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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pérsia: Arimã e o Nascimento do Mal




Arimã, o Angra Mainyu ("espírito destruidor") do Avesta, é o espírito maligno na doutrina dualista do Zoroastrismo, ele se opõe a Ahura-Mazda, o senhor sábio, símbolo da luz. Sua natureza essencial é expressa em seu principal epíteto: druj, "o mentiroso" e ele representa a ganância, a ira e a inveja. Para ajudá-lo em atacar a luz, a boa criação de Ahura-Mazda, Arimã criou uma horda de demônios que incorporam inveja e todas as características negativas dos seres humanos. Ele era responsável por todo caos e sofrimento ao realizar seu ataque ao mundo, os crentes esperam ver Arimã ser derrotado na final do tempo por Ahura-Mazda. Confinado a seu próprio reino, seus demônios devorariam então uns aos outros, e sua própria existência seria encerrada.
Arimã criou as serpentes dos rios, os gafanhotos que trazem morte as plantações, as formigas, o roubo, a descrença, as lágrimas e as lamentações, o orgulho e a bruxaria e o próprio inverno, além de 99.999 doenças. Entre as criações de Arimã também teríamos o "pecado para o qual não há expiação", as relações homoeróticas. No mito de Arimã, quando ele tentou destruir o mundo, ele teria feito sexo anal consigo mesmo e desta relação homoerótica aconteceu uma explosão de poder do mal e que resultou no nascimento de uma série de grandes demônios (daevas), estes são sete: Aka Manah, Sauru (ou Shiva), Taurvi, Zairitisha, Naonhaithya (Nasataya), Aeshma e Indra.  A interpretação desta passagem tem sido no sentido de que as relações homoeróticas seriam uma forma de culto ao demônio e, portanto, pecaminoso.
Contudo essa interpretação clássica esquece de notar que, no caso do Zoroastrismo, o que era definido como culto ao demônio era o culto aos outros deuses de outras nações. É bom lembrar que os daevas que em persa significa demônios em hindu significam deuses, essa oposição linguística da mesma palavra é a chave de como devemos interpretar a forma como os persas definem sua aceitação com as relações homoeróticas. Outra chave é a presença dos deuses hindus Shiva, grande deus da destruição e renascimento; Nasataya, um dos gêmeos Ashwins Kumaras, que representavam o nascer e o pôr do sol, e Indra, senhor da guerra e do paraíso na Índia, entre os grandes demônios persas.
A questão aqui vai além da tradução de daevas para demônios ou deuses, mas para a definição do que é permitido ou não para um fiel de Ahura-Mazda. Contudo, estes mitos não fazem parte dos textos sagrados, mas sim parte da tradição oral que foi agregada a religião reformada por Zoroastro. Ela faz parte, na verdade, de uma tradição popular o que coloca uma interessante questão sobre a sociedade persa: a existência  na mesma sociedade da aceitação da existência dos eunucos entre as altas classes, eunucos esses que eram provavelmente recrutados dentro dessa mesma classe; e a conotação de pecado dada pelas classes populares às relações homoeróticas.


8 comentários:

  1. História, cada vez mais próximo, mais surpresas há ou mais conhecimento apenas.

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  2. Foxx nos completando de História. Acho MUTCHO digno! Hehehe! Bjs!

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  3. Antes do ataque de Arimã, a criação em si era boa e perfeita, devido a esse ataque a criação permanece em um estado de mistura e confusão que só desaparecerá após a purificação final.
    Arimã arruína o mundo penetrando-o e maculando-o (o que é descrito em termos patéticos)não só toda a criação , como também o homem.
    Para um fiel de Ahura-Mazda seria fácil ver em influências de outras regiões e religiões como sendo relacionadas as ‘mentiras’ insufladas por Arimã.
    A questão da tradição oral é sempre importante, porque geralmente ela é tão antiga quanto os textos escritos – que um dia já foram parte viva da mesma tradição oral. Contudo, ela está sujeita a todo tipo de transformação, interpretação e distorção ao longo dos séculos, oriundo dos mais diversos extratos das sociedades que dela se servem. E em muitos casos a mesma tradição oral comporta toda uma série de discordâncias ou opiniões diversas sobre um mesmo tema ou assunto. Aqui se situaria a questão da aceitação dos eunucos pelas classes dominantes do império e a conotação de pecado dada pelas classes mais populares.

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  4. Respostas
    1. Nossa, não acho que é uma boa ideia colocar o nome da filha de Arimã.

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    2. no seu caso não importa, com essa beleza vc pode se chamar o que quiser!

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    3. O Anônimo está certo, com essa beleza toda você pode se chamar como quiser.

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway