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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Eu Sou Theodore



O Gato me avisou para assistir Ela (Her, Toronto, 2013) com cuidado. Ligou-me após o filme, apesar dizer que detesta spoiler, dizendo que tinha pensado em mim durante toda a fita. O enredo gira em torno de um homem solitário (Joaquin Phoenix), recém-separado, com poucos amigos e dedicado ao seu trabalho como escritor. Theodore, seu nome, vive em um futuro hipster, em que pessoas se vestem como na década de 1950 e ditam cartas para que seus computadores as imprimam como se escritas à mão fossem. Neste futuro, um sistema operacional chamado no filme de "nova consciência" é vendido e, após instalado e personalizado através de quatro perguntas, Theodore é apresentado a ela, Samantha (Scarlet Johansson). Mas Samantha é apenas uma voz, no computador. Tudo bem que ela compõe músicas para ukelêle e discute filosofia (eu avisei que era um futuro hipster), mas é com esta criatura imaterial que Theodore se relaciona, se torna amigo e, por fim, se apaixona.
Todos os amigos de Theodore apoiam o relacionamento dele com o sistema operacional. Inclusive, explica-se que aquilo tem sido comum, pessoas têm relacionamentos de amizade e amorosos com os programas. Uma cena, na minha opinião, é esclarecedora. Theodore encontra sua ex-esposa para assinar o divórcio (eles já estão separados desde o início do filme, ela aparece somente em flashbacks) e ela pergunta se ele está saindo com alguém. Ele conta sobre Samantha e que ela é um programa de computador. O diálogo que se segue é a chave para decodificar todo o filme.
As afirmações da ex-esposa sobre a incapacidade dele de lidar com a depressão dela, das exigências dele para que ela se mantivesse drogada, do afastamento dele diante da recusa dela de resolver seus problemas através do uso de medicamentos, sua percepção que Theodore não possui o amadurecimento para lidar com emoções reais, na verdade, são uma crítica de Spike Jonze, diretor e roteirista do filme, a toda geração Y e seus relacionamentos virtuais. Namoros e amizades construídas somente mediante uma rede wifi. Amigos que são incapazes de participar da vida uns dos outros quando um problema real aparece; namoros higienizados por uma total e completa ausência de contato físico entre os ditos parceiros; relacionamentos que, de fato, podem ser desligados assim que se deseja.
A crítica de Jonze me acertou em cheio. Eu sou Theodore. Sem experiências com relacionamentos reais. Catando migalhas entre aplicativos e redes sociais. Sem uma vida própria e construindo ficções de relacionamentos (amigos e amores) impossíveis de se realizar fora da rede mundial de computadores. Eu tenho 32 anos e a maturidade de um garoto de 22 anos (yes, I had been tested) porque, além de estudar, o que eu fiz mais na minha vida?
Isso talvez explique minha dificuldade em construir relacionamentos. Eu, imaturo, atrairia também garotos imaturos (eu sou realmente assediado por garotos entre 16 e 23 anos, homens mais velhos não olham para mim nem por decreto presidencial ou bula papal), os quais podem não estar interessados em relacionamentos ou, quando estão, podem se decepcionar porque eu não sou o homem maduro que eles procuram quando olham para alguém de 32 anos.
Eu sou como Theodore: vazio e incapaz de oferecer qualquer coisa na troca que é um relacionamento entre duas pessoas. Eu não fiz nada, eu não construí nada, eu não consegui nada, eu não possuo nada, eu não tenho nada do quê me orgulhar. Eu só acumulei um monte de conhecimento que se eu pensar em externar sempre vai soar como arrogante. Eu, como Theodore, sou incapaz de me relacionar com sentimentos e pessoas reais porque eu não tenho a experiência necessária. Não desenvolvi em minha vida as ferramentas que são úteis para a construção de relacionamentos humanos. Não tenho inteligência emocional, mas meu Q.I. é de 120 pontos. Não tenho a mínima experiência, não tenho a menor capacidade, não possuo nenhum talento.
Não é a toa que meu único namoro foi virtual, que todos os meus amigos só existem através do Whatsapp, Jonze conseguiu descrever minha vida ou o futuro dela, porque como seu personagem central minha inaptidão torna impossível que eu possa construir qualquer relacionamento com um ser humano. Meu futuro é um S.O. também, por mais nojento que assistindo o filme tenha me parecido a experiência, mas nenhum ser humano seria capaz de desejar ficar do meu lado. E isto é um fato.

42 comentários:

  1. Finalmente você viu o que estava na cara o tempo todo. Agora a opção é sua: ou aceita essa condição e vira um parasita miserável, ou usa essa descoberta para mudar os rumos da sua vida. É responsabilidade demais, porém somente você pode decidir o que fazer.

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    1. Eu sempre soube disto, Anônimo, e apesar do seu tom de ataque (o que o fato de vc não assinar seu comentário indica que era seu objetivo central) , eu te informo: eu tentei mudar os rumos de minha vida mais vezes do que posso lembrar, eu poderia citar inúmeras tentativas que deram com os burros n'água, mas para você soariam somente como desculpas esfarrapadas. Seria ótimo se esta situação toda dependesse somente de minhas escolhas, mas você se esquece que para eu adquirir experiências genuínas com oitros seres humanos é necessário que eles tenham interesse em compartilhar suas vidas comigo. Esta decisão não cabe a mim. Por mais que eu deseje aprender, por exemplo, o que é ciúme ou fidelidade, eu preciso estar dentro de um relacionamento para explorar estas experiências e aprender com elas. Como você disse, é responsabilidade demais, quem entraria nesse barco comigo? Ninguém, convenhamos, toparia isso. Ou estou errado?

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    2. Erradíssimo.

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    3. Pois então, me carissímo, me apresente esta pessoa disponível para me ensinar, pq eu estou ansioso por aprender.

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  2. Foxx, meu caro, não puxe pra si todas as agruras de um mundo construído sobre a fantasia virtual de sermos sempre belos, inteligentes e bem sucedidos. Tive a mesma percepção de critica que vc qdo assisti ELA. A geração Y é um grande balão de ar, lindos e perfeitos, mas vazios por dentro, e não é culpa da internet, mas da própria família que trancou seus filhos dentro de apartamentos com vídeo games de ultima geração para não se preocuparem em ensinar-lhes como se portar na rua. São centenas de motivos, não apenas o medo, mas outros fatores mais graves que geraram uma sociedade jovem incapaz de se envolverem fisicamente, como vc mesmo menciona. Minha geração estava neste liame, mas ainda consegui ter uma infância, adolescência e parte da vida adulta carcada no contato físico, naquele onde vc é obrigado a se impor e depois dividir para conseguir um lugar ao sol. Aos 41 anos, eu consigo entender vc e consigo vislumbrar que basta apenas um querer, como disse o anônimo acima para que esse mundo se rompa e de dentro do balão de ar, saia alguém que aliado a inteligência intelectual, possa também aprender a inteligência emocional...basta querer. Abração.

    Ps.: gostei muito do ponto de vista desse post, se me permitir tb quero discursar sobre isso. Sempre com os devidos créditos....ok!

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    1. É muito bom ver que outras pessoas interpretaram obrasd e arte como nós, da uma sensação de que acertamos. Agradeço por vc ter ampliado a discussão para a geração Y, vc realmente tem razão. Eles são criados para viverem estes relacionamentos protegidos por barreiras virtuais porque "o mundo anda muito violento". Um geração de ermitões.
      Eu também tive uma infância com contato físico e uma adolescência tb, mas acho que na adolescência meus contatos eram, definitivamente, mais sexuais que emocionais, e esse é o problema. Eu sei me comportar numa situação sexual, mas não sei absolutamente nada sobre sentimentos. Eu gostaria de aprender, mas isso não se aprende em um livro, sozinho, eu preciso de um professor, de alguém que se disponibilize a, estando do meu lado, gerar as situações que me permitam aprender, e essa pessoa não existe. É nesse único ponto que discordo de vc. Infelizmente, não basta somente querer, eu preciso de outra pessoa disponível.

      Ah, eu vou adorar que vc continue a discussão. É otimo saber que servi de musa para você. =)

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  3. Eu também fiquei meio baqueado quando vi esse filme. E eu acho que a opção da estética hipster foi justamente pra afetar exatamente esse público, que, coincidentemente ou não, parece viver nesse balão que o Rafael comentou aí em cima.

    Eu também gostei muito do comentário dele.

    Sobre você ser o Theodore, eu acho que todo mundo se sentiu um pouco assim ao ver o filme. Todo mundo que se identifica com tecnologia e tem dificuldade de relacionamento. Você não é o único. Você pode achar que é o que vive isso com mais intensidade, essa realidade de solidão disfarçada por companhias virtuais, mas não é verdade.

    Tá cheio de gente aí fora sentindo a mesma coisa que você. É difícil pra todo mundo.

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  4. uma das melhores reflexões q vc propôs por aqui Foxx ... mais q pertinente e verdadeira ... o comente do Foxx e do Antônio complementam bem ... qto a mim só me resta ter pena desta geração ... mas os frutos serão colhidos por ela mesmo não por mim ... graças ...

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  5. Bem boa mesmo sua reflexão.
    Todo mundo tem um lado Theodore, vejo isso com amigos e muita gente que tenho contato !
    Mas eu acho sim que dá pra mudar a situação.
    A gente vai aprendendo as coisas com as pessoas erradas mesmo na vida, não tem uma pessoa certa que vai ficar ao seu lado mostrando a vc o que está errado e é em determinada questão que vc tem que melhorar pra se relacionar, mesmo porque há tanta diversidade de pessoas que é dificil saber o que é errado ou certo em relacionamentos. As pessoas vão embora da vida da gente por N motivos, e alguns deles são pelos nossos defeitos ou pelos nossos erros, que ai depois, a gente vai tentar consertar pra gente mesmo e não para o outro. E é a partir dai (eu acho), que a gente vai criando a tal da inteligencia emocional, como na vida toda e em todos os setores a gente usa um pedacinho daqui, outro dali e vai tirando experiências e conclusões, quase tudo é aproveitável.
    E quem nunca pensou na vida, em algum momento, que nenhum ser humano seria capaz de ficar ao seu lado ?
    Fique bem ! Abraço !

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    1. Olá, Marcos, como vai? Eu sempre sinto muito orgulho de ver você lendo o blog, de verdade. Fico feliz.
      Mas eu preciso te dizer que você interpretou o que eu disse de forma errada. Você entende que eu estou falando de uma pessoa especial, que eu não aprendi a desenvolver meu emocional porque não estive em um relacionamento com "a pessoa certa". Você se equivocou. Eu afirmei que não estive em relacionamentos e não aprendi nada, mas estes relacionamentos são tanto aqueles que você considera com a pessoa certa como aqueles que você define como erradas. Eu não tive relacionamentos. Meu histórico, aos 33 anos, conta com UM namoro a distância (2010) e UM rolo (2013) que duraram 6 meses cada um. E só. Eu não tive relacionamentos errados, e nem certos, eu não tive nada.
      Você afirma que quase tudo é aproveitável para desenvolver o lado emocional, e eu imagino que seja, mas eu quase não tive nenhuma experiência para aproveitar. Por isso, minha experiência é quase nula. Eu sei falar sobre sexo, eu sei me comportar numa relação sexual, porque foi a única situação a que fui exposto, toda minha experiências se dá com sexo anônimo. Será que você me entende?
      Eu sei que é meio inacreditável, mas essa é minha realidade. Eu, por exemplo, nunca fui pedido em namoro. Nunca tive uma crise de ciúmes. Eu nunca fui com um namorado ao cinema. Eu nunca briguei com um namorado. Etc, etc, etc. Eu não tenho essa experiência, me entende?

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    2. Oi Foxx !
      Ninguém melhor que vc pra saber da sua vida, talvez eu tenha mesmo me equivocado e não dado a real atenção a que vc escreveu. Talvez eu tenha me expressado mal, eu escrevi pensando até nessas pequenas expeiências, mesmo que somente sexuais como algo aprovetável. É mesmo meio inacreditável. Mas eu sempre acho vc duro demais consigo mesmo e penso se vc se dá a chance as vezes ...
      Mas uma coisa não mudo: eu acho sim que tudo pode mudar.

      Abraço !

      P.S: Gosto de ler seu blog, fiquei intrigado em saber por que vc sinta orgulho em me ver lendo por aqui ...

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    3. Oi Marcos.
      Claro que é uma honra, você frequenta e comenta blogs de pessoas muito interessantes, se você gosta de ler o que eu escrevo, significa que estou fazendo alguma coisa direito neste bloguinho.
      =)
      Como assim eu sou duro demais e não dou chances? Você acha que eu não me permito conhecer ninguém? Não entendi. Você pode me explicar melhor?

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    4. Oi Foxx !
      Quando vc escreve de si mesmo, pelo menos é essa impressão que tenho, vc fala mais dos seus "defeitos" e de coisas "não legais" que acontecem do que o contrário, e me questionei a que ponto isso influencia vc, é isso que quis dizer ...
      Mas vai ver que é viagem minha ...
      Abraço !

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    5. Não, Marcos, não acho que seja viagem sua. É bem provável que você esteja correto mesmo, que eu fale demais sobre meus defeitos e sobre coisas ruins que acontecem comigo. Isso é tão verdade que eu pensei em fechar o blog porque eu não tinha nada positivo para falar sobre mim ou minha vida. Decidi manter o blog, e estou tentando mudar essa situação, evitando falar de mim, de minha própria vida porque não existem coisas boas acontecendo comigo e nem nenhuma qualidade minha que mereça figurar aqui. Eu quase não publiquei esse texto exatamente porque ele só falava do quão ruim é minha vida e eu me prometi não escrever mais sobre isso (inclusive vou apagar um outro texto que eu estava escrevendo agora mesmo). Não quero incomodar ninguém com minha vida chata.

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    6. Oi Foxx !
      Não sei se seria o caso de fechar o blog, e muito menos de vc não escrever sobre vc e o que acontece em sua vida, a não ser que vc queirqa mesmo. Afinal, um blog serve para isso mesmo, é quase como um diário do que queremos compartilhar com os outros.
      E mesmo que vc ache que não haja qualidade sua que mereça fugurar aqui, vc conseguiu fazer vários amigos por aqui, que não pensam muito em vc como uma pessoa que incomoda, pelo menos esse é o meu caso, e muito menos tenho pena de vc (caso vc pense isso em algum momento).
      Veja ai, mas gosto de ler os seus textos, sejam eles sobre vc ou não, e acho que essa e outras conversas que vc tem por aqui são bem positivas, faz a gente e vc pensar um pouco sobre as coisas que as vezes, há em comum entre nós, falar (escrever) sempre é legal, dividir !
      E quanto a vida chata, ela é mesmo chata ? Diria que impossível ser 100% do tempo chata, uma coisa e outra bem legal e que as vezes salva o dia sempre acontece, mesmo que não seja no quesito que a gente mais queria que acontecesse.
      Bom, acho que as pessoas por aqui, gostam de vc e se te lêem, é porque gostam, mas uma vez, quem está achando aspectos negativos e chatos, é vc. rs !

      Abraço !

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    7. Olha, Marcos, infelizmente não é impossível. Eu passo a maior parte dos meus dias sozinho dentro de casa (trabalho em casa), só saio para ir a igreja, unicamente. Não tenho amigos na cidade que vivo, então a não ser que vc considere o chocolate que eu comi ou o episódio da série que eu assisti antes de dormir como o 0,01% que impede o dia ser 100% chato, acredite minha ida é uma bosta.
      Sobre quem acha meus textos ruins, não sou eu, mas inúmeros blogayros que já afirmaram categoricamente que meu blog é um muro das lamentações. Um lixo. E não foi apenas um, mas vários. Muitos! Durante muito tempo.

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    8. Acabei de ver que vc falou com o Marcos sobre alguns blogueiros não gostarem do seu texto ou do seu espaço. Sabe o que digo para eles? FODAM-SE todos. Vc é um dos caras que mais produzem aqui. Conteúdo diverso. De todo tipo. Continue assim. Seja o rolo (ou a rola) compressor(a) para essas mentes que não conseguem ver o quão delicioso seu espaço é.

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    9. Nossa, vou emoldurar este comentário pra ler todo dia antes de vir escrever no blog.

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  6. Foxx, meu querido, decidi ver este filme numa sessão entre amigos num sábado à tarde. As meninas queriam ver um meloso, uma comédia romântica e eu falei deste filme que tinha achado interessante e somente eu e o namorado de uma delas se animaram pra ver. E vimos.
    Confesso: fiquei perturbado também. ELA nos leva a questionar tantas coisas, tantas posições, atitudes nossas imersos nesta geração Y. Onde estão aquelas tardes entre amigos, para jogar conversa fora, rir, planejar o futuro? Fico comparando como era a minha vida na cidade interior, no início da minha adolescência e minha vida hoje, 70% virtual (quiçá até mais que isso) e pensado: o que será do meu futuro se eu continuar me rendendo a essa virtualidade dos relacionamentos? Eu não quero terminar como Theodore. Não mesmo! Abração!

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    1. Eu nunca tive tardes com amigos, essa adolescência que vc fala, só tive "amigos" depois da internet, lá pelos 19 anos e com conexão discada. Eu sempre fui o Theodore.

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  7. É realmente incrível como a gente pode ter diversas relações com a mesma obra de arte, sem que essas relações estejam erradas ou certas. São apenas pontos de vista que são despertos por um conjunto de experiências que eu chamaria, aqui, de bagagem emocional.

    Recentemente, também assisti a "Ela" é tive outra leitura. Mas lendo o seu texto, eu vejo que ninguém tem razão. Ou todos temos. Na minha concepção, o filme apenas revela o que eu já tinha pensado há algum tempo: a forma não importa, sim o conteúdo. Theodore não se apaixona por uma pessoa porque ela é linda, tem uma voz sexy, entende de filosofia e programação binária. Ele se vê, pela primeira vez, confrontado por "alguém" que o questiona, que estimula o seu intelecto. Que o faz pensar e sentir esse pensamento, que é a maior conexão que uma pessoa por ter por outra, mesmo que essa outra pessoa, no filme, seja um sistema operacional.

    De repente, ao adicionar sua percepção à minha, vejo a falta que o diálogo faz na vida das pessoas. Vivemos num mundo do sexo rápido, dos relacionamentos relâmpagos, onde as pessoas apaixonam-se na balada numa sexta-feira para brigar na segunda porque descobriram ser diferentes em muitas coisas. Num mundo que o diálogo não existe e a forma sobrepuja o conteúdo.

    Quando todos nós (re)aprendermos a namorar, isso pode vir a mudar. Namorar sim, conhecer, trocar telefones, falar algumas vezes antes de marcar para sair, passar pelo nervoso do que vestir, como se pentear, como se comportar, como falar, que filme ou peça de teatro assistir, que comida propor depois do programa cultural e, principalmente, deixar para transar depois do 5º encontro. Parece coisas daquela menina Polyanna, mas eu percebo que casais que passaram por esse processo, estão mais aptos a dialogar e aparar arestas, do que aqueles casais que simplesmente partiram para a cama é, apenas depois, resolveram dizer quais seus nomes eram.

    Se quiser ver meu post sobre "Ela", clique aqui:
    http://meudiariodebordo.blogspot.com.br/2014/04/sobre.html

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    1. Eu li seu texto sobre o filme antes de tê-lo visto, inclusive, amigo. E eu concordei com ela, mas agora eu não concordo com o ultimo parágrafo do seu comentario. Não pq soa como Polyanna, mas porque soa como um moralista. Eu, mas que ninguém, sei que sexo no primeiro encontro só da merda, porém defender a hora certa de fazer sexo sempre será uma imposição. Vc inclusive define que o programa tem que ser cultural. Eu prefiro ir a um bar, conversar. Acho que vc está enganado, os dois que partiram para cama e só souberam os nomes depois podem durar muito mais do que que. Só fez sexo no décimo encontro. Não é a forma que o relacionamento co...
      Gente, como eu sei disso? Nunca tive um relacionamento. Retiro o que eu disse. Vc tá certo. É assim mesmo.

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    2. Meu lindo, meu amigo. Se pareceu lição de moral, por favor me perdoe. Não era para ter sido. Na verdade, eu apenas divaguei sobre o que eu mesmo acho de um primeiro encontro. A parte mais importante é sem dúvida o "conversar antes de sair". Ver se existem coisas em comum que os dois gostem, independente de que sexo sejam essas pessoas. Afinal de contas, existe uma predisposição de todos a se gostarem quando o interesse está declarado. Contudo, comportamentos e atitudes podem fazer com que esse interesse aumente ou diminua.

      O que eu percebo hoje é uma falta de interesse em se mostrar. Em abrir o coração porque todos estamos preocupados em não nos machucarmos.

      Particularmente, nunca tive essa preocupação. Se machucar, sofrer de amor, chorar e se reerguer depois faz parte. Nos constrói e nos ensina a ser menos cínicos com a vida. Identificar, depois de um tempo, quem realmente tem interesse por nós, ou apenas usar nossa parte física.

      Não vou ser hipócrita de dizer que um conceito de beleza não rege as nossas escolhas. Mas essa beleza precisa ser confirmada com um pouco de sapiossexualidade, como vc mesmo colocou. Senão, seremos apenas um lago lindo, mas raso, onde as pessoas que tentam mergulhar são de cara no banco de areia.

      Sobre relacionamentos, não existe certo ou errado. Existe a palavra do coração. Siga ela. Não estou certo por estar casado mais do que você poderia estar corretíssimo estando solteiro.

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    3. Oi, moço...
      Não foi que pareceu que você estava me dando uma lição de moral, sabe? Eu sei que você falava do que vc considera um primeiro encontro perfeito, mas sempre que fazemos isso ficamos impondo uma perfeição para o outro, não é?
      Sobre isso do aumento do interesse, é exatamente o que eu vejo acontecer mesmo. Aumentando em alguns casos, diminuindo também. Mas eu, particularmente, nunca conheci ninguém que pesasse algo mais do que a beleza.

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  8. Deixa eu começar falando da sua capacidade invejável de fazer sinopses e resenhas??? Cristo, que inveja grande que eu senti agora...

    De alguma forma eu entendo o quão é importante pra vc ver a consciência desse self seja ele real ou montado pelo sindicato de dementadores que vivem em cima da sua cabeça. Minha aposta é que assumir esse papel gera o sentimento de algum controle pelos sentimentos oriundos dele, mas perceba.. É angustiante pro leitor, mesmo!!! Principalmente quando a escrita em si acaba sendo uma ilustração do contrário do conteúdo.. Há tanta articulação, clareza e expertise na sua fala que é complicado aceitar a teoria de que este autor seja essa pessoa tao absolutamente desinteressante ainda que argumente isso com fatos concretos e claros...

    Terminei de ver o filme em prantos, é seguramente o filme que mais chorei na vida, quando tentava explicar os motivos do choro ao calopsita voltava a chorar... Sou um grande defensor da cibercultural, mas claro que sei que ela tem colaterais e claro que eles me batem tmb... O diretor tmb me acertou em cheio, mas no fundo qq critica ao estilo de vida que trouxe pessoas como o Calopsita, o ex dawson's creek vc e tantos outros, não me faria o menor sentido, pq vcs são parte do que sou e acho que seria uma pessoa pior se não tivessem passado pela minha vida...

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    1. Gato, eu me considero desinteressante porque ninguém se interessa. Se eu tivesse algo pelo que alguém se interessar (e ninguém se interessa pq eu sou inteligente, isso é um fato, afinal quem diz que procura alguém inteligente, "sapiossexual", só está mentindo), eu não estaria sozinho, não é? Eu sei que vc nãonquer aceitar isso, mas é um fato. Ser inteligente não me torna interessante. Normalmente, inclusive, joga contra, pq a pessoa se sente amedrontada. Infelizmente é esse o mundo que vivemos, querido, infelizmente.

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    2. É um prazer ler um post seu “daqueles” e, como complemento, um comentário do Gato! E, como fã número 1 do felino (rs), devo reconhecer que, mais uma vez, ele tem razão. Continuo na mesma tecla: você apenas ainda não deu sorte de encontrar alguém que perceba que você é interessante sim! Talvez seja culpa do “ambiente”, não sei avaliar. Do meu ponto de vista, ser inteligente é o que torna uma pessoa interessante. Os outros atributos apenas complementam esse central. Do pouco que consigo observar, acredito que você continua transitando pelos ambientes errados, afinal, se as pessoas, como você mesmo diz, se sentem “amedrontadas”, isso só comprova o que eu estou tentando dizer, né!
      Abração

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    3. É um post daqueles, Adriano? Eu fiquei aqui com medo de ser meloso, de ser mais um texto de eu reclamando da vida, quase o excluí algumas vezes. Que bom que você gostou, mas eu ainda acho que este é o tipo de texto que eu não devo escrever mais por aqui. Tô tão cansado de ser o reclamão cuja vida é uma merda! Tão cansado!
      Pois é, eu não duvido, Adriano, que o problema pode ser o meio ambiente. Mas eu não posso, mudar daqui não é? Então a não ser que eu conheça alguém que esteja mudando para Natal (eu nunca fiquei com um natalense, sabia?, sempre com caras de fora da cidade, de alguma cidade do interior, ou de outro estado), ou alguém que more fora de Natal e eu mantenha um relacionamento virtual (meu único namoro foi assim inclusive), eu sempre estarei sozinho sim.
      Sobre as pessoas que se interessam pela inteligência, todo mundo diz que é isso que procura, vc sabe?, mas pelo menos aqui, a única coisa que importa é a embalagem, e como eu não sou tão bonito assim, nem tenho o corpo sarado, e nem tenho o dinheiro necessário para ter o carro certo, morar no bairro certo e usar as roupas certas, que chances eu tenho?

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    4. ELE TEM A BUNDA LINDA.. TEM SIM,. FICA FAZENDO A FEIA.. MAS SINCERAMENTE COM UMA BUNDA DAQUELA MUITA GENTE GANHA VIDA.. FALEI.. VRÁÁÁÁÁ

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    5. Kkkkkkkkkk
      Que estória é essa, Gato?
      Olha que invisto nessa profissão.

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    6. Bingo ! Talvez os cara tenham matado a charada ! O lugar errado !

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    7. De fato, Marcos, eu vivo numa cidade em que o carro e as roupas que vc usa, o corpo sarado que vc ostenta e o quanto vc gasta por noite nas boates mais caras e mais chatas contam muito mais do que qualquer coisa que eu tenha a oferecer. Isto é um fato! Pena que não posso (novamente) tentar fugir daqui.

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    8. Mas talvez vc pudesse tentar começar a planejar uma fuga, talvez nada imediato, mas apenas começar a pensar ...
      Me parece que na sua situação, uma mudança seria bem vinda ...

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    9. É, Marcos, mas aí é aonde eu tenho culpa, e admito. Eu não tenho coragem, não mais de ir embora de Natal. Foram 5 anos em Belo Horizonte que só me fizeram perder o.pouco que eu tinha aqui. Eu tinha uma vida profissional estável e vários amigos e larguei tudo em busca de amor, 7 anos depois estou sem emprego, sem amigos e sem amor. Eu, sinceramente, tenho medo do que posso perder agora pq, digamos, antes eu tinha o que apostar, agora eu não tenho com que dar o primeiro lance sabe?
      Pensando bem, eu nem teria como viajar para qualquer lugar que fosse para tentar de novo...

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  9. Fiquei com muito medo desse filme. Só digo isso! Hugz!

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    1. Por que, Fred, você já teve algum relacionamento virtual?
      =)

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    2. Vários. Incluindo o nosso! Hahaha! E sim, Foxx!! Estás coberto de razão: nada que inclua o Neymar pode ficar bom, não!

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    3. Kkkkkkk! O nosso? O nosso é muito amor, Fred.

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    4. Muito amor e "aquela" bundinha redondinha que não me sai da(s) cabeça(s)... hahahahahaha! Xêros!!!!!!

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    5. whaaaaaaaaaat?
      que estória que vc ainda lembra disso, moço?
      =O

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  10. Ah que engraçado essa é a segunda crítica que leio desse filme hoje e olha que ainda são 01:51 da madrugada, vejo que ele está em alta, mas querido, acho que você não precisa ser tão duro consigo mesmo, tente ver suas qualidades, não tô tentando cagar regra, ou parecer livro de auto-ajuda, o comentário não tem esse intuito, mas se você não está contente com quem é por que não tenta mudar, não vai ser fácil, mudar nunca é fácil, mas veja a pessoa que você quer ser e tente sê-la, beijos e boa noite querido, quando puder visite-me.

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    1. Oi Renatx, como vai?
      Obrigado pelo seu comentário, mas como eu disse ao Anônimo ali em cima, mudar exigiria a participação de outra pessoa, o que não gosto em mim e desejo mudar é minha falta de experiência em relacionamentos e, a não ser que eu contrate alguém para me namorar e/ou ser meu amigo, não vejo como seria possível alguém desejar ficar ao meu lado tempo o bastante para me ensinar algo.
      Será que me faço entender?

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway