Google+ Estórias Do Mundo: agosto 2013

Páginas

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Blog

Comecei o Estórias do Mundo naqueles já tão distantes anos de 2006, não como minha primeira experiência no mundo dos blogs, porém a primeira na qual eu decidi contar a verdade. Sob o disfarce da raposa, eu podia finalmente escrever sobre todos os aspectos de minha vida e, nisto, sobretudo, minha sexualidade. Inspirado pelo Divã do meu amigo Delano, eu me dispus a contar tudo o que acontece no meu mundo.
O blog começou com uma divisão: Presente e Passado , em que eu me revezava entre contar estórias recentes e também um exercício de retornar ao meu passado, revolvendo poeira, enfiando o dedo em feridas, fazendo acusações, me auto analisando, foram, de fato, 4 anos de terapia, encerrada em 2010 por causa de conselhos do meu ex-namorado que disse-me que meu passado somente bloqueava meu futuro porque eu continuava preso a ele, por causa dessas palavras dele, eu também abandonei a coluna sobre o meu passado porque ela era o ícone de como meu passado se mantinha ativo em minha vida.
O Tato, meu primeiro e único namorado, foi uma das pessoas maravilhosas que eu conheci através do blog. Mas ele não foi o único. E para contar essa estória, deixem-me contar um pouco de História. Eu divido os blogs em eras, quando eles começaram, de 2001 até a época que comecei o estilo diário de bordo (log) era evidente e a grande questão apresentada por estes blogueiros era: "ai, meu Deus, eu sou gay, e agora?". O perfil dos blogueiros era de meninos muito jovens e as questões de aceitação, de descoberta do mundo gay, em resumo, da saída do armário era muito próxima a todos. Meus primeiros textos inclusive também vão nessa direção, mas meu primeiro texto foi em setembro de 2006, em outubro eu já estava cansado destas questões que eu já havia superado aos 25 anos de idade. 
E quando o Delano lançou seu texto assumindo que era garoto de programa, ele, sem querer, lançou o manifesto que criou a segunda geração de blogs gays. Gosto de chama-los "I'm here, I'm queer, deal with it!", eu segui-lhe, meu texto Sedutor Acidental modificou radicalmente os tipos de textos que eu iria escrever dali em diante. E, orgulho-me em dizer, que foi por causa do diálogo que nós dois iniciamos ali em que começamos a narrar as delícias da vida gay que houve uma reviravolta no discurso de boa parte dos blogs gays brasileiros. Foi uma época de contar baladas, narrar conquistas sexuais, relatar experiências ilegais e imorais, mas principalmente de exibir todo o glamour que a vida gay poderia conceder para jovens que tinham sua vida toda para frente e eram orgulhosos de terem nascidos como eram. 
Isso atraiu um boom de novos leitores e de blogayros, e isso, somado ao fato de que eu e o Trintinha em busca de elogios e de comentários também resolvermos exercitar nosso exibicionismo com fotos, que não valem a pena serem revistas (se querem ver as fotos que publiquei por aqui vejam estas que ainda valem a pena: Meu Aniversário, Solteiro, Sozinho ou Solitário, Raposa Vermelha, Urocyon Cinereoargenteus), atraíram também um grande número de weirdos, mas um sem número de pessoas incríveis que passaram pela blogosfera e deixaram muita saudade, que sinceramente não dá para colocar seus nomes aqui sem fazer uma lista quilométrica. Mas é preciso citar os amigos que foram feitos através deste blog, nos seus anos iniciais, e permanecem em minha vida hoje: BrunoEtílico, Samuel Bryan, Alternativo e Rajeik.
No entanto, minha vida sofreu imensas reviravoltas e aquele menino que eu era em 2006 morreu em 2010, quando, após dois anos em Belo Horizonte, eu vi meus sonhos se transformando em areia e escorrendo por entre meus dedos. Nos últimos 3 anos meu blog não faz parte, não mais, desta vida de glamour gay que envolvia baladas e tornou-se extremamente mais intimista, apesar de oscilar em momentos de total devassidão sexual, como no A Vida de Heitor Renard, minha websérie sobre a vida de um parte de mim que podia viver sem esperar amor, a nova coluna sobre história da homossexualidade, HomoHistória, para dias em que discuto sobre como estou infeliz nesta vida que tenho levado. É radical a transformação do menino de 25 anos que eu era em 2006 para o homem que me tornei aos 32 em 2013, porém o trajeto ficou registrado neste blog cada passo, cada percalço, cada mudança de opinião, cada aprendizado, cada nova experiência, ficou nestas páginas virtuais registrado. 
Começo com este texto a programação de aniversário do blog, vou trazer surpresas para vocês por aqui, mas este texto é principalmente para agradecer a todos! Aos poucos antigos leitores que restam, aos nem tão antigos assim que são bem numerosos (Bê, Rafael Morello, Gato, Cara Comum, que agora é o Leão, Fred, Edu, Serginho, apenas algum para representar vocês porque uma lista seria impraticável), e aos vários novos (Adriano, Cocada G, Ariano, entre vários outros), além, é claro, de todos os anônimos (que eu adoraria que adotassem um nome como o Robson, que assina o comentário, só para que eu sabia se vocês estão voltando, sabe?), o meu profundo obrigado por virem sempre aqui para puxar minha orelha, dar-me conselhos, comemorar comigo ou simplesmente deixar seu abraço. Meu carinho por vocês é imenso!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Tentativa de Suicídio?



Eu caminhava voltando da casa dos meus pais. Minha mãe havia me convidado para jantar com ela os camarões que o sogro de um dos meus irmãos mais velhos havia lhe dado. Ele deu uns cinco quilos do crustáceo, coisa comum aqui em Natal, tanto o ato de presentear com comida, quanto o fato desta comida ser camarões frescos. O congelador ficou lotado com aquele saco enorme e ela reclamou, enquanto eu comia, do trabalho para descascar tudo aquilo por causa do meu pai que não come camarão com casca. Com certeza não passava, ainda, de 22:30h, quando eu já no quarteirão de minha casa senti uma presença atrás de mim, muito perto. Virei-me assustado e ele anunciou o assalto. "Passa tudo o que você tem!". E me apontava algo que ele escondia através da camisa. Eu balbuciei que não tinha nada comigo. "Me passa tudo o que você tem ou te dou um tiro!". Eu o observei. Era um menino magro, vestido uma gola polo que devia ter sido comprada em alguma feira de Caruaru, uma bermuda jeans folgada e uma sandália Ryder. "Atira!", respondi com um sorriso. Ele foi pego de surpresa com minha reação e ameaçou de novo. "Me passa tudo ou te dou um tiro!". Eu que havia me surpreendido com minhas primeiras palavras, vi elas brotarem de novo da minha boca. "Pois atire se você tiver coragem!", e ri. Ele avançou, eu notei que não havia nada mais que o dedo dele apontando para mim atrás daquela camisa, ele puxou a alça da minha bolsa que eu carregava a tira-colo, e eu, aproveitando o movimento dele em minha direção, o puxei pelo colarinho. Ele se desequilibrou, eu o girei duas vezes, agarrando-o pela camisa que, por fim, senti ceder e rasgar, ele então escapou de minha mão e caiu, de costas, no paralelepípedo da rua. Eu me aproximei e o chutei no estômago, ele se curvou em posição fetal; eu o chutei no rim que ficara exposto e ele gemeu alto de dor, com certeza sem conseguir atinar para o que estava acontecendo. "Não tente me assaltar de novo, seu pedaço de merda!", eu gritei. Foi nesse momento que vi um homem negro, alto e forte se aproximando. Achei que era mais seguro eu entrar rapidamente em casa naquele momento. Foi o tempo de eu entrar no meu prédio, e subir as escadas para a varanda que da para rua, que o homem negro alcançou o assaltante que agora tentava se levantar somente para cair novamente no chão com um soco que deve ter-lhe arrancado sangue ou quebrado-lhe o nariz. "Para você tomar vergonha e não tentar assaltar pessoas no bairro em que você mora", disse enquanto espancava o malandro caído no chão. O assaltante gemia que era inocente, "Eu não fiz nada! Não tentei assaltar ninguém!", e eu me questionei se havia apenas me defendido ou deliberadamente tentado me matar.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Ganhando A Noite




Era quase 1h da madrugada quando eu e meu amigo comissário de bordo estacionamos em uma das ruas da Ribeira, exatamente em frente ao porto de Natal, para irmos ao Galpão 29. Meu amigo estranhara a facilidade para estacionar naquelas ruas estreitas. "Não deve ter ninguém nesse carai". Ele parou e eu saí do carro pela porta a direita e me virei em direção a ele. Pretendia falar algo, mas vi o guardador de carros se aproximando e apertando o pau por cima da calça. "Se preocupa não que eu estou cuidando do carro, amigo, pode curtir a balada tranquilo". Não demos bola para ele e nos adiantamos caminhando até a porta da boate pelo calçamento irregular daquelas ruas antigas, cortadas pelos trilhos do antigo bonde. No trajeto eu acendi um Lucky Strike, e um segundo guardador de carros pediu um cigarro. Puxei um do bolso e lhe entreguei, ele pediu o isqueiro, foi quando eu senti, por trás, alguém apertando meu braço. Era o primeiro guardador. "Ei, cara, tem como você me pagar uma cerveja aí?". Eu virei e dei de cara com um cafuzo magro e alto, com cara de esfomeado ou tísico, não sei dizer. Ele apertava o pau com a outra mão, enquanto me mantinha do seu lado me segurando pelo braço. "Posso entrar com você nesse lugar aê...". Eu ri, ele continuava. "Tu me paga umas cervejas e depois eu posso fuder esse teu rabo". Eu, com o mesmo sorriso no rosto, declinei a oferta. "Obrigado, mas eu tenho que ir", e apontei para o meu amigo que agora me esperava, de braços cruzados, quase na frente do Galpão 29. O guardador me pediu desculpas e se afastou. "Tá vendo? Fica fumando, ó o que dá!". Eu contei-lhe que ele não queria cigarro, apenas o primeiro, e sim que este estava dando em cima de mim e expliquei-lhe a proposta. Meu amigo riu: "Já começou bem! Já ganhou a noite!!". Eu mandei-lhe à merda.
Não havia ninguém na boate, como previmos pela facilidade em estacionar. Meu amigo não quis ficar e já girávamos os calcanhares, voltando para o carro, quando o guardador de carros nos abordou. "Não tem ninguém aqui hoje né? A Vogue que deve estar boa hoje. Eu nunca fui numa boate gay, sabe?", ele falava rápido, sem pausas para nós não o interrompermos, "Tenho preconceito nenhum, e como 'tô afim d'uma gozada, pode ser qualquer um, homem ou mulher". Ele nos acompanhava até o carro. "Com o tesão que 'tô, quero é gozar!". Meu amigo ria baixinho enquanto chegávamos ao carro. "Vocês dois não estão a fim a três não?". Meu amigo gargalhou e respondeu, abrindo a porta do carro. "Não, cara, valeu aí". Deu-lhe umas moedas e partimos."É impressionante!", ele disse dentro do veículo, "Quem é que toparia um convite desse cara?". O vento da madrugada entrava pela janela, era uma noite bem agradável de inverno, quase fazia frio. "Muita gente deve topar, se isso não acontecesse ele não seria tão direto e natural desse jeito". Meu amigo concordou e tomamos o rumo da Vogue.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Fenícia: O Senhor das Mulheres


Os fenícios, religiosamente, adoravam rochas e árvores que consideravam objetos divinos. As pedras sagradas chamados metil, ou seja, morada de Deus, muitas vezes eram pedras duras e negras com formas cônicas ou ovo, muitas vezes meteoritos caídos do céu. Árvores sagradas eram às vezes árvores reais, outras colunas de bronze ornamentadas, terminando em um cone. Estes ficavam em lugares altos, principalmente topo de montanhas, mas também templos erguidos em forma de pirâmide de degraus Cada cidade fenícia tinha seus próprios deuses, mas apesar disso todos os fenícios acreditava em um deus chamado de Baal (senhor) e uma deusa chamada Baalit (senhora). Este deus era um benfeitor iluminado que dispersava a vida entre os homens. Ele representava o sol, e era retratado às vezes como um ser humano, às vezes como um homem com cabeça de touro, acreditava-se que ele era caprichoso e sanguinário e para satisfazê-lo era comum os sacrifícios humanos, sobretudo de crianças. A deusa, baalit (senhora), chamada também de Astarté, esta era a deusa da lua, da primavera e da fertilidade.
No entanto, cada cidade tinha seu deus protetor Baal-Melkart era o deus de Tiro, era retratado com um grande guerreiro e excelente navegador, mas no seu templo ele era adorado na forma de uma imensa esmeralda. Em Cartago, o baal da cidade se chamava Moloch, que era representado com um colosso de bronze e também gostava de sacrifícios humanos. Já em Biblos, o grande deus chamava-se Adônis, esta palavra é a versão grega do nome do deus que deveria ser algo como Adão ou Adon, e é, basicamente, através de fontes gregas que sabemos a maior parte do culto a este deus. 
Por exemplo, o nascimento de Adônis é envolto em confusão para aqueles que esperam uma única versão autorizada. Walter Burkert, famoso mitólogo, explica que os helenos decididamente patriarcais e envoltos com uma forma de pensamento que organizava o mundo através da genealogia, deram como primeiros pais do deus Biblos e Chipre, indicadores fiéis de onde seu culto surgiu, mesmo lugar de onde veio o culto de Afrodite.
Existem várias versões para seu nascimento, a comumente mais aceita é que Afrodite (nome grego de Astarté) fez com que Mirra cometesse incesto com o seu pai, Ciniras, rei da Síria, por vingança. A ama de Mirra ajudou-a a realizar o plano e deitar-se com seu pai, no escuro; no entanto, quando Ciniras percebeu que estava com sua filha, graças a uma lâmpada deixada acesa, ele ficou furioso e a expulsou de casa, perseguindo-a. Mirra fugiu de seu pai e Astarté transformou a jovem na árvore da mirra. A jovem no entanto ficou grávida do próprio pai, e transformada em árvore, continuou sua gravidez até que um belo menino nasceu do tronco da árvore. Este mito explica inclusive o porquê da árvore sagrada de Adônis ser a mirra.
Após nascer, a versão grega diz que Cibele é a responsável por criar a criança, esta uma deusa frígia, e quando este torna-se adulto, um grande caçador, Astarté apaixona-se imediatamente por ele, a deusa então abandona seu marido e vive junto com o caçador entre as florestas e cavernas do atual monte Líbano, porém Baal enfurecido, ao descobrir o amante da esposa, transformou-se em um javali e atacou o jovem que ferido, esvaiu-se em sangue. O líquido vermelho que jorrava de suas veias transformou-se em anêmonas ao misturar-se com as lágrimas da deusa.  
Ao descer ao reino dos mortos, Mot, o deus da morte, apaixonou-se por Adônis também e quando Astarté desceu aos ínferos para buscá-lo e trazê-lo de volta a vida, o deus só permitiu sobre uma condição: que ele permanecesse quatro meses do ano junto a ele no inferno, contrariada Astarté teve que aceitar as condições do deus, porém sua tristeza era tão grande quando ele partia de volta a sua vida com Mot que toda a vida definhava, era o período do inverno.
Além da relação com Mot é interessante saber que Adônis era um deus que era cultuado sobretudo por mulheres, em rituais secretos. Os rituais de Adônis se davam quando o verão estava no seu auge, em Biblos. No templo havia um caixão aberto, que esperava os moradores da cidade encontrarem uma estátua de madeira pintada com um grande sangramento na sua lateral, local onde o javali-Baal havia ferido o jovem deus. A estátua era trazida, colocada no caixão, o esquife era velado  e enterrado nos chamados Jardins de Adônis. Os homens traziam galhos verdes de mirra que era deixados para serem secados ao sol, Baal, enquanto as mulheres em massa, gritavam, chorava, raspavam suas cabeças, corriam pelas ruas com roupas esfarrapadas, batendo no peito, gemendo de dor e arranhando o próprio rosto como se fossem as esposas, a baalit, que agora perdia seu grande amor. Explica Walter Burkert, em seu livro Religião Grega, que o clímax do culto é o luto pelo deus morto.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Livraria, Hipermercado, Farmácia




Eu estava numa livraria quando me deparei com o livro Pura Picaretagem: Como livros de esoterismo e autoajuda distorcem a Ciência para te enganar, escrito pelos físicos Daniel Bezerra e Carlos Orsi, que discute os livros de autoajuda e, principalmente, a ideia recorrente de que pensamento é capaz de alterar a realidade. Li o livro todo em quinze minutos, pulado as inúmeras páginas sobre história da física, filosofia da ciência e mecânica quântica, restando com isso umas vinte páginas de tiradas sarcásticas sobre a ingenuidade popular dos quais ri concordando com todas elas.
A primeira crítica ri da falta de percepção das pessoas da absoluta psicopatia que é querer ser capaz de controlar tudo. Porque é disso que se trata: quando alguém diz que acredita que seu pensamento positivo é capaz de alterar a realidade, de fazer com que algo de bom aconteça em sua vida, ele está intimamente acreditando que tem o controle total sobre o que acontece consigo. É uma ilusão de onipotência, Nietzsche estava certo e o homem matou Deus! Meus amigos, ninguém é capaz de controlar o que acontece na própria vida. Podemos controlar como reagir ao que nos afeta, mas em hipótese alguma esperar que nossos pensamentos afetem a realidade ao nosso redor. Não posso, e este é um exemplo do Daniel Bezerra e do Carlos Orsi, pular de um prédio e esperar que com meu pensamento a aterrissagem seja confortável. Minha mente não é capaz de suspender a gravidade.
Sabe, também, quando dizem que o universo conspira ao nosso favor quando pensamos positivo? Balela! O único universo que poderia conspirar ao nosso favor é aquele formado por nós mesmos. Eu, você, cada um de nós, é um microcosmos, uma pequena realidade auto-contida e, em teoria, quando pensamos positivo nós nos esforçaríamos mais, lutaríamos mais, correríamos atrás do que desejamos, em teoria, repito. A verdade, revela o Pura Picaretagem, é que o contrário ocorre. Pessoas que pensam positivamente confiam que tudo há de se resolver magicamente, e simplesmente não agem, não se esforçam, não lutam, não correm atrás, sentam e esperam esperando a conspiração acontecer. Os físicos dão exemplo do vestibular de medicina da USP: seu pensar "positivo" pode não te fazer estudar e mesmo se o fizer estudar mais, não muda em nada o fato de que o estudante está concorrendo com vinte candidatos por vaga. O mundo não muda porque você pensou em arco-íris, unicórnios e coalas, ninguém vive na Terra do Nunca.
Porém, o que mais me irrita nesta conversa de pensamento positivo é que ela sai da boca de pessoas inteligentes que não veem que estão comprando o discurso capitalista da meritocracia com uma roupagem mística. Lembrem que este discurso nasceu em livros de autoajuda iupies como O Segredo e que traduz a ideia de que se eu trabalho o suficiente, eu alcançarei o sucesso, independente das barreiras que eu encontrar no caminho, isto é, que um menino nascido em uma favela carioca e um garoto criado nas coberturas do Leblon têm a mesma chance de sucesso na vida, basta que ambos trabalhem com afinco! Se você concorda com isso, o liberalismo te pegou, querido, e você é um homem de direita (ou mulher). Esta filosofia barata positiva diz o mesmo: não importa o lugar que você vive, as pessoas com que convive, sua vida em resumo, se você pensar positivo o suficiente a vida se abrirá para você como um Éden em que corre leite e mel e o cordeiro vive ao lado do lobo. Mas o que acontece se você não pensar positivamente o suficiente?
Eu não entendo como não se vê qual o objetivo disto. É claro feito Valium. O capitalismo meritocrata estabeleceu uma meta inatingível: a felicidade plena. E esta felicidade é de responsabilidade única e exclusiva sua. Você é o único que pode manter-se feliz, mesmo ninguém em nossa sociedade apreciando muito o estilo ermitão de viver, mas, sobretudo, não é nenhuma responsabilidade do Estado garantir a sua felicidade (o que por acaso vai de encontro a Declaração Universal dos Direitos do Homem), e a forma com a qual você pode fazer-se feliz é através de um controle espartano de sua própria mente. Mantenha os pensamentos positivos! Afinal qualquer falha, deslize, descrença, um segundo de dúvida, destruirá sua vida por completo, te arruinará, te condenará a danação eterna. Não é coincidência o uso de expressões religiosas porque é a partir de um esoterismo de salão que este discurso entra na moda e aparece entre os ricos da sociedade de países emergentes que acham lindo explicar que conseguiram seu dinheiro também por causa de sua mente apurada.
Só que quem é capaz de alcançar essa meta? Ninguém! A infelicidade faz parte da vida humana também, porém a culpa não é dos fatos, não é da economia e do Estado, não é das relações humanas, dos amigos, família e namorados, a culpa é do próprio infeliz que não consegue controlar os próprios pensamentos. Não é a toa que é junto com este discurso que explodem, como epidemia, diagnósticos de depressão, para qualquer lágrima derramada, e bipolaridade, para qualquer mudança de humor. As pessoas proibidas de serem infelizes, como na cidade futurista de Lolita Pille, são medicadas com remédios que não pretendem nenhuma cura e que causam seríssima dependência. Uma indústria criou um nicho e agora lucra com o mercado. Viva o capitalismo! O pensamento positivo não faz nada por você, meu amigo, pule fora desta filosofia religiosa de gôndola de hipermercado agora enquanto é tempo, antes que você tenha que frequentar a farmácia.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Sólido Como Fumaça



Nós nos conhecemos em uma mesa de bar, entre amigos em comum. Ele estava sentado distante do ponto em que sentei, apresentações foram feitas e me integrei ao assunto que rolava na mesa. Ninguém discutia geofísica ou a cura do câncer, eram assuntos boêmios, aquele tipo que se tem despreocupadamente numa mesa de plástico estampado o símbolo da Devassa enquanto bebíamos Skol. Houve, no entanto, um rearranjo das cadeiras, e quando olhei de lado ele havia sentado perto de mim, me olhava por trás de uns olhos profundamente tristes, aquela tristeza que habita a alma e que, já dizia Vinícius, torna tudo mais bonito. Reparei na boca pequena dele naquele instante e um desejo de beija-lo surgiu. Foi ele quem puxou assunto diretamente comigo e conversamos sobre militância gay e víamos que concordávamos com tudo. Nem ficamos naquele dia, mas seu nome holandês ressoava em minha mente. Quando cheguei em casa o adicionei no Facebook.

*

Foram algumas conversas através da internet, o Whatsapp tornou-se companheiro frequente de desejos de bom dia e conversas até tarde da noite. Ele me revelou sonhos e esperanças, eu contei-lhe frustrações e projetos para o futuro. Em uma semana parecíamos amigos de longa data, em duas ele se revelou confuso. "Você me desperta sentimentos, Foxx, mas eu também estou envolvido com outra pessoa. Não é um namoro, mas ele é muito importante para mim". Não questionei, somente tentei parar a dança que estávamos fazendo, mas ela havia tomado vida própria, nós continuamos conversando e o desejo, a expressão é essa, teve um ponto, uma noite para ser exato, que explodiu. Ele me disse: "Não posso viver com isso mais, Foxx, eu falo com você e fico com tesão! Além disso, você me passa uma segurança que o outro não me passa de jeito nenhum, parece que com você há um futuro todo aberto a se explorar. Vou pedir um tempo a ele, apesar que não é justo magoá-lo...". Ele parou hesitante, cabia a mim o próximo passo, eu podia fugir daquilo tudo e dizer a ele que realmente não era justo com o outro, mas não me sentia assim e questionei-o: "E é justo com você? Tem momentos que devemos pensar no outro, mas também não podemos esquecer de nós mesmos. O que queremos! O que você quer?". Ele demorou a responder: "Eu quero ficar com você!".

**

Nós almoçamos juntos no outro dia. Era preciso conversar sobre o que sentíamos frente a frente. Marcamos um almoço em um shopping da cidade, o Midway, no meio da semana. Foi sentados em uma mesa de metal no meio da praça de alimentação, naquele ambiente todo branco com luz demais, que ele me perguntou: "Foxx, você é um homem tão interessante, eu sou um menino sem a menor experiência de vida, não fiz nada das coisas que você fez, o que você viu em mim?". Eu olhei no fundo dos olhos dele e somente descrevi o que vi. "Eu vi alma! Desde a primeira vez que eu te encontrei eu vi uma pessoa com o coração puro, disposta a doar-se pelos outros mesmo que isto significasse ter de perder algo que você muito desejava. Eu vi e me interessei por um menino que apesar de jovem sabia lutar por aquilo que considerava certo e que pretendia transformar aquela luta em sua vida. Eu te admiro, meu lindo!". Ele sorria para mim enquanto eu falava, no fim, me beijou no meio do shopping. Ficamos juntos, saímos da praça de alimentação e fomos para o estacionamento, no carro dele. Novamente nos beijamos e ele deitou no meu colo enquanto eu fazia-lhe cafunés. Como eu tinha que voltar ao trabalho, dei-lhe um último beijo e ele respondeu: "Ei, eu vou ser seu!". 

***

Voltei ao trabalho confiante. Acreditava realmente que desta vez tudo ia dar certo. Ele me mandou uma mensagem dizendo que tinha terminado tudo com o outro no meio da tarde. Nossos amigos em comum marcaram um happy hour, mas ele preferiu não ir. Eu fui, ele me enviou uma mensagem quando eu estava voltando de táxi para casa: "Desculpa, mas não podemos ficar juntos, você é incrível, mas eu não estou preparado para ter um relacionamento com ninguém". Eu respondi que tudo bem, não havia problema, eu já estava na porta de casa quando enviei a mensagem, acendi um cigarro e fumei na calçada vendo a fumaça subir e se desfazer no ar, era a metáfora perfeita: "tudo que é sólido, se desmancha no ar". Uma semana depois ele começava um namoro, com outro.

sábado, 10 de agosto de 2013

Trinta-e-dois



O que significa fazer trinta e dois anos me pergunto, sempre olhando para trás, para todos os tipos de menino, rapaz e homem que já fui e deixei de ser. Todos eles me olham atônitos, tanto quanto eu, afirmando veementemente: "É você quem tem que saber".

***

Não sei o que esperar. Não sei mais sonhar. O futuro se tornou para mim uma turva massa de acontecimentos nascidos mortos. Não existe luz ou paz. Olhar para o meu futuro é ver abortos espontâneos. É enxergar inúmeras possibilidades que se afogam nos líquidos podres dos corpos puídos de chances anteriores que já nasceram mortas. É ver o nascer eterno de sonhos que nem berram quando nascem. Um ou outro até que chora, mas é um choro sufocado de quem está morrendo afogado por um passado negro que escorre como gosma para dentro destes pulmões que tentam avisar que estão vivos.

***

Eu não tenho porque levantar de manhã. Acordo, abro os olhos todos os dias e penso: "Amanheceu, mais um dia", e levanto, tomo banho, preparo meu almoço e vou para o trabalho, somente porque tenho contas a pagar, porque eu preferia estar na minha cama porque não há motivos para levantar de manhã.
Eu não tenho porque levantar de manhã. Não tenho nada para construir, nada de significativo que eu possa fazer, não tenho propósito, apenas sobreviver. Acordo para esperar o dia de morrer e torço que seja logo porque sei que não farei a menor falta, porque afinal de contas ninguém precisa de mim. Sou um desperdício de pele e oxigênio, um inútil. Não serve para nada eu ter que levantar toda manhã.
Eu não tenho porque levantar de manhã. Eu não tenho um objetivo a alcançar, eu não tenho um sonho a realizar, eu não tenho uma pessoa para amar, eu apenas espero agora o dia que finalmente eu não vou acordar, meus olhos não abrirão mais e eu, graças a misericórdia divina, não terei de levantar de manhã.

***

Penso onde eu estava ano passado neste mesma época. Começando em um emprego novo, numa área completamente nova e morando com meus pais, completamente sem amigos na cidade em que eu me criei porque, segundo meus amigos mais antigos, eu havia me tornado uma pessoa chata porque só tinha problemas para dividir. Hoje o emprego novo é o velho, fui efetivado antes do período, recebi elogios, e fui promovido para novas responsabilidades, mas neste novo lugar eu cometi alguns erros, o que, considero eu, é comum em quem está aprendendo algo novo, mas que não foi nada bem visto pelos meus chefes. Hoje, estou com a corda no pescoço no velho emprego. Saí, também, da casa dos meus pais, finalmente uma vitória e um alívio. Saí porque era impossível continuar convivendo com eles após sair completamente do armário, não podia conviver com minha mãe querendo me curar, e, ironicamente, sair de casa, novamente, fez muito bem a minha relação com meus pais, eles se tornaram mais carinhosos e, da forma deles, aceitaram definitivamente minha sexualidade, o que quer dizer que eles não tocam mais no assunto. É como nossa relação funciona: quando sou uma visita na casa deles. Também conheci mais pessoas, fiz novos amigos, tenho companhia agora para tomar uma cerveja sentado em um bar, tenho até saído um pouco demais, bebido demais, fumado demais, tenho, realmente, admito, e meus amigos antigos até tentaram se aproximar, mas seus namoros e casamentos, com namorados e maridos que não são meus amigos, continuam os segurando longe de mim. É triste, mas é verdade. Em meu aniversário ano passado, eu recebi uma previsão que os meus sofrimentos não estava perto de fim, no meu aniversário de 31 anos eu tinha atravessado apenas metade da provação que me era destinada, a cruz ficou um pouco mais leve, mas ainda é pesada demais para continuar carregando.  A finquei na terra, e sentei-me a sua sombra, cansei de carregá-la. Só me resta esperar eu ter forças para ergue-la de novo.

***

Feliz aniversário para mim. Feliz trinta-e-dois anos de solidão.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

China: O Favorito do Tigre de Pedra



É o poeta Li Qi, da dinastia Jin (250-406 d.C.) quem canta sobre o amor entre o general Ji Long, chamado de Tigre de Pedra, e o jovem cantor chamado Zheng YingTao. Li Qi parece fascinado pela violência deste amor, o amor caótico que o Tigre de Pedra representa. Não satisfeito por dividir o seu amor com as duas esposas dele, o jovem cantor caluniou então as esposas, fazendo com que o general tivesse que matá-las, Li Qi imortalizou o conflito de ambos em seus versos: 

Yingtao tinha uma bela aparência e fragrância e foi favorecido (ze)
Resplandecentemente serviu no quarto e monopolizou os apartamentos privados.
Na câmara de ouvir foram roupas finas para trinta mil mulheres
O rei pescador de olhos castanhos não pode ser visto no espelho claro

O conto trágico de ignorar suas esposas enquanto está envolvido com um belo jovem é um pathos bem comum em toda a literatura, que inclusive se repetiu na pena de grandes escritores modernos e contemporâneos, mas a linguagem indireta, típica da poesia Tang, rende um significado opaco para os leitores ocidentais que possam não estar avisados sobre a tendência da poesia chinesa de camuflar o sexo (seja ele homoerótico ou entre um homem e uma mulher). Traduzindo o texto podemos entendê-lo assim: a câmara de ouvir está repleta de roupas (30 mil) que representam as concubinas do general que estavam sendo negligenciadas, os olhos castanhos do rei é uma sinédoque para as mulheres enquanto o próprio espelho claro é o general. O poeta condensa a beleza trágica no mínimo espaço, usando imagens densas de significado complexo.
Bret Hinsch chama atenção ainda para o significado da palavra ze, que traduzimos como favorito ou favorecido. Esta palavra tem o significado original ligado a pântano, charco; um significado literal pode ser dado para terra fértil, fertilizar, e conforme o tempo ganhou o sentido de favorecer, aquela terra que favorece seu dono, benefício. A partir daí, o significado passa a ser também o daquele homem que é protegido, enricado e também fertilizado pelo seu amante. Bret Hinsch chama atenção do sistema de patronato e prostituição que liga os homens na China Antiga. É importante lembrar que o casamento é na China um excelente meio de ascensão social tanto para homens quanto para mulheres e os homens também podia, e faziam frequentemente, se envolver com homens que podia tornar-se seus mantenedores, sustentando-os como era possível fazer com uma esposa ou concubina, levando em consideração que a China permitia na Antiguidade tanto o casamento entre dois homens como o casamento entre um homem de uma mulher (não existem registros de casamento lésbico), como também a lei permitia a poligamia e além de haver uma esposa principal era possível adotar concubinas que, não era impossível, também podiam ser homens. 
É necessário fazer um afirmação aqui: costumeiramente o casamento é apresentado como uma instituição que não mudou na história da humanidade, apresenta-se que a família nuclear (pai-mãe-filhos) é um modelo que sempre existiu. Temos visto aqui que esta é uma falácia enganadora, não precisamos contar que ainda hoje os árabes e os nativos brasileiros (algumas tribos) têm uma família que inclui um marido-várias esposas-filhos, mas é preciso sobretudo afirmar que na história da humanidade o casamento nem sempre seguiu este modelo que hoje é protegido como se fosse a base de nossa sociedade. A família é realmente o grupo básico da organização social humana dentro da história, contudo as formulações do que é uma família mudaram extremamente durante o trajeto humano na Terra. Nosso modelo social não é natural, ele foi imposto com objetivos políticos bem específicos, mas esse é um assunto para outro texto.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Prometeu Acorrentado



Be: Quando eu paro para pensar... você me remete a Prometeu.
Foxx: Em que sentido?
Be: Não leve isso ofensivamente, mas é meio que falta de humildade em relação a você mesmo.
Foxx: Humildade em relação a mim?
Be: Eu não sei como explicar, mas pensando na história de Prometeu, eu sempre penso em você.
Foxx: A parte que ele rouba o fogo e dá aos homens ou que ele se ilude com Pandora?
Be: A que ele rouba o fogo. Ele tenta fazer o papel de deus, que ele não é, e por isso é castigado.
Foxx: Ok, e eu faço o papel de deus quando?
Be: Começa com a superioridade que você sente em relação aos outros. Não de uma forma ruim, é algo intrínseco da sua personalidade e do seu signo. Eu também tenho auto-estima elevada, mas no meu caso é diferente. Não melhor ou pior que você, só diferente
E também é verdade: você é mais bonito, inteligente e interessante que a media. Mas eu tenho a sensação que isso não te permite aceitar o que a vida te dá, mas te fazer querer escolher. Aquela nossa discussão antiga sobre escolher x ser escolhido.
Você quer subir ao Olimpo e roubar o fogo. Está me entendendo?
Foxx: Sim, estou, mas você sabe que o que a vida me oferece é sexo com desconhecidos ou pessoas que me pedem dinheiro, não é?
Be: Sei, mas você vê isso como o castigo de Zeus, não vê?
Foxx: Sim, vejo.
Be: Pois é, o erro para mim está por aí. Você está sendo recompensado por ser sexy, por ser bonito, por ter um bom papo. Isso que você vive não deveria ser considerado um castigo.
Foxx: Mas eu encaro como castigo porque queria outra coisa, não é? Você tem toda razão, realmente!
Be: Mas quando foi a época que você saiu dessa? Que você parou com esse comportamento? Com a entrada do Mr. Creepie, você continuou se sentindo desejado, mas agora não era apenas sexualmente. Com isso, você relaxou e parou de se preocupar. Você se abriu porque não precisava mais de um namorado, afinal, sinceramente, a forma como as pessoas te abordam são as mesmas, caso elas queiram apenas sexo ou um namoro, mas a forma que você reagiu foi diferente. Tem gente que quer só sexo, que sai de casa para isso, mas a maioria que está num bar quer conhecer alguém legal e quem sabe? Se não rolar nada, pelo menos foi uma boa fodida. Mas você já conhece o cara pensando que tem o direito de subir no Olimpo e pegar a chama do namoro, que agora é sua vez.
Eu tenho uma pergunta, inclusive, responda pra você mesmo: Nunca passou pela sua cabeça quando você vê um cara namorando algo do tipo: "eu sou tão mais bonito/gostoso/inteligente/etc que ele e porque eu não consigo?"
Foxx: Ah, sim, sempre!
Be: É isso que eu quero dizer sobre Prometeu e humildade com você mesmo. O que vai te fazer namorável para alguem não é só beleza, ou só papo, ou só isso ou aquilo. É um conjunto de coisas. Depende do cara também. Mas o fato que ele vem te beijar é porque ele te acha sim interessante. Em geral, eu nunca beijei um cara num bar/balada pensando em pedi-lo para ser meu namorado. Mas o que eu quero dizer, por fim, é que quando você para de se preocupar ou de querer cobrar a sua vez, você se abre...
Outra coisa: você desconsidera as experiências que teve porque, para vc, elas são humanas e não de deuses. E para você não está bom. Estas experiências na sua opinião devem ser desconsiderados.
Foxx: Sim, verdade. Para mim elas são/significam muito pouco.
Be: Para você, na sua cabeça! Meu, você já parou pra pensar que seus dois relacionamento acabaram porque ambos eram doentes por você? Que eles eram tao possessivos que ficou impossível e você acha que eles seriam possessivos se você não fosse good boyfriend material?
Foxx: Sempre achei que era um problema deles...
Be: Ah, eles têm um problema sim, mas você não pode desconsiderar esse fato, afinal todo mundo têm experiencias ruins. Eu já tive tantas.
Foxx: Sim, mas se isso são apenas experiências ruins, cadê as experiencias boas? Se eu tenho esse boyfriend material porque até hoje não conheci uma pessoa que pudesse ter um relacionamento saudável comigo?
Be: Olha, se fosse uma coisa que só acontecia com um ou dois, eu diria que eles que têm algum problema, mas neste caso, como são todos os caras que você fica e como só temos por base o tempo que você ficou com o Mr. Creepie: você tem que se abrir, estar feliz, despreocupado, etc. Somente assim você terá alguma chance.
Foxx: Ah, hummm, então temos um grande problema.