Janeiro começou com profundas transformações na minha vida. Finalmente eu me assumi, de verdade, para os meus pais. Os únicos que não tinham, ainda, ouvido da minha boca que eu sou gay. Falei, então, com todas as plavras em meio a uma discussão que, como resultado, fez com que eles me expulsassem de casa. Falei sobre isto aqui e aqui. Então somente me restava procurar um lugar para morar, o que demorei a encontrar, somente em abril eu encontrei, mas chegamos lá.
Em fevereiro eu passei o mês entre repensar meus relacionamentos com homens, decidido que eu estava em manter-me celibatário apesar dos inúmeros conselhos para que eu não fizesse isso, demonstrei minha dúvida com um texto, este, e discutindo sobre política. Através do Twitter, a graciosa Heloísa Helena, ex-candidata a presidência, me destratou mandando-me a merda porque a acusei de ser participante de todas as agressões homofóbicas que aconteciam pelo país ao ser contra o PLC 122 que criminaliza a homofobia. Por causa disso eu dediquei um texto (este aqui) para explicar o que todo cidadão gay precisava saber antes de votar.
Já em março, decidido por causa dos conselhos das runas, do tarô, de vários amigos, eu tentei me abrir mais e conhecer pessoas, tive um Encontrinho (parte 1 e 2), tentei novamente, e obviamente ambos terminaram em nada, nem uma coceirinha boa no coração. Também foi no mês de Marte que Marco Feliciano entrou nas nossas vidas, eu assustado e chocado escrevi sobre ele aqui, e este texto foi o quarto mais lido em 2013. Eu só pensava e ainda penso o quanto este país está caminhando para uma ditadura religiosa nos moldes das teocracias muçulmanas do Oriente Médio.
Abril, no entanto, viu minha vida mudar radicalmente. Primeiro eu conheci o primeiro menino a me pedir em namoro na vida, o Mr. Creepie, foi surpreendente para mim ver alguém que demonstrava estar interessado por mim de fato. A presença dele em minha vida, de fato, modificou toda a forma como eu lidava com minha solidão o que favoreceu que outras pessoas aparecessem em minha vida também. Eu estava despreocupado e nos meses seguintes outros surgiram. Também foi em abril que eu consegui sair de casa, escapando dos problemas diários que eu enfrentava com minha família, eu pude respirar aliviado no meu próprio apartamento.
Em maio eu ainda estava falando sobre o Mr. Creepie, tentei explicar quem ele era para vocês, mas eu estava surpreendido com todas as mudanças que estavam acontecendo em minha vida, era como se Saturno tivesse deixado minha vida, finalmente. Eu recebi meu diploma de professor doutor, eu estava vivendo tranquilamente na minha casa nova, e até vários meninos estavam demonstrando interesse em mim, vários meninos inclusive mais interessantes que o Mr. Creepie, o que o fez ficar muito irritado quando descobriu que eu ficava com outras pessoas exatamente como ele também fazia. No fim do mês eu contei que terminamos tudo (aqui), não derramei nenhuma lágrima por isso.
Eu imaginei que uma nova era estava começando, foi como junho se iniciou, eu pensava que a partir dali os homens não iam simplesmente sair comigo para fazer sexo e depois nunca mais dirigir-me a palavra, eu achei que a partir dali eu teria encontros nos quais eu conheceria as pessoas melhor, elas também me conheceriam melhor, e a partir daí seria possível construir um relacionamento. Foi assim que conheci o Menino Bonito, e foi assim que nosso relacionamento se deu. E eu me apaixonei. Nos meses seguintes que continuamos a nos encontrar, rompendo todos os paradigmas anteriores, eu o conheci melhor e me apaixonei por ele; infelizmente, eu não fui correspondido, mas não vamos colocar o carro na frente dos bois.
Até porque, enquanto eu estava me apaixonando, o Brasil estava virado de cabeça para baixo. Primeiro a Comissão de Direitos Humanos propôs rever a decisão do Conselho de Psicologia sobre a definição da Homossexualidade como doença. Eles queriam propor uma tentativa de cura dos gays. Este texto foi o mais lido no ano aqui no blog, as pessoas realmente estavam preocupadas com esta ascensão religiosa no Brasil o que se confirmou quando os brasileiros saíram as ruas para reinvindicar direitos como nunca aconteceu em nossa história, tudo por causa de uma #RevoltaDoBusão começada aqui em Natal.
Mas o fato é que em julho eu estava apenas preocupado com meu Menino Bonito. Foram quatro de nove textos sobre ele, inclusive este aqui, "Uau!", foi um dos mais lidos no ano. Os outros textos eram sobre a minha série Homohistória (2), enquanto os três outros falavam sobre minha vida sem o Menino Bonito, um deles, Puta Velha, também ficou entre um dos mais lidos do ano.
Agosto, no entanto, mês do meu aniversário, foi um mês que passamos afastados. Ele decidira por investir no outro menino com quem ele saía além de mim, afinal não éramos exclusivos, e nos tornamos apenas amigos. Dediquei-me, neste mês então, a falar sobre filosofias e aventuras, amorosas ou não, tudo para evitar pensar sobre aquele que estava dentro do meu coração o tempo todo. Foi no fim de agosto que ele também descobriu o meu blog, e descobriu tudo o que eu falava sobre ele aqui, eu estava exposto, totalmente.
Porém, setembro não trouxe novidades. Não neste aspecto, já em relação a minha casa. Eu me mudei no início do mês. Por causa de alguns problemas que eu estava tendo com minha roomate, eu juntei minhas coisinhas e fui morar na minha atual casa, uma casa de um quarto apenas, em uma vila, na rua dos meus pais. No entanto, em outubro, como o relacionamento dele não havia dado certo, ele voltara a frequentar a minha casa, porém agora sabia sobre meus sentimentos. Eu achei que agora poderia investir, tentar fazê-lo ver que eu poderia ser o cara a fazê-lo feliz. Não funcionou, o que não me impediu de continuar saindo com outros caras, inclusive pagando por sexo também, e de dedicar-me a mim também, graças a mudanças no trabalho (eu passei a trabalhar em regime de home office), eu pude voltar, neste mês, a academia.
Em novembro outros homens passaram pela minha cama além dele, mas ele resolveu encerrar tudo comigo. Disse que se continuássemos ficando eu nunca deixaria de gostar dele e não havia nenhuma chance dele vir a gostar de mim. Concentrei-me, então, a deixar minha casa um lugar confortável para mim, também viajei para esquecê-lo, tudo para no fim ele deixar de falar comigo. Contudo, meu amor por ele vai ficar guardado com o melhor que me aconteceu em 2013 e eu sou grato por tê-lo conhecido. Muito grato.
Dezembro encerrou o ano comigo sendo despedido, a minha fase como gestor de mídias sociais se encerrou e eu fiquei em dúvidas em relação ao que quero fazer com minha vida de agora em diante, possíbilidades se abriram, mas em qual delas apostar? Qual delas pode me trazer, financeiramente, um bom resultado? Qual delas pode me trazer felicidade? Deixei para resolver isto em janeiro. Este mês também encerrou minha série Homohistória, logo logo publicarei os textos em formato de livro. Já neste mês eu me dediquei basicamente aos corais que participo, inclusive estou bastante íntimo de alguns dos membros, talvez possamos ser bons amigos, e também a Igreja em que congrego, eu, inclusive, fui aceito para o seminário para tornar-me sacerdote. 2013 terminou muito melhor do que começou, com certeza.
Talvez este seja o último texto do Estórias do Mundo, neste caso adeus, ou talvez eu volte em 2014 cheio de novas estórias para contar, neste caso até logo. Eu não sei ainda, depende se ainda há alguma estória minha para contar. Mas feliz ano novo a todos!