Google+ Estórias Do Mundo: junho 2012

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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Orgulhem-se, Meus Amigos!

Muito se critica das paradas gays do mundo todo, estamos até cansados de ouvir que se tornaram um carnaval promíscuo, onde alguém de boa família não pode estar. Mas estes críticos esquecem o que elas representam. Nem vou entrar na história da parada, que ela remete ao levante ocorrido em 28 de junho de 1969 no bar gay Stonewall Inn, em que os gays de Nova Iorque marcharam contra a polícia e exigiram ali o fim da criminalização de sua condição sexual. Sim, até 1969 era crime punido com prisão nos Estados Unidos da América realizar algum ato "contra a natureza", isto é, ser gay. Segundo o The New York Times, 30 pessoas foram presas no primeiro dia do conflito, contudo o levante continuou e apesar de ter começado apenas com 200 pessoas somente em 3 de julho (durante 6 dias) ele foi dissipado, e é em homenagem a estes heróis que o Dia do Orgulho Gay foi instituído. Porém a parada não é um momento de luto, ela também não é uma oportunidade para um novo levante (apesar que eu, pessoalmente, acho que muitos dos nossos problemas se resolveriam se quebrássemos a Paulista toda!), mas a Parada, tanto aqui, quanto em Telavive, quanto em São Francisco, quanto em Sidney é uma festa para comemorar o orgulho. O orgulho de ser gay.
Porém eu já ouvi, inclusive, alguém dizer que ninguém deve ter orgulho de aquilo com o qual se nasce, só devemos ter orgulho daquilo que conquistamos. Lembro de outra argumentação que falaciosamente afirma que ser gay diz respeito apenas a intimidade sexual de uma pessoa, como se não interferisse em nada nas relações sociais (trabalho, escola, etc) do indivíduo e que por isso não nos cabe em momento algum fazer disto bandeira. Estes argumentos são simples elipses que omitem todo o meio homofóbico no qual nascemos, o que faz todo menino gay, toda menina lésbica, todo/a menino/a transexual sentir-se, em algum momento de sua vida, inferior ao outro dito normal. Se nós só podemos ter orgulho daquilo que conquistamos, eu quero que todos lembrem que nós somos educados todos os dias de nossa infância a considerar ser gay/lésbica pecado, imoral e doença, construir um sentimento de orgulho de nós mesmos sobre esta imagem depreciativa que nos é imposta, que nos denigre como seres humanos é, sim, uma conquista. 
Neste caso, o simples fato de levantar-se todo dia de manhã da sua cama com orgulho, sem nenhuma tristeza, desânimo ou pensamento do tipo: "eu seria mais feliz se fosse hétero", será sempre o levantar de uma imensa bandeira do arco-íris, um posicionamento político claro de que você não é, não faz parte e não apóia uma sociedade que repete que você deve envergonhar-se de ser quem é. O dia do Orgulho então, e a parada que acontece em sua homenagem, é um dia para comemorar. Para comemorar que cada um de nós venceu a imagem negativa que o mundo heteronormativo quis impôr sobre nós, que cada um de nós sobreviveu aos inúmeros obstáculos que foram colocados em nosso caminho. Somos cada um de nós que chegou até aqui vencedores, e isso é um motivo de orgulho.

terça-feira, 26 de junho de 2012

"Novo Conceito de Balada em Natal"

Miguel me convidou para conhecer a Megga Pub, uma nova boate que abriu na cidade. Fica no Barro Vermelho, um bairro bem central da cidade, o que era estranho já que tradicionalmente ele é um bairro bem mais comercial. Chegamos cedo, porque não conseguimos comprar a senha antecipada. Os ingressos que estavam sendo vendidos na Chilli Beans já haviam sido esgotados, e só restavam aqueles de 30 reais para a área vip. Entramos e, no entanto, não havia ninguém. "Deve ser porque é ainda muito cedo", comentamos. Eram 23:15h, olhei no relógio. Compramos cervejas no bar no fundo da boate e somente aí olhei ao redor. Haviam três casais, com certeza, de heterossexuais no lado direito do bar, que tinha um atendente feio, mas muito educado. Eles estavam ocupando o espaço entre o bar e um pequeno palco de madeira em que uma bateria e um pedestal já estavam montados. A pista seguia comprida, com uma área vip que não passava de um sofá velho de frente para uma mureta e um segurança imenso vestindo um terno escuro e uma cara de mal, diante da qual um grupo de meninos notadamente gays dançava as músicas da Britney e Katy Perry que já eram tocadas por um DJ que  tinha atrás de si uma tela que exibia seu nome. Após o DJ, a esquerda havia um novo bar, com geladeiras iluminadas dadas por empresas de cerveja e uma segunda área vip que dava para a porta que levava a um imenso lounge que era a entrada da boate também. Este, cercado por bancos forrados com assentos negros e um papel de parede verde e cinza e imensos banners de lojas de roupas caras e da própria Chilli Beans, não tinha absolutamente nada no seu centro, um espaço desperdiçado, que poderia ser, perfeitamente um bar. 
Era um noite em homenagem a Beyoncé e os DJs deveriam tocar músicas da ex-Destiny Child, e por isso seu DVD repetia incessantemente nas telas do lounge. Todavia, nas pick ups o que ouvi foi o The Wanted, a boyband com os integrantes mais feios da história, infinitas vezes repetir o quanto estavam felizes por me ver; Starship tocar e eu só lembrar da apresentação de Unique e que Madonna gone wild. Foi quando meu amigo perguntou a um dos funcionários porque ninguém tocava nenhuma música da Beyoncé e ouvimos: "Hoje é um especial Beyoncé?", meu amigo confirmou e disse que era como o especial que houve da Britney semanas atrás, "Teve um especial Britney?". Ai algo ficou bem claro, a partir daquele instante: aquele símbolo que queria ser pomposo transformando os dois G do nome da boate para imitar os D e G da Dolce Gabbana, os banheiros com aplicações de adesivos na parede e os copos com propagandas das lojas que tinha seus banners no lounge não fariam aquele lugar ficar lotado. "Gente, mas então quantos ingressos eles deixaram para vender antecipado? Cinco?". Foi neste momento então que uma banda liderada por uma cantora que cantava para sua namorada na platéia começou a tocar forró. Notei ao redor que boa parte das mulheres eram amigas da cantora e apreciavam o show da amiga, enquanto os gays do local se moveram todos para o lounge, do lado de fora. 
Conversavam todos animados, com cervejas em suas mãos e cigarros acesos entre os dedos, com suas camisas xadrez e regatas cavadas e músculos expostos. Foi quando um conhecido se aproximou, junto com sua fag hag  e um amigo dele, nós conversamos sobre uma viagem dele a Las Vegas e sobre as paixões dela pelos amigos gays. Foi ai que o quarto amigo deles se aproximou. Branco, e de cabelos negros, usando um óculos de hastes pretas e com um furinho no queixo. Ele sorriu para mim e perguntou: "Nós nos conhecemos?". E eu disse que não, ele perguntou se eu tinha certeza e falei: "Tenho! Eu com certeza me lembraria". Por cima dos óculos, ele pôs os olhos sobre mim, e eu esperei que ele se apresentasse, mas ele apenas sorriu e falou algo sem importância com os amigos, girou nos calcanhares e voltou ao grupo com o qual conversava antes. Eu acendi um cigarro de cravo e soprei fumaça para cima. Aquilo, infelizmente, me incomodou, e Miguel já estava beijando um menino moreno e magro, o que significava que a partir de ali eu estaria sozinho naquela boate com poucas pessoas e que só diminuíram quando a banda terminou de tocar e a vocalista levou todas as suas amigas com ela. Eram 2h da manhã e agora só haviam os meninos gays que estavam por lá, dançando, diante do segundo DJ da noite. DJ que repetiu The Wanted, Starship e Madonna algumas vezes também, Beyoncé só foi tocar as 3h da manhã, com um terceiro DJ que veio vestido como uma menina Harajuku, quando haviam no máximo nove pessoas em toda boate e os meninos resolveram desfilar pela pista de dança. Foi quando sentei no lounge e decidi que era hora de ir.

sábado, 23 de junho de 2012

Tensionado

Eram por volta de 15h de uma quarta-feira, o meio da tarde do último dia de outono em Natal. Miguel havia me convidado para acompanha-lo a uma sessão de cinema no meio do dia já que, para o trabalho dele, ele está doente. Mas ele chegou tarde, perdemos a sessão, culpa de engarrafamento que impediu ele chegar da zona norte da cidade até o shopping. Eu fiquei esperando por ele lá por uma hora, mais ou menos, enquanto ele mandava mensagens dizendo que já estava chegando. Quando ele chegou, eu disse que queria ir até o banheiro e ele falou que eu poderia ir no Extra porque ele queria ver o preço da internet da Claro no stand de lá. Entrei no banheiro, com ele dizendo para eu não demorar, e tomei um susto porque havia um menino parado perto a porta, encostado na parede, foi quando entrei no banheiro e os três mictórios estavam ocupados por homens que olhavam um para o pau do outro. Um ergueu a cabeça e me viu ali parado, era um senhor de, pelo menos 50 anos, com seus cabelos todos grisalhos, que foi lavar a mão. Eu me aproximei do mictório, já que os reservados estavam fechados, e vi a minha direita um homem negro, de corpo volumoso, masturbando incessantemente seu pau ali em pé, ele olhava para o lado, onde estava um homem magro que o acompanhava. Foi quando eu urinei, nervoso, e fui lavar a mão. E vi que na pia havia pelo menos seis ou sete outros homens olhando entre si , tensos, inclusive um jovem rapaz muito bonito, de corpo definido (era possível ver graças a regata justa que ele usava), com um piercing no lábio e outro na sobrancelha e cabeça raspada. Ele olhou nos meus olhos, esperando uma ação minha, mas eu apenas liguei a torneira e esfreguei o sabão nas minhas mãos. A tensão no ar era intensa. Um silêncio nervoso entre todos aqueles homens, eu já contara onze e não sabia quantas pessoas estavam dentro daqueles reservados cujas portas não abriam para nada. Fechei a torneira e fui buscar uma toalha de papel e para isso passei pelo menino bonito de novo, e ele se retesou todo, querendo uma ação minha, mas eu, novamente, só enxuguei as mãos no papel e me dirigi a saída, passei pelo menino que me deu um susto e quando ia abrir a porta, vi que mais dois estavam parados atrás dela. Também em silêncio, se olhando, mas sem agir, nem fazer nada. Quando abri a porta e saí, um cara negro, musculoso, usando um short curto, encaminhava-se para dentro do banheiro e eu pensei: "Esse vai ser atacado agora!". 

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Procurados




Eles serão encontrados sexta-feira, dia 29/06/2012 no Yag

terça-feira, 19 de junho de 2012

Índia: As Muitas Esposas da Mãe de Todos



Sri Yellamma-devi é uma expansão da deusa Durga, que é adorada por toda a Índia, especialmente na região centro-sul como Karnataka e Andhra Pradesh. Ela é muito popular com o terceiro sexo também, e sua aparência é baseada em narrativas de Bhagavata Purana (9,16. 1-8) e, posteriormente, as tradições medievais. 
Existem várias versões da sua história, mas a descrição básica é a seguinte:

Mãe do Senhor Parasurama, Renuka, foi ao Ganges para coletar água para yajna diário do marido (o sacrifício de fogo). Uma vez lá, ela viu o rei dos gandharvas ( os músicos celestes) esportivos com apsaras, belas cortesãs celestes. Distraído com a cena, Renuka voltou um pouco atrasado com a água. Seu marido, Jamadagni, não gostou do atraso e acusou a esposa de adultério. Furioso, ele ordenou a seus muitos filhos a matarem sua esposa, mas todos eles recusaram, exceto o mais novo, Parasurama. Recebendo de seu pai grandes poderes místicos, Parasurama decidiu decapitar a mãe e todos os seus irmãos com o seu machado famoso (alguns relatos mencionam Parasurama castrar seus irmãos, em vez de matá-los). Quando Parasurama tentou decapitar Renuka, no entanto, Durga-devi, apareceu-lhe como a deusa Yellamma-a, apsara celestial, com milhares de cabeças. Incapaz de tolerar a visão de um filho matar a própria mãe, ela estava em pé diante Renuka para evitar o matricídio, mas como Parasurama estava tão determinado a cumprir a ordem de seu pai, Yellamma criou uma Renuka ilusória e Parasurama decapitou-a em seu lugar. Jamadagni foi, assim, satisfeito com a obediência de seu filho e lhe ofereceu qualquer benção. Parasurama então pediu que sua mãe e seus irmãos pudessem voltar a viver sem memória do incidente. Jamadagni, apesar de irritado, concordou e todos foram revividas. A forma ilusória, assim, permaneceu com Jamadagni enquanto o Renuka original passou a dedicar sua vida à deusa, tornando-se sua companheira inseparável.

Sri Yellamma-devi é adorada como uma expansão de Durga e é protetora dos seus devotos. Seu nome significa, literalmente, "uma mãe para todos." Ela é descrita junto com Renuka, mas é sua associação com a prática hindu antiga de manter devadasis, ou cortesãs templo, que é talvez o mais marcante. A prostituição era permitida na Índia antiga, em determinadas circunstâncias e narrativas védicas contêm muitas referências a prostitutas como parte da construção social nas grandes cidades, tais como capital do Senhor Krishna de Dvaraka, Varanasi, e Puri em Orissa. Nos últimos séculos, no entanto, a prática de manter cortesãs do templo tem sido amplamente desencorajados e só é visível dentro de certas cerimônias e rituais tradicionais, normalmente relacionadas com a adoração da deusa.
Devadasis são servas cujas vidas são completamente entregue ao deus ou deusa do templo. Elas são muitas vezes vistos na cidade carregando potes grandes em suas cabeças que contenham imagens da divindade. Elas usam marcas brilhantes de cúrcuma e vermelhão na testa e podem ser vistas cantando e dançando nas ruas. Como bailarinas do templo, devadasis mantém importantes tradições religiosas de dança, como prostitutas, elas fazem os seus serviços, disponíveis a qualquer pessoa e recebem doações que são dadas à deusa. Duas vezes por ano durante a lua cheia em Magha e Chaitra, festas e cerimônias especiais são realizadas marcada por procissões grandes de jogathis (devotas de Yellamma) que desfilam sem roupa pelas ruas. A nudez tradicional tem sido largamente reduzida, tanto para o protesto do jogathis (eles agora use roupas folgadas ou vestidos feitos de folhas de nim). A prostituição no templo não é apenas do sexo feminino, um grande número deles são homens, conhecidos como jogappas, que incluem tanto travestis femininos, vestidos como mulheres e tipos masculinos que também oferecem os seus serviços como dançarinos e prostitutos.
Há muitos templos de Sri-devi Yellamma em toda a Índia. Alguns dos mais famosos são o templo do século XI em Badami e o templo Renuka-Yellamma em Saudatti (Belgaum), ambos em Karnataka. Há também dois templos populares em Kurnool (Dandakaranya) e Hyderabad em Andhra Pradesh. Centenas de milhares de peregrinos descem no templo Saudatti durante o maior festival do ano, realizada na noite de lua cheia Magha (janeiro-fevereiro). Iniciações para o culto devadasi são realizadas naquela época. Os iniciados, homens e mulheres, são casados com a deusa e prometem dedicar suas vidas a ela. Nos tempos modernos, muitos dos devadasis vêm de famílias carentes e já não são respeitadas ou bem tratados.

sábado, 16 de junho de 2012

Por Freyr!

- Então, só por curiosidade mesmo, me vê ai nas runas o que me reserva o futuro para minha vida amorosa?
Falei eu diante daquele tecido cor de vinho em que estava bordada uma mandala cor-de-prata. Beto pegou o saquinho em que estavam as pedras em que se gravara as letras do futhark, o alfabeto escandinavo. E retirou três, rasgadas com símbolos extremamente grosseiros, como se tivessem sido feitas com um simples cinzel. 
Já havíamos falado sobre minha vida, em geral, no qual ele me caracterizara como um perfeito estudante, alguém que gosta e está sempre disposto a aprender. Ele também falara sobre minha vida profissional em que disse que as dificuldades ainda estão a minha frente. Falou que eu estava passando por uma fase de grande transformação. Que tudo na sua vida está sendo destruído para ser refeito em algo novo. E a base dessa transformação toda tem a ver com o aspecto emocional da minha vida. Beto leu nas pedras que eu tenho que escolher se vou viver essa mudança ou se vou continuar me apegando ao passado, à coisas que não funcionam mais para mim. As pedras diziam que é hora de ir para novos caminhos, contudo é necessário encerrar os antigos. E eu estou atrasado em encerrar estes antigos. Daí meu sofrimento, daí minha dificuldade.
- Bem... - ele se preparou para falar, apoiou a cabeça em suas mãos e respirou fundo - eu vejo sexo. Só sexo. Não vejo nenhum relacionamento muito profundo não. E durante muito tempo.
Ele levantou e olhou para o meu rosto com um olhar de consolo. Mas eu sorri. 
- Não me surpreende. Continue...
Ele continuou falando.
- Eu só vejo relacionamentos sem profundidade, físicos, ligados somente ao corpo. 
Ele continuava falando, enquanto nuvens de incenso nos envolviam. 
 - Mas aqui também fala que você é quem vai escolher se deseja esse tipo de relacionamento e, que, inclusive, se você tentar forçar que algum desses relacionamentos se torne mais do que isso, você só vai se dar mal. 
Beto demonstrava seu constrangimento em dizer aquilo. Ele não via no meu futuro absolutamente nenhum amor e isso o deixava envergonhado. 
- Mas aqui também diz - complementou ele - que isto não te abala, não mais. Que você tem aceitado. 
Eu sorri, ele também e me perguntou:
- Então terminamos por aqui?
- Sim!

sexta-feira, 15 de junho de 2012

terça-feira, 12 de junho de 2012

Bohemian Rhapsody




@Heterofobia: Desculpa, Foxx, mas você é muito seletivo?
Foxx: Não, não sou. Tendo todos os dentes na boca 'tá rolando.
@Heterofobia: Haha! Ter os dentes é realmente importante, mas é que eu queria te dizer que você vai encontrar um cara muito legal, porque você é um amor de pessoa, lindo, inteligente, ou seja, tudo que alguém com juízo quer.
Foxx: Ah, amigo, ninguém me quer não. De verdade! Aqui em Natal alguém só me namoraria se eu pagasse.
@Heterofobia: Mas você gosta ou frequenta lugares gays, tipo boates, etc.
Foxx: Sim, frequento.
@Heterofobia: E os gays de Natal?
Foxx: Não gostam de mim. É o que eu estou te dizendo.
@Heterofobia: Eu acredito. Mas azar o deles.
Foxx: Não, azar o meu porque sou eu que estou sozinho.



Foxx: Pois então vai no estoriasdomundo.tumblr.com...
Gato: Uau! Foxx, você é muito talentoso! Os desenhos são lindos. Definitivamente o senhor é o cara perfeito, lindo, inteligente, talentoso,
Foxx: Canto, danço e desenho...
Gato: Pois é, só falta mesmo um marido e um bom emprego. Porque se alguém merece é você.
Foxx: Ah se essa lógica fosse verdadeira...






Angelo: Pois você é uma pessoa assim... como direi... que chama atenção.
Foxx: Eu?
Angelo: Sim, naquele dia que eu conheci você, com o Miguel e o Peter. Você me chamou atenção. Você tem uma imponência. 
Foxx: Eu?! 
Angelo: Sim, você, meu amor! E eu também achei o Miguel super antipático, o que ainda pareceu mais antipático quando vi que ele estava acompanhado de vocês dois, tão bem vestidos. Eu pensei: acompanhado daqueles riquinhos, claro que ele é antipático.
Foxx: Riquinho, eu?!?
Angelo: Sim, você. Mas assim que conversamos você logo se mostrou pura simpatia. Mostrou o fofo que você realmente é. 






Bruno: Pois é, Foxx, espero que você não fique chateado com o que eu vou falar.
Foxx: Claro que não, pode dizer...
Bruno: Bem, eu acho que você está solteiro porque você tem esse ar de superioridade, como se todas as outras pessoas fossem inferiores a você. Menos bonitas, menos inteligentes. 
Foxx: Sério?
Bruno: Sim, você tem um ar de "sou melhor que todo mundo" que com certeza deve afastar as pessoas que não te conhecem. Até no blog, você demonstra isso. 
Foxx: No blog?
Bruno: É, você sempre faz comentários trollando os outros. Você aponta os defeitos que vê nos blogs dos outros, faz críticas que não são necessárias... os comentários sobre algum erro dos outros não precisa ser o tópico centro, o alvo de seu comentário no post, e não é necessário diminuir gratuitamente os outros porque as pessoas tem chance e direito de errar.
Foxx: Eu não acho que eu esteja diminuindo gratuitamente alguém apenas porque fiz um comentário sobre algo que discordo, e discordo não porque é um erro, é porque não concordo. E quando é um erro, bem, eu acho que não tem nenhum problema em avisar a pessoa que ela errou.
Bruno: Bem, a forma com que você faz isso dá a entender que você pretende ser superior, e se você encontra um erro você poderia dizer por msn ou por e-mail.
Foxx: Bem.. então, em resumo, você acha que eu estou sozinho porque eu aparento que me acho bom, bonito, inteligente e talentoso (o que é verdade, eu realmente me acho isso tudo), e isso afasta as pessoas? Que meu amor próprio elevado atrapalha porque as pessoas confundem isso com se achar melhor que elas?
Bruno: Não! Você pode se sentir assim... você só não pode diminuir as pessoas os outros por isso.
Foxx: Muito interessante!




E Feliz dia dos namorados.

domingo, 10 de junho de 2012

Hanói Jane

É bem difícil fechar aquela calça que pertence ao meu irmão mais velho. Ele gosta de usar calças femininas e elas são mais difíceis de usar. Convenhamos, elas não foram projetadas para o volume que eu tenho. E também aquele banheiro com uma luz negra não ajuda. Muita cerveja dá nisso. Muitas idas ao banheiro e tendo que enfrentar o zíper daquela calça. Não cabe meu pau ali. Mas eu consigo, de algum jeito, imaginando que se eu ficar mais bêbado vou sujar minha mão toda. Abro a porta, decorada pelo lado de fora, com uma máscara do Pânico, o filme, e logo encontro no corredor, dois meninos atracados, se beijando, um deles enfia a mão por dentro da calça do outro, provavelmente alcança seu pau, o outro arranha as costas dele e desce sua mão até adentrar a calça e apertar-lhe a bunda. Não impeço que um sorriso brote no meu rosto. É legal ver naquele bar aqueles dois meninos se sentirem a vontade para se beijarem no corredor do banheiro. 
Mas eu volto para minha mesa. Meu irmão caçula e a menina que ele gosta estão lá sentados falando sobre machismo, biologia e Prometheus, o filme que acabamos de ver no Cinemark. Eu sento sem prestar atenção neles, observando a mesa adiante com três casais gays, um deles é um ex-amigo, e me perco nas possibilidades de minha vida que nunca existiram, quando vejo a menina que meu irmão gosta falar a mim. "Desculpa se eu estou me metendo, mas você tem alguém que você gosta?". Ela me perguntava curiosa, provavelmente porque sempre me vê sozinho, e eu não hesitei e contei-lhe a verdade: "Ah, meu anjo, ninguém gosta de mim não, infelizmente! Não importa se eu me interesso por alguém...". Ela me olhou surpreendida e começou a balbuciar uma série de negativas que sempre se relacionavam com o fato de eu ser bonito ou ser inteligente. "Obrigado, querida, mas infelizmente as pessoas dessa cidade não concordam com você!".

terça-feira, 5 de junho de 2012

Índia: O Amor de Aruna e Surya




Sri Surya é o deus do sol védico, também conhecido como Ravi ou Vivasvan. Ele é o encarregado de iluminar o universo. Em uma versão do seu mito, muito popular no sul da Índia, Surya se apaixona por seu cocheiro, Aruna, e para possuí-lo o deus se transforma em uma mulher. Contudo uma outra versão da história é diferente. No norte do país, a história é narrada da seguinte forma: Aruna, o deus do amanhecer, desejava as belas cortesãs que dançavam no palácio de Indra. Assim, ele se disfarçou como mulher para poder entrar no harém do deus, se escondendo dentro do palácio. Indra, no entanto, notara sua presença e foi imediatamente cativado pela sua beleza. Como ele estava disfarçado de mulher, Indra o tomou em sua cama e os dois fizeram amor e desta noite nasceu um filho chamado Vali. No dia seguinte, Aruna que havia dormido na cama de Indra, chegou atrasado ao seu dever de servir de cocheiro para Surya, que exigiu saber o que acontecera. Aruna descreveu o que acontecera, Surya enciumado porque, secretamente, já era apaixonado por seu cocheiro, forçou o cocheiro a fazer amor com ele, também, produzindo uma segunda criança, que ficou conhecido como Sugriva. A prole de Aruna foi mais tarde transformada em vanaras (humanos-macacos) por uma maldição lançada por Gautama Rsi.
É interessante ver como no conto de Surya a presença feminina é um integrante importante nos relacionamentos sexuais. Aruna se veste como mulher para entrar no palácio de Indra e, por isso, por estar neste estado entre os sexos, é capaz de gerar um filho para o deus. Estando já grávido de Indra, Aruna também então recebe o sêmen do deus solar e pode-lhe também gerar um filho. Este conto, no fundo, fala muito mais sobre o poder fecundador de Indra e de Surya do que de relações homoeróticas em si, mas por causa dele o culto ao deus do sol na Índia acaba envolvendo sempre a presença de relações homoeróticas dentro do próprio culto. De qualquer forma, Aruna e Surya aparecem representados sempre juntos, como um par ou um casal divino.
Existem muitos templos dedicados a Sri Surya em toda Índia, como o Mandira Brahmanya Deva e do templo Surya Narayanaswami. Outros no entanto estão em ruinas como o templo Konark, do século XIII, perdo de Puri. A arquitetura impressionante desses templos magníficos tem como decoração esculturas, comumente, sexualmente explícitas, que sempre incluem pessoas do mesmo sexo fazendo amor.

Templo de Kornak


Passeio Virtual pelo templo de Kornak aqui.

domingo, 3 de junho de 2012

22x8

A última vez foi em Belo Horizonte. "Eu sentia a profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio". A última vez que fiz sexo. E está difícil não pensar nisso. Sinto falta de paus, de bundas, penso em esperma, em suor, em bocas, em mãos apertando minha pele branca. "E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?". São oito meses já, definitivamente o período mais longo que eu já fiquei sem sexo. "Por favor, não me empurre de volta ao sem volta de mim, há muito tempo estava acostumado a consumir pessoas como se consomem cigarros, a gente fuma, esmaga a ponta no cinzeiro, depois vira na privada, puxa a descarga, pronto, acabou." E o pior é que convites para sexo ainda continuam acontecendo. Na rua, com estranhos que nem perguntam meu nome, ou com meu vizinho que pede dinheiro para isso. E tem ficado cada vez mais difícil resistir. "O pó se acumula todos os dias sobre as emoções". E eu quero resistir. Quero porque não me sinto bem fazendo sexo, novamente, com uma pessoa desconhecida, eu desejo intimidade e não uma aventura, e quero respeitar o meu desejo. "Ah, me socorre que hoje eu não quero fechar a porta com essa fome na boca". Ai vem meu vizinho, que sua proposta não é de sexo uma vez e nunca mais, ele demonstra querer estabelecer uma relação, porém baseada somente em sexo e nas vantagens financeiras que ele quer ter comigo. "Tento me concentrar numa daquelas sensações antigas como alegria ou fé ou esperança". E isso é o problema. A situação é essa: o único sexo que me é oferecido é aquele sem intimidade ou, quando há intimidade, envolve uma, e não consigo pensar diferente, compensação financeira. "Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita". É assim que eu me sinto se pagar a ele, como se eu não tivesse nada mais interessante que o dinheiro para qualquer um. Eu poderia perfeitamente ser prático: meu vizinho é um homem lindo que me quer na cama dele, e ele nem está pedindo muito dinheiro assim, mas eu tenho medo da ressaca moral que eu sentirei quando gozar. Tenho medo da bad trip que pode vir se eu aceitar as regras do jogo dele. "Muito bem, parabéns: você tá na idade. Mas anota aí pro teu futuro cair na real: essa sede, ninguém mata. Sexo é na cabeça: você não consegue nunca. Sexo é só na imaginação. Você goza com aquilo que imagina que te dá gozo, não com uma pessoa real, entedendeu? Você goza sempre com o que tá na sua cabeça, não com quem tá na cama. Sexo é mentira, sexo é loucura, sexo é sozinho, boy". Estou frágil demais para isso. Sendo assim, só me resta reprimir esse desejo e direcioná-lo a outras coisas, afinal ainda faltam vinte-e-duas páginas para terminar de escrever minha tese de doutorado. "Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem".