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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

A Virada (capítulo um)

Era uma noite quente daquelas que precedem o verão quando sai para encontrar o Tutz para irmos a primeira Virada Cultural de Natal, no bairro portuário da Ribeira. As ruas estreitas do bairro que abrigam galpões e casebres antigos foram tomadas por artistas que faziam intervenções na rua, vendiam seus quadros, declamavam poesia ao seu pé do ouvido; em algumas ruas também havia pequenos palcos para peças de teatro e de bonecos de mamulengo, além de que os teatros e boates que povoam aquele bairro que respira decadência e boemia estavam de portas abertas, sem cobrar entrada para nada. Foi o Tutz que organizou a nossa programação: num papel, em sua carteira, ele trazia anotado em tinta azul os eventos que ele achava interessante e eu o acompanhei. Começamos por uma peça de Nelson Rodrigues, Senhora dos Afogados, encenada pelo Coletivo Atores à Deriva, um grupo de atores que me impressionaram por sua capacidade de mudar de corpo. Na peça, quatro atores, três homens e uma única mulher, se revezavam fazendo papeis distintos, e cada vez que estava em cena com um personagem diferente eles, notadamente, se tornavam outras pessoas. O mesmo ator parecia para mim bonito ou feio dependendo que personagem que ele estava interpretando. Impressionante. Contudo, se falarmos em beleza até o menino que estava na porta da sala de ensaio onde eles apresentavam, indicando onde deveríamos sentar, era bonito, todos espetacularmente bonitos.
A segunda parada da noite foi na Rua Chile, no palco Diversidade. O Tutz queria ouvir uma banda potiguar chamada Androide Sem Par que tocaria no Armazém, mas antes paramos para beber umas cervejas e caipirinhas porque sem álcool fica difícil ouvir a música depressiva do Androide. Foi entre os paralelepípedos soltos daquela rua que dá de fronte para o porto de Natal que encontramos umas amigas do Tutz e uma delas, ao me ver, rapidamente vira-se e diz: "Nossa, eu não costumo gostar de homens de barba, mas em você fica muito bem!", e passa a mão na minha barba, "E ainda é macia!". Eu sorri agradecido, não sem evitar dar um passo para trás, pensando comigo mesmo: "meu espaço, seu espaço". Conversamos então entre cigarros e caipirinhas e cervejas, e logo nos dirigimos para o Armazém.  Não demoramos muito por lá, eu queria ver as intervenções e performances como a de um menino que estava sentado no chão, na posição de lótus, com uma máscara feita de pisca-piscas de Natal no formato do rosto de Ganesh. Também assistimos teatro de mamulengos com senhorinhas que riam alto. Foi quando em retorno, encontro vários amigos meus de longa data, dos distantes anos que eu cursava faculdade, além do Nathan que passou a nos acompanhar. 
Era meia-noite quando chegamos a nosso terceiro evento da noite, no Palco Eletrônico, na boate Galpão 29. Foi lá que encontramos um amigo do Nathan que se juntou a nós, o Fernando. O Galpão é uma boate gay frequentada basicamente por meninos cuja faixa etária não ultrapassa 25 anos, o Fernando por exemplo tem 23. Sendo assim, entrar lá, com meus 31 anos é sempre um desafio porque você será olhado como tio, principalmente quando se é careca e sua barba tem fios grisalhos (eu!). Mas eu costumo ignorar esse detalhe ou jogar com ele. Jogar no sentido de que, para aqueles meninos imberbes, minha barba faz um considerável sucesso. E quando eu vi, um menino de barba rala, sorrindo para mim, um sorriso largo e bonito, me aproximei e conversei pouco com ele, logo eu o pressionava contra o balcão do bar, nossas bocas estavam coladas, e ele apertava minha bunda por cima da calça jeans justa que eu usava, e pressionava um pau grosso e duro contra minha pélvis. Eram seis horas da manhã quando o Tutz me chamou para ir embora e o Artie, o menino que eu estava beijando, me passou o telefone dele. Anotei no meu bloquinho porque meu celular estava descarregado, ele então anotou o meu no celular dele. 

16 comentários:

  1. Noite dura! ...
    Acompanhando, espero a segunda parte...
    Abraços


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    1. então, serão postagens quinzenais sobre este tema, porque tem muita coisa acontecendo que precisa de um pouco de maturação pra virar texto, mas vai sair sim pode deixar.

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  2. eu quero ver a foto do menino com mascara do ganeshaaaaaaa e quero saber mais do pau duro na pélvis. kkkk

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    1. ah, não tem fotos, amigo. mas você saberá mais sobre o menino de pau duro.

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  3. Adoro essas viradas culturais, nelas tudo pode acontecer.
    Bjão

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    1. não é? se a de Natal foi assim, imagina em Sampa.

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  4. Foxx:

    Feliz tudo pra você sempreeee.

    Beijos.

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  5. aguardando por mais detalhes ... adora uma VIRADA!!! ui ... rs

    bjão querido e q a vida lhe seja super legal em 2013 ...

    beijão

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  6. Vamo aguardar em nome de Jesus.. Adorei a aporte do "seu espaço, meu epaço".. N gosto de gente que chega me colocando a mão em situações não sexuais...

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    1. Vamos aguardar os outros capítulos, hehehe, e a Dra. Frida é tudo! =) É ela, em Adorável Psicose, quem sempre usa "seu espaço, meu espaço".

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  7. eu estou esperando uma virada cultural em Recife...
    e esperando o desenrolar desta novela, claro

    beijos

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  8. Que delícia, hein!? hahaha Vamos ver no que dá. (yn)

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  9. Se você achar que vai dar namoro, eu juro que jogo no EUROmilhões!

    Beijoquinhas mil, seu gostoso.

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  10. Acho o máximo esta onda de virada cultural, é uma pena aqui em goiania ter tao pouco disso. Já vou correndo ler a parte dois ver o que mais aconteceu..

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" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway