O Levítico é o terceiro livro da Bíblia, parte do Pentateuco, para os cristãos, e da Torá, para os judeus, que são constituídos pelos cinco primeiros livros, a saber o Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. É considerado um dos livros históricos e sua autoria é atribuída a Moisés que o teria escrito enquanto vagava pelo deserto árabe, após a fuga do Egito; no entanto, sua escrita é provavelmente da época em que os judeus estavam sendo dominados pelos babilônicos, em 500 a.C. O Livro foi composto para servir como manual religioso para os levitas, os sacerdotes encarregados do culto que eram escolhidos entre os membros da tribo de Levi. E portanto é um manual de regras para definir como devem ser feitos os sacrifícios ao Senhor (1-7); como os sacerdotes são consagrados (8-10) e legisla sobre a pureza (11-17) e santidade do povo judeu (17-26).
Esta legislação sobre a pureza e santidade do povo judeu é um dos elementos mais importantes deste livro. Escrito no exílio, era importante para aquela população se diferenciar dos babilônicos, seus captores, e das outras etnias que existiam em torno deles como os cananeus, fenícios, hurritas, assírios e outros. O Levítico é basicamente um livro para expressar identidade. Ele dita as leis, regras e tabus que definem as Doze Tribos isreaelitas como uma população única que dividem a mesma identidade étnica. Dallmer de Assis afirma que através deste livro as Tribos de Israel pretendem criar para si uma unidade cultual, ética e sexual.
Exilados no estrangeiro, seu grande desafio era conservar a própria identidade, para isso eles se mantinham articulados graças a práticas simbólicas (usos e costumes) que os distinguisse e separasse, ou seja, os tornasse santos (separados). Define-se, por exemplo, que quando a mulher fica menstruada, torna-se impura por sete dias, e tudo que ela tocar ou tocar nela, inclusive aqueles que fizerem sexo com ela (15:19-31); ou que se uma casa for tomada pela lepra, o chefe da casa deve imediatamente avisar ao sacerdote (14:35); que os meninos serão circuncidados após o oitavo dia de nascimento (12:3); e que animais podem ser comidos ou não (11:1-46), sendo considerado uma abominação aquele que desobedece qualquer uma dessas regras. No capítulo 18, tem-se orientações para que Israel não se comporte como as outras nações, principalmente em relação aos seus comportamentos sexuais, cita-se precisamente os egípcios e os cananeus (18:3), cujos casamentos endogâmicos nas famílias reais era comum, e em Israel o incesto torna-se tabu. "Nenhum de vós se achegará àquela que lhe é próxima por sangue, para descobrir sua nudez" (18:6), "não descobrirás a nudez de teu pai, nem a de tua mãe" (18:7), "não descobrirás a nudez da mulher de teu pai" (18:8). É neste contexto que se diz: "Não te deitarás com um homem, como se fosse mulher: isso é uma abominação" (18:22).
No capítulo 20, estes tabus ganham pena porque ofendem diretamente ao Deus. O capítulo começa com o Senhor de Israel lembrando o contrato em que seu povo tem com ele: "Todo israelita ou estrangeiro que habita em Israel e que sacrificar um de seus filhos a Moloc será punido de morte. O povo da terra o apedrejará" (20:2). E também: "Se alguém se dirigir aos necromantes ou aos adivinhos para fornicar com eles voltarei meu rosto contra esse homem e o cortarei do meio do povo" (20:6). Este capítulo trata da participação dos membros de Israel dentro de cultos de outras religiões, e neste caso exatamente se fala dos rituais comuns em terras babilônicas em que o fiel tinha relações sexuais com o sacerdote do templo para saber a vontade do deus, mas também das leis que regem o casamento e os tabus sexuais de incesto e das relações homoeróticas: "Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a culpa" (20:13).
Em resumo, o que o Levítico proíbe é que o povo de Israel se comporte como seus vizinhos ou seus captores. Uma "abominação" sempre corresponde a uma prática pagã e idólatra, as penas de morte só são impostas para aqueles israelitas que não se comportam como membros de sua própria comunidade adotando comportamentos que vão de encontro ao que define a sua identidade. No entanto, David Stewart propõe uma outra interpretação. Ele reforça que o contexto em que ambas as proibições aparecem é um contexto de proibição de incesto. É o momento em que se regra que mãe e filho, pai e filha, irmão e irmã não podem ter relações sexuais, Stewart questiona se esta regra não pretende falar dos relacionamentos sexuais entre pai e filho e entre irmão e irmão. A tese de Stewart é nova, oriunda de sua tese de doutoramento em 2000, e resolve dois problemas tradicionais: 1) Por que códigos israelitas anteriores ao Levítico não possuem proibições às relações homoeróticas?; e 2) Por que não existem proibições incestuosas entre pai e filho já que leis hititas anteriores são tão claras a respeito disso?
No capítulo 20, estes tabus ganham pena porque ofendem diretamente ao Deus. O capítulo começa com o Senhor de Israel lembrando o contrato em que seu povo tem com ele: "Todo israelita ou estrangeiro que habita em Israel e que sacrificar um de seus filhos a Moloc será punido de morte. O povo da terra o apedrejará" (20:2). E também: "Se alguém se dirigir aos necromantes ou aos adivinhos para fornicar com eles voltarei meu rosto contra esse homem e o cortarei do meio do povo" (20:6). Este capítulo trata da participação dos membros de Israel dentro de cultos de outras religiões, e neste caso exatamente se fala dos rituais comuns em terras babilônicas em que o fiel tinha relações sexuais com o sacerdote do templo para saber a vontade do deus, mas também das leis que regem o casamento e os tabus sexuais de incesto e das relações homoeróticas: "Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a culpa" (20:13).
Em resumo, o que o Levítico proíbe é que o povo de Israel se comporte como seus vizinhos ou seus captores. Uma "abominação" sempre corresponde a uma prática pagã e idólatra, as penas de morte só são impostas para aqueles israelitas que não se comportam como membros de sua própria comunidade adotando comportamentos que vão de encontro ao que define a sua identidade. No entanto, David Stewart propõe uma outra interpretação. Ele reforça que o contexto em que ambas as proibições aparecem é um contexto de proibição de incesto. É o momento em que se regra que mãe e filho, pai e filha, irmão e irmã não podem ter relações sexuais, Stewart questiona se esta regra não pretende falar dos relacionamentos sexuais entre pai e filho e entre irmão e irmão. A tese de Stewart é nova, oriunda de sua tese de doutoramento em 2000, e resolve dois problemas tradicionais: 1) Por que códigos israelitas anteriores ao Levítico não possuem proibições às relações homoeróticas?; e 2) Por que não existem proibições incestuosas entre pai e filho já que leis hititas anteriores são tão claras a respeito disso?