Aquele sorriso simplesmente me acertou como uma certeira seta. Quando ele, o amigo de uma amiga de um amigo, Sid, sorriu para mim enquanto conversávamos sentados na mesa daquele bar. Fora o Peter quem me convidara para ir ao Bar do Cajueiro naquela antevéspera de natal, um bar montado embaixo da copa de um imenso cajueiro na zona sul da cidade, onde a cerveja é barata e ele, o Peter, e o Andarilho são amigos das garçonetes que atendem lá. Encontrei com eles por volta das 21h, após cumprir o expediente de trabalho na loja de roupas da minha família, e assim que sentei fui apresentado à amiga e ao Sid, ele sorriu e eu cai abatido. Aquele sorriso tinha me derrubado facilmente. Eu estava entregue como Menelau ao deparar-se com o corpo nu de Helena. Mas foi no instante que acusei um dos amigos presentes de homofobia que ele passou a prestar mais atenção em mim, conversando comigo sobre o assunto, recitando definições da ONU sobre sexo, gênero e sexualidade, discutindo Freud e conforme concordávamos e ele me sorria ainda mais, aquele sorriso lindo, eu me vi ainda mais interessado, interessado ao ponto do marido do Andarilho me cutucar e dizer rindo: “Cá entre nós, garotinho, não dá p’ra você ser mais discreto não? Você ‘tá babando pelo menino”. Mas eu estava mesmo, além do sorriso lindo, me vi conversando com um cara super inteligente, também. “Ele me pegou pelo meu ponto fraco, conteúdo e um belo sorriso”.
Quando eles, a amiga e o Sid, anunciaram que estavam indo para outro lugar, para continuar a noite, eu me senti triste, com uma vontade de acompanhá-los, afinal eu queria desfrutar mais da companhia dele, do sorriso dele, mas fiquei com vergonha de dar essa bandeira toda, afinal, acabara de conhecê-los. Foi quando um dos amigos na mesa, o que eu acusara de homofóbico, fez uma proposta: “Vamos p’ra Vogue?”. Peter e o Andarilho não se animaram. No entanto, nosso amigo ofereceu para pagar a entrada deles se eles topassem ir, eles toparam e eu imediatamente aceitei o convite já que Sid e a amiga também decidiram ir. Como não dava para irmos todos no carro do Peter, o Andarilho e o marido, e o amigo que eu chamara de homofóbico foram no carro, e a amiga do Sid me puxou para irmos a pé, já que estávamos a apenas alguns quarteirões da boate, “Ah, você vai com a gente”.
Caminhamos conversando e rindo, e ao chegar à boate, entramos juntos e permanecemos o tempo todo juntos também. Dançando, conversando, rindo e bebendo. Até que a amiga dele se envolveu numa confusão com a ex-namorada e resolveu sair da boate, ele, obviamente, decidiu acompanhá-la, mas antes segurou minha mão, entrelaçou os dedos nos meus e sorriu perguntando: “Vamos comigo?”. Saímos, ela sentou em um bar de cadeiras de metal, ao lado, e ele me puxou e nós demos nosso primeiro beijo. Um beijo suave, sem pressa. Um beijo, antes de mais nada, com carinho. Aquele beijo que os lábios se tocam lentamente, conhecendo um ao outro. Só ai ele sentou junto dela, na mesa do bar, mas não largou minha mão. De mãos dadas, enquanto eu fazia pequenos círculos com o dedo na palma da mão dele, ele falava sobre a ex-namorada da amiga dando conselhos preocupados de amigo, sorrindo de vez em quando para mim que o olhava encantado. Foi assim que nossos amigos nos reencontraram horas depois quando quiseram ir embora.
No carro ele sentou ao meu lado. Coloquei meu braço em torno dos seus ombros e ele se aninhou no meu peito, conversando com os outros durante o trajeto enquanto eu fazia-lhe cafuné entre os anéis dos seus cabelos castanhos. Alguns beijos curtos ainda foram trocados, mas logo chegávamos a casa da amiga dele, onde ele dormiria, um último beijo ainda foi trocado e ele saiu do carro e entrou na casa, eu observei-o entrar absorto e só voltei a mim quando o marido do Andarilho me puxou de volta para a realidade. “E aí, ‘tá feliz agora?”. Eu sorri em resposta e falei o quanto ele era fofo e tudo mais. Todos sorriam ao redor. “Então, vai entrar em contato com ele de novo né?”. Ai foi que a ficha caiu. “Eu me esqueci de pedir o telefone dele...”. E uma gargalhada explodiu no carro de todos eles. “Relaxa, sua sorte é que a amiga dele é nossa amiga mesmo...”.
No carro ele sentou ao meu lado. Coloquei meu braço em torno dos seus ombros e ele se aninhou no meu peito, conversando com os outros durante o trajeto enquanto eu fazia-lhe cafuné entre os anéis dos seus cabelos castanhos. Alguns beijos curtos ainda foram trocados, mas logo chegávamos a casa da amiga dele, onde ele dormiria, um último beijo ainda foi trocado e ele saiu do carro e entrou na casa, eu observei-o entrar absorto e só voltei a mim quando o marido do Andarilho me puxou de volta para a realidade. “E aí, ‘tá feliz agora?”. Eu sorri em resposta e falei o quanto ele era fofo e tudo mais. Todos sorriam ao redor. “Então, vai entrar em contato com ele de novo né?”. Ai foi que a ficha caiu. “Eu me esqueci de pedir o telefone dele...”. E uma gargalhada explodiu no carro de todos eles. “Relaxa, sua sorte é que a amiga dele é nossa amiga mesmo...”.