Os
filisteus são uma tribo que ocupava a Filisteia, região a oeste do
reino de Judá e a sul de Israel, na atual região de Gaza.
Referências egípcias dizem que eles faziam parte dos "Povos do Mar" que
tentaram invadir o Egito vindo das ilhas creto-micênicas do
Mediterrâneo, expulsos das terras do faraó, os filisteus se fixaram por
volta do ano 1200 a.C., no início da Idade do Ferro, em cidades-estado
na costa da região do Levante como Gaza, Ashkelon, Ashdod, Gath e Ekron,
a borda das terras do faraó. Se reconhece que a cultura filisteia tem
relações com as ilhas que estavam sobre controle da ilha de Creta por
causa da sua língua e da cultura material. Os filisteus adotaram a
língua comum aos reinos que viviam naquela região, porém inúmeras
palavras de origem creto-micênica foram introduzidas no aramaico e
restaram como fósseis de uma cultura desaparecida. Já sua cultura
material (roupas, armas e navios) tem seus correspondente entre as
populações que viviam nas ilhas do mar Egeu, incluindo Creta, além da a
costa ocidental da Anatólia (atual Turquia) e Micenas, na Grécia. Por
fim, a última prova é apresentada por Bruce L. Gerig. Ele lembra que no livro de Jeremias se diz: "É
que surgiu o dia da destruição dos filisteus, e de Tiro e Sidônia será
tirado o que lhes resta de aliados, porque o senhor vai arruinar os
filisteus, e os restos da ilha de Caftor" (47:4), e que Caftor é a palavra aramaica para Creta de onde eles seriam originários.
Sansão e Davi viveram boa parte de suas vidas entre os filisteus (Juízes 14:1-2, 16:4-5; 1Samuel 27:1-6) e, segundo Tom Horner,
conviveram com uma cultura que aceitava tranquilamente as relações
homoeróticas exatamente como em Creta. Na ilha minóica, eram comuns uma
série de ritos de iniciação que passava por relações homoeróticas, isto
é, para se tornar um homem adulto era comum que o jovem passasse por um
período de relações homoeróticas intensas, rituais estes que não
aconteciam no mundo israelita; porém é provável que eles aconteciam nas
cidades-estado filisteias. Na Bíblia, no entanto, não existem
referências sobre estas práticas, mas, afirma Bruce L. Gerig,
frequentemente, homens israelitas devem ter visto (ou ouvido falar de)
expressões de afeição homoerótica entre dois homens filisteus na rua,
lojas e mercados ou no campo. Contudo, os filisteus eram o grande inimigo. Tanto do reino de Israel como de Judá. Com melhores armas (como lanças, armaduras e espadas e cimitarras, além de carros puxados por cavalos), tornaram-se um empecilho para os desejos israelitas e judeus de ampliação dos seus reinos. Inclusive, nem Judá nem Israel possuíam grandes minas de ferro e, portanto, era de vital importância para a ampliação dos dois reinos a dominação do território da Filisteia para a produção de armas. A imagem então que a Bíblia constrói dos filisteus é sempre de um inimigo belicoso e bárbaro, como diz Elizabeth Yehudá, encarnados em Dalila, que corta os cabelos de Sansão; em Golias, que luta contra Davi; e em um de seus deuses, Baal-Zebu ou Belzebu, que torna-se a personificação do próprio paganismo, apesar de Dagan ser seu deus principal.
Fazer então, nesta situação política de guerra, comentários a favor das relações homoeróticas em qualquer dos livros históricos como Josué, Juízes, Rute, Samuel, Reis e Crônicas, e nos livros proféticos como Isaías, Jeremias (os livros compostos neste período de guerra entre filisteus e israelitas/judeus) é se manifestar a favor de seus maiores inimigos, pelo menos até a destruição da pentápole filisteia pelos assírios em 605 a.C., na batalha de Karkemish que subjugou todo levante sob o jugo de Sargão II.
as pessoas só sabem ver o lado da biblia mas nunca vem o outro lado
ResponderExcluirAgora sim, consegui entrar para comentar ... Fico a pensar aqui, por que o Foxx não se dispõe a tentar um projeto mais ousado com todo este fundamento histórico q ele possui ... falo sério viu?
ResponderExcluirque projeto mais ousado, Paulo? Um livro? Aviso que estou preparando um livro já.
ExcluirMais um livro????? Gente! Esse homem não sossega! Que bom! E fio... teu comment acerca "cafuçus e pochetes" já entrou para os anais (ui) do TPM... ri alto. Hahahaha!
ResponderExcluirEstou com Paulo e apoio a ideia... Sucesso!
ResponderExcluirOi Foxx.
ResponderExcluirOs filisteus foram, entre os povos que habitavam a região Cananéia, os que mais entraram em conflito com Israel no período tribal e nos inícios da monarquia. Sua superioridade ‘tecnológica’ contrastava com a vida das tribos israelitas dispersas nas regiões montanhosas da terra. Contudo, com o passar das gerações, Israel se fortalece, o que torna a disputa da terra mais acirrada.
Certamente as tribos israelitas conviviam em meios as práticas cultuais dos povos vizinhos e entre eles os Filisteus. Mais do que observar, alguns israelitas podem ter participado ativamente de tais celebrações e dos ritos homoeróticos praticado pelos Filisteus, o que colocava a unidade de Israel em perigo. Daí surge a necessidade de purificação do povo. Da volta a observância da Aliança Mosaica sempre que ela estava em perigo. Até mesmo nos tempo da monarquia, as práticas das religiões estrangeiras ainda estavam em voga no seio de Israel. Um problema sem solução.
Geralmente, os lugares de culto de Israel pertenciam anteriormente aos povos cananeus, favorecendo assim um certo contacto.
Depois da volta do exílio, o grande inimigo de Israel será o mundo grego. Mas aqui a forma de defesa será primeiramente o desenvolvimento da literatura sapiencial israelita.
Isso já merecia um outro post. Fica a dica!!!
Gente, kda comentário do Renato é uma aula né? Vale muito a pena ler. Fico feliz que alguém que sabe tanto sobre o assunto concorda com meus argumentos.
ExcluirNa realidade, Renato sabe bem mais do que qualquer um e coloca as idéias com uma clareza assustadora.
ExcluirParabéns pra ele e pra você Foxx, o post ficou muito bom.
beijos aos dois.
adorando seus posts históricos e o melhor é o gostinho de quero mais que você deixa!
ResponderExcluirbeijos
A demonização de Baal-Zebube (o Dono das Moscas... é isso?), especialmente pelos ritos sexuais dedicados a ele, explica muita coisa, né? Parece um pouco (palpite meu, tá) com o mesmo que faz a igreja católica com Exú... um orixá guardião, mensageiro, com forte conotação sexual, e que é associado ao diabo. Recorrências...
ResponderExcluirsim, Cesinha, exatamente assim que funciona. A lógica de demonização do outro é a mesma.
ExcluirMuito legal e texto :)
ResponderExcluirTua admiração pela Xuxa me arrebata... sempre... hahaha!
ResponderExcluir<3 muito amor <3
Excluirnão sei se tenho chance com o caçador, mas se tiver oportunidade não vou desperdiçar, né?
ResponderExcluirSe tu fizer uma tattoo da Xuxa eu faço da Angélica... será nosso pacto... hahahahahahahahaha!! Bom finde, Foxxito!
ResponderExcluirOi ... Excelente aula de história. Legal mesmo. Parabéns. Abraços !!!
ResponderExcluirSim, eu sabia que vc chegaria nesse ponto da discussão: a repulsa por parte da cultura judaica em relação às manifestações homoeróticas é, na verdade, uma forma de construir uma identidade através da negação de características do "inimigo".
ResponderExcluirVc é mesmo muito bom em conduzir-nos ao raciocínio que vc pretende elucidar.
Ótimo texto!