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terça-feira, 2 de abril de 2013

China: O País das Mulheres



Na tradição cultural chinesa confucionista, a mulher era considerada um ser inferior ao homem. Segundo os Anacletos de Confúcio, sua inferioridade chegava ao ponto de além de não precisarem de nenhum esmero em sua educação, ela não precisava nem ser batizada, sendo as meninas comumente chamadas apenas como "Filha Número 1", "Filha Número 2" e assim por diante. Criada para o casamento, a mulher chinesa deveria obedecer seu marido e dar-lhes filhos. A primeira mulher a desafiar esse status quo foi a imperatriz Wu, que introduzindo o budismo na China, por volta de 200 d.C., rompeu com as tradições confucionistas que mantinham a submissão das mulheres. Durante seu período de reinado, ela ordenou que os historiadores escrevessem biografias sobre grandes mulheres da China, e repetia que o governante ideal do império é aquele que governa como uma mãe que administra os dotes de seus filhos.
Apesar disso, uma lenda sempre conviveu com esta situação de submissão patriarcal: o País das Mulheres. Este situava-se no sul do Tibete, ou numa ilha isolada no Pacífico. Ele, acreditava-se, estava inacessível para uma viagem normal, explicava-se que a água ao redor da ilha não permitia que os barcos flutuasse e eles sempre afundavam. Apenas viajantes ocasionais chegavam vivos as praias ou fronteiras do país e estes contaram que ele era habitado apenas por mulheres. Sua comunidade seria completamente funcional, sem a presença de homens e, portanto, também as relações sexuais aconteciam somente entre mulheres. Elas ficavam grávidas ou por dormir ao ar livre, e neste caso seriam engravidadas pelo vento sul que sopraria através de seus corpos, ou por tomar banhos em piscinas de água. Às vezes, no entanto, tinham meninos, estes quando nasciam acabavam por morrer antes da idade de três anos.
Contudo este mito pode ter um fundo de verdade, as mulheres da tribo Mosuo. O livro do argentino Ricardo Coler, O Reino das Mulheres, fala sobre este último reduto do matriarcado que se localiza ainda hoje na fronteira chinesa com o Tibete. Entre os Mosuo, por volta de 25 mil pessoas, as filhas são mais desejadas que os meninos, o lar é tutelado por uma matriarca que, arduamente, organizam as finanças do lar, criam seus filhos, que vivem com elas. Elas tem a liberdade para ter inúmeros parceiros, inclusive ao mesmo tempo, e raramente os parceiros vivem com as mulheres em suas casas. Segundo Coler, um dos aspectos mais interessantes é o que ele chama de "casamentos erráticos". Estes casamentos tem como única base a validação do afeto entre o noivo e a noiva, quando este afeto acaba, o casamento pode ser facilmente desfeito, eles referem-se um ao outro como "amigos". Como o casal nunca viveu junto, não existe partilha de bens ou simplesmente a ideia de custódia dos filhos, pois ambos pertencem somente a mulher. Na tribo Mosuo não existe uma palavra para dizer pai, a propriedade é transferida da mãe para a filha, e os filhos são tratados como habitantes da casa, apenas. Estes, mesmo depois de casados, continuam vivendo nas casas maternas, os encontros entre os noivos se dão sempre na casa da mulher. Em sua sociedade a prostituição e o estupro são conceitos desconhecidos.
Acrescenta Jacques Gauthier que a amizade feminina é muito importante nesta sociedade. Ela também conta que as meninas aos 13 anos passam por uma iniciação em que ganham seu próprio quarto e com isso tem o direito de receber amantes em seu quarto, os quais são escolhidos normalmente por ela, mas às vezes são os homens quem tomam o primeiro passo. Os filhos gerados destas uniões na verdade não costumam conhecer o pai, a única presença masculina na vida destas crianças é dos tios que vivem na casa da mãe. São poucos os casos de relacionamentos que são chamados de "abertos", porque todos sabem do relacionamento do homem e da mulher, já que normalmente os encontros sexuais são fortuitos e sem a pretensão de casamento, este amante fixo, no entanto, não exige fidelidade, a mulher pode ter outros amantes, porém o fixo tem primazia sobre os outros.
O governo chinês, desde a Revolução Comunista de Mao Tse Tung, tem tentado mudar o modo de vida dos Mosuos. Se pretende que eles assumam a vida familiar burguesa, isto é, mononuclear, com a casa somente para o casal e seus filhos legítimos, expulsando da casa essa familia ampliada que envolve todos os tios e tias. Tais tentativas no entanto tem fracassado grandemente, e eles têm mantido seus costumes ancestrais. 







10 comentários:

  1. Muito interessante, devia ter uma tribo Mosuo só de homens.
    Obrigado por me defender no blog do Serginho (sofro muito rsrsrsrs)
    Bjux

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  2. Essa mulherada é danada! Hehehehe! Adoro teus posts que me abastecem de conhecimento... Bjs!

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    1. que bom que vc gosta, Fred.

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    2. mas e muito boum mesmo de ler gostei muito adorei eu queria que vc procurace esse seriado teen wolf

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    3. Mas pq eu deveria ver Teen Wolf?

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  3. um post do FOXX equivale a todas as minhas aulas de história juntas!
    sdds querido!

    sumido demais eu to! bjus

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    1. ô querido, agradeço muito! é muito bom saber que vc gosta dos textos.

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  4. Aaai, Deus me livre de China..Já tive sérios problemas por conta deste povo...

    Então o senhor é badaladeiro , que legal. Vai ter outro Chá se não me engano no 1º final de semana de maio. Ainda estarei de férias, se quiser comparecer rsrs'

    Abraços querido!

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  5. mas e muito boum quero q vc procura esse seriado teen wolf muito top tbm

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway