanto eu não sabia o que fazer, ele continuava subindo e correndo. Ele não demorou para me alcançar.
"Oi, boa noite!", ele se aproximou dizendo. Eu respondi, e o vi de perto. Muito mais bonito do que aqueles segundos em que nos cruzamos permitiu ver. Tinha uns olhos grandes, negros, e uma barba bem cuidada, parecia macia, como os cabelos curtos e castanhos bem escuros que usava raspado. Era quase nada mais baixo que eu. A camisa de manga longa, branca, brigava com os músculos dele que pareciam querer explodi-la. "Você é professor, não é?", ele me perguntou e respondi que sim, no mesmo momento eu tentei puxar a memória todos os meus ex-alunos, mas ele não me lembrava ninguém, rapidamente eu cheguei a conclusão que se ele era uma das crianças que eu dei aula quando era professor de história, com certeza, muita academia o havia deixado impossível de ser reconhecido por mim. "Você é de Pau dos Ferros?", eu estranhei. "Não! Não sou, sou daqui de Natal mesmo!". Ele coçou a cabeça, e perguntou se eu era professor de sociologia ou algo do tipo. "Não, sou de história!". Ele tocou meu ombro nesse momento. "Ah, desculpa, eu achei que você era outra pessoa... um professor meu que estou procurando há muito tempo", falou isso e já ia se afastar, quando eu contra-argumentei: "Você correu isso tudo somente porque eu parecia um professor antigo seu?". Ele respondeu que sim. "Foi isso mesmo, cara!". Eu não acreditei, e você?

24 comentários:

  1. q tristeza ... poderia até ter sido por isto mesmo mas daí perder a oportunidade de conhecer algo novo é inacreditável ...

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  2. Foxx:

    E se você tivesse que era??? Hummmm....ai tem...hahahaha.

    Beijo meu amigo e lindo fim de semana.

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  3. Oh que pena, esse momento o coração até bate mais querendo neh.
    Abraços Foxx!

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  4. Coitadinho de você, fiquei com dó agora.

    Mas… acontece, fazer o quê?

    Desculpa, não tenho nada melhor pra dizer, sinto muito.

    Abraço,

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  5. Oi Foxx, tudo bem?
    Gente, me imaginei toda a cena, tenho uma imaginação bem fértil ahahahahhaa
    Que coisa heim? Se fosse comigo estaria tão surpreso quanto vc, rs
    Bjos

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    1. Descreveu bem, Dil, eu fiquei surpreso... foi isso mesmo que aconteceu.

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  6. que merda... vai a merda musculoso....

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  7. eu acho que eu teria corrido dias com medo de ser roubado.. tá, mentira.. dependendo do tesão eu ficaria.. mas entao.. é estranho, verdade...

    mas conta mais do outro mocinho, o que vc está ou estava de rolo.. e que esta ou estava "loucamente" atrás de vc...

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    1. Talvez se o mocinho fosse mais forte, moreno, barba por fazer e bunda bonita e fosse completamente indiferente ao Foxx ele já estivesse afim, mas essa é uma realidade que não ocorre.

      Acho que Foxx resolveu se vingar de todos os caras que o enrolaram na vida deixando o mocinho na prateleira, esperando por algo que Foxx não tem coragem de admitir.

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    2. gente, que comentário anônimo (cheio de ciúme) foi esse?!?

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  8. ah gente..
    É possível, num é não???

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    1. claro que é possível, mas me pergunto o quanto esse professor estava devendo a ele pra ele correr daquele jeito. kkkkkk

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  9. eu tinha dito: sou professor de SÉ-QUI-SSO.

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  10. Ai eu, ia mais para frente para ter certezas...

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  11. Odeio quando esse tipo de situação acontece, independente da gente pensar que poderia ter sido algum interesse da parte dele e etc...

    Eu no teu lugar, quando ele disse que achava ser outra pessoa, já teria dito que não e me despedido sem perguntar mais nada, rs.

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  12. Linkei você, tudo bem?

    {http://www.duasgotas.com.br/}

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  13. Gente... eu convidaria para tomar uma cerveja

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    1. mesmo com ele te dizendo, com todas as palavras, que só veio falar com você porque vc parecia com outra pessoa?

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  14. se ele falou a verdade (o que é possível, porque não?) houve alguma coisa mal resolvida entre ele e o tal professor por isso ele correu tudo aquilo de volta.

    beijos

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  15. Na dúvida... não acredite... afinal, todos são culpados até prova em contrário, nzé? Hahahaha! Bjs!

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  16. Coisa de doido... Fetiche-mor, FAZER O ANTIGO PROFESSOR. rsrs

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway