Google+ Estórias Do Mundo: novembro 2010

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Minha Vida É Uma Comédia *

- Pois é, tenho mil coisas p'ra contar. Esse fim de semana foi agitado. 
- Não é, menino? Pois conte-me do Anjo lá (personagem daqui e daqui). O que aconteceu?
- Então, a pessoa me chama no MSN e convida p'ra gente ir correr. Ele sempre corre na praça da Liberdade. Eu respondi na hora um, desanimado, "pode ser", aí ele rebateu: "Poder ser aí na Lagoa da Pampulha!". E eu me assustei. Logo ele que sempre disse que sair da Savassi, onde ele mora, p'ra vir aqui p'ra Pampulha é uma viagem imensa. Que é longe demais! Aí, de repente, do nada, o menino me convida p'ra caminhar aqui?
- É verdade! Se ele sempre colocou esse obstáculo...
- Eu pensei imediatamente: esse Anjo quer coisa...
- Aí você aceitou?
- Mas é claro que sim! Quando Deus resolve me oferecer um dos seus anjos... the cutest guy de Belo Horizonte... ever... querendo passar a tarde comigo... eu também não sou idiota né?
- Não, não é!
- Você continua dando em cima dele pelo MSN?
- Sempre que ele está on-line. Desde que terminei com o Príncipe. Mas ele me ignora totalmente. Aí, de repente, ele me resolve aparecer aqui, vir aqui...
- E como foi?
- Bem, nós caminhamos, corremos, pela orla, depois ele foi lá p'ra casa...
- ELE FOI P'RA SUA CASA?!
- Sim, foi. Aí ficamos conversando. Ele com aquele sorriso que ilumina o ambiente. E só conversamos.
- Comassim só conversaram? Não aconteceu nada?
- Nada!... Quer dizer... teve um momento que ele sorriu, aí ficou em silêncio e me olhou nos olhos, foi um momento "me beija", eu acho.
- Você acha?
- É! Eu acho. Não tenho como saber se foi coisa da minha cabeça...
- Bem, parece que ele estava esperando você fazer alguma coisa.
- É, parece, mas eu fiquei com medo de avançar e ele dizer um: "Que é isso, cara? Tem nada a ver. A gente é amigo!". Pior que também teve um outro momento... (isso aqui 'tá parecendo a Rachel e o Ross e o seu famoso eye contact, né?)... continuando: eu fui deixá-lo na ponto de ônibus, e teve uma hora... bem... como vou explicar... ele fez um movimento querendo enxergar alguma coisa atrás de mim, e a boca dele passou a centímetros da minha, passou a centímetros da minha orelha, eu fiquei arrepiado até chegar em casa de novo. Mas eu preferi ficar na minha... pelo menos lá na hora.
- Na hora?
- É! Quando ele entrou no MSN de novo, isso no mesmo dia, já quase meia-noite, eu falei: "Nossa, você tem um sorriso muito bonito, sabia? Toda vez que você sorria me dava vontade de te beijar".
- E ele?
- Respondeu: "Obrigado". Só e somente... 
- Gente, esse menino é realmente estranho. Primeiro a estória lá do Estúdio, agora isso...
- Não é? Mas aí continuando o fim de semana... o Lex me liga, meia-noite: "Vamos porque vamos para o Estação"...
- Estação 2000?
- É! Eu sei que não é o melhor lugar p'ra ir no sábado. Mas eu nem pensei, o Lex quer conhecer o Andaluz que ele não conhece. Teria sido bem melhor... mas... eu me diverti com a menina fingindo que tava cantando. Sério! A menina tava dublando Beyoncé. E fingindo que era a voz dela.
- hauahauahauahuahaua.
- Pois então, lá, um menino pediu para o amigo dele chegar em mim. 
- Uia!
- Pois é, e como meu modos operandi agora inclui só ficar com pessoas que chegarem em mim, então fui conversar com o menino.
- E como ele era?
- Bonitinho, magro, uma barba bonita, só estava muito mal vestido.
- Mal vestido?
- Sim! Camisa listrada, calça xadrez cheia de zipers. Muito estranho! 
- hauahauhauahauahauahua. Nada que um banho de loja não resolva. 
- Com certeza! 
- Mas beijava bem, gostosinho, acabou que ele foi dormir comigo...
- Acabou seu celibato então? Zerou a contagem de 8 meses sem sexo?
- Deixa eu terminar a estória, caríssimo!
- ...
- Estavamos lá, eu comendo ele de frango assado, scratch his belly for inside, quando eu olho p'ra baixo... e vejo, simplesmente, a barriga dele banhada em sangue.
- QUÊ?!
- Pois é, o freio do pau dele rompeu. Amigo, era tanto sangue, mas tanto sangue, mas tanto sangue. 
- ...
- Mas muito sangue mesmo!!! Sujou toda minha roupa de cama!
- hauahuahauahauhaua... Você levou ele para um hospital, né?
- Calma, dramático. Foi um ferimento pequeno no freio, mas você imagina a quantidade de sangue que é bombeada para um pênis excitado né? Um ferimento pequeno vira um chafariz. Aí paramos, dei um banho nele, vimos o ferimento, um pouquinho de remédio para cicatrizar e nada de tocar no pau dele mais, nem deixá-lo excitado. Aí dormimos. E mandei ele não pegar no pau por umas semanas...
- Eu 'tô chocado!
- E nada de acabar com meus 8 meses sem sexo.
- ...
- Pois é...
- Foxx, amiguinho, eu não sabia, definitivamente, que você era assim tão fã da saga Crespúsculo.
- ¬ ¬'
- hauahuahauahauhauahau. Uma última piada para não perder a oportunidade: a música de vocês vai ter que ser keep bleeding, keep bleeding... 
- Eu não vou te apresentar a ele tão cedo, viu? Já tá sabendo né?
- hauhauahauahua.



* Diálogo semi-ficcional. Ele não aconteceu exatamente com estas palavras, na verdade, foram três conversas que foram reunidas em uma.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Quando A Diversidade Toma No Cú

Estava eu zapeando pelos blogs da vida, comentando aqui, lendo acolá, quando entro no blog do Paulo, Enquanto Isso, Num Cantinho Escuro da Minha Mente e vejo um convite para participar de um vídeo brasileiro para a campanha It Gets Better. Este post aqui. Achei a idéia incrivel e aí entro lá, disposto a participar, foda-se se meus pais não sabem de mim! Vou ajudar alguém. Aí começo a ler a proposta da agência Grïngo. E começo a me assustar. Aqui está a proposta no site, mas reproduzo-a abaixo, com toda as referências necessárias.

"Muitos gays crescem imaginando que a vida tem que ser vivida de uma única maneira, formatada pelas concepções sociais. Essas convenções nos fazem sentir diferentes do resto do mundo à nossa volta, e algumas pessoas lidaram com o processo de “sair do armário” de forma mais dura do que outros.
A mensagem que esta campanha americana de “It Gets Better” quer passar é muito relevante, pois existem centenas de adolescentes que se matam todos os anos porque sentem que o que estão passando é além do que eles têm capacidade de resolver sozinhos e acham que nunca existirá uma luz no fim do túnel. E essa luz existe, e a gente sabe que a verdade é que it really gets better, much better!
No Brasil, eu acho que o problema mais abrangente (não o mais importante) é a caricaturização do personagem “gay” para as massas. Então sei que nossos “gays” são visíveis, mas são uma representação muito pouco real do que existe no mundo. Os personagens mais visíveis são os suspeitos de sempre: os ultra-femininos, garotos de programa musculosos, cabelereiros futriqueiros, costureiros divas -- enfim, uma renca estereotipada que passa muito longe de modelos de comportamento para um jovem que está formando seu caráter e tentando desesperadamente participar, pertencer, se identificar com um grupo.
O que queremos fazer é um vídeo apenas com gays brasileiros considerados “normais” -- ou seja, fora do estereótipo televisivo. São vocês estes personagens: artistas, biólogos, arquitetos, dentistas, desempregados. Queremos lógicamente também contar com os cabelereiros, go-go boys e costureiros da vida, que se comportam de maneira normal. Vale a pena objetivar a palavra “normal”.
Normal” é ser você mesmo, ter idéias, saber onde você se encontra na sua vida, ter consciência do que passou e ter uma relação com a vida que é otimista, entusiasmada, feliz ou triste, mas real."

 Agora, os meus comentários.
1) Sim, muitos gays crescem imaginando que a vida só pode ser de uma maneira. A maneira hétero.  Se homem, que você tem que sair com meninas, gostar de meninas, viver com meninas, se apaixonar por meninas, transar com meninas, ter filhos e família com meninas. Se mulher, tudo isso só que com homens. Além disso, homens tem que se comportar de forma másculo, corajosa, viril, sem sentimentos, racional. Já somente mulheres podem se femininas, medrosas, delicadas, sentimentais, emocionais. Essas são as concepções sociais a que nós estamos expostos, mas acho que a agência Grïngos não entende disso, chama, em palavras de especialistas, Sexismo.

2) É o mesmo Sexismo que caracteriza o personagem gay como sempre aquele próximo as mulheres, é este mesmo sexismo que constrói o estereótipo do efeminado. Contudo, para combater o estereótipo do efeminado, nós não mostramos que os gays não são efeminados, nós deveríamos é mostrar que o efeminado continua sendo homem. Ser gay pode ser ser efeminado sim, isso, ao contrário do que o texto da agência diz, é sim uma verdade, existem gays efeminados, mas o fato deste homem gay ser efeminado não o descaracteriza como homem, em momento algum, de forma alguma. 

3) Eu quero saber é porque diabos uma pessoa ultra-efeminada, um gogo boy ou garoto de programa, um cabeleireiro ou costureiro não podem ser bons modelos de comportamento para um jovem com o caráter em formação? Nenhuma dessas características citadas acima fazem parte do caráter das pessoas, garotos de programa e costureiros divas podem ser pessoas honestas e verdadeiras, homens ultra-efeminados e cabelereireiros podem ser pessoas pacíficas e que ajudam o próximo. Para mim, esses são conceitos de caráter que podem servir de exemplo para os jovens, não o seu emprego, não sua característica física. Porque ser efeminado, para mim, não é mais do que uma característica física.

4) O que é normal? Quem definiu e institucionalizou a agência Grïngos para selecionar se seus 20 convidados para o vídeo são ou não normais? Normal é aquele que segue a norma hétero? Quer dizer então que os gays só tem o direito de esperar que o futuro seja melhor se eles, todos, seguirem a mesma norma hétero? Se todos comportarem-se iguais, do mesmo modo, exatamente? Que espécie de mundo mais preto e branco é esse que a agência Grïngos quer? Eu voto contra e clamo a todos que critiquem o projeto da agência como eu mesmo fiz. Clamo todos para que lembrem que a bandeira gay tem várias cores, e eu só quero viver em um mundo se ele for diverso e colorido.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Mas, Apesar Disso, Não Obstante...

Minha colega de apartamento, ao telefone com a prima, em um sábado a tarde:
- Pois eu gostei muito do Vila Verde, o espaço, o público, pessoas interessantes.
Eu a acompanhara na noite anterior àquele bar que misturava um clima um tanto rock'n roll com alguma coisa de new hippie, em Nova Lima, município ao lado de Belo Horizonte. Frequentado pela fina nata da juventude belohorizontina, que vive na verdade naquele município de imensos condomínios cercados de seguranças, e que se interessa em poder manufaturar um cigarro de maconha tranquilamente na mesa do bar, enquanto conversam sobre seus carros importados, e depois ir até o jardim, a beira de um riacho artificial, acendê-lo.  Protegidos.
- Ah, sim, gostei do B. e do P., também. São caras legais... é, eu fiquei conversando com o B mesmo... - e neste momento, em que eu escutava a conversa de dentro do meu quarto - ah, ouve essa Foxx: eu 'tava conversando com o B. e ele, você tinha ido pegar cerveja, ele falou assim: "Ah, que bom que vocês vieram, porque senão eu ia sobrar com aqueles dois lá" - se referindo a prima de minha colega de apartamento e ao P. - "porque você é uma pessoa legal e ele..." - agora falando sobre mim - "bem, eu sei que ele é né?, mas ele parece mesmo assim ser um cara bem legal". 
- Mas?! - grito eu do quarto - Mas, apesar disso, não obstante, eu pareço ser alguém legal? Quem é gay não pode ser legal não, porra?!

sábado, 20 de novembro de 2010

Perdido Na Tradução

Estou eu na academia, é horário do almoço, horário mais barato, academia mais vazia, o que é importantíssimo para o treino que faço agora. Estou sempre ocupando duas máquinas ao mesmo tempo. Definitivamente estes professores acham que a academia nos pertence.Termino os meus quinze minutos de aquecimento na esteira e, antes de me dedicar a abdominais na bola, resolvo passar no banheiro do vestiário. Próximo a entrada, treina um homem que deve ter quase trinta anos, apesar de alguns vestígios de espinhas que ainda tem no rosto, ele tem uma tatuagem de uma carpa que cobre todo seu ombro direito, tem um corpo magro que está começando a ficar definido, ao passar por ele o comprimento com um aceno de cabeça e entro.
No banheiro, no entanto, ao me trancar no reservado percebo o que eu fiz. O aceno de cabeça e logo após entrar no vestiário poderia facilmente ser interpretado como um convite. "Acompanhe-me". Pensei comigo enquanto abria a porta que isso era loucura da minha cabeça, mas não, não era. Ao abrir a porta ele estava lá, fingia usar o mictório e eu fingi não vê-lo, passei direto para a pia e lavei a mão, mas quando virei para puxar uma toalha de papel, ele virou-se para mim. Com o short abaixado, o pênis começando a ficar duro (e pelo tamanho acredito que ficaria bem grande). 
Eu, sem ar por um momento, vi minha vida passar diante dos meus olhos. Nos dias em que eu fantasiei isso acontecendo em todas as academias que eu já frequentei, nas vezes que vi isso acontecendo com outras pessoas e desejei que isso acontecesse comigo, e quando simplesmente acontece eu olho para aquela situação e, sinceramente, sinto asco. Fingi que nada estava acontecendo e enxuguei a mão no papel toalha, joguei-o no lixo e saí do banheiro, voltando aos abdôminais que me esperavam. Ele? Ele me olhou durante aquela hora e meia que estive ali sem entender absolutamente nada do que tinha acontecido. Tudo por causa de uma má interpretação de um sinal meu. Algo que se perdeu na tradução.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Reflexões Alcoólicas

Rajeik: Então você acha que ver dois gays ou duas lésbicas influencia o comportamento de duas crianças?
Foxx: Oi?
Théo: Nem eu entendi essa. 
Foxx: É, começa a contar a estória do começo ora.
Rajeik: Tá! É que a namorada de uma amiga minha é professora e na escola dela duas meninas foram pegas se beijando no banheiro da escola.
Théo: Humm...
Rajeik: E eles foram investigar e descobriram que uma das meninas tem duas mães.
Foxx: Duas mães?
Rajeik: É! São lésbicas. 
Foxx: E sua pergunta é se ter pais homossexuais vai tornar as crianças homossexuais?
Rajeik: Eu gostaria de saber se elas podem ser influenciadas...
Foxx: Olha, dado minha experiência com crianças, eu não acho que elas possam ser influenciadas, neste caso. Contudo, o fato de ter pais homossexuais torna um relacionamento gay/lésbico mais comum para essas crianças. 
Rajeik: Comum?
Foxx: É! Pense bem, se vc tem um pai e uma mãe em casa, você acaba por considerar que aquele modelo de relacionamento amoroso é o comum. Quando você tem dois pais ou duas mães, você fará o mesmo. E como você esta acostumado a ver dois homens ou duas mulheres se beijando, por exemplo, você considerará normal fazer isso também.
Théo: Ai, se no caso das meninas da escola, se uma delas sentiu a vontade de beijar outra menina, e achava isso normal porque em casa ela foi educada a considerar este desejo algo normal...
Foxx: ... o que a impediria de realizar esse desejo se ela já o considera normal? Um casal gay influencia sim a criança. Eles criam crianças que não têm problemas em relação a própria sexualidade.
Rajeik: Faz sentido!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Motivo Para Chorar

Só um motivo me arranca lágrimas facilmente hoje em dia. Eu sei que é bobabem, que é até ridículo, mas, como diz um amigo meu, precisamos reconhecer nossas fraquezas e esta é uma: eu sempre choro porque estou solteiro, e como eu chorei hoje. 
Eu, definitivamente, não consigo entender o que se processa. Eu me considero um homem bonito, uma pessoa inteligente, uma companhia agradável, mas por algum motivo que me escapa a compreensão ninguém considera que este homem bonito, inteligente e agradável esteja a altura de se tornar seu namorado. Não que eu não seja paquerado na rua, boates e bares os quais frequento, sou, contudo estas paqueras e flertes todos só tem como objetivo me levar para cama e só. Ou, o que é mais nojento, pedir dinheiro em troca do sexo ou mesmo propor um salário para me namorar.
Que fique totalmente claro - abrindo aqui um parêntese - que eu não tenho nada contra fazer sexo por sexo, é bom, é relaxante, é agradável, contudo isso não funciona mais para mim. Eu fiz muito sexo com semi-desconhecidos, muito!, para dizer a verdade, o meu último ex-namorado foi o único homem com quem eu fiz sexo mais de duas vezes, e esta vida se esgotou para mim. Cansou!
Eu quero namorar, quero ter intimidade com alguém, quero poder acordar do lado desta pessoa e frequentar sua casa, seus amigos, sua vida. Compartilhar com ela alegrias, noites divertidas, filmes românticos e domingos tediosos, eu quero isso, não um sexo com alguém que pode ter mentido seu nome para mim. Mas, apesar do meu desejo, apesar de minhas orações, apesar da velinha que eu soprei no meu último aniversário, por algum motivo inconcebível para mim, além do meu entendimento, ninguém, nenhum humano, é capaz de nutrir o mesmo desejo por mim. Infelizmente! E infelizmente, por causa disso, continuarei com minhas lágrimas, até que um dia elas sequem, até que um dia isso não doa mais, até que um dia eu me acostume. Quem sabe um dia...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Entrevista No Justo e Digno!

Então, meus caros, aproveitem o feriado lendo a entrevista que dei ao fofo Serginho do Justo e Digno! É só clicar aqui. Sim, tem fotos lá também!


sábado, 13 de novembro de 2010

Alguém Me Explica Por Quê?

Era madrugada quando meus amigos me deixaram em um ponto, no centro de Belo Horizonte, para que eu pudesse pegar um ônibus para casa. Sentei no banco de metal e eu esperava qualquer um que se encaminhasse para a Antônio Carlos. Uma senhora gorda já estava sentada e conversava com um homem em pé sobre um assunto qualquer. Eu me perdia em pensamentos olhando para o relógio do Itaú a distância quando senti, finalmente, uma presença ao meu lado. Ele sentou, me olhou nos olhos, e sorriu. Trazia uma mochila preta e uma camiseta justa que marcava o peitoral. Sentou e sua coxa tocou a minha, eu me afasei um pouco mas ele insistiu e eu o olhei novamente, ele me respondeu  com os olhos e sorriu. Eu, atrevido, desci a mão até sua coxa e com apenas um dedo acompanhei a costura lateral da calça jeans e ele sorriu, se levantando e fazendo com a cabeça que eu o seguisse. Ele se encaminou para um ponto mais distante da senhora gorda e do homem em pé e falou: 
- Você tem dinheiro aí?
- Como? Respondi.
- Dinheiro, a gente fica se você me conseguir uns cinquenta reais e pagar o motel.
Eu o olhei novamente e ele mantinha o mesmo sorriso nos lábios enquanto falava. 
- Claro, tenho sim, vai indo que eu te sigo.
Ele se encaminhou para um hotelzinho de portas de vidro, não muito distante dali, eu voltei a parada de ônibus e entrei no 1207 que passou naquele instante. Dentro, sentado numa cadeira desconfortável, não pude deixar de me perguntar: 
- Por quê? Alguém me explica por quê?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Abordagem Direta

Eu saí do supermercado e caminhei por um quarteirão. No caminho contrário vinha um belo menino que não devia ter mais de dezesseis anos. Ele me encarou e eu encarei em resposta, enquanto estava ao  celular. Olhei para trás e ele olhava também, repeti o gesto mais uma vez, já no fim do quarteirão e ele estava voltando e caminhando em minha direção. Parei na esquina e continuei tentando completar a ligação, afinal no mínimo era mais uma estória a contar. É quando ele se aproxima e diretamente pergunta:
- Quanto você me pagaria para que eu deixasse você me chupar?
Eu o olhei de cima a baixo, repetindo para mim mesmo, mentalmente, "eu pagar para eu te chupar?", e perguntei:
- Quantos anos você tem mesmo?
- Dezoito! Respondeu ele.
- Agora tenta de novo.
Ele pensou por um segundo: - Dezessete?
- Dezesseis? Completei e virei as costas, continuando meu caminho para casa, pensando no que a mãe dele deveria pensar que ele estava fazendo aquele momento na rua.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Na Companhia de Fobos

Eu saí de lá correndo. Pernas pesavam tentando me levar colina acima e para longe daquele circo. Circo, teatro, bacanal. Dionísio sorria com certeza, com pena, com graça, debochava. E eu corria, corria até meus pulmões explodirem e minhas têmporas latejarem. Eu estava sufocando quando encostei na parede de uma casa e olhei para os fantasmas dos quais eu fugia. Ainda dava para ouvir os atores, ainda dava para imaginar toda a platéia. Homens se beijando, mulheres se pegando, casais quase se comendo. No palco, na platéia, no jardim, em todos os lugares, ao meu redor. Mas não foi Dionísio, nem Apolo, nem mesmo Hefaístion, foi Fobos, o terror, que me visitou, sentou do meu lado e beijou meus lábios. Eu não podia ficar ali e corri, apavorado. Medo do quê? Fobia do quê? Daquela pegação desenfreada, do bacanal que se formava, da morte dos meus sonhos românticos que provavelmente se daria se eu ficasse ali por mais algum minuto. Não posso, não permitir que minha vida simplesmente termine assim. Que minha única experiência amorosa se resuma a sexo com desconhecidos, beijos sem importância e masturbação a meia luz. O Amor, ó Eros, ele tem que ser mais do que isso! Então eu corri, apavorado, sem ar. Sentei no chão com medo de cair. Mas eu ainda estava perto demais e corri, corri mais, acima e além, e lembrei que um amigo morava perto. Eu não podia voltar para casa naquele estado. Tremendo, ofegante, apavorado. Pedi abrigo, santuário, e ouvidos e consolo. Sentei no chão da casa dele tentando recompor-me do pavor que Fobos manchou minha alma. Eu agora tenho medo, um medo absoluto e certeiro que o único amor que me possa ser dedicado seja o de Messalina e Sardanapalo.